b. Cocaína
A
cocaína é um alcalóide extraído das folhas da Coca (Erythroxylum coca) e de
outras plantas do gênero Erythroxylum, que crescem espontaneamente no Peru e na
Bolívia.
A cocaína sintética é um éster
resultante da combinação do ácido benzóico com uma base nitrogenada. A fórmula
química da cocaína é a seguinte:
Utilizada
inicialmente em medicina, como anestésico local, a cocaína quando inalada,
injetada ou absorvida pelas mucosas ou pela pele escarificada, age como um
poderosíssimo estimulante do Sistema Nervoso Central - SNC.
A “overdose”, ou
seja, a dose que pode se tornar mortal, por estar acima da capacidade de
metabolização do organismo, pode ocorrer a partir de 30 (trinta) mg.
A
cocaína atua estimulando e, logo depois, deprimindo o Sistema Nervoso Central
(SNC) em ordem descendente, a partir do córtex cerebral e em direção à medula
espinhal.
Nos
casos mortais, os dados anatomopatológicos mais freqüentes referem-se à
congestão do cérebro, do conduto gastrointestinal, do fígado, dos pulmões e de
outros órgãos.
Nos
quadros de intoxicação pela cocaína, predominam as convulsões.
A
cocaína, quando ingerida, é muito menos tóxica do que quando introduzida por
outras vias.
Quando
aspirada, a cocaína é rapidamente absorvida pelo organismo e é eliminada em
meia hora. Muitos diluem o pó em água destilada ou da torneira e injetam a
mistura na veia.
Outros viciados utilizam as mucosas da boca, da vagina ou do
reto, para facilitar a absorção da droga.
Também, pode-se produzir abrasões na
pele e colocar a droga diretamente sobre a área de sangramento.
A
cocaína é metabolizada no fígado, onde o éster é hidrolizado, produzindo Ácido
Benzóico e Ecgomina. Até 20% da droga é eliminada “in natura” pela urina.
Quando
a cocaína é inalada com muita freqüência, acaba destruindo o septo nasal, por
provocar intensa vasoconstrição (contração das vasos sangüíneos), que impede a
irrigação e acaba produzindo a morte dos tecidos do septo nasal.
A
cocaína é o mais poderoso estimulante das funções cerebrais. O efeito
estimulante é atingido pela intensa liberação de substâncias estimulantes
existentes nos neurônios cerebrais.
Como estas substâncias são liberadas numa
velocidade muito maior do que o tempo que os neurônios necessitam para
reproduzi-las, passada a fase de intensa estimulação, ocorre em seguida uma
fase de sono, apatia e depressão, que é muito característica da chamada ressaca
ou rebordosa.
Nestas condições, durante 15(quinze) minutos, o Sistema Nervoso
Central, poderosamente estimulado, produz uma fase de euforia, aumentando todas
as funções orgânicas e psíquicas.
Em conseqüência da superestimulação, a
pessoa, durante 15(quinze) minutos, se sente poderosa, cheia de energia,
eufórica e super inteligente.
Em seguida, ocorre a fase depressiva provocada
pelo superconsumo das substâncias estimulantes, produzidas pelos neurônios.
Como
a sensação de euforia é altamente prazerosa, é difícil resistir à tentação de
repetir a experiência e a pessoa torna-se rapidamente dependente dessa droga e
o desejo de prazer ultrapassa o próprio instinto de sobrevivência. Nestas
condições, beber, dormir, fazer sexo deixam de ser importantes.
O mais
importante passa a ser sensação de brilhantismo, inteligência e a capacidade de
falar sobre diversos assuntos com toda segurança.
Quadro Clínico
No
caso de doses leves, o paciente apresenta excitação, inquietude, aumento
subjetivo da força, redução da sensação de fadiga e de fome, logorréia
(verbosidade intensificada) e hiper-reflexia.
Tipicamente, o paciente “fala
pelos cotovelos” e, “no seu subjetivo”, de forma brilhante.
As
manifestações físicas mais importantes são:
- aumento da freqüência cardíaca
(taquicardia);
- respiratória;
- vasoconstrição;
- elevação da pressão arterial;
- aumento da temperatura corporal;
- dor de cabeça;
- hiper-reflexia;
- dilatação de
diâmetro da pupila (midríase).
Os sintomas iniciais da intoxicação
aguda são os seguintes:
- insônia, hiperexcitabilidade e alucinações
auditivas e visuais;
- taquicardia, midríase, calafrios e febre;
- náuseas, vômitos, dores abdominais;
- espasmos musculares e aturdimentos.
Com a intensificação do quadro
clínico, surgem os seguintes sintomas:
- irregularidade no ritmo respiratório;
- convulsões, hiporeflexia e paralisia muscular;
- perda da consciência (coma) e colapso
circulatório.
A
morte pode ocorrer imediatamente após a absorção da cocaína ou pode ocorrer nas
três primeiras horas, por insuficiência cardiorrespiratória. O quadro clínico
de intoxicação aguda é extremamente grave e o paciente deve ser tratado em unidade
de terapia intensiva.
Intoxicação Crônica
O
consumo continuado de cocaína causa danos neurológicos cerebrais, com
alterações da fala e crescentes dificuldades de expressão.
O quadro de “psicose
cocaínica” caracteriza-se por ansiedade, pânico, alucinações constantes,
pensamentos paranóicos, distúrbios cardiocirculatórios, como hipertensão
arterial e problemas respiratórios.
Os efeitos emocionais, como mania de
perseguição, delírios, ansiedade, irritação, se intensificam, juntamente com a
desesperada necessidade de reduzir os sintomas de privação, com outra dose.
Nenhum comentário:
Postar um comentário