4
– Gafanhotos ( Locusta)
CODAR: NB.AGF/CODAR:
14.104
Caracterização
Desde a Antigüidade, o
gafanhoto é reconhecido como uma praga de culturas e de pastagens, responsável
por grandes desastres.
A oitava praga do Egito, narrada no Livro do Êxodo, da
Bíblia, refere-se à destruição dos trigais, causa da por uma infestação de
gafanhotos. A imagem de gafanhotos é freqüente em monumentos assírios.
No Brasil, o gafanhoto é
uma praga com características sazonais e as grandes infestações costumam
ocorrer após os períodos de estiagem, em função de uma expansão explosiva das
populações desses insetos.
No
País, as principais espécies responsáveis por infestações são:
- a partir do norte da
Argentina, penetrando pelos Estados sulinos, e atingindo o sul de Minas Gerais,
as Schistocerca americana, S. paranaensis e S. canellata, genericamente
conhecidos como gafanhotos invasores sul-americanos;
- na área compreendida
entre os paralelos 12 e 14 e que se estende de Rondônia até a divisa de Goiás,
o Rhammathocerus sp., cujos principais criadouros se localizam nas reservas dos
índios Parecis;
- no Nordeste, o
Schistocerca pallus, conhecido como gafanhoto polígrafo do Nordeste;
- em São Paulo, o
Rhammathocerus pictus Brunnei;
- em Minas Gerais, os
Dichrosplus braslienis, Stautorhorectus longicomis e Euplectrotteilx sp.
O
Rhammathocerus sp., quando adulto, tem um comprimento médio de 4,2 cm e
apresenta a seguinte distribuição de colorações:
- cinza-claro, com manchas
cinza-escuro, nas asas anteriores;
- verde ou cinza-claro, no
tórax e na fronte;
- azul-metálico, na
mandíbula, parte interna das coxas e partes terminais das tíbias;
- laranja, no restante da
tíbia.
Na
região de Rondônia e de Mato Grosso, o desenvolvimento desse gafanhoto se dá de
acordo com a seguinte cronologia:
- época de postura, nos
meses de outubro-novembro;
- eclosão dos saltões, nos
meses de novembro-dezembro;
- após cinco estágios, que
duram em média 26 dias, os saitões atingem a fase adulta em abril-maio;
- migram em
agosto-setembro;
- acasalam em
setembro-outubro.
Cada fêmea põe, em média,
100 ovos, distribuídos em cinco posturas. Os ovos, envolvidos por ootecas, são
enterrados a uma profundidade média de 5 cm.
Assim que eclodem, os
saltões reúnem-se em bandos compactos e passam a se alimentar. A partir do
terceiro estágio, os bandos começam a se movimentar, aumentando o tamanho da
área infestada.
A movimentação aumenta
ainda mais, quando os saltões atingem o quarto e quinto estágios. Nessa condição,
permanece na área do cerrado, nos períodos mais quentes do dia, e infestam as
áreas de cultura, nos períodos mais frescos.
Em abril, atingem a fase
adulta. Os bandos continuam crescendo e movimentando-se entre a vegetação
nativa e as áreas de cultura, causando grandes danos ás pastagens e,
especialmente, ás plantações de arroz.
Em agosto, formam-se
grandes nuvens, de aproximadamente 30 km de comprimento, por 2,5 km de largura,
e começa a migração. Os gafanhotos deslocam-se a uma altura máxima de 30 m. Uma
nuvem de gafanhotos pesa aproximadamente 100 toneladas e, diariamente, destrói
um volume de massa verde equivalente a seu peso.
Normalmente, as nuvens
movimentam-se no sentido dos ventos dominantes e, terminada a migração, os
bandos se separam, iniciando-se o acasalamento.
Os
Rammathoceerus apresentam a seguinte preferência alimentar, em ordem
decrescente:
- gramíneas nativas;
- culturas de arroz;
- culturas de
cana-de-açúcar e de milho;
- culturas de sorgo
forrageiro;
- pastagens artificiais;
- soja e feijão.
Medidas
Preventivas e de Controle
O controle dos gafanhotos
é mais fácil nas fases iniciais, enquanto saltões de primeira e terceira muda,
quando têm pouca mobilidade.
Nessas fases, as galinhas
d’angola podem exercer um razoável controle biológico dos saltões.
Quando as infestações por
saltões se intensificam, utilizam-se inseticidas organofosforados, como o
Fenitrothion e o Malathion, em formulações de ultra-baixo volume (UBV), nas
dosagens de 200 e 800 g, respectivamente, de principio ativo por hectare. A
diluição em óleo de algodão parece aumentar a eficácia das preparações.
Para combater as nuvens
migratórias, é necessário utilizar aviões espargidores, e as formulações de
UBV, para via aérea, aumentam, respectivamente, para 300 e 1.000 g por hectare,
de Fenitrothion e Malathion.
Nenhum comentário:
Postar um comentário