DESASTRES HUMANOS RELACIONADOS COM
CONVULSÕES SOCIAIS
CODAR
– HS.C/CODAR – 22.2
1. Introdução
As
convulsões sociais provocam ou intensificam o clima de agitação política e
social e, caso se perca o controle sobre o processo, podem causar graves
desastres humanos de natureza social e contribuir para reduzir a estabilidade das
instituições democráticas.
As convulsões sociais podem ser
incrementadas como conseqüência:
- de vulnerabilidades culturais e sociais que
reduzam a confiança de alguns estratos sociais nas instituições democráticas e
nos processos institucionais de solucionar os problemas;
- da marginalização de grandes estratos
populacionais do processo produtivo e do processo de desenvolvimento econômico
e social;
- do agravamento do desequilíbrio e das
desigualdades sociais, inter e intraregionais;
- da estagnação econômica e social e do nível de
pobreza de numerosos estratos sociais;
- da perda da fé de que é possível construir uma
sociedade livre, justa e solidária, dentro de um sistema absolutamente
democrático e institucionalizado;
- do aumento do custo de vida e do incremento da
especulação financeira.
Dentre os fatores preponderantes que
contribuem para agravar as convulsões sociais, há que destacar:
- o clima de descrédito nas instituições, nas
elites políticas e nos dirigentes;
- a desesperança dos estratos populacionais
marginalizados;
- o clima de insegurança individual e coletiva e
o incremento da violência;
- o clima de insatisfação política, sem
expectativas de solução normal, a médio prazo, por intermédio dos processos
eleitorais previstos nos regimes democráticos.
A
prevenção dos conflitos e das convulsões sociais exige uma política de
desenvolvimento social e econômico conseqüente, de caráter permanente e digna
de crédito, por parte da sociedade civil.
2. Importância da Interação entre o
Governo e a Sociedade
A
mudança cultural e a interação entre o governo e a sociedade, ao permitirem o
estabelecimento de um clima de confiabilidade nas autoridades governamentais e
de solidariedade interpessoal, constituem-se nas ferramentas básicas para o
desenvolvimento do processo de paz social, indispensável ao fortalecimento do
processo democrático e à redução dos desastres sociais.
A
mais importante célula do organismo social, para permitir o debate democrático
e o estabelecimento de um clima de paz social, é o Núcleo Comunitário de Defesa
Civil – NUDEC.
O
processo exige intensa e contínua discussão sobre os objetivos permanentes que
devem ser atingidos, e o clima de consenso só poderá surgir se as pessoas
acreditarem realmente nos bons propósitos das autoridades governamentais
presentes ou representadas no debate.
3. Importância do Exemplo e da
Participação Efetiva
O clima de paz social, tão importante
para a redução dos desastres humanos relacionados com convulsões sociais,
depende do (da):
- exemplo da classe política e dos dirigentes;
- apoio das elites e das classes produtoras;
- prioridade da ação sobre o discurso.
A
honestidade e a abstenção do discurso demagógico são atitudes indispensáveis
para conquistar e manter a confiança da população e para evitar o clima de
desilusão e de falta de crédito em soluções político-administrativas
definitivas. Em casos extremos, a descrença generalizada pode minar as bases de
sustentação das instituições democráticas.
É
importante caracterizar que, se o clima de convulsões sociais assumir aspectos
dominantes, o desastre final pode provocar a ruptura com o regime democrático
institucionalizado.
4. Importância do Desenvolvimento
Social e do Crescimento do Mercado Interno
É
absolutamente impossível reagir ideologicamente contra o processo de
globalização. Os sistemas políticos, sociais e econômicos não são conceitos
abstratos, mas têm existência física e, nesta condição, são regidos pelas leis
da física.
A termodinâmica, ao estudar os fluxos
de energia, ensina que:
“Todo
sistema fechado sobre si mesmo tende à mesmice e à estagnação”.
É
evidente que esta lei da física se aplica a todos os sistemas reais e, em
especial, aos sistemas políticos, econômicos e sociais.
O
processo geral de globalização é conseqüência do desenvolvimento vertiginoso
que incrementou a velocidade das trocas energéticas e do fluxo de transportes e
promoveu a quase instantaneidade das comunicações.
Para se conviver harmonicamente com o
“processo geral de globalização”, é absolutamente indispensável:
- multipolarizar a economia;
- dinamizar o mercado interno;
- promover o bem-estar social.
É
muito importante que as pessoas se conscientizem de que o desenvolvimento
econômico não é um fim em si mesmo, mas um importante pré-requisito do
desenvolvimento social.
Para
conviver com o processo de globalização, é indispensável que se apure o
senso-percepção, a fim de se descobrir os núcleos de excelência do mercado
global, onde o Brasil pode aproveitar situações vantajosas. No entanto, é
absolutamente indispensável que as pessoas se apercebam de que a exportação
cresce de importância, quando se busca intensificar a economia de escala.
As
nações que romperam o ciclo vicioso do subdesenvolvimento e das convulsões
sociais foram aquelas que priorizaram o desenvolvimento de seu mercado interno
e o bem-estar da população, sobre políticas de apoio prioritário às
exportações, tirando proveito dos baixos custos da mão-de-obra.
A queda
econômica dos chamados “tigres asiáticos” demonstra que um país não pode
priorizar políticas mercantilistas e que o desenvolvimento econômico só é
duradouro quando tem por objetivo promover o desenvolvimento social.
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