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28 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Bicudos CODAR: NB.ABC/CODAR: 14.106


6 - Bicudos

CODAR: NB.ABC/CODAR: 14.106


Caracterização

O bicudo é um percevejo da espécie Anothomus grandis Bhoeman.


Segundo o professor SANTIN GRAVENA, da Universidade Estadual Paulista de Jaboticabal, as pragas-chave dos algodoeiros, por destruírem os botões florais ê as maçãs, são:

- bicudo - Anothomus grandis Bhoeman;

- lagarta-da-maçã - Heliothis virescens Fabricius;

- lagarta-rosada - Pectinophora gossypiella Sanders.


As demais pragas dos algodoeiros são:

- percevejo rajado - Horcias nobilellus Berg,

- broca da raiz - Eutinobothrus brasiliensis Hambleton;

- pulgão - Aphis gossypii Glover;

- ácaro vermelho - Tetranychus ludeni;

- curuquerê - Alabama argillacea Huebner.


Genericamente, o ciclo de cultura do algodoeiro pode ser subdividido nas seguintes fases:

- germinação, com duração aproximada de dez dias;

- desenvolvimento vegetativo, com duração média de 45 a 6Qdias;

- desenvolvimento dos botões florais e das maçãs, com duração média de 50 a 80 dias;

- desenvolvimento dos capulhos, com duração média de 40 a 60 dias.

Dessas fases, a terceira, correspondente ao desenvolvimento dos botões florais e das maçãs, é a mais vulnerável à infestação por pragas mais importantes ou pragas-chave dos algodoeiros. Quanto mais precoce e mais curta for essa fase, menor será a população das pragas e menor a intensidade dos danos causados por elas.

Na segunda fase, crescimento vegetativo, somente insetos sugadores, como o pulgão ou lagartas comedoras de folhas e o curuquerê, infestam os algodoais, causando danos de pouca importância.

Na quarta fase, desenvolvimento de capulhos, os algodoeiros são muito pouco vulneráveis às pragas.


Principais Efeitos Adversos

A infestação dos algodoais pelo bicudo provocou importantes prejuízos econômicos no Brasil.

No Nordeste, o desastre foi de maiores proporções, desorganizando a produção algodoeira e quase inviabilizando importante segmento da economia do agreste, especialmente nos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, fortemente dependentes do algodão, e, menos, nos Estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

A exploração algodoeira no Agreste nordestino normalmente é desenvolvida em regime de meação, por pequenos produtores descapitalizados e sem acesso ao crédito bancário.


Como o nível de conhecimento técnico desses produtores normalmente é muito baixo, na grande maioria das vezes:

- utilizam cultivares de baixo potencial genético, em termos de produtividade, precocidade e resistência às pragas;

- plantam em solos desgastados e utilizam pouco os fertilizantes químicos e os adubos orgânicos;

- não utilizam irrigação e, por esse motivo, as culturas são muito vulneráveis às freqüentes instabilidades climáticas da região;

- utilizam pouco os defensivos agrícolas e, freqüentemente, de forma inadequada.

Apesar de todos os aspectos negativos, aproximadamente 3 milhões de trabalhadores nordestinos estão direta ou indiretamente envolvidos com a produção algodoeira. Em conseqüência, a infestação pelo bicudo contribui para agravar ainda mais as já precárias condições de vida da população sertaneja e para incrementar a migração para os grandes centros urbanos.


Medidas Preventivas e de Controle

O controle da infestação é possível e viável, e os centros de pesquisa já desenvolveram tecnologias adequadas, objetivando a redução das vulnerabilidades dos algodoais ao bicudo e a outras pragas.


As maiores dificuldades relacionam-se com as atividades extensionistas. Compete ao extensionista:

- difundir as novas tecnologias;

- promover a mudança cultural, necessária a uma revisão de atitudes mentais, de comportamentos e de práticas arcaicas.


Para promover a modernização do setor, é necessário:

- aumentar a produtividade,

- restabelecer o equilibro ecológico,

- viabilizar economicamente a produção e as medidas de controle.

Apesar de todas as dificuldades, o Nordeste tem condições de produzir algodão de muito boa qualidade e a preços competitivos, tanto de variedades arbustivas, como de variedade arbórea.


O controle das pragas e a melhoria da produtividade da cultura algodoeira permitirão:

- aumentar a produção;

- fortalecer a economia da região;

- fixar importantes contingentes de mão-de-obra no sertão.


Para melhorar a produtividade, controlar as pragas e dinamizar a economia, é necessário:

- melhorar a qualidade genética dos cultivaras;

- recuperar o solo

- incrementar a irrigação;

- intensificar o plantio consorciado e a rotação de culturas:

- desenvolver técnicas de manejo mie grado das pragas dos algodoeiros.


1 - Melhoramento dos Cultivares

A pesquisa genética deve objetivar o desenvolvimento de cultivares altamente produtivos, precoces e resistentes às pragas, sem perder sua rusticidade.

Como as pragas se multiplicam em proporções geométricas, quanto mais rápido ir o ciclo produtivo, menor será o número de indivíduos em condições de infestar as culturas, enquanto vulneráveis.

A fase mais vulnerável corresponde ao desenvolvimento dos botões florais e das maçãs. Após o surgimento dos capulhos, a vulnerabilidade diminui. Dessa forma, quanto mais rapidamente os botões florais evoluírem para capulhos, menor será a vulnerabilidade dos algodoeiros.

O aumento da produtividade é indispensável ao fortalecimento da economia e atua como estimulo à pesquisa e ao desenvolvimento e difusão de tecnologias de ponta.


2- Recuperação do Solo

É desejável que técnicas de manejo integrado de microbacias sejam incrementadas.


A adequada utilização de fertilizantes químicos e, especialmente de adubação orgânica, contribui para:

- melhorar a textura e a fertilidade do solo;

- melhorar a saúde das plantas e a produtividade dos algodoeiros:

- reduzir a vulnerabilidade dos algodoeiros às pragas.


É importante recordar que o fenótipo das plantas depende de dois fatores decisivos e de igual importância:

- dos condicionantes genéticos definidos pelo genótipo dos cultivares;

- de fatores ambientais, responsáveis pela caracterização das potencialidades genéticas.

O cultivar, por melhor qualidade genética que tenha, só desenvolverá plenamente suas potencialidades, se for cultivado em ambiente adequado.


Irrigação

A Irrigação, quando adequada, reduz a vulnerabilidade das culturas aos freqüentes períodos de estiagem, normais na região Nordeste.
A irrigação, além de contribuir para aumentar a produtividade, facilita o plantio de culturas consorciadas e a rotação de culturas.

Nas condições de insolação do Nordeste, a irrigação, associada às técnicas de rotação de culturas, permite a colheita de até cinco safras anuais, contribuindo para a dinamização da economia, para a redução da transumância e para a fixação de grandes contingentes de mão-de-obra.


4 - Rotação e Consorciamento de Culturas

O planejamento adequado e o manejo racional da rotação e do consorciamento de culturas, especialmente com a incorporação ao solo dos restos de cultivo, além de dinamizar a economia e fixar a mão-de-obra, contribuem para:

- recuperar o solo;

- aumentar a produtividade dos algodoeiros e das outras culturas;

- otimizar o consumo de adubos e fertilizantes;

- aumentar a fixação do nitrogênio ao solo, através da cultura de leguminosas e da incorporação de seus restos de cultivo;

- aumentar a biodiversidade;

- reduzir a incidência de pragas especializadas.

O consorciamento do algodão com o sorgo tem demonstrado efeitos benéficos, porque este atrai numerosos predadores das pragas dos algodoeiros.


5- Manejo Integrado das Pragas dos Algodoeiros

Os esquemas de tratamento preventivo das pragas com defensivos agrícolas, altamente potentes e de largo espectro, bem como a definição prévia de um calendário de aplicação de defensivos, estão sendo substituídos por tecnologias de manejo integrado das pragas.

Essa evolução fundamenta-se nos mesmos princípios que tornaram a antibioticoterapia preventiva, com antibióticos de largo espectro, completamente ultrapassados na medicina humana.

Da mesma forma que o infectólogo identifica o germe causador de infecção e seleciona o antibiótico especifico, através de antibiograma, o agrônomo identifica a praga, caracteriza o limiar de infestação e, quando for o caso, utiliza defensivos específicos.

A revisão crítica demonstrou que técnicas de tratamento preventivo com defensivos de largo espectro, de acordo com esquemas rígidos e pré-fixados de aplicação, contribuíram para selecionar copas altamente resistentes aos defensivos, além de destruírem os predadores naturais das pragas.

A atual filosofia de manejo integrado depende da inspeção constante e meticulosa dos algodoais e da seleção de defensivos agrícolas específicos, direcionados para as pragas prevalentes que, nas inspeções, ultrapassaram os limiares de aceitabilidade.

Somente as infestações que ultrapassarem os limiares de aceitabilidade deverão ser tratadas. Dessa forma, o número de borrifações, que muitas vezes ultrapassava 25, pôde ser reduzido para médias variáveis entre quatro e oito.

A técnica de plantio escalonado tem demonstrado ser bastante eficiente.


Recomenda-se o plantio dos algodoeiros escalonados em três lotes:

- um pequeno lote de algodoeiros é plantado antecipadamente, nas áreas marginais do algodoal;

- um grande lote de algodoeiros é plantado aproximadamente trinta dias depois, para garantir a produção;

- um terceiro lote é plantado nas áreas centrais do algodoal.


O primeiro lote de algodoeiros que desenvolvam os botões florais e as maçãs muito precocemente atrai os bicudos e outras pragas remanescentes de culturas anteriores, funcionando como ‘boi de piranhas (sic). Quando a inspeção comprovar elevados índices de infestação, esse lote deverá ser tratado com elevadas concentrações de defensivos agrícolas, a intervalos de cinco dias. Em seguida, os botões e maçãs atingidos são colhidos, transportados em sacos impermeabilizados e incinerados.

O tratamento do lote principal com defensivos agrícolas dependerá do resultado das inspeções e deverá ser o estritamente necessário para garantir índices elevados de produtividade. Realizada a colheita dos capulhos, arranca-se a soqueira e aguarda-se que o último lote seja infestado pelas pragas residuais.

Quando as inspeções comprovarem que as pragas se concentraram no lote central remanescente, este é tratado com elevadas concentrações de defensivos agrícolas e, em seguida, os botões florais, as maçãs e toda a soqueira-isca são arrancados e incinerados.

O tratamento especifico do bicudo pode ser realizado com Endossulfan.

O curuquerê é eficientemente tratado com pulverizações de Bacillus thuringiensis.

A lagarta da maçã é tratada com uma mistura de partes iguais de B. thuringiensis e piretróides.

A lagarta rosada, por se esconder na intimidade das maçãs, não é atingida por defensivos, e o controle mais eficiente é obtido pela queima das maçãs e da soqueira-isca.

A broca da raiz é destruída na pós-cultura, mediante a queima da soqueira.

Uma aração profunda e terminal garante o enterramento de botões florais e maçãs remanescentes, reduzindo as possibilidades de sobrevivência das pragas-chave, para o próximo ciclo de produção.

Os principais predadores naturais das pragas dos algodoeiros são joaninha, colossoma, lixeiro, Nabis sp., Orius sp., percevejo de olho grande ou Geocoris sp., tesourinha, moscas, aranhas, marimbondos e formigas carnívoras. Esses predadores apresentam níveis variáveis de especialização para pulgões, ácaros, percevejos e lagartas.

Testes de laboratório muito promissores estão permitindo a seleção de uma vespa predadora do bicudo.

 Ë importante caracterizar que os defensivos de largo espectro, quando utilizados, atuam muito mais sobre os inimigos naturais do que sobre as pragas.

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