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27 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES HUMANOS - VOLUME II - Estudo das Formações Litorâneas - As formações florísticas litorâneas são extremamente importantes e ocorrem ao longo de todo o litoral brasileiro, onde se pode distinguir três padrões de vegetação - praiana - tabuleiros litorâneos - manguezais


g) Estudo das Formações Litorâneas

As formações florísticas litorâneas são extremamente importantes e ocorrem ao longo de todo o litoral brasileiro, onde se pode distinguir três padrões de vegetação:

-  praiana

-  tabuleiros litorâneos

-  manguezais


1) Vegetação dos Manguezais

A vegetação dos manguezais ocorre nas reentrâncias da costa brasileira, constituídas por baías, estuários de rios e costas de rios e costas de dálmatas.

As costas de rios ocorrem tipicamente em todo o litoral norte do estado do Maranhão, no litoral da Região Bragantina do Estado do Pará e no litoral do Estado do Amapá.

Este litoral resulta da imersão de numerosos vales fluviais que foram modelados pelos processos de erosão e de sedimentação fluvial e que foram ocupados pela elevação do nível do mar, como conseqüência do degelo que vem ocorrendo nos últimos 18.000 anos, como resultado da regressão do último período de glaciação.

As costas de dálmatas, ocorrem muito tipicamente no litoral sul do estado de São Paulo,onde são identificadas numerosas ilhas, penínsulas e restingas alongadas, que se desenvolvem em sentido paralelo ao do litoral e que são separadas do continente por golfos estreitados e canais naturais. As costas dálmatas resultaram do afogamento de um relevo de dobras, como conseqüência da elevação do nível do mar, causada pelo degelo.

Na grande maioria das vezes, as baías e os golfões foram causadas por movimentos tectônicos que abriram chanfraduras ao longo do litoral brasileiro. Normalmente numerosos rios confluem para estas baías e alteraram a configuração primitiva das mesmas, em função do processo de sedimentação.

Áreas de mangue são encontradas no litoral brasileiro do Amapá até Santa Catarina.

A vegetação que se desenvolve no mangue é halófila (adaptada a solos salinizados), intertropical e latifoliada perene. As árvores de mangue, apesar de crescerem em ambiente úmido, apresentam xeromorfismo acentuado, porque no caso das águas salinizadas, a pressão osmótica funciona em sentido inverso ao do organismo, dificultando a absorção de água pelas raízes destas plantas. Em conseqüência, a elevada concentração do sal no meio líquido externo, a deficiência de oxigênio e a presença de sais do ácido húmico existente nas vazas dificultam a absorção da água.

O manguezal é constituído de árvores e arbustos de tronco fino, folhas grossas e coreáceas, constituíndo um único estrato arbóreo.


Dentre as espécies vegetais que se desenvolvem neste meio ambiente, há que destacar o:

-  mangue-vermelho (Rhizophora mangle), cujo tronco é sustentado por grossas raízes-escoras basais, que o fixam no lodo movediço. Normalmente as raízesescoras são dotadas com organelas respiratórias (pneumatóforos) que são capazes de absorver o oxigênio diretamente do ar atmosférico. A casca do caule é rica em tanino e as folhas são espessas e coreáceas.

-  mangue-branco (Laguncularia racemosa) possue caule fino e reto que é sustentado por raízes pivotantes e não dispõem de raízes-escoras. Suas flores são pequenas e em cachos e seus frutos pequenos e drupáceos flutuam na água. Normalmente esta arvoreta se desenvolve em áreas mais consolidadas.

-  mangue-amarelo (Avicenia nítida) e o mangue-siriuba (Avicena tormentosa) chamadas sereíba ou siriuba, que em tupi-guarani significa árvore do siri é parecida com o mangue-branco e seu tronco fino, de madeira duríssima era utilizado pelos índios na produção de bordunas.

Os manguezais funcionam como criadouros de peixes, moluscos e crustáceos e, por atuarem como grandes “creches” desempenham um papel extremamente importante, tanto no desenvolvimento da fauna marinha, como no da fauna fluvial.

A crescente destruição dos manguezais, provocada pela corrida imobiliária, está contribuindo para aumentar o despovoamento dos estuários dos rios, das lagoas e lagunas e dos mares que banham as costas dos estados brasileiros.


2) Vegetação Praiana

No litoral arenoso do Brasil, compreendendo as praias e as restingas, ocorre uma vegetação acentuadamente xeromórfica.


O xeromorfismo surgiu como uma adaptação deste complexo florístico aos seguintes fatores adversos:

-  Solo arenoso, pouco fértil e seco em suas camadas mais superficiais.

-  Ventos fortes e constantes que exercem uma função ressecadora muito intensa, além de transportarem partículas de areia que podem danificar folhas muito delicadas.

-  Ação das marés excepcionalmente altas, que pode submergir parte das plantas.


Na área praiana o estrato mais baixo é constituído de bionuliáceas, epífitas, convalvoláceas e leguminosas. Dentre as espécies praianas há que destacar as seguintes:

-  O picão-da-praia ou carrapicho (Malampodium divaricatum), conhecidíssima vegetação rasteira que se desenvolve na orla da praia e cujos espinhos incomodam as pessoas desavisadas, que não têm prática de se locomover na praia.

-  A salsa-da-praia (lpomoea pés-caprae), que é uma planta herbácea rasteira, da família das convalvoláceas, dotadas de raízes profundas, folhas grossas, verdes, brilhantes e arredondadas. Esta vegetação, quando bem desenvolvida, contribui para fixar as areias das dunas.

-  O feijão-da-praia (Canavalia obtusifohia), planta herbácea e rasteira da família das leguminosas, também dotadas de raízes profundas, folhas largas e espessas, flores róseo-púrpuras e, como todas as leguminosas, produzem vagens contendo sementes pardacentas.

Num segundo plano, nas áreas de restingas, surge uma vegetação arbustiva constituída por arvoretas das seguintes famílias: leguminosas, mirtáceas, solanáceas, sapotáceas, cactáceas e rubiáceas.


3) Vegetação dos Tabuleiros Litorâneos

No Nordeste do Brasil, normalmente, a chamada vegetação dos tabuleiros litorâneos cresce sobre terrenos sedimentares do Grupo Barreiras, que se desenvolveram ao término do terciário. Os terrenos dos tabuleiros são constituídos por depósitos síltico-argilosos, arenosiltosos e nitidamente arenosos, em conseqüência, apresentam solos pouco férteis e inconsistentes e sujeitos a riscos de escorregamento de solo, quando muito escarpados.

A vegetação dos tabuleiros guarda semelhanças com a vegetação das restingas e com a dos cerrados, que há 12 mil anos atrás se estendia até o litoral do Nordeste Oriental.


Da vegetação comum ao cerrado e aos tabuleiros, há que destacar:

-  Cajueiro

O cajueiro (Anacardium Occidentalis) é uma das árvores frutíferas brasileiras mais importantes do Nordeste e, em especial, do Ceará que é o Estado brasileiro que mais produz cajus.


O pedúnculo do caju é riquíssimo em vitamina “C” e vitamina “A” e possui apreciáveis concentrações de sais de cálcio, ferro, magnésio, potássio e iodo. Apenas duas frutas são mais ricas em vitamina “C” que o caju:

-  O camu-camu, das matas de várzea da Amazônia, que é, dentre todas as frutas conhecidas, a mais rica em vitamina “C”.

-  A acerola, de origem caribenha e muito bem adaptada no Brasil.


O caju é largamente consumido “in natura” e sob a forma de refresco, também chamado cajuada. Em alguns locais do Nordeste chama-se de cajuada à mistura do suco do caju, com leite e com a farofa da amêndoa da castanha assada. A cajuada, preparada desta forma, é altamente nutritiva.

O suco de caju filtrado, engarrafado e cozido em banho-maria é denominado de cajuína, tem uma belíssima cor âmbar e é delicioso.
O mocororó é preparado com o suco fermentado, podendo ser cru ou fervido.

A geropiga é preparada com a cajuína, que é cozida até perder metade de seu volume, depois misturada com álcool, sendo usada como vinho licoroso.

O suco fermentado e envelhecido em tonel de madeira transforma-se em vinho de caju.

A amêndoa da castanha de caju, que se consome torrada, é uma guloseima deliciosa, rica em proteínas, gorduras vegetais e em calorias, e possui apreciáveis quantidades de sais de fósforo, cálcio, magnésio, ferro e iodo. Barras de chocolate com castanha de caju torrada são itens freqüentes nas rações de emergência, por apresentarem um elevado valor calórico.

Por ser item importante na alimentação do homem nordestino, antes da descoberta do Brasil, esta fruta, por ocasião de sua safra, era motivo das chamadas “guerras de caju” que ocorriam todos os anos, envolvendo índios do interior e do litoral.


-  Araçazeiro

O araçazeiro (Psidium littorale) e a goiabeira (Psidium guayava) são fruteiras da família das mirtáceas, cujos frutos deliciosos são muito ricos em vitaminas ‘A” e “C”, além de apresentarem apreciáveis quantidades de sais minerais, de fósforo, cálcio e ferro.

As goiabas e os araçás são consumidos “in natura” e sob a forma de doces, compotas, geléias e sorvetes. A sobremesa de goiabada com queijo é muito típica e, no Nordeste, costuma ser servida aos hóspedes que são bem vindos.


-  Mangabeira

A mangabeira (Hancornia speciosa), da família das Apocináceas é uma arvoreta espontânea nos tabuleiros arenosos e nos cerrados do Brasil.

O fruto, chamado mangaba, na língua tupi-guarani significa “coisa boa de comer” e faz jus ao nome.

A mangaba catada no chão, após ser amadurecida, pode ser consumida “in natura” ou sob a forma de refrescos, doces ou licores, e se caracteriza pelo aroma suave e pelo sabor delicado. O sorvete de mangaba é um dos mais apreciados em todo o Nordeste.


-  Coqueiro da praia

O coqueiro-da-praia ou coqueiro-da-baía (Coccus nucífera) é uma palmácea naturalizada no Brasil que, nos dias atuais, está totalmente incorporada à paisagem das praias e dos tabuleiros litorâneos do Nordeste.

O estado brasileiro que mais produz cocos é a Bahia, seguido pelos estados do Ceará, Sergipe e Rio Grande do Norte.

O albúmem do coco pode ser consumido ”in natura” ou sob a forma de cocada e de outros doces deliciosos. O leite-de-coco, que é preparado a partir do albúmem é um ingrediente muito utilizado na culinária brasileira. A água-de-coco é riquíssima em sais de sódio, potássio, cálcio, iodo e magnésio e se constitui no melhor reidratante natural que se conhece, podendo ser favoravelmente comparada com o soro hidratante chamado Ringuer Lactato.

Infelizmente, a vegetação natural dos tabuleiros litorâneos do Nordeste vem sendo duramente atingida pela “corrida imobiliária”. De todas as fruteiras citadas, as que correm maiores riscos de erradicação são o araçazeiro e a mangabeira.

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