TÍTULO
I
AMEBÍASE
CODAR
– HB. AAM/CODAR 23.201
1.
Caracterização
A amebíase é uma doença
infecciosa causada por um protozoário da espécie Entamoeba histolítica. Este
protozoário pode comportar-se como um comensal e conviver no interior do
intestino humano, sem causar doença, ou pode exaltar sua virulência e invadir
os tecidos orgânicos e provocar doença intestinal ou extra-intestinal. Na
grande maioria das vezes, os portadores de amebas são assintomáticos e atuam
como fontes insuspeitadas de transmissão da doença.
A doença intestinal pode
apresentar-se de forma aguda – disenteria amebiana – ou sob a forma crônica. A
disenteria amebiana apresenta-se de forma aguda, com febre e calafrios e se
caracteriza por apresentar diarréia persistente, que pode ser sanguinolenta ou
mucóide.
A forma crônica pode se apresentar com uma sensação de desconforto
abdominal leve, com períodos de diarréia mucosanguinolenta, alternando com
períodos de remissão ou de constipação e prisão de ventre.
Podem ocorrer granulomas
amebianas nas paredes do intestino grosso de pacientes com disenterias
intermitentes ou colites de longa duração. Também podem ocorrer ulcerações de
pele na região perianal, que se comportam como extensão das lesões intestinais.
Nos casos de doença
extra-intestinal, a disseminação das amebas, por via sanguínea, pode provocar
abscessos amebianos no fígado e, mais raramente, nos pulmões e no cérebro.
O diagnóstico
laboratorial, normalmente, é feito pelo exame microscópio de fezes frescas,
esfregaços obtidos por protoscopia, cortes histológicos e aspiração de
abscessos. O exame deve ser feito por microscopista experiente.
2.
Dados Epidemiológicos
a)
Agente Infeccioso
A Entomoeba histolitica
pode apresentar-se sob a forma de cisto, que é a forma altamente resistente às
condições ambientais adversas, e a de trofozoítos, que é a forma infectante,
pouco resistente às adversidades ambientais.
b)
Reservatórios
Os principais reservatórios
são os pacientes crônicos e assintomáticos, que permanecem eliminando cistos
durante muitos anos.
c)
Mecanismos de Infecção
Durante
surtos epidêmicos a propagação é veiculada principalmente pela água contaminada
por fezes humanas ricas em cistos de ameba patogênica. A propagação endêmica
ocorre por transferência das amebas das fezes contaminadas, por intermédio de:
- mãos sujas de
manipuladores de alimentos;
- vegetais crus
contaminados por água, mãos sujas e insetos que atuam como vetores mecânicos.
A transmissão sexual pode
ocorrer por contato oral-anal, especialmente entre homossexuais masculinos.
Os pacientes com
disenteria aguda apresentam riscos limitados de contágio, devido à fragilidade
dos trofozoítos e à ausência de cistos.
d)
Período de Incubação e de Transmissão
A incubação varia entre
dias, meses e anos. Mas, na maioria das vezes, varia entre 2 e 4 semanas. A
transmissibilidade ocorre durante o período de eliminação de cistos e pode
continuar por anos.
e)
Medidas de Controle
1. Remoção adequada das
fezes humanas e elevação da qualidade de vida dos estratos populacionais mais
vulneráveis.
2. Proteção da água de
abastecimento público contra riscos de contaminação fecal. A filtração da água por
filtros de areia remove quase todos os cistos de ameba e, por filtros de terra
diatomácea, remove todos. A cloração não destrói os cistos, e o tratamento na
solução iodada (Lugol) demonstrou ser mais eficiente. A fervura das águas
suspeitas é o método mais eficaz.
3. Educação Sanitária é o
método mais eficiente para despertar a comunidade para a importância das
doenças de contaminação fecal, para as medidas de asseio corporal,
especialmente lavagem das mãos, após defecar e antes de preparar alimentos e de
se alimentar. Divulgação sobre os riscos de ingerir vegetais crus e de beber
água de procedência duvidosa e importância da eliminação sanitária das fezes.
4. Atuação da Vigilância
Sanitária na fiscalização das pessoas que manipulam alimentos e dos locais onde
os mesmos são manipulados, com especial atenção para as atividades relativas à
higiene da alimentação e ao asseio corporal.
5. Controle de insetos,
que podem atuar como vetores mecânicos destas enfermidades.
f)
Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente
1. Remoção sanitária das
fezes
2. Investigação dos
contatos e das fontes de infecção, mediante exame microscópio das fezes dos
suspeitos.
3. Tratamento Específico -
O tratamento efetivo dos casos detectados de amebíase aguda e de eliminadoras
de cistos é a medida mais efetiva para controlar as fontes de infecção desta
doença.
g)
Problemas Relativos à Defesa Civil
A alteração das condições
sanitárias normais e dos controles sobre a água e a alimentação podem favorecer
a eclosão de surtos de amebíase, especialmente nos casos de estratos
populacionais com grande número de eliminadores de cistos.
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