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Terremotos, Sismos e/ou Abalos Sísmicos
CODAR:
NI.SST/ CODAR: 13.101
Caracterização
Os terremotos ou abalos
sísmicos de origem tectônica são vibrações do terreno que provocam oscilações
verticais e horizontais na superfície da Terra, geralmente.
ocasionadas por rupturas e
movimentação das rochas no interior da crosta terrestre.
A camada mais superficial
da Terra não é continua, mas formada por imensas placas tectônicas. Essas
placas movimentam-se de forma lenta e contínua e o trabalho desenvolvido em
suas superfícies de contato provoca tensões e deformações de grandes massas
rochosas.
Quando a tensão acumulada
e a deformação resultante ultrapassam os limites de elasticidade e resistência
das camadas rochosas, ocorre uma ruptura brusca, que dá origem a uma falha
geológica ou intensifica uma falha preexistente, ao mesmo tempo que provoca um
terremoto.
Nessa condição, parte da
energia acumulada é liberada bruscamente e propaga-se sob a forma de ondas
elásticas e concêntricas, em todas as direções, provocando vibrações que são
transmitidas .á.superfície da Terra, caracterizando o terremoto.
Denomina-se hípocentro o
ponto ou região do interior da crosta terrestre, onde se as ondas de choque,
que provocam o terremoto.
Epicentro é a projeção
geométrica, isto é, em direção perpendicular, do foco do terremoto na
superfície do terreno. É o ponto da superfície terrestre atingido pelas ondas
com maior intensidade.
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- Magnitude dos Terremotos
A quantidade de energia
cinética liberada por um abalo sísmico define a magnitude do terremoto e é
medida em função da amplitude e da freqüência das ondas de choque, sendo
caracterizada através da escala de Ríchter, em função de uma progressão
logarítmica.
A escala de Richter
inicia-se em zero e, teoricamente, é ilimitada. Dos terremotos registrados até
o momento, os de maior magnitude ocorreram na Colômbia, em 1906, e no Japão, em
1933, ambos com 8,9 graus na escala Ríchter.
Os
abalos sísmicos propagam-se através de três tipos de ondas:
- ondas “P” ou primárias;
- ondas “5” ou
secundárias;
- ondas “L” ou ondas
longas ou, ainda, de superfície.
As ondas P são
longitudinais e, por serem as mais rápidas, provocam as primeiras oscilações
registradas nos sismogramas. As ondas 5 são transversais, menos rápidas e
intensas, e provocam um segundo conjunto de oscilações registradas nos
sismogramas.
As ondas “L” também são
transversais e, por serem ainda mais lentas, são as últimas a serem registradas
pelos sismogramas; essas ondas propagam-se ao longo da superfície da Terra e
são as que causam maiores danos.
As ondas são registradas
por aparelhos denominados sismógrafos e o registro gráfico das oscilações é
denominado sismograma.
Pelo intervalo de tempo
decorrido entre o registro das ondas primárias e o das ondas secundárias,
pode-se calcular a distância do epicentro.
A triangulação realizada
por duas ou mais estações sísmicas permite definir a localização dos
epicentros.
Os sismógrafos são fixados
em espessas placas de concreto, para evitar a interferência de vibrações
locais, como as provocadas pela passagem de veículos pesados, nos registros
gráficos.
Normalmente, cada estação
sismografia é constituída por dois sismógrafos de eixos horizontais e um
sismógrafo de eixo vertical. As diferenças na intensidade dos registro
gráficos, em função das variações das direções dos eixos horizontais, permitem
definir a direção do epicentro.
Os sismogramas, além de
permitirem a análise dos abalos sísmicos, facilitam o estudo das diversas
camadas que se desenvolvem a partir da crosta ate o centro da Terra.
Como
~á informado, a escala de Ríchter é logarítmica, representando valores
definidos em função da base 10, através da seguinte fórmula proposta pelo
autor:
- 1,5M = log E/E na qual:
- 1,5 corresponde a um
fator constante, proposto por Ríchter;
- M corresponde á
magnitude da escala;
- E corresponde à energia
liberada pelo abalo, em ergas;
- E0 2,5 x 1011 ergs,
correspondendo á energia liberada por um terremoto de magnitude 0.
Dessa
forma, um terremoto que libere uma energia de 2,5 X 1011 ergs corresponde a:
1,5M = log2,5X 1020 /2,5X
l09 = log 109=9,O e M= 9,0/1,5= 6,0
Dessa
forma, cada número inteiro da escala de Ríchter, quando comparado com o numero
inteiro imediatamente anterior, corresponde a:
- uma amplitude de onda 10
vezes maior;
- uma liberação de energia
60 vezes maior.
TABELA DA ESCALA DE RICHTER - NOMENCLATURA - PREVALÊNCIA MAGNITUDEENERGIA LIBERADA (em ergs)NOMENCLATURAPREVALÉNCIA
A
seguir, apresenta-se a energia liberada, em ergs, nos seguintes eventos:
- tornados 4,0 X 1018
- bomba de Hiroshima: 7,9
X 1018
- avalanches de Hauascaran
(Peru -janeiro/1 962): 1,1 X 1019
- erupção de Mont Pelée
(Martinica - abril/1 902): 4,7 X 1021
- impacto de meteorito na
Sibéria (Rússia - janeiro/1 908): 1,9 X 1023
- erupção de Tambora
(abril/1915): 8,4 X 1024
2
- Intensidade dos Terremotos
A gravidade de um desastre
sísmico é medida em lermos de intensidade, a qual caracteriza os danos humanos,
materiais e ambientais provocados pelo terremoto.
A escala de intensidade
mais utilizada é a de Mercalli modificada, que será apresentada no
prosseguimento. Essa escala é dividida em 12 níveis de intensidade crescente.
Os sismos de maior
intensidade que ocorrem no território brasileiro variam entre V e VII dessa
escala.
A
intensidade de um terremoto depende da interação dos seguintes fatores:
- magnitude do abalo
sísmico;
- distância entre o
epicentro e a área considerada;
- profundidade do
hipocentro:
- características geológicas
da área considerada;
- qualidade das
construções.
De um modo geral, a
intensidade de um terremoto ê diretamente proporcional á magnitude do aboio
sísmico e á amplitude e freqüência das ondas de choque, liberadas no foco da
fratura.
Quanto maior for o
distanciamento do epicentro para a área considerada, menor será a intensidade
do terremoto.
Os abalos sísmicos
originados em hípocentro muito profundos são de intensidade reduzida, embora
suas ondas de choque propaguem-se a grandes distâncias.
ESCALA SISMOMÉTRICA DE
MERCALLI - MODIFICADA (MM)
Causas
Os terremotos de maior
magnitude e intensidade são relacionados com o tectonismo. No entanto, podem
ocorrer abalos sísmicos locais, de pequena magnitude, provocados por outras
causas. Normalmente, esses abalos têm hípocentro pouco profundos e não se
propagam a grandes distâncias.
Esses
fenômenos podem ser provocados por:
erupções vulcânicas;
deslizamentos de solo e/ou
aludes de neve;
acomodações locais das
camadas do solo;
rupturas de tetos de cavernas
e outras causas de subsidência abrupta do solo;
impacto de meteoritos;
acomodações de camadas
provocadas pela construção de barragens e represamento de água (sismos
induzidos);
explosões subterrâneas
provocadas pelo homem, inclusive para a detecção de jazidas de petróleo.
Ocorrência
Os sismógrafos registram
uma média anual de 350.000 abalos sísmicos, caracterizando uma freqüência de
1,34 abalo sísmico por minuto. Desses, aproximadamente 7.200 são
suficientemente intensos para serem percebidos pelo homem.
Os grandes terremotos de
origem tectônica normalmente ocorrem a uma profundidade variável entre 8 e 20
km e em áreas submetidas a grandes tensões, provocadas pela movimentação das
placas:
- em áreas de contato e
compressão entre placas tectônicas em movimento;
- em áreas de fratura,
separação ou fragmentação de placas tectônicas;
- ao longo das dorsais
oceânicas.
A compressão de uma placa
contra outra desenvolve mecanismos de tensão nos blocos rochosos que se
deformam. Quando os limites de elasticidade são ultrapassados, os blocos
fraturam-se e a energia acumulada libera-se, em fração de segundo, e se propaga
para e pela superfície da Terra, sob a forma de ondas de choque.
Ao longo da falha de San
Andreas, área onde ocorrem importantes fraturas na plataforma NorteAmericana, a
energia liberada, todas as vezes em que o limiar de elasticidade é
ultrapassado, provoca sismos de grande magnitude na região da Califórnia,
fazendo com que as populosas cidades de San Francisco e Los Angeles sejam áreas
de risco de terremotos.
Mecanismo idêntico,
relacionado com as importantes falhas na área oriental da plataforma Africana,
que se prolongam com fraturas na península Arábica, explica os terremotos que
castigam as cidades do deita do Nilo, da península do Sinal e de Israel.
Ao longo do litoral oeste
da América do Sul, as tensões e deformações geradas pelo contato da plataforma
Sul-Americana com a placa de Nazca são responsáveis pelos freqüentes terremotos
registrados em toda a região andina.
Os terremotos extremamente
profundos, com hipocentro a 500 km de profundidade (batissismos), que ocorrem
no Acre, são causados pelo mergulho oblíquo da placa de Nazca.
Esses
terremotos costumam distribuir-se da seguinte forma:
- 42% dos epicentros
relacionam-se com o chamado Cinturão de Fogo, que se desenvolve ao longo da
orla do oceano Pacífico;
- 25% dos epicentros
localizam-se em áreas montanhosas de formação recente (período Terciário), como
os Alpes, Apeninos, Atlas e Himalaia;
- 23% dos epicentros
ocorrem em regiões de grandes falhas em bloco, como os Bálcãs, a costa da
Califórnia, a Ásia Menor e a África Oriental.
As
regiões instáveis descrevem duas estreitas faixas ao redor do planeta:
- uma das faixas
desenvolve-se no hemisfério norte, começando na embocadura do rio Tejo, onde,
em 1755, ocorreu o terrível terremoto de Lisboa; prolonga-se ao longo da bacia
do Mediterrâneo, até atingir a Anatólia e a Armênia; daí, bifurca-se em dois
ramos;
- o ramo norte prossegue
pelo Cáucaso, Turquestão russo, Turquestão chinês, atingido o lago Baikal;
- o ramo sul prossegue nas
mediações do equador, pelas bordas exteriores do planalto do rã, atinge o
Himalaia e depois as ilhas de Java, Malucas e Nova Guiné, prosseguindo por
arquipélagos esparsos no oceano Pacífico, como os de Salomão, Fidji, Samoa e
Sandwich, atingindo a Venezuela e, através das Antilhas e dos arquipélagos de
Cabo Verde a Açores, atinge novamente a embocadura do Tejo, em Portugal;
- a outra faixa sísmica
contorna o oceano Pacífico, iniciando-se no Chile, prosseguindo pelo litoral
oeste da América do Sul, Central e do Norte, até atingir o Alaska; dai desce
pelas Aleutas e pela península de Kamchatka e, pela orla das costas asiáticas,
desce através do Japão, até a Nova Zelândia e montanhas australianas de leste.
As duas faixas descritas
cruzam-se nas Molucas e na América Central.
Além dessas faixas,
ocorrem abalos sísmicos na região caracterizada pela fratura longitudinal da
África oriental, a qual, iniciando-se no lago Zambeze, prolonga-se pela
Etiópia, pelo deIta do Nilo e pela península do Sinal, até atingir a região do
mar Morto.
Também ocorrem abalos
sísmicos nos Pirineus e na Islândia.
O território brasileiro
localiza-se no interior de uma placa tectônica, cujo limite oriental é definido
pela cordilheira meso-atlântica e o limite ocidental é definido pela costa do
Pacífico, da América do.Sul.
A atividade sísmica é mais
intensa nas bordas das placas e menor em seu interior. Por esse motivo, essa
atividade no Brasil é sensivelmente menor que nos países andinos.
Os registros sísmicos
demonstram, no entanto, que, apesar de o território brasileiro estar localizado
numa região intraplaca, já foram registrados vários sismos de magnitude
superior a 5,0 graus da escala Richter.
O sismo de maior magnitude
registrado no País, com 6,6 graus nessa escala, ocorreu em 31.01.55, na serra
do Roncador, Estado de Mato Grosso. Em março do mesmo ano, ocorreu outro sismo,
com 6,3 graus, no oceano Atlântico, a 300km da costa do Espírito Santo.
Já foi registrada quase
uma dezena de sismos com magnitudes variando entre 5,0 e 5,5 graus, em
diferentes regiões do Brasil.
O Nordeste é uma das
regiões mais ativas. Nessa região, os sismos ocorrem com maior freqüência, nos
Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco. Normalmente, os sismos
dessa região são bastante superficiais e de intensidade inferior a 4,5 graus.
Os sismos brasileiros
normalmente têm hipocentros superficializados, a exceção do Acre, onde os
sismos provocados pelo mergulho oblíquo da placa de Nazca apresentam
hipocentros extremamente profundos (cerca de 500 km).
Apesar de o nível da
sismicidade brasileira ser pouco alarmante, os estudos sísmicos devem ser
considerados, ao se planejarem determinados projetos de engenharia, como
grandes barragens, centrais nucleares e outras obras de grande porte.
Nas áreas de maior
incidência de sismos, mesmo que pouco intensos, o padrão de construção das
edificações deve ser aperfeiçoado, para reduzir riscos de danos provocados às
mesmas.
Principais
Efeitos Adversos
Na ocorrência de
terremoto, tanto as construções como a infra-estrutura estão expostas a danos
ou colapso, devido à movimentação do terreno, principalmente aquelas
localizadas próximas ao epicentro, onde a intensidade do terremoto é maior.
Terrenos sedimentares,
solos pouco consistentes e áreas de aterro são mais vulneráveis aos terremotos,
já que as ondas de choque comportam-se como se entrassem através do fundo de
uma garrafa, encontrando dificuldade para prosseguir através do estreitamento
do gargalo.
As
edificações mais vulneráveis aos terremotos são as construídas com:
- paredes muito espessas e
compactas;
- materiais com reduzidos
coeficientes de elasticidade e pouca capacidade plástica para absorver
deformações;
- alicerces pouco profundos;
- telhados muito pesados;
- projetos arquitetônicos
com platibandas, sacadas, projeções em balanço e vãos superdimensionados.
Como efeitos indiretos, os
incêndios são comuns e podem interromper o abastecimento de gás e luz. O
combate aos incêndios fica mais difícil por eventuais interrupções de vias de
acesso e destruição de tubulação de água. Os danos em reservatórios ou represas
podem ensejar inundações súbitas.
Monitorização,
Alerta e Alarme
Os estudos sismológicos
permitem caracterizar as áreas de atividade sísmica intensificada.
Os estudos de séries
históricas permitem apenas inferir que é possível que , a partir de um
determinado período, aumente a probabilidade de ocorrer um terremoto de grande
magnitude.
Normalmente, mas nem
sempre, abalos sísmicos de grandes magnitudes são precedidos por séries de
abalos de menor importância.
Fotografias aéreas e
imagens de satélites podem caracterizar, com facilidade de fraturas.
Medidas geodésicas
continuas, especialmente as realizadas com telêmetros de laser, de cada lado
das falhas, permitem caracterizar variações milimétricas, tanto em sentido
vertical, como em sentido horizontal e longitudinal.
E possível que, com o
aperfeiçoamento dos sensores gravimétricos e calóricos, se possa melhorar as
sondagens das camadas mais superficiais da crosta terrestre.
Os moradores locais
costumam utilizar, como prenúncio de abalos iminentes, as mudanças
comportamentais de animais silvestres e domésticos.
Apesar do esforço
desenvolvido, é comum a homem ser surpreendido pelos abalos sísmicos.
Medidas
Preventivas
1
- Medidas de Longo Prazo
Os estudos sismológicos e
a preparação de mapas de riscos das áreas de atividade sísmica intensificada
permitem o zoneamento e a caracterização de áreas aedificandi com restrições.
Áreas de terrenos
inconsolidados e de aterros devem, em princípio, ser consideradas como áreas
non aedificandi, a não ser que as estacas sejam aprofundadas, até encontrar
rocha sólida.
A vulnerabilidade das
edificações vem sendo reduzida através do desenvolvimento de normas de
engenharia, relacionadas com a construção de edificações resistentes ás ondas
elásticas, horizontais e verticais. A utilização de estruturas constituídas por
materiais plásticos e de elasticidade suficiente para absorver esforços sem
grandes deformações está contribuindo para reduzir as vulnerabilidades.
Em áreas de risco sísmico,
os arquitetos devem ser desencorajados a desenvolverem projetos arquitetônicos
com platibandas, sacadas, projeções em balanço e vãos superdimensionados.
As melhores construções
são as de madeira ou com estruturas de concreto armado ou de aço.
Em áreas de atividades
sísmicas intensas, os maciços das barragens devem ser constituídos por aterros
argilosos, assentados sobre solo consolidado. Os alicerces devem ser escavados
e a cobertura de materiais não consolidados, totalmente retirada.
Não há registro de ruptura
de barragens feitas com aterros argilosos, corretamente implantados e
compactados.
2-
Medidas de Curto Prazo
Os programas de
desenvolvimento de recursos humanos, especializados no atendimento de áreas
atingidas por terremotos, são de capital importância.
Os programas educacionais,
adaptados á cultura das comunidades assistidas, informando sobre as
características dos fenômenos e comportamento esperado em circunstâncias de
desastre, contribuem para a redução das perdas humanas.
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