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28 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Processos Erovisos – Erosão Laminar


5 - Processos Erovisos – Erosão Laminar

CODAR: NI.GES/ CODAR: 13.304


Caracterização

Os processos erosivos iniciam-se pelo impacto das gotas de chuva sobre a superfície do terreno, provocando a desagregação das partículas do solo. A ação impactante é complementada pelo escoamento superficial, que ocorre a partir da acumulação da água, em volume suficiente para permitir a suspensão das partículas no meio liquido e seu arraste, através das encostas.

A erosão laminar ocorre quando o escoamento da água lava a superfície do terreno, de forma homogênea, transportando as partículas em suspensão, sem formar canais preferenciais.

A erosão, especialmente a laminar, é um dos mais importantes desastres de evolução gradual que ocorre no País.

Segundo estimativas pouco precisas, a erosão provoca uma perda anual de solo agricultáveis, equivalente a um bilhão de metros cúbicos. Essa perda contribui para a redução da produtividade agrícola e o aumento do consumo de fertilizantes.

O solo carreado pelas águas, além de assorear os rios e contribuir para o agravamento das inundações, está reduzindo, gradualmente, a capacidade de acumulação dos represamentos destinados à geração de energia hidroelétrica.

A quantificação da perda do solo, provocada pela erosão laminar, é definida através da Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS), constituída por variáveis relacionadas com fatores naturais e por variáveis de natureza antrópica, intervenientes nos processos erosivos.

A fórmula da EUPS é a seguinte:

A = R.K.L.S.C.P


onde as variáveis relacionadas com fatores naturais são:

- R = variável relativa aos fatores hidrológicos, especifica a erosividade das chuvas;

- K = variável relativa aos fatores pedológicos, especifica a erosividade dos solos;

- L e S = variáveis relativas aos fatores morfológicos, especificam o comprimento e a declividade das encostas.


As variáveis relacionadas com fatores antropogênicos, intervenientes no processo, são:

- C = variável relativa ao nível de ocupação do solo pelo homem e às técnicas de maneio agropecuário

- P = variável relativa á eficiência de técnicas conservacionistas, utilizadas na propriedade.


A interação dos fatores hidrológicos, pedológicos e morfológicos caracteriza o potencial natural -de erosão laminar (PNEL), indicativo teórico da estimativa de perdas anuais, por erosão laminar. de uma área definida, considerando-a desprovida de cobertura vegetal e sem qualquer intervenção antrópica.

A ocupação e o manejo do solo e a prática das ações conservacionistas caracterizam a influência antrópica sobre a Equação Universal de Perda de Solos.


1 - Erosividade das Chuvas - Fator “R”

O fator erosividade das chuvas caracteriza a capacidade potencial da chuva de provocar a erosão do solo, considerando idealmente as demais variáveis constantes.


A erosividade da água depende:

- da maior ou menor intensidade impactante das gotas de chuva, que varia em função da massa das mesmas;

- da quantidade de água necessária á suspensão das partículas desagregadas:

- do volume de água necessário ao carreamento das partículas suspensas, através do escoamento superficial.


A quantificação da erosividade das chuvas, de acordo com a fórmula sugerida por LOMBARDI (l-977), e:

El = 6,866 (p2 / P) 0.85

onde:
 - El = índice médio de erosividade anual ou fator R
- p = maior media mensal de precipitação;
- P = média anual de precipitação.

Conclui-se que, quanto mais intensas e concentradas forem as chuvas, maior o potencial de erosividade das mesmas.


2- Erodibilidade dos Solos - Fator “K”

BERTONI e LOMBARDI caracterizam a erodibilidade do solo como a recíproca da resistência do solo à erosão.


O potencial de erodibilidade do solo é influenciado por seu:

- grau de coesão de resistência à desagregação em partículas com granulométria que permita sua suspensão na água e escoamento, através de pendentes,

- grau de permeabilidade do solo e capacidade de absorção relacionada com a porosidade dos horizontes subjacentes, que influenciam na velocidade ‘de infiltração da água e, conseqüentemente, na quantidade de água que resta para escoar superficialmente.

Embora o estudo dos índices de erosibilidade dos solos de regiões tropicais úmidas, sujeitas a chuvas intensas e concentradas, ainda se encontre em sua fase inicial, existem tabelas com índices de erosibilidade para diversos tipos de solo, encontrados no Pais.


3 - Fator Topográfico - Fatores “L” e “S”

BERTONI e LOMBARDI, após estudos em talhões experimentais, com diferentes tipos de solo, graus de declividade e comprimentos de rampa, durante um período de 10 anos, propuseram a seguinte equação:

LS = 0,0984. L0,63 . S 1,18
onde:
- L = comprimento da rampa;
- S = declividade do terreno considerado.

O fator topográfico influencia na erosão laminar, ao estabelecer o gradiente relativo à força da gravidade entre diferentes níveis do terreno, influindo na capacidade de arraste das partículas suspensas na água.


4 - Mapas de Risco Potencial de Erosão Laminar

O estudo matemático e a interação dos fatores hidrológicos, pedológicos e morfológicos permitem a preparação de mapas de risco, caracterizando as variações do potencial natural de erosão laminar, numa região determinada.

A definição de diferentes intensidades de risco em uma determinada região permite o estabelecimento de áreas prioritárias para a implementação de programas, objetivando minimizar a intensidade da erosão laminar anual.

Como no atual estágio de desenvolvimento tecnológico o homem não tem condições para atuar sobre os fatores naturais, as ações de minimização da erosão laminar depende da redução das vulnerabilidades relacionadas com fatores antropogênicos intervenientes no processo.

Dentre as medidas preventivas mais eficientes, destacam-se as relacionadas com o manejo integrado das microbadas e com o plantio direto.


1 - Manejo Integrado das Microbacias

Medidas Preventivas

O manejo integrado das microbacias contribui para reduzir a erosão laminar e aumentar a produtividade natural, através de:

- florestamento e/ou reflorestamento de áreas de preservação ambiental, como encostas íngremes, cumeadas de morros, matas ciliares e matas de proteção de nascentes;

- cultivo em harmonia com as curvas de nível e técnicas de terraceamento, permitindo que sulcos, abertos em sentido perpendicular ao do escoamento das águas, retenham a umidade, aumentem a infiltração e reduzam a erosão;

- plantio de quebra-ventos reduzindo a erosão eólica, a evaporação e o ressecamento do solo, nos períodos de estio;

- adubação orgânica utilizando resíduos animais (esterco), restos culturais e lixo orgânico das cidades que, além de promoverem a humificação do solo, melhoram as suas características físico-químicos (produção de colóides);

- utilização de cobertura morta, como palhada, casca de arroz e serragem, bem como a incorporação ao solo dos restos de culturas anteriores;

- sempre que possível, roçar e não capinar, reduzindo a exposição do solo ao aquecimento e á erosão;

- culturas adensadas, reduzindo o espaçamento e a exposição do solo, ao concentrar um maior número de plantas, por unidade de área;

- utilização de culturas intercalares, plantando leguminosas, como feijão e soja, entre fileiras de milho e cana, permitindo o sombreamento pelas gramíneas, reduzindo a evapotranspiração, enquanto o rizóbio das leguminosas reduz a necessidade de adubação, ao fixar o nitrogênio ao solo.

A rotação de culturas, ao manter o solo permanentemente coberto, reduz a erosão.

 O fogo, ao destruir a camada humificada e os colóides orgânicos, contribui poderosamente para intensificar o problema.


2 - Plantio Direto

Técnica surgida, na década de 60, na Inglaterra, e na de 70, nos Estados Unidos da América. Disseminou-se pelos estados do sul do Brasil, onde, em 1990, já existiam 1.000.000 ha plantados com esta técnica. Recentes experiências em áreas irrigadas do cerrado demonstram sua adaptabilidade a climas quentes, sem perda de produtividade.


O plantio direto é, no momento, a técnica mais eficiente de cultivo e reduz em:

- 30% o consumo de água;

- 60% a perda de solo por erosão;

- 30% o emprego de mão-de-obra;

- 50% as operações com máquina e o custo de combustível.

O plantio direto diminui a erosão, a evaporação e, de forma drástica, o processo de compactação do solo. Além de recuperar a textura do solo, facilita o processo de humificação e reduz o consumo de fertilizantes.


Metodologicamente, o plantio direto, utilizado em sistema de rotação, compreende as seguintes fases:

- na colheita, a palhada é picada e espalhada no terreno;

- na época de cultivo, qualquer vegetação que tenha brotado é roçada e não capinada ou destruída por herbicida de contato;

- ao se replantar, procede-se ás seguintes operações, em sucessão:

• passagem de rolo compactador que acama a palhada, seguido, no mesmo trem, por rolo-faca que corta a mesma em fragmentos;

• passagem de sulcador que revolve o solo na profundidade de 5 a 10 cm, apenas nas linhas de semeadura, seguido, no mesmo trem, por semeador que lança a semente, mistura fertilizante e fecha o sulco.


Nos intervalos das colheitas, a pouca vegetação que consegue romper a palhada é roçada ou destruída por herbicida de contato.

Quando da colheita, as operações se repetem na mesma ordem, e a rotação correta das colheitas impede a especialização de pragas e permite que leguminosas fixem nitrogênio para o ciclo de plantação de cereais.

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