TITULO II
DESASTRES RELACIONADOS COM A
DEPREDAÇÃO DO SOLO POR DESMATAMENTOS SEM CONTROLE E/OU POR MÁ GESTÃO
AGROPECUÁRIA
CODAR
HS.EDS/CODAR 22.102
1. Caracterização
O
desmatamento, quando realizado de forma descontrolada, e a má gestão agrícola e
pecuária são as principais causas de depredação do solo e podem causar
gravíssimos desequilíbrios nos ecossistemas naturais e modificados pelo homem,
os quais se caracterizam por serem de muito difícil recuperação.
a) Posicionamento Político com Relação
ao Desmatamento
O
desmatamento e o desflorestamento, quando sem controle, são condutas típicas de
economias expansionistas e imediatistas, por não considerarem, com a devida
prioridade, o impacto ambiental resultante destas ações inadequadas sobre os
ecossistemas naturais, com reflexos sobre os ecossistemas modificados pelo
homem.
No
entanto, é muito importante ressaltar que somente os desmatamentos e os
desflorestamentos descontrolados e inadequados devem ser considerados como
condenáveis e indefensáveis. Quando devidamente planejados e controlados os
desmatamentos e, em especial, o manejo de áreas florestais, para fins de
aproveitamento econômico, especialmente quando associados às atividades de
silvicultura, devem ser considerados como atividades absolutamente adequadas e
defensáveis.
Também
é absolutamente indispensável que se estabeleça um posicionamento político
equilibrado e adequado que se preocupe com a proteção dos ecossistemas mais
sensíveis, tanto dos países desenvolvidos, como dos países em desenvolvimento,
sem, no entanto, pretender transformar as florestas tropicais dos países em
desenvolvimento em santuários que deverão permanecer intocados pelas atuais e
futuras gerações.
Compete
a cada um dos países e a todos os países do mundo a responsabilidade política
de preservar e proteger os seus próprios ecossistemas.
Não
tem sentido a divisão do mundo, no sentido dos paralelos, em países temperados
altamente desenvolvidos e intensamente poluidores, inclusive da atmosfera, e
países tropicais condenados ao subdesenvolvimento, com a finalidade de
preservar os chamados “pulmões da biosfera”.
A
floresta amazônica, da mesma forma que todas as demais áreas verdes deste País,
são patrimônios ecológicos do Brasil e, em nenhuma hipótese, são os únicos
“pulmões” responsáveis pela reciclagem do ar do Globo Terrestre.
Todos
os países do mundo, inclusive os localizados nas regiões de clima temperado, e
não apenas os países tropicais devem se preocupar com a redução do efeito
estufa e com a manutenção da saúde de seus próprios pulmões.
b) Áreas de Proteção Ambiental — APA
São consideradas como áreas de
proteção ambiental e, em conseqüência, devem ter sua vegetação arbórea
preservada, recuperada e protegida as:
- Áreas de encostas abruptas;
- Linhas de cumeadas;
- Áreas de vegetação ciliar;
- Áreas de vegetação protetora das nascentes;
- Áreas verdes urbanas;
- Áreas de exposição a desastres tecnológicos
com características focais.
1) Áreas de Encostas Abruptas
Estas
áreas, quando desmatadas, permitem a intensificação dos processos erosivos e
contribuem para aumentar os riscos de ocorrência de movimentos gravitacionais
de massa, como os escorregamentos de solo, os rastejos, as corridas de massas e
o rolamento de matacões.
2) Linhas de Cumeadas
Estas linhas de cumeadas se
desenvolvem ao longo dos divisores de águas entre as bacias e microbacias fluviais.
Os desmatamentos das linhas de cumeadas:
- intensificam os processos erosivos;
- reduzem a capacidade de infiltração das águas
pluviais e a alimentação dos freáticos responsáveis pela manutenção do fluxo
dos cursos de água;
- contribuem para agudizar a curva de
acumulação/depleção dos rios, cujas bacias forem afetadas pelo desmatamento, os
quais tendem a assumir um regime de alternância entre grandes enxurradas e
períodos de franca estiagem.
3) Áreas de Vegetação Ciliar
Estas
áreas são constituídas pelas chamadas florestas de galeria, que se desenvolvem
ao longo dos cursos dos rios, tirando partido do umedecimento das áreas
marginais. As matas de galerias, quando bem conservadas, protegem os rios
contra os riscos de assoreamento e de desbarrancamento. Além disto, é muito
importante destacar a imensa importância das árvores frutíferas silvestres que
se desenvolvem nas áreas marginais, para garantir a sobrevivência de numerosas
espécies de peixes da ictofauna primitiva da bacia fluviaL
4) Áreas de Vegetação Protetora das
Nascentes
A
umidade do solo resultante dos afloramentos do lençol freático, que dão origem
às nascentes e olhos-d’água, sob a forma de pequenas bacias, facilita o
desenvolvimento das veredas e dos chamados capões de mato.
O
desmatamento desta vegetação protetora das nascentes dos rios compromete o bom
funcionamento dos freáticos superficiais, responsáveis pela alimentação das
mesmas e contribuI para reduzir o volume de água que emana destas nascentes.
5) Áreas Verdes Urbanas
As
áreas verdes urbanas contribuem para facilitar a infiltração das águas pluviais
e reduzir a intensidade das enxurradas e também para reduzir a intensidade da
poluição atmosférica e para amenizar o microclima das áreas urbanas
beneficiadas pelas mesmas.
Todas
as administrações municipais do Brasil e de todos os demais países do mundo
devem se esforçar por preservar e, sempre que possível, ampliar a área verde de
suas cidades.
Em
termos de prioridade para a cidadania, sem sombra de dúvida, a preservação das
áreas verdes urbanas é muito mais importante do que a preservação de distantes
áreas florestais tropicais ou equatoriais.
O
Rio de Janeiro e a cidade de João Pessoa são dois belíssimos exemplos de
cidades com áreas verdes constituídas por florestas da mata atlântica primitiva
e que foram totalmente recuperadas.
Nunca
é demais recordar que Brasília é a cidade mais bem dotada de áreas verdes de
todo o Mundo, com uma proporção de mais de 100 metros quadrados de área verde,
por habitante urbano.
6) Áreas de Exposição a Desastres
Tecnológicos com Características Focais
É
indispensável que se estabeleçam perímetros de segurança, que delimitem as
áreas de exposição, de contorno aproximadamente circular, que se desenvolvem ao
redor de focos de riscos de desastres tecnológicos, como plantas industriais
que manipulam e produzem produtos perigosos.
É
desejável que estas áreas de exposição sejam consideradas como áreas
nonaedificandi e sejam densamente arborizadas e transformadas em áreas de
proteção ambiental.
Caso
a opinião pública dos países desenvolvidos se mobilize para forçar a adoção
desta prática, incrementando a plantação de áreas de proteção ambiental -
APA–densamente arborizadas, ao redor de suas grandes indústrias e
termoelétricas altamente poluidoras, se conseguirá um importante avanço na
recuperação da “saúde respiratória” daqueles países e, por extensão, de toda a
biosfera.
c) Problemas Relacionados com a Má
Gestão do Solo Agricultavel
Á
má gestão agrícola pode ser causa de intensificação dos fenômenos erosivos e da
perda do solo agricultável, do assoreamento das bacias fluviais, com
conseqüente intensificação das inundações e enxurradas e da redução dos níveis
de fertilidade natural.
Todos
estes problemas resultam na depredação do solo que, sem nenhuma dúvida, se
constitui no maior patrimônio ecológico de um país.
Os
estudos de fertilidade do solo, por intermédio de análises químicas e
biológicas de amostras de solo, orientam sobre os métodos mais adequados de
manejo da terra, sobre os adubos e corretivos que devem ser agregados ao solo e
sobre as culturas mais adequadas para as condições edafoclimáticas locais.
A
chamada camada de terra humificada que se desenvolve na superfície dos solos
agricultáveis é constituída por uma imensa quantidade de microorganismos vivos
e de micronutrientes que são os principais responsáveis pela vitalidade do
processo de desenvolvimento dos vegetais mais complexos.
As
minhocas, bactérias, algas, fungos e outros microorganismos da classe dos
artrópodes e dos anelídeos desempenham um papel de importância fundamental na
transformação do material orgânico em humos que é o composto indispensável ao
cultivo dos vegetais mais complexos.
As
minhocas, ao abrirem cavidades no interior do solo, contribuem para facilitar a
aeração das camadas superficiais. Além disto, prestam um importante serviço,
para facilitar o processo de humificação do solo, ao engolirem terra misturada
com matéria orgânica, que depois de serem tratadas pelas enzimas de seu
aparelho digestivo são excretadas sob a forma de fezes humificadas.
Esta
matéria digerida serve de alimento a numerosos microorganismos saprófitos, ou
seja, organismos desprovidos de clorofila e que se nutrem de materiais
orgânicos em processo de decomposição. Numerosos organismos da microflora e da
microfauna continuam o processo de decomposição das matérias orgânicas, ao se
nutrirem da celulose, das proteínas e das gorduras dos vegetais e animais em
processo de decomposição.
Nessa
seqüência de trocas biológicas, o papel de certos microorganismos simbióticos é
de importância fundamental. O regime de simbiose resulta da associação de dois
organismos vivos com benefícios para ambos os parceiros.
Um
caso típico de simbiose altamente benéfica é a associação de bactérias do
gênero rizóbio com as raízes de plantas leguminosas, como a soja, e mais
moderadamente de plantas gramíneas, como a cana-de-açúcar.
Os
rizóbios produzem nódulos nas raízes das plantas com as quais se desenvolvem em
regime de simbiose. Através destes nódulos, os rízóbios absorvem o nitrogênio
do ar e os combinam com os carboidratos formados pelas plantas e transformam o
nitrogênio em compostos nitrogenados, como a amônia, que é usada na síntese dos
ácidos aminados e das proteínas vegetais. Este ciclo é conhecido pelo de
fixação biológica do nitrogénio pelas raízes das leguminosas e de outras
plantas capazes de crescer em regime de simbiose com os rizóbios.
Numerosos
fungos chamados de microrrízicos vesiculo-arbusculares — MVA — desenvolvem
importantes associações simbióticas com numerosas culturas como as de mandioca,
batata-doce, banana, soja, abacaxi e café, além de numerosas espécies
florestais. Os fungos MVA desenvolvem “hifas”, associadas ao aparelho radicular
destas plantas, que aumentam a superfície de absorção destas raízes e facilitam
a absorção dos fosfatos orgânicos existentes no solo.
Todos
estes microorganismos são beneficiados com as técnicas de adubação verde, de
consorciação e rotação de culturas e com a utilização de adubos orgânicos
resultantes da compostagem do lixo, com esterco dos animais e restos de
palhadas.
É
importante registrar a existência de numerosos microorganismos que atuam como
parasitas patógenos das espécies vegetais. As experiências demonstram que estes
organismos adquirem características de verdadeiras pragas, no caso das
monoculturas, como conseqüência do elevado grau de especialização dos mesmos,
no aproveitamento do substrato alimentar disponível.
Por
outro lado, os adubos resultantes da compostagem do lixo orgânico em mistura
com palhadas e excrementos de animais facilitam o desenvolvimento de
microorganismos produtores de antibióticos, como a estreptomicina e o
cloranfenicol, que atuam limitando o desenvolvimento de organismos patogênicos.
No
entanto, toda esta riqueza de microorganismos característica dos solos
humificados pode perder-se em função de técnicas inadequadas de manejo
agrícola, facilitam a erosão, a superinsolação e a esterilização dos solos
agricultáveis, em conseqüência das queimadas.
A
má gestão pecuária, especialmente a gerada pelo superpovoamento das áreas de
pastagens, sem considerar que, nos países tropicais, aproximadamente 80% da
massa verde é produzida durante a estação chuvosa e apenas 20% desta massa é
produzida durante a estação do estio.
O intenso pisoteio e a exaustão da
cobertura vegetal, usada como alimento pelos animais do criatório pode ser
intensamente reduzida pelo (s):
- plantio de campineiras e dos chamados bancos
de proteínas constituídos por plantas leguminosas arbustivas, como a leucena.
- sistema de piquetes, de acordo com o método
Voisim, que permite a rotação das boiadas pelas áreas empiquetadas seguidas de
períodos de pousio que permitem a recuperação das capineiras.
- métodos de ensilagem e fenação que remontam à
civilização romana (ensilagem) e egípcia (fenação)
O
inadequado manejo agropecuário, como a criação em desarmonia com as curvas de
nível, a não utilização de técnicas de terraceamento e de preparação de
barreiras vivas e o desnudamento do solo contribuem para intensificar os
efeitos da erosão hídrica e eólica e a perda do solo agricultável.
2. Causas
O
desmatamento sem controle, o uso de técnicas inadequadas de manejo agrícola e o
povoamento adensado das áreas de postagem, acima de sua capacidade de
sustentação normal decorrem da desinformação e da pouca eficiência dos serviços
de extensão rural.
O
brasileiro herdou de seus ancestrais indígenas técnicas de agricultura
itinerante relacionadas com a derrubada de áreas matosas, seguida do
empilhamento e incêndios dos restos vegetais, de acordo com ultrapassadas
técnicas de agricultura de coivara.
Este
método, complementado pelo pousio, que permitia a regeneração das áreas cuja
fertilidade natural se esgotava, em função do crescimento de matas de capoeira,
só era viável na época do descobrimento, quando havia grande disponibilidade de
áreas matosas e a população era pouco adensada.
Os
portugueses, por outro lado, eram agricultores rotineiros transplantaram para o
Brasil técnicas agrícolas típicas de países temperados.
Nos
países de clima frio, é natural que na primavera o solo seja desnudado para
receber os benefícios das radiações solares, que permitem a “quebra” do regime
de hibernação típico dos períodos em que a temperatura do solo torna-se
extremamente fria.
Nestas condições quando ocorre a chegada do verão o solo
está protegido do superaquecimento, em função do desenvolvimento das folhagens.
Em
decorrência da política mercantilista que dominava na época da colonização, o
Europeu, que em seu próprio
Continente é um policultor, em suas colônias foi o
responsável pela implantação das monoculturas. Infelizmente, por falta de uma
revisão crítica, os países que conquistaram suas independências políticas,
mantiveram uma política de auto-colonização baseada na produção e na exportação
de produtos agrícolas produzidos em regime de monocultura.
Como
é sabido, a monocultura facilita o esgotamento dos solos, contribui para
reduzir a biodiversidade e facilita o aperfeiçoamento das pragas em função da
padronização do substrato alimentar que facilita o desenvolvimento das mesmas
pela redução da competitividade favorável ao incremento das pragas.
Além
da desnudação do solo, a ausência do uso de técnicas de terraceamento e a
abertura de sulcos em sentido perpendicular ao das curvas de nível contribuem
para a intensificação da erosão com a conseqüente perda do solo agricultável.
Nestas
circunstâncias, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
promoveu, em nível internacional, um política com o objetivo de aumentar a produção
de alimentos denominada “Revolução Verde”.
A revolução verde, apoiada pelas
grandes companhias internacionais produtoras de fertilizantes, sementes
selecionadas e de praguicidas, preconizava uma intensificação da produção de
vegetais fundamentada no uso intensivo de:
- fertilizantes químicos
- praguicidas
- sementes selecionadas em função da
produtividade
- maquinaria agrícola pesada
Evidentemente,
o uso intensivo destas práticas agrícolas contribuiu para aumentar o nível de
poluição do solo e dos freáticos superficiais com resíduos de praguicidas e de
adubos químicos utilizados acima da capacidade natural de absorção das
culturas.
O
uso intensivo de máquinas agrícolas pesadas contribui para aumentar a
compactação do solo.
A
seleção de sementes em função da produtividade, sem considerar a necessidade de
aumentar a resistência dos cultivares contra as pragas, redundou numa
superaplicação de praguicidas com uma especialização de cepas de pragas
resistentes e uma intensificação da poluição do solo e dos freáticos
superficiais.
Atualmente
se percebe a importância da adubação orgânica, da cobertura permanente do solo,
das técnicas que resultem no incremento da humificação, do desenvolvimento da
policultura e das técnicas de plantio direto na palhada e a imensa importância
da consorciação de cultura, das técnicas de manejo integrado das microbacias e
de rotação das culturas.
No
entanto, é imperativo que se desenvolva uma verdadeira mudança cultural que
permita a pronta divulgação destas técnicas de cultura compatíveis com as
condições edafoclimáticas de um pais tropical.
No
que diz respeito à pecuária, o Brasil ainda se recente do chamado ciclo do
gado, onde a atividade humana se limitava a tanger os rebanhos para a
ilimitadas áreas do Sertão, constituída pelos Cerrados, Campos Naturais e pelas
Caatingas.
Durante
séculos o pastoreio funcionou como uma atividade “extratIvista” caracterizada
pela pecuária extensiva sem nenhuma preocupação com a melhoria das pastagens e
com a sanidade animal.
Nos
dias atuais, o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, com
níveis de produtividade bastante inferiores aos países onde a pecuária é
desenvolvida.
Evidentemente,
nos diferentes “Brasis” que exploram a produção pecuária convivem numerosos
níveis de produtividade, existindo ilhas de produção altamente tecnificadas, ou
convivendo com áreas onde a produção pouco mudou, quando comparada com os
primórdios do ciclo do gado.
3. Ocorrência
O
solo vem sendo depredado, em função de uma má gestão agropecuária e do
desmatamento sem controle, em praticamente todos os países do mundo.
Os
dois países que mais perdem solo agricultável, em função da erosão e do
carreamento do solo pelos grandes rios, são a China e os Estados Unidos da
América.
Os
grandes rios chineses carreiam anualmente para o Mar da China, aproximadamente,
15 bilhões de metros cúbicos de solo agricultável, sob a forma de “loes”. O
constante assoreamento dos grandes rios chineses e a elevação de diques
laterais, que vem ocorrendo a mais de três milênios, em muitos casos elevou os
rios a um nível muito mais elevado do que o das planícies marginais. É por este
motivo que as cheias excepcionais dos grandes rios chineses costumam ser
catastróficas, provocando dezenas de milhões de desabrigados, com perdas de
estoques de alimentos, que provocam verdadeiras epidemias de fome.
No
caso específico dos Estados Unidos da América do Norte, fotografias aéreas
demonstram que o delta do rio Mississipi está crescendo para o interior do
Golfo do México, numa média de 50 metros por ano. Este crescimento linear
corresponde a uma perda anual de aproximadamente 10 bilhões de metros cúbicos
de solo agricultável.
O
problema começou com a queima da mata das planícies do meio-oeste, pelas tribos
indígenas, muito antes do descobrimento, com o objetivo de facilitar o
crescimento de pastagens, para garantir a alimentação dos grandes rebanhos de
búfalos.
Se
os Estados Unidos não modernizarem seus processos agrícolas, generalizando as
técnicas de “plantio direto na palhada” este imenso desastre de evolução
gradual acabará por afetar a produção da área agrícola mais produtiva do Mundo.
Em
termos de má gestão agrícola, nenhum governo foi tão desastroso e inconseqüente
como o da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Em pouco mais de
seis décadas de desgoverno, uma desastrada política agrícola provocou a
depredação e a salinização de aproximadamente 30% do solo agricultável daquele
imenso país.
Com
a fragmentação da União Soviética, numerosos países da atual Confederação dos
Estados Independentes herdaram imensos desastres ecológicos de muito difícil
reversão.
No
caso específico do Brasil, estima-se que a perda de solo agricultável
corresponda a 5 (cinco) bilhões de metros cúbicos e numerosas bacias fluviais
foram duramente atingidas pelo desmatamento sem controle e pela má gestão
agrícola.
A
bacia do rio São Francisco foi uma das bacias fluviais mais duramente atingidas
pelo desmatamento criminoso de suas matas de galerias. É imperativo que se
desenvolva um esforço de reconstituição das matas ciliares do próprio Rio São
Francisco e de seus afluentes e subafluentes, com o objetivo de revitalizar
esta imensa bacia e deter os processos de assoreamento e de desbarrancamento.
A
exploração predatória da bacia do Rio Paraíba do Sul é outro triste exemplo de
depredação do patrimônio ecológico do Brasil. O desmatamento desta bacia foi
provocado pela expansão da lavoura cafeeira no final do século passado. Como os
cafeeiros foram plantados em desarmonia com as curvas de nível e não foram
utilizadas técnicas de terraceamento, a erosão lavou o solo que perdeu, em
poucas décadas, toda a sua fertilidade natural.
No
prosseguimento, a exploração pecuária destas terras arrasadas, com uma
densidade de animais muito superior à capacidade de sustentacão destes solos
empobrecidos, provocou a depredaçáo do solo, como conseqüência da exaltação do
intemperismo.
No
entender de A. L. C. Castro, somente a silvicultura poderá estabelecer
condições para a gradual recuperação das áreas de encostas que bordejam o vale
do rio Paraíba do Sul.
No
Sertão Nordestino, a insensata derrubada da caatinga, para produzir lenha e
carvão, está provocando a formação de numerosos núcleos de desertificação de
reversão muito difícil.
Uma
das áreas mais castigadas e em fase adiantada de desertificação é a
pernambucana da Chapada do Araripe, onde a caatinga está sendo queimada, sob a
forma de carvão vegetal, para permitir a redução da gipsita (sulfato de cálcio,
gesso) que é minerada na região.
No
caso especifico do Nordeste, é necessário que se prossiga na experimentação
como objetivo de produzir hidrogênio combustível, a partir da hidrólise da
água, utilizando energia elétrica. No caso especifico da Chapada do Araripe, a
energia elétrica pode ser obtida a partir da energia eólica, aproveitando os
ventos que sopram constantemente nos elevados da chapada.
4. Principais Efeitos Adversos
As
atividades de desmatamento, especialmente das áreas de proteção ambiental - APA
contribuem para fragilizar os ecossistemas e para incrementar os efeitos do
intemperismo, que tendem a ser muito importantes em países de clima tropical,
com o Brasil.
Técnicas
inadequadas de manejo agropecuário contribuem também para incrementar o
intemperismo e para intensificar os processos erosivos e a perda do solo
agricultável.
Intemperismo
corresponde ao processo natural de desintegração das rochas relacionado com um
conjunto de fenômenos geológicos resultantes das ações físicas, químicas,
biológicas dos elementos meteorológicos sobre a estrutura rochosa e sobre o
solo.
Técnicas
inadequadas de manejo agropecuário contribuem para intensificar os processos
erosivos e, em casos extremos, aumentar os riscos de ocorrência de movimentos
gravitacionais de massa. A conseqüência mais grave do desmatamento sem controle
e da intensificação dos processos erosivos é a perda do solo agricultável e a
intensificação dos riscos de desertificação.
A
derrubada das matas ciliares ou florestas de galeria intensifica os processos
erosivos, o assoreamento dos rios e o desbarrancamento.
A
destruição da vegetação protetora das áreas de encostas íngremes incrementa os
processos erosivos e intensifica os riscos de ocorrência de movimentos
gravitacionais de massa.
A
destruição da vegetação protetora das linhas de cumeadas intensifica os
processos erosivos, reduz a infiltração das águas pluviais dificultando a
alimentação dos freáticos marginais e de fundos de vales e contribui para
agudizar as curvas de acumulação e de depleção dos caudais fluviais favorecendo
os regimes de rios intermitentes.
A
má gestão agropecuária contribui para que o solo perca muito rapidamente sua
fertilidade natural. Por este motivo, é indispensável que sejam desenvolvidos
métodos de produção compatíveis com as características edafoclimáticas do
Brasil.
Os processos de desnudação do solo intensificam os processos erosivos e
as queimadas destroem a microflora e microfauna que se desenvolvem nas camadas
mais superficiais do solo e reduzem os processos de humificação do solo
agricultável.
5. Monitorização, Alerta e Alarme
A
EMBRAPA, por intermédio do Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de
Solos — SNLCS — Rua Jardim Botânico 1024 — Rio de Janeiro- RJ — Fax (21)
274-5291, é o órgão responsável pelo levantamento e pela monitorização dos
solos do Brasil.
Após trinta anos de trabalho a EMBRAPA
conclui o Mapeamento de Solos do Brasil, o qual serve de base para todos os
levantamentos cartográficos elaborados pelo SNLCS, com informações mais
especificas, permitindo a elaboração dos seguintes rnapas temáticos:
1)
Limitações do uso do solo, em função de riscos de erosão Mostra, em cada região
geográfica, as áreas mais suscetíveis à erosão e à degradação do solo.
2)
Aptidão Agrícola dos Solos
Indica o melhor uso do solo, de acordo
com três padrões de manejo:
-
intensivo (com elevado padrão de tecnologia);
-
intermediário e primitivo (com baixo uso de insumo e de recursos financeiros).
Para
cada uma das principais culturas, indica os níveis de aptidão de acordo com os
seguintes graus: preferencial, regular, marginal e contra-indicação formal.
3) Possibilidade de Mecanização
4) Exigência do solo em relação a
fertilizantes (NPK) e corretivos
5) Exigência relacionada com práticas
conservacionistas
6) Delineamento Macroecolôgico
Permitindo
o mapeamento das zonas agroecológicas em função de suas aptidões para: lavoura,
pecuária, extrativismo e preservação.
7) Aptidão Edafoclimática ou
Pedoclimática
Permite
ao produtor ter respostas imediatas sobre as áreas mais promissoras, para o
cultivo de 15 culturas diferentes, além de essências florestais nativas
exóticas. Para tanto, o mapa temático cruza informações sobre solo e sobre o
clima e define o zoneamento, em função do produto.
O
setor da fertilidade do solo realiza análises de amostras de solo num prazo
médio de 72 horas, orienta sobre a metodologia mais correta para colher
amostras do solo e sobre como interpretar os resultados obtidos.
As informações fornecidas aos
produtores, cuja terra foi analisada, abrangem os seguintes aspectos:
- técnicas de manejo mais adequadas;
- necessidades quantitativas de adubação e de
corretivos;
- sugestões sobre as culturas mais indicadas;
- cronologia das atividades de manejo, em função
das estações do ano.
6. Medidas Preventivas
O manejo
agrícola, quando adequado, contribui para a melhoria da textura do solo, no
entanto, quando o manejo agrícola é agressivo e não adaptado às condições
edafoclimátiças da área produtora, pode depredar o solo e causar danos de muito
difícil recuperação.
Um
solo bem estruturado é dotado de numerosos poros que facilitam a penetração do
ar e a circulação da água na área de influência das raízes das plantas.
Para
se garantir o desenvolvimento de solo bem estruturado, é muito importante que
se otimize as condições de drenagem dos mesmos e que se minimize os riscos de
compactação.
Os
solos ricos em matéria orgânica são soltos, ricos em poros e a terra mantém um
nível mínimo de umidade e não mostra tendência para esfarinhar-se.
A
correção do ph do solo, por calagem, incorporação de gesso ou mesmo de escórias
de alto-fornos de aciarias é de absoluta importância para garantir uma adequada
agregação de partículas minerais e para otimizar o processo de humificação.
A matéria orgânica existente nas
camadas superiores dos solos é constituída:
- por restos animais e vegetais em diferentes
fases de decomposição;
- pelo húmus, que é o produto final dos
materiais em decomposição;
- pelos colóides orgânicos, de origem biológica
e que se difundem nas áreas intersticiais, constituídas pelos poros.
O
húmus é a parte mais ativa e estável da matéria orgânica incorporada ao solo e
tem uma imensa influência sobre a fertilidade natural do solo e no nível de
produtividade da cultura.
Em função das condições físico-químicas
do solo e, em especial, do nível de acidez do mesmo, caracterizam-se três
padrões principais de húmus:
1) Húmus de tipo Mull,
que são os de melhor qualidade e que resultam da decomposição da matéria
orgânica em solos ricos em cálcio e com ph superior a 5.5. Estes solos ricos em
ácido húmico, são de excelente qualidade e caracterizam-se pela boa estrutura,
por apresentarem grumos estáveis e por permitirem uma boa penetração das
raízes, da água e do ar, especialmente nas áreas de influência do aparelho radicular
das plantas. Estes solos humificados permitem um muito bom desenvolvimento da
microfauna e da microflora.
2) Humos de Tipo Moder,
que são de qualidade mediana e que resultam da decomposição da matéria orgânica
em solo suficientes em cálcio e com ph variando entre 4 e 5.5. Estes solos que
contêm ácidos húmicos e fúlvico, ocorrem em áreas mais frias e permitem uma
atividade microbiana reduzida. Por apresentarem-se relativamente bem
estruturados, permitem uma penetração da água e das raízes na área de
influência do aparelho radicular das plantas.
3) Húmus de Tipo Mor,
que são de qualidade inferior e que resultam da decomposição da matéria
orgânica em solos deficientes em cálcio e com ph inferior a 4. Estes solos são
ricos em ácido fúlvico e são normalmente encharcados e compactados, com
atividade microbiológica reduzida. Estes solos que se desenvolvem em áreas de
clima muito frio são pobres em cálcio, ferro e magnésio. Como a atividade
microbiana é reduzida, a decomposição da matéria orgânica é retardada e estes
solos são caracteristicamente pobres em nitrogênio. Solos dotados de húmus de
tipo Mor, quando diluídos em água, escurecem o meio líquido adquirindo
coloração semelhante a da água do rio Negro (AM).
É
bom recordar que a bacia do Rio Negro é constituída pelos solos mais pobres e
improdutivos de toda a região Amazônica.
Nos
solos permanentemente recobertos de vegetação, o processo de humificação ocorre
de forma continuada e permanente.
O
material orgânico que mineraliza, com mais facilidade, é constituído por restos
culturais, plantas invasoras jovens e tenras, adubos verdes, folhagens e
esterco de animais domésticos, como galinhas, porcos, cabras, ovelhas e
bovinos.
Nos
países de clima tropical, o rápido crescimento da vegetação e a grande quantidade
de matéria orgânica disponível permitem uma contínua incorporação de resíduos
orgânicos ao solo, com destaque para os restos de colheita, para a palhada
picada e para os adubos verdes. Nas áreas de clima equatorial quente e úmido, a
decomposição da matéria orgânica ocorre de forma acelerada.
a) Plantio Direto na Palhada
O
plantio direto na palhada constitui-se numa técnica conservacionista muito bem
adaptada às condições edafoclimáticas dos países de clima tropical. Esta
técnica surgiu na Inglaterra, na década de 60, difundindo-se de forma tímida
nos Estados Unidos, durante a década de 70 e nesta mesma década iniciou seu
processo de implantação nos estados do Sul do Brasil, especialmente no Paraná.
No momento atual (2000), já existem mais de 17 milhões de hectares plantados
com esta nova técnica, que continua desenvolvendo-se, agora, na região Centro
Oeste, atingindo as áreas irrigadas do cerrado.
Nas circunstâncias atuais, esta
eficiente técnica de cultivo reduz em:
- 30 a 40% as perdas de umidade do solo;
- 30 a 40% as necessidades de água para a
irrigação;
- 60 a 90% as perdas de solo agricultável, em
decorrência da erosão;
- 30% as necessidades de mão-de-obra;
- 50% as horas de operação de máquinas e o custo
do combustível.
O
plantio direto na palhada diminui a insolação direta das camadas superficiais
do solo e, em conseqüência, reduz a evaporação e contribui para reter a umidade
e, de uma forma drástica, diminui a erodibilidade do solo e reduz os riscos de
compactação. Esta técnica conservacionista, além de recuperar a textura do
solo, facilita o desenvolvimento do processo de humificação e reduz o consumo
de fertilizantes químicos, que deixaram de ser carreados pelas águas.
Metodologicamente, o plantio direto é
utilizado no contexto de um sistema de rotação de culturas, que se desenvolve
nas seguintes fases:
- na colheita, a palhada é picada e espalhada no
terreno;
- pouco antes da época do cultivo, qualquer
vegetação que tenha brotado e atravessado a palhada e roçada e não capinada ou
destruída por herbicida de contacto para a vegetação emergente;
- a passagem de um trem, constituído por um rolo
compactador e um rolo faca, acama a palhada e a corta em fragmentos menores;
- no plantio, passa-se um trem constituído por
um sulcador que abre dois sulcos paralelos com uma profundidade de 5 a 10
centímetros e por um semeador que lança as sementes num sulco e a mistura
fertilizante no outro sulco paralelo ao primeiro;
- nos intervalos do cultivo, a pouca vegetação
que consegue romper o leito da palhada deve ser roçada e acamada.
Na
ocasião da colheita e na preparação para a nova semeadura, as operações são
desenvolvidas na mesma ordem.
A adequada rotação de culturas mantém
o solo coberto durante mais tempo, aumenta a produtividade, dificulta a
especialização de pragas e permite que vegetais da família das:
- leguminosas aumentem a fixação do nitrogênio
no solo, por intermédio dos rizóbios;
- gramíneas e dos cereais aproveitem o nível de
fertilização e produzam, além dos grãos, uma maior quantidade de palhada.
Estão
sendo desenvolvidas técnicas de plantio direto, com rotação de cultura,
adaptadas às condições edafoclimáticas do semi-árido nordestino.
Como
a produção de massa verde é reduzida nas áreas semi-áridas e o processo de
decomposição dos compostos orgânicos é muito acelerado, a produção inicial de
palhada, para garantir a cobertura do solo, é extremamente difícil.
A.L.C.
Castro é de parecer que compensa transportar bagaço de cana picado, a partir da
zona da mata, para dar inicio ao plantio direto na palhada, nas áreas
semi-áridas, permitindo a implantação desta metodologia.
b) Manejo Integrado de Microbacias e
Comitês de Bacias
O
manejo integrado de microbacias contribui para reduzir as vulnerabilidades das
mesmas e para minimizar os danos relacionados com a erosão e com a depredação
do solo agricultável, em conseqüência do desenvolvimento sem controle ou de uma
má gestão agropecuária.
A
somação das atividades de manejo integrado nas unidades de paisagem constituídas
pelas microbacias se refletirá nos grandes conjuntos agro-ecológicos
representados pelas grandes bacias fluviais.
Dentre as técnicas de manejo integrado
de microbacias, há que destacar as seguintes:
- Florestamento e reflorestamento de áreas de preservação
e de proteção ambiental, em áreas de encostas íngremes, linhas de cumeadas,
matas ciliares ou de galerias e matas de proteção de nascentes e de mananciais,
com o objetivo de:
-incrementar
a biodiversidade;
-reduzir
as enxurradas e os processos erosivos;
-incrementar
os mecanismos de infiltração da água e a alimentação dos freáticos marginais
e de fundo de vale.
- Cultivo em harmonia com as curvas de nível e
utilização de técnicas de terraceamento. Os sulcos, quando abertos em sentido
paralelo ao das curvas de nível, contribuem para melhorar os processos
infiltrativos e para reduzir as enxurradas e a erosão.
- Roçamento e, em nenhuma hipótese, a capinação,
das entrelinhas das culturas. Os restos do roçamento, ao permanecerem sobre o
solo, contribuem para diminuir a erodibilidade do solo, além de diminuir o
aquecimento das camadas superficiais do mesmo e reter a umidade.
- Incorporação ao solo de restos culturais, por
intermédio de técnicas de plantio direto, reduzindo a erosão, a insolação
direta do solo, as perdas hidrícas por evaporação e preservando a umidade das
camadas superficiais.
- Adubação orgânica, utilizando técnicas de
compostagem de lixo orgânico, esterco de animais, folhas secas e outros
resíduos de origem vegetal, com o objetivo de aumentar a fertilidade e a
salubridade do solo e otimizar o metabolismo da água existente nas camadas
superficiais.
- Rotação de culturas, sempre que possível
alternando o cultivo de leguminosas, com o cultivo de tubérculos, cereais e
outros produtos, com o objetivo de evitar a especialização de pragas, ao
reduzir a oferta regular de um determinado padrão de substrato alimentar e
melhorar a oferta de nitrogênio, pela incorporação das leguminosas e de seus
rizóbios às camadas superficiais do solo.
- Utilização de culturas intercalares,
consorciando leguminosas, como o feijão, a soja, o milheto e com raízes e
tubérculos como a mandioca e a batata-doce. Esta técnica aumenta o nível de
fixação do nitrogênio, por intermédio dos rizóbios e diminui a incidência da
erosão e o nível de insolação direta do solo.
- Adensamento de culturas que, ao diminuir o
espaçamento, permite uma maior concentração de plantas, por unidade de área,
diminuindo a exposição das camadas superficiais do solo à insolação direta e
aos processos erosivos.
- Plantio de quebra-ventos, em sentido
perpendicular ao dos ventos dominantes, contribuindo para melhorar o microclima
e para reduzir a erosão eólica e evapotranspiração.
- Evidentemente, as técnicas de manejo integrado
exigem um alto nível de organização e articulação entre todos os proprietários
de terras da área beneficiada pelo projeto. Os proprietários de áreas de
proteção ambiental, que devem ser mantidas intocadas, em benefício do conjunto
de proprietários da microbacia, devem ser compensados pelo conjunto dos
produtores.
c) Manejo Pecuário
Nas
regiões de clima tropical, com estações secas muito bem definidas, o volume da
massa verde, durante a época de estiagem, se reduz para 30%. Nestes casos a
produtividade do rebanho tende a ser imensamente reduzida, se o criador não se
preparar devidamente para enfrentar estes períodos de estiagem.
Nos
países de clima temperado o produtor armazena o alimento que o gado consumirá
no inverno. Nos países tropicais é importante que se armazene alimentos para o
gado consumir durante o período de estiagem.
O
superpovoamento das pastagens deve ser evitado a qualquer custo.
As
áreas mais úmidas da propriedade devem ser reservadas para a plantação de
capineiras e dos chamados bancos de proteínas.
As
técnicas de fenação e de silagem, embora multimilenares, são desconhecidas por
muitos criadores brasileiros e devem ser difundidas, no meio rural, com o
objetivo de evitar violentas quedas de produtividade, que ocorrem ciclicamente
nos períodos de estiagem ou entressafra.
A
estação de monta programada permite que as crias nasçam nas épocas de maior
disponibilidade de pastagem. O apoio de veterinário e cumprimento do calendário
de vacinas obrigatórias, além de aumentarem a salubridade dos rebanhos,
permitem o crescimento da exportação dos produtos agrários.
O
desenvolvimento do sistema de piquetes de acordo com o método de Voisin, que
foi difundido no final do século passado, permite a rotação dos rebanhos pelas
áreas empiquetadas seguidas por períodos do pousio, que permitem a rápida
recuperação das pastagens. Embora o Brasil tenha o maior rebanho bovino
comercial do mundo, apresenta baixos índices de produtividade, como
conseqüência de que a maioria dos criadores utiliza técnicas de manejo pecuário
inadequadas e obsoletas.
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