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28 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES HUMANOS - VOLUME II - TÍTULO V DESASTRES RELACIONADOS COM A DESTRUIÇÃO INTENCIONAL DA FLORA E DA FAUNA


TÍTULO V

DESASTRES RELACIONADOS COM A DESTRUIÇÃO INTENCIONAL DA FLORA E DA FAUNA

CODAR HS.EDF/22.105


1. Caracterização

A destruição intencional da flora e da fauna caracteriza um desastre humano, de natureza social, com gravíssimas repercussões sobre o meio ambiente, provocando danos ecológicos que, muitas vezes, são de muito difícil reversão.


A destruição da flora e da fauna autóctones, representa a destruição de um patrimônio do país e pode ser provocada pela:

-  Redução, transformação ou total eliminação de biótopos naturais;

-  Utilização intensiva, descontrolada e muitas vezes ilegal de agrotóxicos, como desfolhantes, outros herbicidas, inseticidas e outros produtos perigosos;

-  Introdução de espécies animais e vegetais exógenas, sem um estudo ambiental prospectivo, estabelecendo competição com a flora e a fauna autóctones e atuando como pragas dominantes;

-  Perda de controle sobre pragas autóctones ou exógenas, muitas vezes introduzidas acidentalmente, em conseqüência de desequilíbrios ambientais de origem antropogênica;

-  Redução de biodiversidade, em conseqüência da intensa disseminação de monocultura;

-  Caça e pesca predatórias, clandestinas e desencadeadas à margem da legislação protetora vigente.


2. Estudo Sumário dos Principais Complexos Florísticos do Brasil

a) Estudo das Florestas Latifoliadas Perenes

Dentre os complexos florísticos do Brasil, cujas áreas mais sensíveis ou residuais necessitam de medidas de preservação, destacam-se as florestas latifoliadas perenes, que se caracterizam por apresentarem numerosas árvores de folhas largas, pouco espessas e persistentes, as quais, normalmente, não são dotadas de estruturas de proteção contra evaporação.

Normalmente as árvores destas florestas são altas e se tocam pelas copas, que abrigam grande número de lianas e epífitas.


Tipicamente, estas florestas apresentam múltiplas estratificação, que são constituídas por:

-  Gramíneas, musgos e ervas

-  Arbustos e subarbustos

-  Árvores

-  Lianas ou cipós e epidendros ou orquídeas


No Brasil são identificados os seguintes tipos de florestas latifoliadas perenes:

-  Floresta Latifoliada Perene Tropical

-  Floresta Latifoliada Perene Equatorial

-  Floresta Latifoliada Perene Subtropical

-  Floresta Latifoliada Perene de Altitude


1) Floresta Latifoliada Perene Tropical

Este complexo florístico, caracterizado por sua imensa biodiversidade também é conhecido como floresta tropical úmida de encosta ou mata atlântica.

Na época do descobrimento, esta importante formação vegetal ocorria de forma mais ou menos contínua, desde o cabo de São Roque no Rio Grande do Norte, até o litoral meridional de Santa Catarina.

Esta mata luxuriante crescia nas escarpas orientais do Planalto Atlântico Brasileiro alcançando altitudes que variam entre 200 e 2.500 metros. Estas encostas, ao interceptarem os ventos alísios oriundos do Atlântico e carregados de umidade, provocam chuvas abundantes, que se distribuem por quase todo o ano.

Em conseqüência da elevada umidade atmosférica, estas matas luxuriantes são ricamente ornadas de epífitas, trepadeiras e lianas. De um modo geral, as escarpas orientais do Planalto Atlântico Brasileiro são constituídas pelos elevados da Chapada da Borborema, Chapada Diamantina e Serra do Mar.

No Sul do Brasil estas matas estendem-se para algumas áreas da bacia do rio Paraná, atingindo os baixos cursos dos rios lguaçu, Paranapanema e Inviema.

O estrato mais alto de árvores é constituído por espécies dos gêneros Lecythis, Aspidosperma, Vochysia, Ouratea, Cabrálea, Carimana, Cedrela e Necfranda. O estrato mais baixo é constituído de espécies dos gêneros Drymis, Psychotria, - interi, e por alguns fetos arborescentes dos gêneros Cyathea e AIsopIila.

Dentre as árvores de grande importância econômica destas matas e que devem ser objeto de manejo apropriado, destacam-se o Cedro (Cedrela fisiis), o Jatobá ou Jatai (Hymenaeacourbarll), o Jequitibá (Cariniana estrelleusis e C. Iegalis) e a Peroba-rosa (Aspidesperma polyneuron).

Ao longo do processo de ocupação das terras brasileiras, a mata atlântica sofreu grandes intervenções, inicialmente, em função do chamado ciclo da cana-de-açúcar e, mais modernamente, em função da expansão da lavoura cafeeira.

No Sul da Bahia, este complexo florístico foi mais protegido pela cultura do cacau que é mais protecionista, por necessitar de áreas florestais sombreadas para se desenvolver plenamente.

Nos dias atuais, existem pequenas áreas residuais da Mata Atlântica em, praticamente, todos os Estados Litorâneos brasileiros a partir do Rio Grande do Norte.

Há que destacar a atividade de recuperação e de reflorestamento da Floresta da Tijuca e da Floresta de Petrópolis, no final do século passado, as quais foram dirigidas pelo Major Archer. Estes exemplos demonstram que é possível recuperar algumas áreas florestais da Mata Atlântica e restabelecer a vegetação inicial.

Não há nenhuma opinião discordante, sobre a necessidade de se recuperar e transformar as áreas residuais ou de testemunho da Mata Atlântica, em santuários ecológicos de preservação obrigatória.



2) Floresta Latifoliada Perene Equatorial

Também conhecido como Floresta Amazônica, Hiléia Amazônica (Humboldi) ou Mata Higrófila, este complexo florístico recobre aproximadamente 40% do Território brasileiro, caracterizando-se como uma das mais vastas e, sem nenhuma dúvida, a mais luxuriante área florestal de todo o Mundo.

Comportando-se como uma imensa floresta fechada, a selva Amazônica possui uma impressionante variedade de espécies vegetais, e apresenta o maior nível de biodiversidade de todo o Globo Terrestre.

Esta floresta higrófila deve sua existência a um clima equatorial, caracterizado por temperaturas elevadas, com reduzida variabilidade térmica diária e anual e por precipitações que variam entre 2.000 e 3.000mm anuais, bem distribuídas ao longo das estações.

Embora a higrofilia seja uma característica comum, em função dos elevados índices pluviométricos, a floresta amazônica não é absolutamente uma formaçáo florística homogênea, apresentando, ao contrário, uma grande diversidade de paisagens.


A grosso modo, em função da topografia, nesta floresta são distinguidas as seguintes paisagens:

-  Mata de Terra Firme ou Caaetê

-  Mata Permanentemente Alagada ou Caaigapo

-  Mata de Várzea

A calha do rio Amazonas funciona como uma imensa barreira, estabelecendo diferenças de paisagens entre as florestas da margem norte e as da margem sul.

Também podem ser estabelecidas diferenças entre as chamadas Amazônia Ocidental, constituída pelos estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia, e a Amazônia Oriental constituída pelos Estados do Pará e do Amapá e pelos extremos Oeste do Estado do Maranhão e Norte do Estado de Tocantins.

A mata de terra firme ou caaetê recobre as áreas mais elevadas do chapadão terciário, que não são atingidas pelas inundações. Os estratos superiores desta belíssima floresta são dominados por árvores de grande porte, com destaque para a castanheira (Bertholltia excelsa), o Caucho (Castilloa ulei), a muirapinima (Brosimum guianensis), o acapu (Vouacapoua americana), os louros (Octea sp) a andiroba (Garapa Guianensis), a macauba (Platymiscium oenkei) e a Sapucaia (Lecythis pacaensis).

Dentre as lianas ou cipós, há que destacar o guaraná (Panhlinia cupania), cuja cápsula fornece semente rica em xantinas, como a teofilina, a teobromina e a cafeína, e que são usados na fabricação de bebidas refrigerantes e estimulantes.

A mata de várzea ocorre ao longo dos aluviões fluviais dos rios da bacia amazônica e está sujeita a inundações cíclicas, por ocasião das grandes enchentes anuais. Em função da topografia, a largura das várzeas varia podendo, em alguns casos, atingir centenas de quilômetros.

Sobre os sedimentos quartenários, que constituem o solo das várzeas, desenvolvese em uma flora com elevado grau de biodiversidade, porém com árvores menos altas que as de terra firme e com maior espaçamento que as árvores da floresta permanentemente inundada.

Dentre as árvores que ocorrem na mata de várzeas, há que destacar a seringueira (Hevea brasihiensis), o pau-mulato (Calycophyhlum spruceanum), além de árvores de menor porte dos seguintes gêneros: Sapium, Virola, Corala, Ingá, Rheedia, Triplaris, Cecropia, Cássia e Plumeria. De um modo geral, as várzeas são abundantes em palmáceas, com destaque para o Buriti (Mauritia vinifera) e para a Pupunheira (Guilielma speciosa) e árvores de menor porte das seguintes famílias Rubraceae Solanadae, Myrtaceae, Caricaceae e Sterculeaceae. Em muitas áreas, as matas de várzeas se alternam com campos de várzeas.

A mata permanentemente alagada ou igapó ocorre em terrenos de solos mais antigos e estáveis e, ao contrário da várzea que está sendo criada pela sedimentação, sofre uma ação erosiva permanente. Em conseqüência da erosão, o nível do solo tende a ser rebaixado, o que aumenta a área de alagação.

A mata de igapó possui a vegetação mais densa, exuberante e variada de toda a floresta amazônica. Como esta vegetação ocorre nas imediações dos grandes rios, que são as principais vias de penetração da Amazônia, surgiu uma falsa idéia de que toda a floresta higrófila é impenetrável.

Na floresta de lgapó dominam espécies dos gêneros Calophyllum, Macrolobum, Nectandra, Piranhea, Triplaris e Bombax, além de palmáceas como piaçava (Leopoldinea brasiiensis) e ervas aquáticas, como a Vitória-régia (Victória regia).


A floresta equatorial amazônica se prolonga, por intermédio da floresta latifolicida semidecídua tropical (mata seca) em direção:

-  ao sul, fazendo a transição entre a floresta higrófila e os cerrados do Brasil Central;

-  ao norte, fazendo a transição entre a floresta equatorial e as Estepes do Roraima.

É esta floresta de transição, com características de mata seca tropical, que está sofrendo um intenso processo de desmatamento, seguido de queimadas.


É absolutamente indispensável que se desenvolvam técnicas de manejo florestal e de bosquejamento (derrubada parcial da vegetação arbustiva), que permitam aumentar gradualmente o adensamento de espécies arbóreas de maior valor econômico. É desejável que os cultivares selecionados para o adensamento sejam resistentes às pragas e altamente produtivos.

É imperativo que as técnicas de queimadas sejam definitivamente abandonadas.


3) Floresta Latifoliada Perene Subtropical

A vegetação latifoliada perene, que se desenvolve no extremo sul do Brasil, possui características muito próprias, que podem ser observadas nas encostas sul da Serra Geral e nas Matas de Galeria, que ainda ocorrem nas margens dos rios da bacia do rio Uruguai.

Esta mata é menos rica em lianas e epífitas (como as orquídeas) porém é muito rica em fetos arborescentes (samambaias), como os xaxins.

Dentre as árvores de maior porte, há que destacar a Grapiapunha (Apuleia praecox), a Gabriuva (Mycrocarpus frondosus), a Timbaúba (Enterohlobium timbauva), o Ingá (Ingá marginata), o Angico (Pitadema dema rígida), o Louro (Cordia hipolenca), o Umbu (Phytolaca dióica) e o Camboatá (Cupania vernahis).

Esta formação vegetal foi uma das mais duramente atingidas do Brasil e seus poucos testemunhos remanescentes merecem ser preservados. É indispensável que sejam delimitados santuários ecológicos, nas poucas áreas onde ainda existem testemunhos desta importante formação arbórea, antes que seus últimos remanescentes desapareçam definitivamente do Brasil.


4) Floresta Latifoliada Perene de Altitude

Acima de 1.200 metros de altitude observa-se uma sensível mudança florística e estrutural na vegetação.


As matas de altitude caracterizam-se por:

-  apresentarem uma menor variedade de espécies florísticas;

-  possuírem árvores mais baixas, cujas alturas máximas variam entre 10 e 15 metros;

-  Apresentarem um número reduzido de lianas e fetos arborescentes e em número elevado de epífitas, como as orquídeas.


Nas serras mais elevadas e nas áreas de solos rochosos, esta vegetação dá lugar aos campos de planalto, os quais normalmente são mal drenados e sujeitos a ventos fortes e geadas, durante as estações mais frias do ano.

No Brasil, este padrão de vegetação ocorre nas partes mais elevadas da Serra da Mantiqueira e do planalto das Guianas e, evidentemente, apresenta variações locais muito importantes.

As matas da Serra da Mantiqueira, que são as mais estudadas, são ricas em espécies dos gêneros Cabalea, Croton, Landia, Proticum e Rosácea.

Este complexo vegetal é extremamente vulnerável aos incêndios florestais, que, em virtude da intensidade dos ventos, são de muito difícil controle.

Estas matas tendem a desaparecer, caso não sejam protegidas em santuários ecológicos como o do Parque Nacional de ltatiaia.


b) Estudo das Florestas Latifoliadas Semidecíduas

Durante a estação chuvosa esta vegetação se confunde com as florestas latifoliadas perenes. No entanto, nos meses de estiagem, ocorre uma mudança radical, que se caracteriza pela perda de folhagem, especialmente dos estratos arbóreos mais elevados.

Normalmente este padrão de vegetação arbórea faz a transição entre as florestas perenes e a vegetação típica das áreas menos úmidas, como a dos Cerrados e a das Caatingas.


Nestas condições pode-se distinguir dois subtipos de florestas latifoliadas semidecíduas:

-  A floresta semidecídua de padrão equatorial que circunda a mata higrófila amazônica e faz a transição da mesma para os cerrados do Brasil-Central para as Matas de Cocais do Meio-Norte e para os Cerrados de Roraima e Rondônia

-  A floresta semidecídua de padrão tropical que se interpõe entre a chamada mata atlântica e a vegetação de caatinga do semi-árido nordestino e os cerrados do Brasil-Central.


A transição, que caracteriza este complexo vegetal, resulta dos menores índices de precipitação e da menor umidade atmosférica nas estações de estio.

Nesta mata, também conhecida como mata seca, além das espécies arbóreas que perdem as folhas durante a estação seca, existem vegetais de folhas duras, espessas e feltrosas que não caem durante os períodos de estio e que são protegidas contra as perdas líquidas por vapotranspiração.

Resíduos destas matas de transição ainda ocorrem na chamada mata seca do Nordeste, em raras encostas dos rios das bacias dos rios Grande, Paranaiba, Alto Paraná, Paraíba do Sul, da Serra da Mata da Corda e das Zonas das Matas dos Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Na área norte do Brasil ocorrem florestas semidecíduas nos Estados de Rondônia, Roraima, no Nortão do Estado de Mato Grosso, no Norte do Estado de Tocantins e no sul dos Estados do Amazonas e do Pará.

Depois da floresta higrófila da Amazônia, as florestas semidecíduas são as mais extensas do Brasil e apresentam várias diversificações regionais.


Nas florestas semidecíduas, há que destacar as seguintes espécies arbóreas:

perobas (Aspidosperma Sp), cedros (Cedrela sp), jatobás (Hymenaea courbaril), paineiras (Chorisia sp), caneleiras (Nectranda myriantha), Ipês (Tabebuia e Tecoma sp) e leguminosas, como o pau-brasil (Caesalpinia echinata), pau-ferro (Caesalpinia ferrea) e pau-d’arco (Tabebuia serratifolea e T. inpetiginosa).

Esta formação vegetal vem sendo devastada ao longo do processo de desenvolvimento do Brasil e, no momento atual, está sendo duramente atingida, em função da expansão da fronteira agrícola para a Região Norte.


c) Estudo da Floresta Acicufoliada Subtropical

Conhecida no Brasil como “Mata de Araucária” ou “Mata de Pinheiro do Paraná” se caracteriza pela existência do pinheiro-do-paraná (Araucária angustifólia) que é uma árvore de folhas pontiagudas, cuja altura varia entre 15 e 25 metros. A copa, que é cônica quando as árvores são novas, se dispõe em sentido paralelo ao solo, lembrando um imenso guarda-chuva, nas árvores adultas. Suas sementes reúnem-se em grandes cones de pinhões que, antes da descoberta, se constituía em importante fonte de alimentos.

Os pinheiros do Paraná ocorrem desde o Sul de Minas Gerais e Norte de São Paulo, até o Planalto Sul-Riograndense. A floresta de Araucária, no entanto, ocorre de forma típica nas áreas elevadas dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, desenvolvendo-se a partir de uma altitude média de 500 metros do Rio Grande do Sul e de 600 metros no Paraná.

O estrato arbóreo superior é constituído pelas Araucárias, enquanto que o subbosque é formado de árvores latifoliadas, como a erva-mate (Ilex paraguaiensis), o cedro (Cedrela fissilis), o camboatá (Cupania vernahis), o angico (Piptademia rígida), o Ipê (Tecoma Alba) e a imbuia (Phoebe porosa).

Esta formação vegetal foi intensamente explorada pelas empresas madereiras até o quase desaparecimento dos pinheiros-do-paraná, no entanto, a cultura de erva-mate é nitidamente preservacionista.

Com a crescente valorização do pinhão, como fonte de alimento natural rico em féculas, é possível que se obtenha uma gradual recuperação das matas de araucárias.


d) Estudo das Matas de Galerias e dos Capões

As matas de galeria ou matas ciliares correspondem a florestas alongadas, que se desenvolvem ao longo dos cursos dos rios, aproveitando a umidade do solo das áreas marginais.

De um modo geral, as Matas de Galeria são encontradas ao longo dos rios que se desenvolvem nas áreas de cerrado, da caatinga e dos campos gerais.

Os capões de mato e as veredas (magistralmente descritas por Gracilíano Ramos) ocorrem quando a umidade resultante de um afloramentodo do lençol de água subterrâneo dá origem a uma pequena bacia fluvial.

No caso específico das veredas, estes afloramentos ocorrem nos fundos de vales, enquanto que os capões de mato costumam ocorrer em áreas de campos.

De um modo geral, as matas de galeria, os capões e as veredas assumem características das regiões em que se desenvolvem, proliferando espécies arbóreas que ocorrem nas matas próximas.

A preservação e a recuperação destes complexos florísticos exercerá uma influência benéfica sobre o regime dos rios beneficiados, reduzindo os processos erosivos, os desbarrancamentos e os assoreamentos, incrementando a biodiversidade e revitalizando a fauna autóctone local.


e) Estudo das Formações Campestres

Estas formações caracterizam-se pela predominância de gramíneas e, em alguns casos, de leguminosas rasteiras. A altura das gramíneas nativas brasileiras varia entre 10 e 50 centímetros. Além das gramíneas e leguminosas rasteiras ocorrem subarbustos e, ocasionalmente, arbustos.

Quando ocorre o predomínio de vegetação rasteira forma-se os campos limpos.

Quando ocorrem numerosos arbustos e subarbustos, formam-se os campos sujos.

No Brasil, os campos limpos ocorrem desde o Sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul, onde são denominados campos da campanha gaúcha.


Do ponto de vista estrutural, os campos se apresentam sob a forma de:

-  pradarias, quando a cobertura de gramíneas e de leguminosas é densa e contínua;

-  estepes, quando a cobertura de gramíneas e de leguminosas rasteiras ocorre de forma esparsa ou formando tufos isolados, deixando grandes porções de solo descobertas.


No Brasil são classicamente estudados quatro estruturas de campos gerais:

-  os estepes da Região Norte

-  os campos do planalto meridional e da campanha gaúcha

-  os campos serranos

-  os campos de várzea

Dentre todos os complexos vegetais brasileiros, as matas de galerias, os capões de mato e as veredas são os mais importantes, em termos de prioridade para a recuperação e a preservação.


1) Estepes da Região Norte

Também conhecidas como estepes do Roraima estes campos são muito pobres e apresentam uma cobertura de gramíneas muito baixas e rarefeitas. Este padrão de estepe ocorre também em alguns trechos da Serra dos Pacaás Novos, no Estado de Rondônia, e da Chapada dos Pareás, no chamado “nortão” do Estado de Mato Grosso.

Estes campos ocorrem em solos pedregosos ou arenosos, que se caracterizam por sua baixíssima fertilidade natural. Evidentemente esta reduzida fertilidade tende a se agravar cada vez mais, como conseqüência das queimadas.


2) Campos do Planalto Meridional e da Campanha Gaúcha

Esta formação florista ocorre em áreas de clima subtropical, com uma estação seca pouco pronunciada, e apresenta-se sob a forma de uma estrutura contínua, típica dos campos de pradaria.


Incluem-se neste padrão de campos de pradaria:

-  os campos de vacaria, localizados no sul do Mato Grosso do Sul;

-  os campos gerais e os de Palma e Guarapuava, no Estado do Paraná;

-  os campos de Lajes, Irani e São Joaquim, no Estado de Santa Catarina;

-  os campos do Planalto e da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul.

Esta imensa área de campos vem sendo ocupada por rebanhos de bovinos, desde a época do Brasil Colônia.


3) Campos Serranos

Estes campos ocorrem em áreas restritas das montanhas e dos planaltos elevados, da Serra da Mantiqueira, da Canastra, da Bocaiúva, do Espinhaço e do Roraima.

Estes campos pouco férteis, de solos pedregosos e constantemente castigados pelos ventos frios e pelas geadas, são constituídos por plantas baixas e esparsas pertencentes às seguintes famílias de vegetais: mirtácea, bromeliácea, velosiálea, amarilidáceas, amarantácea, melastomácea, licopodiácea, xiridácea e encauleicea.

De um modo geral, a vegetação dos campos serranos é muito pobre e esparsa.



4) Campos de Várzeas

Estes campos, de estrutura variável apresentam uma característica comum, que é a de permanecerem umedecidos por ocasião das cheias anuais.

Estes campos são abundantes na Amazônia, no Meio-Norte, no Pantanal Matogrossense e no Médio Araguaia.

Na Amazônia a área de várzea, dividida entre os campos e matas de várzeas, corresponde a, aproximadamente, 10% de território total, totalizando uma área com a extensão de mais de 56 milhões de hectares. Nestas condições a área que é inundada e fertilizada naturalmente, somente na região Amazônia, corresponde a 80 vales do Nilo.

Estas áreas de campos de várzea são ideais para o desenvolvimento de uma atividade pecuária, com características especiais, de tal forma que, nas oportunidades de cheia, o gado seja concentrado em currais elevados, onde é alimentado com volumoso colhido nas várzeas e transportado até os currais, por intermédio de embarcações. Nas condições atuais, as imensas reservas de campos de várzea deste País são subtilizadas.


f) Estudo das Formações Complexas

São consideradas como formações complexas aqueles complexos fiorísticos, com elevado grau de heterogeneidade, e que apresentam aspectos muito diversificados, com grandes variações nas paisagens locais.


No Brasil, as formações florísticas complexas compreendem:

-  o cerrado ou Savana Tropical Brasileira

-  o complexo do Pantanal

-  as matas de Cocais

-  a Caatinga


1) Cerrado ou Savana Tropical Brasileira


Os cerrados são um tipo de vegetação caracterizada por apresentar dois estratos florísticos:

-  Um estrato baixo, dominado por gramíneas, raras leguminosas rasteiras e por subarbustos de folhas grandes e duras.

-  Um estrato mais elevado constituído por árvores baixas retorcidas, com cascas grossas e suberosas e que crescem de forma espaçada.

O cerrado é uma vegetação complexa que faz a transição entre as florestas latifoliadas, as matas de cocais e as áreas de caatinga, com as áreas de campo e com o complexo do pantanal.

Caracteristicamente a vegetação de savana ocorre em áreas de solos ácidos e de clima tropical com uma estação chuvosa e outra de estio bem marcada, esta vegetação é fortemente influenciada pelo clima e pelo solo.

No Brasil o Cerrado predomina no Brasil Central, compreendendo o Distrito Federal e os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás com expansões para Minas Gerais, Tocantins, Oeste da Bahia, Sul do Maranhão e Piauí. Manchas de cerrado também ocorrem em São Paulo, no Paraná (Rio das Cinzas e Campo Mourão), no Amazonas e em Rondônia e em alguns estados do Saliente Nordestino.


O cerrado é uma formação florística bastante complexa e heterogênea:

-  Nas áreas mais úmidas dos chapadões, ocorre o chamado “cerradão” caracterizado pelo maior adensamento da vegetação arbórea e arbustiva.

-  Nas áreas menos úmidas predomina o chamado “cerrado ralo”.

-  Nos fundos de vales, que foram escavados nos chapadões, pelo sistema de drenagem, ocorrem as chamadas “veredas”, com características de mata de galerias, tipicamente ricas em palmácea, como o buriti. Esta mescla de vegetação foi magistralmente descrita por Graciliano Ramos em seu livro Vidas Secas e por Guimarães Rosa em Grande Sertão Veredas. Algumas características genéricas individualizaram as árvores deste complexo florístico.


Normalmente, as árvores e os arbustos do cerrado apresentam:

-  troncos e galhos tortuosos

-  cascas espessas e suberosas

-  folhas grandes e de aspecto coreáceo


O estrato herbáceo é constituído principalmente por gramíneas, cuja altura varia entre 30 e 50 cm. No Sul do Mato Grosso do Sul ocorrem excepcionalmente gramíneas com até 2 metros de altura.

A altura do estrato arbóreo varia entre 3 e 6 metros e, em alguns trechos, ocorre um estrato intermediário, constituído por arbustos e subarbustos.

Espécies arbóreas mais comuns no Cerrado são as seguintes: pequi (Caryocar brasiliense), lixeira (Curatella americana), pau-terra (Qualea sp), pau-santo (Kielmeyera coriacea), lobeira (Solanum sp), carne-de-vaca (Roupala brasiliensis), murici (Byrsonima sp), barbatimão (Stryplinodendron barbatimão), capotão (Salvatia couvalariodora), cagaita (Eugenia desíntericu), açaizeiro (Euterpe oleracea), buriti (Mauritia vinifera), guariroba (Syagrus oleracea) mangabeira (Hancornia speciosa), caju (Anacardím humile).


Dentre todas estas espécies há que destacar:

-  O Pequi (Cariocar brasiliense, C. villosum e C. glabrum), cujo fruto é uma drupa globosa do tamanho de uma laranja, de cor verde-amarela e de mesocarpo claro e butiroso, envolvendo de 1 a 4 sementes volumosas. O fruto do pequizeiro é a maior fonte vegetal de protovitamina A (beta caroteno) que se conhece. Bem explorado um pequizeiro pode produzir anualmente aproximadamente 30 (trinta) litros de óleo comestível, de excelente qualidade, riquíssimo em vitaminas A e D e com baixíssimos índices de colesterol.

-  A Mangabeira (Hancornia Speciosa) é abundante no cerrado e nos tabuleiros arenosos das regiões praianas nordestinas. A mangaba é uma drupa de polpa branca, perfumada, saborosa e ligeiramentei acidulada.


Em 1587, Gabriel Soares descreveu a mangaba pela primeira vez, usando as seguintes expressões:

“... a qual cheira muito bem e tem suave sabor, é de boa digestão e faz bom estômago, ainda que comam muitos; cuja natureza é fria, pelo que é muito boa para doentes de febres, por ser muito leve”.

A. L. C. Castro considera que o sorvete de mangaba, juntamente com os de cajá e de graviola, são os mais de saborosos do Nordeste, devendo ser servidos com sorvetes de frutas de sabor neutro como a pinha (ou ata), o sapoti ou mesmo com o sorvete de tapioca.

O cerrado foi inicialmente utilizado como área de pastagem e, mais recentemente, vem sendo utilizado como área agrícola produtora de grãos, mediante técnicas de correção da acidez do solo, com calcários. Para evitar que a totalidade deste complexo vegetal desapareça, com graves prejuízos para a política de manutenção da biodiversidade, é necessário que, em cada um dos municípios do Brasil Central, sejam delimitados santuários de preservação ambiental, onde o cerrado seja preservado.


2) Complexo do Pantanal

O chamado complexo pantanal é uma formação florística extremamente heterogênea, que se desenvolve numa região de planícies sujeita a inundações anuais, a qual é localizada na bacia do médio Paraguai e abrange o baixo curso de seus afluentes Cuiabá, São Lorenço, Itiquira, Taquari, Negro e Miranda.

Na época das cheias, todos estes rios extravasam água para a baixa planície e alagam uma vasta área, denominada lago Xaraiés pelos indígenas da área.

O chamado Pantanal Mato-grossense desenvolveu-se como uma bacia sedimentar, em épocas geológicas relativamente recentes, durante o pleistoceno, que ocorreu no final do Terciário e no início do Quaternário. Nesta mesma época ocorreu a formação sedimentar da bacia do médio Araguaia que permitiu a formação da ilha do Bananal.

O chamado “mar de xaraiés” surgiu em conseqüência de um movimento de subsidência (rebaixamento da crosta terrestre), de evolução gradual, que ocorreu como um fenômeno de acomodação, relacionado com a elevação da Cordilheira dos Andes. Como o movimento de subsidência ocorreu de forma gradual, o processo de sedimentação conseqüente permitiu a formação de 5 (cinco) níveis de terraços fluviais e de 2 (dois) níveis de cobertura dentrífica sobre o pediplano não inundável.

Como conseqüência do processo de sedimentação aluvional recente, o solo do pantanal mato-grossense é constituído por vasas sedimentares arenosas e siltico-argilosas, com muito pouco cascalho disperso, as quais foram se depositando sobre um embasamento de arenito. O solo do pantanal, pelos motivos expostos, é constituído por sedimento aluvionais muito recentes, os quais foram intensamente lavados e, em conseqüência, possuem uma fertilidade natural extremamente baixa.

Nestas condições, o nível de fertilidade geral do pantanal Mato-grossense é fortemente dependente do ciclo de inundações anuais que ocorre naquela área. Por esses motivos, o Complexo do Pantanal é o ecossistema mais sensível do País e quaisquer alterações no sistema de drenagem da área, por assoreamento ou por dragagens intempestivas na calha do rio Paraguai, que reduzem o nível de espaimento ? das águas, durante o período de inundação, poderá dar início a um processo de desertificação, de reversão extremamente difícil.


Do ponto de vista fitogeográfico o Pantanal Mato-Grossense é realmente uma formação florística extremamente complexa e heterogênea, onde ocorrem, num espaço alagável, os seguintes padrões florísticos:

-  florestas tropicais latifoliadas perenes

-  palmeiras

-  campos de várzea

-  cerrados ou savanas tropicais

-  capões e matas de galeria

-  vegetação aquática


Este ambiente altamente diversificado cria condições para que se desenvolva na área do Pantanal Mato-Grossense o complexo florístico e faunístico de maior nível de biodiversidade do planeta, permitindo o desenvolvimento do ecossistema natural mais rico do mundo.

No complexo do pantanal coexistem espécies vegetais higrófilas como as da hiléia amazônica, mesófilas, como as matas tropicais e os cerrados e higrófilas, como espécies da caatinga.


Destaca-se, no prosseguimento algumas espécies vegetais que ocorrem no Pantanal:

-  O buritizeiro (Mauritia vinifera) que é considerada por Renato Braga como a mais prestimosa das palmeiras silvestres do Brasil. Da polpa carnosa do fruto, que é açucarada e oleosa, preparam-se doces e uma bebida refrescante riquíssima em Caroteno (Vitamina A), sais de ferro, de cálcio e de magnésio e em ácido ascórbico (Vitamina C). O óleo extraído das amêndoas tem uma coloração vermelho- sanguínea finíssimo, pobre em colesterol, rico em vitaminas A e E, pode ser consumido na alimentação diária. 

O licor de buriti é absolutamente delicioso, quando bem preparado e fermentado. Por se desenvolver em touceiras e ser uma palmeira de crescimento rápido, pode ser desenvolvida em plantio adensado como fonte produtora de excelente palmito.

Tanto suas folhas, como seu tronco, podem ser usados na construção e na cobertura de palhoças.

O buriti ocorre em áreas de solo úmido e pode ter utilizada com técnicas de manejo florestal em plantios adensados, na área do pantanal.

Existem experiências de hibridação do buriti e do açaí com espécies das palmeiras Juçara, para a produção de palmitos.

-  O Carandá (Copernicia alba) é uma palmeira que se desenvolve nas áreas mais secas. Seu caule, de madeira muito resistente e extremamente durável, pode ser usado na preparação de postes destinados à eletrificação rural. Suas folhas produzem uma cera muito semelhante a da palmeira carnaúba.

-  A Guariroba (Syazins oleácea) produz um palmito amargoso, que é considerado delicioso e um ingrediente indispensável na preparação da galinhada com arroz e pequi.

-  A Barriguda (Cavanilesia arbórea) é uma árvore de tronco grosso da família das bombácaceas que, da mesma forma que o baobá africano, armazena água em seu tronco. Suas flores vermelhas são melíferas e seus frutos drupáceos produzem uma “paina” que é utilizada no enchimento de confortáveis travesseiros e edredons.


3) Caatinga

O termo caatinga deriva da língua tupi-guarani (caa=mata, tinga=branca) e corresponde a um complexo florístico de natureza xerófila que se desenvolveu na região de clima semi-árido do sertão nordestino.

Vegetais xerófitos são plantas que desenvolveram mecanismos de adaptação para responderem às carências de água que ocorrem nas regiões áridas e semi-áridas. Dentre estes mecanismos de adaptação destacam-se os seguintes: raízes tuberosas, como no umbuzeiro (Spondias tuberosa), reforço das paredes celulares com formação de abundantes tecidos mecânicos, como na barriguda (Cavalinesia arborea), ausência total de folhas, como nas cactáceas, folhas espessas e reforçadas, como nas bromeliáceas, folhas protegidas por cera, como na carnaubeira (Copernicia prunifera) e folhas caduciformes que caem durante a estação seca, como ocorre na maioria das árvores da caatinga.

Para bem compreender o desenvolvimento adaptativo da caatinga é necessário se reportar ao clima e à vegetação existente na área há aproximadamente 18.000 anos atrás. Nesta época, o clima do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste era nitidamente tropical, com chuvas de verão e secas no inverno (A- ), e em conseqüência, toda esta região era coberta por uma vegetação de savana, semelhante a do atual cerrado. Nesta oportunidade ocorreu o início da redução da última glaciação ocorrida no Planeta, e as mudanças climáticas foram se intensificando até que, nos últimos 10.000 anos, o clima da Amazônia começou a evoluir para equatorial, sem estação seca (Af) ou com estação seca reduzida (Am) enquanto que o do Sertão Nordestino iniciou sua evolução para semi-árido quente (Bsh).

Como conseqüência destas alterações climáticas, a vegetação primitiva da Amazônia evoluiu para constituir uma floresta equatorial, enquanto a do Sertão Nordestino assumiu características de vegetação xerófila.

Infelizmente, tanto a mídia internacional, como a nacional, que são tão fortemente preocupadas com os riscos de desmatamento da floresta amazônica, ocupam-se muito pouco com os riscos de desertificação da caatinga que, juntamente com o complexo do pantanal e com os manguezais, são os ecossistemas mais sensíveis do Brasil. É importante recordar que entre 10.000 e 8.000 anos atrás o atual deserto do Saara era coberto por uma vegetação semelhante à caatinga do Nordeste.


Dentre as plantas xerófitas melhor adaptadas as condições de semi-aridez do nordeste sertanejo, há que destacar:

-  As cactáceas autóctones, como o mandacaru, o xique-xique e o faxeiro e as cactáceas naturalizadas, como a palma forageira (Cactáceas dos gêneros Opuntia e Nopálea).

-  As bromeliáceas autóctones, como a macambira (Bromelia laciniosa) ou naturalizadas, como o sisal ou agave (Agave Sisalana Perrine).

-  As rosáceas como a Oiticica (Licania rígida Benth) importantíssima árvore oleaginosa que produz um óleo secante, utilizado na fabricação de tintas e vernizes.

-  Palmáceas, como a Carnaubeira (Copernicia prunifera), que cresce em áreas mais úmidas e que produz uma cera vegetal de excepcionais qualidades físicoquímicas.

-  Leguminosas autóctones, como o Sabiá (Minosa caesalpinialfolia) a jurema preta (Mimosa hostilis) e naturalizados, como a leucena (Lucena lencocephala), originária da América Central e a algarobeira (Prosopolis jutiflora Dc), originária das regiões áridas dos países andinos.


Na vegetação da caatinga, as seguintes espécies são mais palatáveis para as cabras que são criadas no Sertão em regime extensivo:

-  Sabiá ( Mimosa caesalpiniaefolia )

-  Mororó ( Bauhinea forficata )

-  Jurema-Preta ( Mimosa sp )

-  Juazeiro ou Pau-Ferro ( Caesalpínia férrea )

-  Carqueja ( Eallandra pelpoterata )

-  Faveleira ( Cniloscalus pheyllacantus )

-  Moleque-duro ( Cordia lencophala )


É evidente que um ecossistema que, ao longo de 18.000 anos de evolução, adquiriu uma imensa capacidade de se adaptar às secas e estiagens que ocorrem ciclicamente no sertão, merece ser preservado pelas atuais e futuras gerações.

Um bom exemplo de manejo racional da caatinga é desenvolvido com a poda, com o rebaixamento das plantas acima citadas, a uma altura de aproximadamente 30 centímetros do solo, esta poda deve ser repetida a cada 4 anos para que estas árvores abram suas copas próximo ao solo. Numa segunda fase, procura-se garantir o adensamento destas essências florestais.

É evidente que um ecossistema que, ao longo de 18.000 anos de evolução, adquiriu uma imensa capacidade de se adaptar às secas e estiagens que ocorrem ciclicamente no Sertão merece ser preservado pelas atuais e futuras gerações.

Por outro lado, caso a derrubada da vegetação da caatinga, para produzir lenha e carvão, não seja drasticamente reduzida, ocorrerá uma rápida intensificação do processo de desertificação, que já se evidencia em numerosas áreas do Nordeste.


4) Matas de Cocais ou de Transição

O núcleo adensado de matas de cocais ocorre no Meio-Norte, especialmente na baixada maranhense constituída pelos vales dos rios Mearim, ltapecuru, Grajaú e Pindaré. Daí ela se expande pelos vales úmidos dos rios da bacia do Parnaíba e pelos baixos cursos de numerosos rios do chamado Saliente Nordestino.

As palmáceas, sob a forma de espécies isoladas, ocorrem em, praticamente, todos os complexos florísticos brasileiros e, sob a forma de manchas de matas de cocais, elas se expandem nas áreas mais úmidas do cerrado (especialmente nas veredas), e menos úmidas do complexo do pantanal.

É importante registrar que, mesmo no Meio-Norte, as palmáceas se apresentam como vegetação dominante, mas não são exclusivas, tanto que há uma interpenetração das matas de cocais com os campos de várzeas.

O termo transição tem explicação fitogeográfica. Realmente as matas de cocais fazem a transição da floresta amazônica para a caatinga e para o cerrado, matas tropicais secas e complexo do pantanal.


Dentre as espécies das palmáceas dominantes autóctones no Brasil, há que citar:

¨ O Babaçu (Orbignya martiana), árvore símbolo do Estado do Maranhão e que predomina nos vales úmidos dos rios da baixada maranhense e se expande pelos vales de alguns afluentes do rio Parnaíba. É importante registrar que, depois da madeira, o babaçu é o produto extrativo vegetal mais importante do País. A renda total da extração do babaçu é muito superior à gerada pelo látex, erva-mate, castanha-do-pará, castanha-de-caju e dos palmitos. Uma plantação de babaçu desenvolvida racionalmente com espaçamento correto garante a produção de 17,6 toneladas de coco por ano.


Com esta produção, se poderia aproveitar anualmente:

- 2,64 toneladas de epicarpo (camada externa ou casca) e 10,4 toneladas de endocarpo (parte dura do caroço), para produzir carvão vegetal;

- 3,52 toneladas de mesocarpo (porção farino-oleaginosa que separa a casca do endocarpo, para produzir 2,11 toneladas de amido e 0,83 metros cúbicos de álcool, após fermentado;

- 1,05 toneladas de amêndoas que podem produzir aproximadamente 0,58 toneladas de óleo combustível. Já é tempo de se desenvolver uma tecnologia que permita garantir o aproveitamento racional do babaçu.

-  A carnaúba (Copernicia cerifera) melhor adaptada aos vales semi-úmidos das regiões semi-áridas e que ocorre inclusive no complexo do pantanal. A carnaubeira desenvolve-se a partir das áreas periféricas das matas de cocais do meio-norte, pelos vales semi-áridos dos rios do Nordeste oriental, atingindo o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte.

-  A macaúba ou coco-de-catarro (Acrocomia sclerocarpa) ocorre nas áreas semiúmidas de todo o Sertão Nordestino e se expande por todo o Brasil ocorrendo inclusive no Rio Grande do Sul. “Todos os meninos do interior do Brasil derrubaram cocos-de-catarro com suas atiradeiras e se deliciaram com suas drupas amarelas e cheirosas”.

-  O buriti (Mauritia vinifera), o Açai (Euterpe sp), a guariroba (Butiá capetata e Syagrus oleracea), são palmáceas que, a partir das matas de cocais expande-se pelo Brasil Central, atingindo o pantanal mato-grossense.

-  A piaçava (Orbígnia eichleri) e a palmeira naturalizada conhecida como dendezeiro (Elaecis guineeusis L) crescem muito bem nas florestas úmidas do sul da Bahia e da Amazônia Ocidental. 

O dendezeiro é, dentre todas as plantas oleaginosas, a de maior capacidade produtiva por hectare, e ninguém precisa ter bola de cristal para prever a sua imensa expansão econômica nos estados do Pará, do Amapá e da Bahia, num futuro bem próximo.

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