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30 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - 1 – Estiagem CODAR: NE.SES/ CODAR: 12.401

 1 – Estiagem

CODAR: NE.SES/ CODAR: 12.401


Caracterização

As estiagens resultam da redução das precipitações pluviométricas, do atraso dos períodos chuvosos ou da ausência de chuvas previstas para uma determinada temporada.

Nas estiagens, ocorre uma queda dos índices pluviométricos para níveis sensivelmente inferiores aos da normal climatológica, comprometendo necessariamente as reservas hidrológicas locais e causando prejuízos a agricultura e à pecuária.

Quando comparadas com as secas, as estiagens caracterizam-se por serem menos intensas e por ocorrerem durante períodos de tempo menores.

Embora o fenômeno seja menos intenso que a seca, produz reflexos extremamente importantes sobre o agrobussines, por ocorrer com relativa freqüência em áreas mais produtivas e de maior importância econômica que as áreas de seca.


Causas

A estiagem, enquanto desastre, relaciona-se com a queda intensificada das reservas hídricas de superfície e de subsuperfície e com as conseqüências dessa queda sobre o fluxo dos rios e sobre a produtividade agropecuária.

A redução das precipitações pluviométricas relaciona-se com a dinâmica atmosférica global.


A redução das reservas hídricas de superfície e de subsuperfíde depende de:

- fatores relacionados com a dinâmica global das condições atmosféricas, que comandam as variáveis climatológicas relativas aos índices de precipitação pluviométrica;

- fatores ambientais locais, relacionados com o segmento abiótico do meio físico, especialmente os concernentes à geologia, à pedologia e à geomorfologia e suas influências e interações recíprocas sobre os índices de infiltração da água e de alimentação do lençol freático;

- fatores ambientais locais relacionados com o segmento biótico do meio ambiente (biota), especialmente com a cobertura vegetal;

- fatores antrópicos relacionados com a intensidade do consumo das reservas hídricas ou, ao contrário, com a capacidade de acumulação das mesmas.


Ocorrência

Embora as estiagens ocorram com maior freqüência em regiões de clima tropical, nenhuma área de produção agropecuária pode ser considerada como absolutamente imune ao fenômeno.

As médias climatológicas anuais de precipitações pluviométricas são obtidas pela somação das médias mensais de longo período, de uma região determinada.


Considera-se que existe estiagem, quando:

- o início da temporada chuvosa em sua plenitude atrasa por prazo superior a quinze dias;

- as médias de precipitação pluviométricas mensais dos meses chuvosos alcançam limites inferiores a 60% das médias mensais de longo período, da região considerada.



Principais Efeitos Adversos


A intensidade dos danos provocados pelas estiagens é proporcional:

- à magnitude do evento adverso;
- ao grau de vulnerabilidade da economia local ao evento.


As vulnerabilidades às estiagens relacionam-se com:

- fatores ambientais relacionados com o segmento abiótico do meio físico, especialmente os concernentes á geologia, á pedologia e à geomorfologia; 

- fatores ambientais relacionados com a biota, especialmente os concernentes a preservação da cobertura vegetal;

- fatores antrópicos relacionados com o manejo agropecuário, com a intensidade da exploração dos recursos hídricos e com técnicas protecionistas, concernentes à proteção dos mananciais e do lençol freático, bem como da capacidade de reserva da água.


Monitorização, Alerta e Alarme

Os serviços meteorológicos têm condições de antecipar previsões de longo e de médio prazos sobre as condições climáticas e, de curto prazo, sobre as condições do tempo.

Os serviços de acompanhamento hidrológico e hidrogeológico têm condições de informar sobre a evolução das reservas de superfície e de apresentar estimativas razoavelmente seguras sobre o potencial das reservas de subsuperfície.


Medidas Preventivas

No atual estágio de desenvolvimento tecnológico, o homem não tem condições de influenciar na redução da magnitude do fenômeno adverso, já que este depende da dinâmica atmosférica global.

Dessa forma, as medidas preventivas, objetivando a minimização dos danos, devem concentrar-se na redução das vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais.

Dentre as medidas preventivas mais eficientes, destacam-se as relacionadas com o manejo integrado das microbacias e com o plantio direto.



1 - Manejo Integrado das Microbacias


O manejo integrado das microbacias contribui para atenuar os efeitos das estiagens e aumentar a produtividade natural, através de:

- florestamento e/ou reflorestamento de áreas de preservação ambiental, como encostas íngremes, cumeadas de morros, matas ciliiares e matas de proteção de nascentes;

- cultivo em harmonia com as curvas de nível e técnicas de terraceamento, permitindo que sulcos, abertos em sentido perpendicular ao do escoamento das águas, retenham a umidade, aumentem a infiltração e reduzam a erosão;

- plantio de quebra-ventos, reduzindo a erosão eólica, a evaporação e o ressecamento do solo, nos períodos de estio;

- adubação orgânica, utilizando resíduos animais (esterco), restos culturais e lixo orgânico das cidades que, além de promoverem a humificação do solo, melhoram as suas características físico-químicas (produção de colóides);

- utilização de cobertura morta, como palhada, casca de arroz e serragem, bem como a incorporação ao solo, dos restos culturais anteriores, diminuindo o efeito da evaporação e conservando a umidade natural do solo;

- sempre que possível, roçar e não capinar, reduzindo a exposição do solo ao aquecimento e à perda da umidade;

- culturas adensadas, reduzindo o espaçamento e a exposição do solo, ao concentrar um maior número de plantas, por unidade de área;

- utilização de culturas intercalares, plantando leguminosas, como feijão e soja, entre fileiras de milho e cana, permitindo o sombreamento pelas gramíneas, reduzindo a evapotranspiração, enquanto o rizóbio das leguminosas reduz a necessidade de adubação, ao fixar o nitrogênio ao solo.


A rotação de culturas, ao manter o solo permanentemente coberto, reduz a erosão e favorece a infiltração e a alimentação do freático.

O fogo, ao destruir a camada humificado e os colóides orgânicos, contribui poderosamente para intensificar o problema.



2 - Plantio Direto

Técnica surgida na década de 60, na Inglaterra, e na de 70, nos Estados Unidos da América. Disseminou-se pelos Estados do sul do Brasil, onde, em 1990, já existiam 1.000.000 ha plantados com esta técnica. Recentes experiências em áreas irrigadas do cerrado demonstram sua adaptabilidade a climas quentes, sem perda de produtividade.


O plantio direto é, no momento, a técnica mais eficiente de 
cultivo e reduz em:

- 30% a perda de umidade;

- 30% o consumo de água;

- 60% a perda de solo por erosão;

- 30% o emprego de mão-de-obra;

- 50% as operações com máquinas e o custo de combustível

O plantio direto diminui a erosão, a evaporação e, de forma drástica, o processo de compactação do solo. Além de recuperar a textura do solo, facilita o processo de humificação e reduz o consumo de fertilizantes.


Metodologicamente, o plantio direto, utilizado em sistema de rotação, compreende as seguintes fases:

- na colheita, a palhada é picada e espalhada no terreno

- na época de cultivo, qualquer vegetação que tenha brotado é roçada e não capinada ou destruída por herbicida de contato

- ao se plantar, procede-se às seguintes operações, em sucessão:
passagem de rolo compactador, que acama a palhada, seguido, no mesmo trem, por rolo-faca, que corta a mesma em fragmentos;
passagem de sulcador que revolve o solo na profundidade de 6 a 10 cm, apenas nas linhas de semeadura, seguido, no mesmo trem, por semeador, que lança a semente, mistura fertilizante e fecha o sulco.

Nos intervalos das colheitas, a pouca vegetação que consegue romper a palhada é roçada ou destruída por herbicida de contato.

Quando da colheita, as operações se repetem na mesma ordem, e a rotação correta das colheitas impede a especialização de pragas e permite que leguminosas fixem nitrogênio para o ciclo de plantação de cereais.


Redução da Vulnerabilidade da Pecuária

Considerando que nos períodos de estiagens a massa verde reduz-se a aproximadamente 30%, a produtividade dos rebanhos de corte e leiteiro será intensamente reduzida, caso o criador não se prepare para esses períodos.

Da mesma forma que nos países de clima temperado, onde o produtor armazena o alimento que o gado consumirá no inverno, é desejável que, nos países de clima tropical, o produtor armazene o alimento que o gado consumirá nos períodos de estiagens.

O superpovoamento deve ser evitado e as áreas mais úmidas da propriedade devem ser reservadas para o plantio de campineiras. As técnicas de produção de feno e de silagem devem ser difundidas no meio rural, para evitar as violentas quedas de produtividade que ocorrem ciclicamente, nos chamados períodos de entressafra.

Na medida em que o produtor for convencido a armazenar o produto para a alimentação do seu rebanho, nas épocas de estio, aumentará a produtividade do setor pecuário.



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