DISSEMINAÇÃO DE BOATOS E PÂNICO
CODAR
- HS.CDB/CODAR - 22.208
1. Caracterização
Boato
é uma notícia anônima que se dissemina entre o público, sem confirmação por
fonte autorizada. A disseminação de boatos pode ser casual ou intencional e,
quando o boato gerar pânico, pode ser causa de comoção social.
Pânico
corresponde a uma exacerbação do sentimento do medo, em alguns casos
infundados, fazendo com que a situação fuja do controle racional.
Um
exemplo clássico de pânico, gerado por urna informação infundada é ilustrado
pelo episódio provocado por Orson - elIes, por intermédio de um programa
radiofônico denominado “A Guerra dos Mundos” que simulou uma invasão da Terra,
por seres extraterrestres.
Graças
à imensa capacidade de comunicação de Orson - elles, a população acreditou na
simulação e entrou em pânico, envolvendo-se em inúmeros acidentes, na tentativa
de fuga irracional.
Também
há uma exemplo de pânico gerado em Recife (PE), durante uma inundação de médio
porte, quando se disseminou o boato de que o sistema de represas que controla
as inundações do rio Capibaribe havia se rompido, juntamente com a represa de
Tapacurá, que é responsável por parte do suprimento de água potável para a
cidade. A população acreditou que a cidade seria submergida por uma inundação
sem precedentes e iniciou uma fuga irracional.
Além
dos danos causados pela fuga desenfreada, numerosas casas deixadas abertas por
seus proprietários foram assaltadas por ladrões.
O
pânico pode atuar como fator de agravamento de desastres. É normal que, em
circunstâncias de desastres naturais e humanos, condutas irracionais, motivadas
pelo pânico, provoquem mais traumatismos e mortes que os causados pelos
desastres primários.
2. Causas
Discussão sobre os Fatores Psíquicos
Relacionados com o Pânico
Da
mesma forma que a reação amorosa e a reação colérica, o medo é um instinto
básico, estritamente relacionado com o desenvolvimento filogenético das
espécies animais.
Estes
três instintos fundamentais relacionam-se com a espécie humana e permitiram a
sobrevivência da espécie, ao longo de prováveis 5 (cinco) milhões de anos.
Enquanto
o senso de percepção de risco e a prudência correspondem à saudáveis relações
intelectualizadas motivadas pelo medo, o pânico corresponde a uma exacerbação
patológica do instinto básico primitivo.
O pânico pode ser provocado pela:
- surpresa, relacionada com o desenvolvimento de
situações inusitadas e imprevisíveis;
- insegurança, relacionada com o desconhecimento
dos prováveis desdobramentos de uma situação emergencial;
- inexperiência, relacionada com pouca vivência
diante de situações anteriores de risco;
- ação de contágio, provocada por influências
comportamentais interativas entre os indivíduos e um determinado grupo
populacional;
- ação de fobias particulares que atuam sobre um
determinado indivíduo.
É
inquestionável que pessoas testadas em situações de risco, como pára-quedistas,
alpinistas, bombeiros, pilotos de rali e outros profissionais e esportistas,
têm muito mais chance de responderem racionalmente a situações de riscos, que
pessoas desabituadas a estas situações de perigo iminente.
É
importante recordar que não existe medo absoluto, mas fobias qualitativas,
muitas vezes relacionadas com vivências adversas ocorridas na infância.
A
reação racional e equilibrada é muito mais difícil, quando a situação de risco
relaciona-se com o medo fóbico, que funciona como uma aversão irreprimível.
3. Medidas Preventivas
A
prevenção de boatos depende de uma muito boa comunicação com a mídia de um
elevado nível de credibilidade dos órgãos responsáveis pela comunicação do
SINDEC.
Quando
a população é adequadamente informada sobre os desastres que estão ocorrendo e
sobre seus possíveis desdobramentos, não há margem para a disseminação de
boatos.
O
pânico pode ser prevenido pela antecipação das situações de desastres,
permitindo que as pessoas racionalizem as ações de resposta e não sejam
surpreendidas por eventos inusitados e imprevistos.
Daí a grande importância do
adequado funcionamento dos sistemas de monitorização alerta e alarme.
Os
esportistas e atletas sabem que, antes de desencadearem um determinada ação,
como um salto de trampolim, é absolutamente necessário um momento de total
concentração.
Durante
o momento de concentração, o atleta antecipa e desenha em sua mente a ação que
irá realizar, de tal forma que, ao explodir a ação física, ele estará
realizando o ato “pela segunda vez”.
Por
este motivo, os exercícios simulados de desastre são altamente eficazes para
garantir a racionalização das condutas e procedimentos e para se contraporem ao
pânico.
Em
circunstâncias de desastres, a atuação da equipe de comunicação social, em
permanente contato com a imprensa é indispensável, com o objetivo de manter as
pessoas informadas sobre a evolução da situação emergencial e de transmitir
conselhos sobre as ações mais eficientes, para reduzirem os danos e prejuízos
provocados pelo desastre.
Os
comandantes das equipes de combate a sinistro devem ser suficientemente
experientes e tranqüilos e devem estar preparados para dar exemplos de valor a
seus subordinados. Em nenhuma hipótese o comandante da equipe pode demonstrar
insegurança.
Da
mesma forma, as equipes responsáveis pelo combate direto aos sinistros e pelas
ações de busca e salvamento devem estar preparadas para influenciar as pessoas,
com atitudes positivas, que contribuam para que as mesmas desenvolvam respostas
comportamentais adequadas e não entrem em pânico.
É
muito importante que os pais e os educadores condicionem seus filhos e alunos
para comportamentos prudentes e, em nenhuma hipótese, para provocar fobias,
motivadoras de comportamentos irracionais e inadequados.
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