30 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Ondas de Frio Intenso CODAR: NE.TFI/ CODAR: 12.201


1 - Ondas de Frio Intenso

CODAR: NE.TFI/ CODAR: 12.201


Caracterização

Rápida e grande queda na temperatura sobre uma extensa área. Esta temperatura, bastante baixa, permanece sobre esta área por várias horas, dias e, às vezes, uma semana ou mais, acompanhada geralmente por céu claro.

Em função da dinâmica atmosférica, em determinadas épocas do ano, há uma intensificação do deslocamento de frentes frias, que passam a atingir regiões de clima subtropical, tropical e, até mesmo, equatorial.

Denomina-se frente fria o limite anterior da massa de ar frio ou a interface entre essa massa de ar e outra de ar quente, a qual normalmente apresenta a forma de cunha.

As massas de ar de origem polar, ao se deslocarem, elevam o gradiente de pressão ao nível da superfície, fornecendo a energia necessária ao deslocamento dessas frentes e, quando as mesmas estacionam em regiões de clima quente, as massas de ar frio provocam a queda da temperatura local.

As quedas bruscas de temperatura, normalmente acompanhadas de ventos frios, que contribuem para agravar a sensação de desconforto térmico, são conhecidas localmente por friagem.


Causas

Como já foi caracterizado, as ondas de frio intenso relacionam-se com a dinâmica atmosférica global.

Durante o outono/inverno no Hemisfério Sul, ocorre uma intensificação no mecanismo de produção de massas de ar frio nas imediações do Pólo Sul.

O ar resfriado, por ser mais denso, acumula-se nas camadas atmosféricas próximas da superfície e as altas pressões resultantes fornecem a energia necessária ao deslocamento das mesmas, no sentido sul-norte.


Ocorrência

Na América do Sul, o fenômeno ocorre entre os meses de maio e setembro (outono/inverno), com maior prevalência nos meses de julho e agosto.

Nessas ocasiões, cidades com médias anuais de temperatura extremamente elevadas podem apresentar subitamente quedas para patamares muito baixos. O fenômeno normalmente dura de quatro a cinco dias.

Em Manaus, a queda pode ser de uma máxima de 30°C para uma mínima de 17°C e, em casos extremos, de 150C. Em Cuiabá, a mínima pode atingir níveis inferiores a 50C.

O ar aquecido das regiões de clima subtropical e tropical, por ser menos denso, tende a elevar-se, reduzindo as pressões nas camadas próximas do solo, facilitando a penetração das frentes frias.

Em função de gradiente horizontal de pressão, estabelecido entre as duas massas de ar, as frentes frias deslocam-se rapidamente através do continente sul-americano e o ar frio substitui o ar aquecido em áreas tropicais e equatoriais, permanecendo durante alguns dias nessa condição, até que se restabeleçam as condições homeostáticas, com a dissipação das frentes.


Principais Efeitos Adversos

Os danos relacionam-se muito mais com a vulnerabilidade de determinados estratos populacionais do que com a magnitude do fenômeno.

É importante recordar que as populações de regiões com climas equatoriais aclimataram-se a condições de temperatura, caracterizadas por médias anuais muito elevadas e variações muito pouco importantes, entre as médias das máximas e das mínimas.

Os estratos populacionais mais vulneráveis são constituídos por idosos, enfermos, crianças e minusválidos, especialmente quando pertencentes a populações de baixa renda, ou quando desabrigados e desprovidos de agasalhos.

A mortalidade imediata é freqüente entre mendigos e ébrios, surpreendidos pela friagem, ao dormirem ao relento.


O costume de ingerir bebidas alcoólicas para “combater o frio” na realidade contribui para aumentar a mortalidade. A sensação de conforto térmico provocada pelo álcool deve-se a:

- aceleração do metabolismo, que contribui para consumir mais rapidamente as poucas reservas calóricas acumuladas;

- vasodilatação periférica, que acelera e intensifica a circulação subcutânea, incrementando a perda de calor por irradiação.

Além do incremento da mortalidade, as ondas de frio provocam, também, aumento da morbilidade, especialmente a relacionada com doenças transmitidas por inalação, como gripe ou influenza, infecções respiratórias agudas inespecíficas (IRA), coqueluche, difteria, sarampo e meningite meningocócica


Monitorização, Alerta e Alarme

Os serviços meteorológicos têm condições de informar, com muita precisão e razoável antecedência, sobre frentes frias, ondas de frio e quedas bruscas de temperatura.


Medidas Preventivas

1 - Medidas de Longo Prazo

As medidas de longo prazo relacionam-se com programas habitacionais e com todos os demais programas relativos ao pleno emprego e à elevação da qualidade de vida dos estratos populacionais carentes.


2 - Medidas Emergenciais

As medidas emergenciais, de natureza assistencial, desenvolvidas em apoio às populações carentes, na iminência de friagens, compreendem:

- coleta e distribuição de agasalhos;

- recolhimento de mendigos e de pessoas desabrigadas em albergues ou abrigos temporários;

- suplementação alimentar, especialmente com sopas quentes e ricas em calorias (gordurosas);

- campanhas esclarecedoras sobre os riscos de ingestão de bebidas alcoólicas, nessas circunstâncias.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Nevadas CODAR: NE.TNV/ CODAR: 12.202


2- Nevadas

CODAR: NE.TNV/ CODAR: 12.202


Caracterização

São fenômenos meteorológicos caracterizados pelo ato de cair neve.


Para que ocorra a formação da neve, é necessário que:

- o ar esteja supersaturado pelo vapor d’água;

- a temperatura, nas altas camadas, atinja valores entre 12 e 20°C abaixo de zero, compensando a queda da pressão atmosférica. É importante recordar que, somente ao nível do mar e sob pressão de uma atmosfera, a água congela a 0°;

- existam núcleos de condensação, formados por partículas microscópicas de fumaça, pó ou pólen.


Nessas condições, os fenômenos ocorrem na seguinte seqüência:

- as moléculas de vapor d’água aderem umas às outras, em torno do núcleo de condensação, formando minúsculas gotículas de água;

- as gotículas de água passam ao estado sólido, transformando-se em diminutas gotas de gelo;

- por serem mais densas que o ar, as gotículas de gelo começam a descer e a se reunir, tomando formas geometricamente perfeitas, características dos cristais;

- os cristais reúnem-se, formando flocos de neve, que se chocam com o solo, após oito a dez minutos de queda.

O primeiro estudioso a observar a forma hexagonal dos cristais de neve foi o sueco OIaf MAGNUS (1490-1558). O físico inglês Robert HOOKE (1635-1703) publicou ilustrações de cristais de neve observados ao microscópio. É provável que a estrutura dos cristais de neve varie em função das características do ar, onde os mesmos iniciaram o processo de cristalização.

Enquanto um litro de ar pesa 1,293g, um litro de vapor d’água pesa 0,8g; por isso a água que se evapora dos mares, lagos e rios ou aquela eliminada das plantas e animais, através da transpiração, eleva-se na atmosfera.

O ar rarefeito das camadas elevadas da atmosfera perde sua capacidade de acumular grandes quantidades de vapor d’água e satura-se facilmente, isto é, à medida que o vapor de água atinge as camadas atmosféricas mais elevadas, menos densas e mais frias, provoca a saturação do ar.


Ocorrência

As nevadas são fenômenos meteorológicos freqüentes nos países de clima temperado e frio.

No Brasil, ocorrem nevadas nas regiões serranas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e sul do Paraná.

Principais Efeitos Adversos

Em nosso País, os danos humanos e materiais provocados por nevadas são relativamente pequenos. Paradoxalmente, a neve protege o solo contra o supercongelamento, provocado pelas geadas, já que, em sua superfície em contato com o solo, a temperatura mínima é de 0º C.
Normalmente, os riscos pessoais ocorrem nos deslocamentos motorizados, durante as nevadas. Nessas condições, caso ocorra algum acidente ou pane, as pessoas correm o risco de permanecerem isoladas durante a intempérie.


Monitorizarão, Alerta e Alarme

Os serviços meteorológicos têm condições de informar com antecedência sobre a ocorrência de nevadas.


Medidas Preventivas

Em regiões de nevadas intensas, os telhados das casas devem ser:

- fortemente inclinados, para reduzir a acumulação da neve;

- suficientemente resistentes, para suportar um peso superior a 120 kglm2.

Durante as nevadas, aconselha-se que os veículos se reúnam em comboios, em condições de prestarem apoio mútuo, quando trafegarem em estradas vicinais de regiões montanhosas.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Nevascas ou Tempestades de Neve CODAR: NE.TTN/ CODAR: 12.203


3 - Nevascas ou Tempestades de Neve

CODAR: NE.TTN/ CODAR: 12.203


Caracterização

Ventos violentos e muito frios carregados de neve. Parte desta neve é levantada do solo nevado.

O termo originou-se na América, donde estendeu-se para outros países.


Ocorrência

As nevascas são fenômenos relativamente raros no Brasil e ocorrem nas regiões serranas dos estados sulinos, especialmente em Santa Catarina.


Principais Efeitos Adversos

Quando ocorrem nevascas, somam-se os efeitos destruidores dos vendavais aos danos provocados pelo resfriamento e pela acumulação da neve.


Monitorização, Alerta e Alarme

Os serviços meteorológicos têm condições de informar com antecedência sobre a ocorrência de nevascas.


Medidas Preventivas

Os planos operacionais de defesa civil devem prever medidas assistenciais para a população desabrigada e exposta ao frio, através de abrigos temporários, onde se deve prover agasalhos e alimentos quentes, com alto valor calórico.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Aludes ou Avalanches de Neve CODAR: NE.TAN/ CODAR: 12.204


4 - Aludes ou Avalanches de Neve

CODAR: NE.TAN/ CODAR: 12.204


Caracterização

São massas de neve e/ou gelo que deslizam de forma rápida e violenta pelas encostas de altas montanhas, arrastando fragmentos de rochas, árvores e até habitações.

As avalanches ou aludes caracterizam-se por movimentos extremamente rápidos e violentos, com limites laterais e profundos muito bem definidos.


Causas

As avalanches ocorrem em função da ruptura do equilíbrio inercial, provocada pela interação dos seguintes fatores:

- redução do grau de coesão das camadas de neve, o qual depende da granulometria das camadas e varia em proporção inversa da temperatura. A elevação gradual da temperatura, ao término do inverno e início da primavera, torna a massa mais friável e facilita os deslizamentos;

- declividade da encosta - o grau de declividade da encosta define o ângulo de repouso em função do peso das camadas, da granulometria e do grau de coesão;

- peso das camadas de neve - a deposição de neve varia em proporção inversa aos índices de umidade relativa do ar, os quais dependem da evaporação e decrescem com a queda da temperatura nas áreas continentais, aumentando quando da penetração de frentes frias, formadas nas superfícies dos mares;

- grau de coesão e atrito - como a densidade da água é maior que a da neve e a do gelo, uma massa de neve ou de gelo, ao se liquefazer, passa a ocupar um volume menor que o primitivo, facilitando o surgimento de planos de clivagem e lubrificando as superfícies de deslizamento.

Nas condições descritas, qualquer vibração pode desencadear a avalanche. As vibrações podem ser provocadas por estampidos, passagem de trens ou de outros veículos ou, ainda, por qualquer outra causa circunstancial de vibrações.


Ocorrência

As avalanches ocorrem nas áreas mais elevadas de regiões montanhosas, que acumulam neve e/ou gelo nas estações invernosas. São muito freqüentes nos Alpes, Andes, Himalaia, Montanhas Rochosas e em outras regiões de altas montanhas, onde a temperatura mantém-se abaixo de 00C, durante o inverno.

O fenômeno não ocorre no Brasil.

Normalmente, as avalanches intensificam-se no final do inverno e início da primavera.


Principais Efeitos Adversos

Em comparação com outros desastres, as avalanches causam prejuízos moderados. A média anual de mortes, provocadas por avalanches, costuma ser inferior a 200.

Os danos materiais, nos países mais desenvolvidos que convivem com o fenômeno, normalmente são moderados.

Durante a Primeira Guerra Mundial, na frente italiana, as avalanches provocaram maior número de mortos que as ações do inimigo.


Monitorização, Alerta e Alarme

Nas regiões onde esses fenômenos são prevalentes, os serviços meteorológicos e a Defesa Civil têm condições de informar, com razoável antecipação, sobre variáveis meteorológicas que aumentem os riscos de avalanches.

Os habitantes locais têm condições de prenunciar o fenômeno, através da observação de mudanças comportamentais de animais silvestres.


Medidas Preventivas

1 - Medidas Não-Estruturais

O mapeamento das áreas de risco intenso permite o zoneamento e a definição de áreas non aedificandi . Nas áreas aedificandi com restrições, as construções devem ser situadas em locais protegidos e devem ser muito sólidas.


2 - Medidas Estruturais

As principais medidas estruturais são:

- reflorestamento das encostas, com árvores de raízes pivotantes muito profundas;

- construção de obstáculos em forma de “V” invertido, para desviar o curso de avalanches;

- construção de plataformas de deslizamento e de muros de contenção, para proteger rodovias e ferrovias.

As medidas estruturais só são eficazes frente a aludes pouco intensos.



3 - Medidas Emergenciais


Dentre as medidas emergenciais mais utilizadas, compete ressaltar:

- a antecipação do fenômeno, provocando vibrações, quando as camadas de neve ainda são pouco volumosas, contribuindo para reduzir a magnitude do fenômeno;
- a formação de equipes de busca e salvamento, altamente capacitadas, para reduzir os riscos de perdas humanas.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Granizos CODAR: NE.TGZ/ CODAR: 12.205


5 – Granizos

CODAR: NE.TGZ/ CODAR: 12.205


Caracterização

Precipitação sólida de grânulos de gelo, transparentes ou translúcidos, de forma esférica ou irregular, raramente cônica, de diâmetro igual ou superior a 5mm.

O granizo é formado nas nuvens do tipo cumulonimbus, as quais se desenvolvem verticalmente, podendo atingir alturas de até 1.600m. Em seu interior, ocorrem intensas correntes ascendentes e descendentes. As gotas de chuva provenientes do vapor condensado no interior dessas nuvens, ao ascenderem sob o efeito das correntes verticais, congelam-se ao atingirem as regiões mais elevadas.


O granizo, também conhecido por saraivada, é a precipitação de pedras de gelo, normalmente de forma esferóide, com diâmetro igual ou superior a 5mm, transparentes ou translúcidas, que se formam no interior de nuvens do tipo cumulonimbus. Podem subdividir-se em dois tipos principais:

- gotas de chuvas congeladas ou flocos de neve quase inteiramente fundidos e recongelados;

- grânulos de neve envolvidos por uma camada delgada de gelo.


Os meteorologistas designam as pedras de gelo com diâmetros superiores a 5mm de saraiva. As saraivadas são constituídas por várias camadas de gelo que podem ser alternativamente claras e opacas, em forma de casca de cebola, agrupadas em torno de um núcleo central. Este núcleo pode ser constituído por um grão de gelo, por ar comprimido, por poeira ou por pólen ou sementes.

Quando o granizo choca-se com o solo, o núcleo de gelo gera uma pressão interna mais intensa e provoca pequenas detonações. Ao caírem por seu próprio peso, absorvem mais umidade nas camadas inferiores, até que, novamente, são arrastadas para altitudes mais elevadas, onde sofrem novo congelamento. O processo se repete, até que o peso do gelo ultrapasse a força ascensional, provocando a precipitação.


Ocorrência

O fenômeno ocorre em todos os continentes, especialmente em regiões montanhosas.

As tempestades de granizo de maior magnitude ocorrem em regiões continentais de clima quente, especialmente na índia e na África do Sul.

No Brasil, as regiões mais atingidas por granizo são a Sul, Sudeste e parte meridional da Centro-Oeste, especialmente nas áreas de planalto, de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.


Principais Efeitos Adversos

O granizo causa grandes prejuízos à agricultura. No Brasil, as culturas de frutas de clima temperado, como maçã, pêra, pêssego e kiwi e a fumicultura são as mais vulneráveis ao granizo.

Dentre os danos materiais provocados pela saraiva, os mais importantes correspondem à destruição de telhados, especialmente quando construídos com telhas de amianto ou de barro.

As tempestades que normalmente acompanham o granizo causam também outros prejuízos. O temporal ocorrido na cidade de São Paulo, em 21 de julho de 1995, durou apenas meia hora, causando danos materiais e humanos. Sete pessoas morreram, todas esmagadas por um muro de 7 metros de altura e 100 metros de comprimento, que desmoronou com a ação do vento; vários carros foram atingidos por árvores e galhos caídos e alguns bairros ficaram horas sem energia.


Monitorizarão, Alerta e Alarme

Os serviços de meteorologia acompanham diariamente as condições do tempo e têm condições de prevenir sobre a provável ocorrência desses eventos.

As cooperativas de fruticultores, especialmente as de produtores de maçãs, estão adquirindo aparelhos de radar, que informam sobre a formação de nuvens cumulonimbus.


Medidas Preventivas

As cooperativas de fruticultores adquiriram baterias de foguetes para bombardearem as nuvens com substâncias higroscópicas e anticriogênicas, objetivando provocar a precipitação da chuva e evitar a formação do granizo. O método tem sido largamente utilizado no Estado de Santa Catarina.

Os fumageiros e outros produtores garantem-se contra prováveis prejuízos, através de seguro.

É necessário que incentivem pesquisa para produzir telhas de baixo custo e resistentes à saraiva.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Geadas CODAR: NETGE/ CODAR: 12.206


6 – Geadas

CODAR: NETGE/ CODAR: 12.206


Caracterização

A geada é formada pelo congelamento direto do vapor d’água existente na atmosfera, sem passagem pela forma líquida, e ocorre quando a temperatura ambiental cai a níveis abaixo de 0°C (ponto de congelação da água). Nessas condições, o orvalho transforma-se em geada.

O calor acumulado durante o dia pela crosta terrestre irradia-se durante a noite, provocando uma inversão de temperatura, de tal forma que, nas madrugadas de noites excepcionalmente frias, ocorre uma grande queda de temperatura nas camadas mais próximas do solo, formando o orvalho. Portanto, é completamente errada a expressão “cair geada”, já que o próprio orvalho não “cai”.


Ocorrência

A geada ocorre com mais freqüência em regiões elevadas e frias. Normalmente, o fenômeno está relacionado com a passagem de frentes frias e costuma ocorrer nas madrugadas de noites frias, estreladas e calmas, com maior intensidade nos fundos de vales e regiões montanhosas e, menos intensamente, nas encostas mais ensolaradas.

No Brasil, a geada ocorre, principalmente, nos planaltos sulinos e nas áreas montanhosas da região Sudeste.


Principais Efeitos Adversos

Com a baixa temperatura forma-se e geada, provocando o congelamento da seiva das plantas, podendo causar grandes prejuízos às culturas perenes e às culturas de inverno, plantadas nas regiões com climas subtropicais de altitude.

No Brasil, os maiores prejuízos ocorrem com as plantações de café, de frutas cítricas e demais frutas de clima temperado e produtos hortigranjeiros.


Monitorização, Alerta e Alarme

Em seus boletins diários, os serviços meteorológicos informam sobre a provável ocorrência de geadas nas áreas sujeitas ao fenômeno.


Medidas Preventivas

A redução das vulnerabilidades às geadas depende, fundamentalmente, de medidas não-estruturais.

O seguro agrícola é a principal forma de reduzir os possíveis prejuízos dos agricultores.

A seleção de culturas resistentes às geadas, o racional zoneamento das culturas e as técnicas de cultivo adensado contribuem para a redução das vulnerabilidades.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Ondas de Calor CODAR: NET.TOC/ CODAR: 12.207


 7 - Ondas de Calor

CODAR: NET.TOC/ CODAR: 12.207


Caracterização

As ondas de calor originam-se quando frentes de alta pressão, formadas em regiões quentes, áridas ou semi-áridas, deslocam-se, invadindo regiões de climas mais amenos, onde se estabilizam por alguns dias.


Ocorrência

O fenômeno adverso ocorre anualmente nos países do sul da Europa, como Grécia, Itália, Espanha, França e outros. Também, nos Estados Unidos da América do Norte, o fenômeno provoca intensos danos pessoais. No verão de 1995, nas cidades de Chicago, Nova Iorque, Filadélfia e em cidades dos Estados da Geórgia e do Kansas, morreram mais de 700 pessoas, em conseqüência da onda de calor.

O fenômeno ocorreu com maior intensidade em Chicago, onde a temperatura máxima atingiu 43°C, com uma umidade relativa do ar de 90%, índice alto como o de uma cidade da Amazônia, região onde chove todos os dias. Essa taxa de umidade dificulta a transpiração e potencializa os efeitos danosos do calor sobre o corpo humano.


Principais Efeitos Adversos

As ondas de calor podem incrementar a morbimortalidade dos grupos vulneráveis, especialmente crianças, idosos e pessoas portadoras de afecções cardiorrespiratórias importantes. 

Os estrangeiros, especialmente os turistas nórdicos, pouco adaptados às condições climáticas dos países mediterrâneos, são os mais susceptíveis ao fenômeno adverso.

Nessas condições, a queda sustentada da umidade atmosférica favorece a intensificação de incêndios florestais muito intensos, principalmente porque os reflorestamentos são feitos com coníferas, altamente combustíveis.

Como a população brasileira é bem adaptada ao calor, embora registre a sensação de desconforto térmico, não está sujeita aos mesmos danos que as populações não adaptadas.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Ventos Quentes e Secos CODAR: NE.TVQ/ CODAR: 12.208 Caracterização


8 – Ventos Quentes e Secos
CODAR: NE.TVQ/ CODAR: 12.208


Caracterização

Tempestades de ventos quentes e abrasadores ocorrem em regiões áridas e desérticas, como as do deserto do Saara. Algumas vezes o fenômeno é tão intenso, que a poeira pode ultrapassar o Mediterrâneo e atingir os países do sul da Europa.

O viajante, surpreendido pelo fenômeno no interior do deserto, corre graves riscos.

Inúmeras expedições de conquistadores foram dizimadas pelo Simum ou Siroco, nome dado ao vento do deserto.

O nômade do deserto, quando surpreendido pelo Simum, faz ajoelhar seu camelo e o utiliza, como anteparo contra o vento. Com o albarnoz, improvisa um abrigo para proteger-se e também para proteger a cabeça de sua montaria, evitando a sufocação pela poeira. Depois aguarda, com estoicismo e resignação, que o vento se abrande, a fim do que possa retomar sua viagem.


Ocorrência

No Brasil, tempestades do ventos quentes e secos não são registradas e o fenômeno adverso não ocorre de forma aguda.


No entanto, durante a estação estival, o Nordeste e Centro-Oeste são constantemente percorridos por ventos cujas intensidades variam entre 7 e 30 km/h, correspondentes, na escala de Beaufort, aos números:

- 2 - brisa leve ou aragem

- 3 - vento fresco ou leve

- 4 - vento moderado


Principais Efeitos Adversos

Como nas citadas regiões são raros os proprietários que se preocupam em plantar pára-ventos, esses ventos constantes, além de provocarem erosão eólica, contribuem para aumentar a evapotranspiração e para ressecar as passagens.

Esse desastre crônico, em termos econômicos, é muito mais importante que o Simum.


Anualmente, no Brasil, produz prejuízos financeiros superiores a US$ 2 bilhões, ao se computar:

- a perda de peso do gado de corte;

- o atraso na idade de abate de dois para quatro anos;

- a redução da produção leiteira no período de entressafra;

- o aumento dos índices do morbimortalidade, provocados pelas desnutrição dos animais.

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM O INCREMENTO DA PRECIPITAÇÕES HÍDRICAS E COM AS INUNDAÇÕES CODAR: NE.TOC/ CODAR: 12.207


TITULO 3 – DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM O INCREMENTO DA PRECIPITAÇÕES HÍDRICAS E COM AS INUNDAÇÕES

CODAR: NE.TOC/ CODAR: 12.207

Caracterização

As inundações podem ser definidas como um transbordamento de água proveniente de rios, lagos e açudes.

As inundações podem ser classificadas em função da magnitude e da evolução.


Em função da magnitude, as inundações, através de dados comparativos de longo, prazo, são classificadas em:

- inundações excepcionais;

- inundações de grande magnitude;

- inundações normais ou regulares;

- inundações de pequena magnitude.


Em função da evolução, as inundações são classificadas em:

- enchentes ou inundações graduais;

- enxurradas ou inundações bruscas;

- alagamentos;

- inundações litorâneas provocadas pela brusca invasão do mar Causas.

As inundações têm como causa a precipitação anormal de água que, ao transbordar dos leitos dos rios, lagos, canais e áreas represadas, invade os terrenos adjacentes, provocando danos.


O incremento dos caudais superficiais, na maioria das vezes, é provocado por precipitações pluviométricas intensas e concentradas, mas, também, pode ter outras causas imediatas e/ou concorrentes, como:

- degelo;

- elevação dos leitos dos rios por assoreamento;

- redução da capacidade de infiltração do solo, causada por ressecamento, compactação e/ou impermeabilização;

- saturação do lençol freático por antecedentes próximos, de precipitações continuadas;

- erupções vulcânicas em áreas de nevados;

- combinação de precipitações concentradas com períodos de marés muito elevadas;

- invasão de terrenos deprimidos e dos leitos dos rios em áreas de rebaixamento geológico, por maremotos ou ressacas intensas;

- rompimento de barragens construídas com tecnologia inadequada;

- drenagem deficiente de terrenos situados a montante de aterros, em estradas que cortem transversalmente vales de riachos;

- estrangulamento de leitos de rios, provocado por desmoronamentos causados por terremotos ou deslizamentos relacionados com intemperismo.


Ocorrência

As inundações ocorrem em todos os continentes e em regiões com todos os padrões de clima, inclusive regiões áridas e semi-áridas, quando recebem chuvas concentradas.


Principais Efeitos Adversos

Normalmente, as inundações provocam grandes danos materiais e, dependendo de sua violência, graves danos humanos.

Quando extensas, as inundações destroem ou danificam plantações e exigem um grande esforço para garantir o salvamento de animais, especialmente bovinos, ovinos e caprinos.

Em áreas densamente habitadas, podem danificar ou destruir habitações mal localizadas e pouco sólidas, bem como danificar móveis e outros utensílios domésticos.

O desastre prejudica a atuação dos serviços essenciais, especialmente os relacionados com a distribuição de energia elétrica e com o saneamento básico, principalmente distribuição de água potável, disposição de águas servidas e de dejetos e coleta do lixo.

Normalmente, o fluxo dos transportes e das comunicações telefônicas é prejudicado.

O alagamento de silos e armazéns causa danos às reservas de alimentos estocados.

As inundações também contribuem para intensificar a ocorrência de acidentes ofídicos e aumentar o risco de transmissão de doenças veiculadas pela água e pelos alimentos, por ratos (leptospirose), assim como a ocorrência de infecções respiratórias agudas (IRA).


Monitorizarão, Alerta e Alarme

A permanente monitorizarão dos níveis dos rios e a medição de seus caudais, bem como a monitorizarão da evolução diária das condições meteorológicas permitem antecipar as variáveis climatológicas responsáveis pela ocorrência de inundações.

No Brasil, a Divisão de Controle de Recursos Hídricos, do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE - é responsável pela manutenção e operacionalização de extensa rede de estações pluviométricas, responsáveis pelo acompanhamento diário dessas variáveis.


As principais variáveis observadas e registradas diariamente são:

- fluviométricas e/ou fluviográficas;

- climatológicas, relacionadas com a pluviometria e evaporimetria;

- medição do caudal e descarga diária;

- sedimentométricas;

- de controle de qualidade da água.


Segundo dados de 1944 e de anos anteriores, os estudos são realizados nas seguintes bacias da rede fluvial brasileira:

1 - Bacia do Rio Amazonas;

2- Bacia do Rio Tocantins;

3- Bacia do Atlântico - Norte e Nordeste;

4- Bacia do Rio São Francisco;

5- Bacia do Atlântico - Leste;

6- Bacia do Rio Paraná;

7- Bacia do Rio Uruguai;

8- Bacias do Atlântico - Sul e Sudeste.


Semanalmente, o DNAEE encaminha à Defesa Civil relatórios pormenorizando as medições diárias realizadas por suas estações, em todas as bacias citadas. Nos períodos de maior risco de enchentes, as informações são diárias.

As variáveis são relacionadas com a média de longo período mensal (MLPM) e com cotas de alerta.

A monitorizarão das inundações bruscas ou enxurradas é facilitada pela operação dos radares meteorológicos, que têm condições de antecipar a quantidade de chuva que vai cair numa determinada região, com razoável nível de precisão.


Medidas Preventivas


1 - Previsão de Inundações

A estrutura de um sistema de previsão de inundações é de capital importancia para a redução da vulnerabilidade ao fenômeno.


2 - Zoneamento

Dentre as medidas não-estruturais, a definição e o mapeamento das áreas de risco e o conseqüente zoneamento urbano, periurbano e rural facilitam o correto aproveitamento do espaço geográfico e permitem uma definição precisa das áreas:

- non aedificandi;

- aedificandi com restrições;

- aedificandi sem outras restrições, que não as impostas pelo código de obras local.


3 - Construção de Habitações Diferenciadas

Nas áreas aedificandi com restrições, às quais correspondem os locais atingidos pelo alagamento, mas onde as águas fluem sem impetuosidade, podem ser construídas habitações sobre pilotis ou com sótãos habitáveis, mediante adaptações pré-planejadas.


4 - Projetos Comunitários de Manejo Integrado de Microbacias

Microbacias bem manejadas preservam a flora e a fauna silvestres, garantem a biodiversidade, facilitam o controle de pragas e reduzem as inundações e as secas ou estiagens.


A reunião de microbacias corretamente manejadas:

- preserva o solo;

- protege as culturas;

- melhora o metabolismo das águas;

- permite o pleno aproveitamento das obras de contenção e de perenização.

Encostas reflorestadas protegem o solo, aumentam a infiltração das águas e a alimentação dos lençóis freáticos, reduzindo as enxurradas.

O terraceamento e o desenvolvimento de culturas em harmonia com as curvas de nível evitam a erosão, o assoreamento dos rios, aumentam a infiltração das águas e a alimentação do lençol freático, reduzem as enxurradas e, a longo prazo, melhoram a qualidade do solo agricultável.

Matas ciliares reduzem o assoreamento, a evaporação e as enxurradas, além de protegerem as nascentes e conservarem as essências vegetais nativas e a fauna local.

A rotação racional das culturas, a adubação orgânica, a cobertura do solo com palhadas e o plantio direto conservam a umidade, aumentam a infiltração, reduzem a erosão, o assoreamento e as enxurradas, aumentam a humificação e melhoram a saúde do solo.

A construção de bacias de captação, às margens das estradas vicinais, além de preservá-las, contribuem para ampliar a infiltração e a alimentação do freático e reduzir as enxurradas.


5 - Obras de Perenização e de Controle das Enchentes

O manejo racional do sistema de represas de uma bacia permite, através do controle dos deflúvios, nos diversos níveis do falI-line, reduzir a intensidade das inundações e garantir a perenização dos aproveitamentos.

A construção de canais extravasores e a interligação de bacias, com transposição de deflúvios, facilita o controle integrado das inundações e garante a perenização de caudais, por ocasião de estiagens prolongadas.


6 - Barragens Reguladoras

Dentre as obras de redução de riscos de inundações, as mais efetivas são as barragens reguladoras, como:

- Três Marias, no rio São Francisco;

- Furnas, no rio Grande;

- Emborcação, no rio Paranaíba;

- Boa Esperança, no rio Parnaíba;

- Castanhão, a ser construída no rio Jaguaribe.


Ao regularem os deflúvios das grandes bacias, essas barragens contribuem para:

- controlar os escoamentos ao longo das calhas dos rios e reduzir a magnitude das inundações a jusante das mesmas;

- reduzir os custos das barragens construídas a jusante e otimizar as condições de geração de energia elétrica, reduzindo os custos de produção.


Naqueles casos em que a quase totalidade dos desnivelamentos dos rios é aproveitada, por intermédio de sistemas lineares de barragens (fall-line), como já acontece na bacia do rio Paraná, especialmente no Estado de São Paulo e no sul dos Estados de Minas Gerais e de Goiás, o nível dos rios é controlado em função das vazões regularizadas das represas, programadas e controladas por sistemas integrados de computadores.


7 - Obras de Desenrocamento, Desassoreamento e de Canalização

Essas obras são especialmente indicadas nas inundações por alagamento, nas quais o acúmulo de água depende muito mais de deficiências nos sistemas de drenagem, a jusante da área inundada, do que da intensidade das precipitações.

As obras de desassoreamento ou de dragagem contribuem para aprofundar as calhas dos rios, aumentar a velocidade dos fluxos e reduzir a magnitude das cheias.

As obras de desenrocamento (retirada de rochas) produzem os mesmos resultados das obras de desassoreamento e contribuem para reduzir os regimes turbilhonares de escoamento, os quais, quando intensos, produzem alterações nas margens (desbarrancamentos) e nos fundos dos rios.


As obras de canalização podem ser desenvolvidas:

- ao longo do trajeto dos rios, com o objetivo de regularizar o desenho dos mesmos;

- para derivar deflúvios excedentes, diretamente para o mar ou para outras bacias mais carentes de recursos hídricos.


8 - Canais de Derivação e de lnterligação de Bacias

Os canais de derivação podem ser construídos com o objetivo de:

- derivar parte do fluxo em direção ao mar, aliviando o leito principal do rio, dos deflúvios excedentes,

derivar os deflúvios excedentes de uma bacia para outra, onde os recursos hídricos são carentes.

Nessas condições, os canais de derivação funcionam como obras de controle, tanto de inundações como de secas.


Os canais de derivação são especialmente indicados quando se diagnostica uma evidente desproporção entre:

- as possibilidades de captação das bacias hidrográficas de drenagem - BHD;

- a capacidade de escoamento das calhas dos rios, a jusante do ponto considerado.

Nessas circunstâncias, a construção de canais de derivação permite otimizar as condições de escoamento e restabelecer o equilíbrio dinâmico entre captação e drenagem.

Na maioria das vezes, a desproporção entre a captação da BHD e a capacidade de escoamento da calha dos rios depende de condições relacionadas com a evolução da geomorfologia da área em estudo. No Brasil, muitas vezes esta desproporção é provocada pela captura, em períodos geológicos anteriores, de um determinado rio ou afluente, por um outro rio, durante o seu crescimento em direção a montante.

Um bom exemplo de captura ocorreu na bacia do rio ltajaí-Açu. Há evidências de que o rio Itajaí do Norte foi primitivamente um afluente do rio lguaçu, o qual foi capturado pelo crescimento, em direção a montante, da bacia do atual ltajaí-Açu.

Nesse caso especifico, a construção de um canal de derivação, na planície litorânea, ao otimizar as condições de drenagem, pode contribuir para reduzir a magnitude das cheias que afetam as cidades ribeirinhas.

Também no rio São Francisco, existe uma evidente desproporção entre a capacidade de captação de BHD ao Alto e Médio São Francisco, quando comparadas com as possibilidades de escoamento da calha do Baixo São Francisco, depois que o rio inflete para leste e sudeste.

É muito provável que o rio primitivo drenava em direção ao norte, desembocando no antigo mar Siluriano, que deu origem à bacia sedimentar do Parnaíba. É possível que, num determinado período geológico, esse rio tenha sido capturado pelo braço principal do primitivo rio do Pontal e, em conseqüência, tenha mudado de curso.


Caso essa teoria esteja correta, a abertura de um canal de derivação (Cabrobó-Jati) unindo a bacia do rio São Francisco com a do Jaguaribe, por intermédio do Salgado com ramais de interligação para os rios Piranhas, Apodi, Pajeú, Terra Nova e Brígida, além de restabelecer parte do sistema de drenagem primitivo, contribuiria para:

- reduzir a magnitude das cheias do Baixo São Francisco;

- perenizar rios intermitentes na área com as maiores carências hídricas de todo o semi-árido.


9 - Diques de Proteção

A construção de diques de proteção só é realmente efetiva quando as áreas das planícies subjacentes não se encontram em nível sensivelmente inferior ao das médias de cotas máximas das cheias anuais.

Necessariamente, os diques de proteção devem ser complementados com a instalação de potentes bombas de recalque e, sempre que possível, com ações de desassoreamento da calha principal.


10 - Medidas para Otimizar a Alimentação do Lençol Freático

As enxurradas ou inundações relâmpago, freqüentes nos pequenos rios de planalto, que apresentam grandes variações de deflúvios, após poucas horas de chuvas concentradas, são minimizadas por minuciosos trabalhos de planejamento e gestão integrada das microbacias.

Todas as medidas que contribuem para reduzir o volume de sedimentos transportados pelos cursos de água, diminuem o processo de assoreamento dos rios e a magnitude das cheias.

Da mesma forma, a alimentação regularizada das calhas dos rios pelos lençóis freáticos marginais e de fundos de vale, ao permitir uma melhor distribuição espacial da água, contribui para horizontalizar a curva de acumulação e de depleção hidrográfica.


Por esse motivo, as atividades de manejo integrado das microbacias contribuem para minimizar:

- as secas;

- as inundações relâmpago ou enxurradas;

- os processos erosivos.


Dentre as Técnicas de Manejo Integrado de Microbacias, destacam-se:

- O florestamento e o reflorestamento de áreas de preservação e de proteção ambiental, em encostas íngremes, cumeadas de morros, matas ciliares e matas de proteção de mananciais.

- O cultivo em harmonia com as curvas de nível e a utilização de técnicas de terraceamento. Os sulcos, quando abertos em sentido perpendicular ao do escoamento das águas, contribuem para reter a água e para reduzir a erosão.

- Sempre que possível, deve-se roçar e não capinar as entrelinhas das culturas. Os restos da capina, ao permanecerem sobre o solo, contribuem para reduzir a erosão, reter a umidade e diminuir o aquecimento das camadas superficiais do solo.

- O plantio de quebra-ventos, em sentido perpendicular ao dos ventos dominantes, reduz a erosão eólica e a evapotranspiração.

- A adubação orgânica, mediante a utilização de técnicas de compostagem, permite a utilização de esterco, lixo orgânico e palhada, devidamente curtidos, com o objetivo de aumentar a fertilidade e a saúde do solo humificado, e contribui para otimizar a infiltração da água.

- A incorporação ao solo dos restos de cultura, mediante técnicas de plantio direto, e a utilização da água reduzem a erosão, diminuem a insolação direta do solo e a evaporação da água e preservam a umidade.

- A rotação de culturas, além de facilitar o plantio direto, contribui para evitar a especialização das pragas, ao reduzir a oferta regular de um determinado padrão de substrato alimentar.

- O adensamento das culturas, pela redução do espaçamento, permite uma maior concentração das plantas por umidade de área e diminui a exposição do solo à insolação direta e reduz os processos erosivos.

- A utilização de culturas intercalares, plantando leguminosas como feijão, soja ou ervilha entre as fileiras de cereais, como milho, sorgo ou cana, ou de tubérculos como batata-doce, diminui os fenômenos erosivos e a evapotranspiração e aumenta a fixação de nitrogênio no solo, por intermédio dos rizóbios que se desenvolvem em regime simbiótico, nas raízes das leguminosas.