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28 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - TITULO III – DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A GEOMORFOLOGIA, O INTEMPERISMO, A EROSÃO E A ACOMODAÇÃO DO SOLO


TITULO III – DESASTRES NATURAIS RELACIONADOS COM A GEOMORFOLOGIA, O INTEMPERISMO, A EROSÃO E A ACOMODAÇÃO DO SOLO

CODAR: NI.G/ CODAR: 13.3

Introdução

Os processos geológicos que regem a dinâmica da crosta e promovem as mudanças do releva são classificados em dois grandes grupos, que atuam em permanente interação.

O primeiro grupo relaciona-se mais diretamente com a geodinâmica terrestre interna, e a energia necessária ao desenvolvimento e sustentação dos fenômenos provém do elevadíssimo calar acumulado nas camadas profundas da Terra.


Esses processos geológicos relacionam-se com:

- o tectonismo;

- a atividade ígnea;

- o metamorfismo.

O segundo grupo depende da atuação sobre o relevo terrestre, de forças relacionadas com a geodinâmica terrestre externa, e a energia necessária ao desenvolvimento a sustentação dos fenômenos provém das radiações solares.


Esses processos geológicos relacionam-se com:

- o intemperismo;

- a erosão e o transporte de substratos;

- a sedimentação.


De uma forma genérica, conclui-se que, no metabolismo do globo terrestre, as atividades:

- anabólicas, relacionadas com a gênese e com a transformação do relevo, dependem da energia acumulada no interior da Terra;

- catabólicas, relacionadas com a gradual destruição e modelagem do relevo, dependem da energia calórica produzida pelo Sol e transportada até a Terra por suas irradiações.



Tectonismo e Atividades Ígneas

Quando da apresentação dos terremotos, maremotos e das erupções vulcânicas, foram abordados assuntos relativos:

- ao tectonismo, a propósito da apresentação das teorias relativas ao movimento das placas tectônicas, ao crescimento da superfície do fundo dos oceanos e á deriva continental;

- às atividades ígneas, quando do estudo das erupções vulcânicas.


Metamorfismo

Os fenômenos metamórficos relacionam-se com a transformação da estrutura inicial das rochas e com a recristalização total ou parcial das mesmas, sob a ação de forças físicas, como a elevação da pressão e da temperatura, normalmente associadas á ação dos gases e do vapor d’água.


As rochas metamórficas, resultantes desses processos, podem ser:

- ortometamórficas, quando provenientes de rochas magmáticas;

- parametamórficas, quando provenientes de rochas sedimentares.


Intemperismo

O intemperismo compreende o conjunto de fatores físicos, químicos e biológicos que, atuando sobre as rochas, provocam a desintegração e a decomposição das mesmas.

As variações de temperatura são extremamente importantes, por provocarem a alternância de contrações e dilatações nas rochas, facilitando o aparecimento de planos de clivagem.

De um modo geral, o intemperismo químico é muito intensificado nos climas tropicais úmidos dominantes no Brasil.


 Erosão

Através da erosão, o material resultante da decomposição das rochas é desagregado e carreado para outras áreas. A erosão pode ser de natureza eólica, hídrica ou glacial.

No Brasil, a erosão hídrica é a mais importante na modelagem de nossas paisagens. Existem numerosos testemunhos de erosão eólica, a exemplo dos Lençóis Maranhenses, arenitos de Vila Velha, no Paraná, e arenitos de Paraúna, em Goiás.

Os testemunhos de erosão glacial no Brasil concentram-se, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste, como os varvitos comuns na região de tu, em São Paulo.


A erosão eólica é produzida pelos ventos, distinguindo-se:

- a deflação, processo de remoção e transporte de resíduos soltos de rochas;

- a corrosão, processo de desgaste das rochas provocado pelo atrito de partículas transportadas pelo vento.


Dentre as formas mais importantes de erosão hídrica existentes no Pais, destacam-se:

- a erosão laminar;

- a erosão em sulcos e ravinas;

- as boçorocas ou voçorocas;

- a erosão fluvial;

- a erosão marinha;

- a erosão subterrânea.


Sedimentação

A sedimentação é caracterizada pela deposição do material sob a forma sólida, após ter sido carreado por meio aéreo ou aquoso. O processo inicia-se quando:

- a força transportadora é sobrepujada pela força da gravidade;

- o meio transportador (água) torna-se supersaturado por um de seus solutos;

- ocorre uma modificação importante na estrutura de sedimentos de origem
orgânica.

A somação dos processos relacionados com o intemperismo, a erosão e a sedimentação tende, a longo prazo, a abrandar o relevo. Em se tratando de processos naturais, não podem ser impedidos pelo homem que, no entanto, pode contribuir para minimizá-los ou acelerá-los.

Os desastres relacionados com o intemperismo. a erosão e com a acomodação do solo são bastante freqüentes no Brasil, produzem anualmente intensos danos materiais e ambientais e importantes prejuízos sociais e econômicos.


Na grande maioria das vezes, esses desastres relacionam-se com a dinâmica das encostas e são regidos por:

- movimentos gravitacionais de massa;

- processos de transporte de massas.


Os movimentos gravitacionais de massas são genericamente subdivididos nas seguintes categorias principais:

- escorregamentos ou deslizamentos de solo;

- corridas de massa;

- rastejos;

- quedas, tombamentos e/ou rolamentos de rochas e/ou matacões.


Os processos de transporte de massas são genericamente subdivididos nas seguintes categorias principais:

- erosão laminar;

- erosão em sulcos ou ravinas;
- boçorocas;

- erosão fluvial, desbarrancamentos ou fenômenos de terras caídas;
- erosão marinha;

- erosão subterrânea, uma das causas da subsidência do solo.

Os desastres relacionados a esses conjuntos podem ocorrer em áreas urbanas densamente ocupados ou em áreas rurais.


Em Áreas Urbanas

Os movimentos gravitacionais de massa ocorrem com relativa freqüência em áreas de encostas desestabilizadas por ações antrópicas, provocando graves desastres, que costumam ocorrer de forma súbita. Dessa forma, esses desastres têm componentes de desastres mistos e assumem características de desastres de evolução aguda.

Por ocorrerem em épocas de chuvas intensas e concentradas e se distribuírem por numerosas cidades brasileiras, esses desastres assumem características nitidamente sazonais e, quando computados os danos anuais, distribuídos pelas diferentes cidades, assumem proporções de um imenso desastre nacional por somação de efeitos pardais.

Os movimentos gravitacionais de massa provocam, também, danos graves ás vias de transporte rodoviário e ferroviário.


Em Áreas Rurais

Os processos de transporte de massa são causas de desastres dominantemente rurais e assumem caráter insidioso de desenvolvimento gradual e de agravamento progressivo.

Anualmente, a erosão provoca a perda de um imenso patrimônio nacional, representado pelo solo agricultável. A estimativa de perda anual corresponde a um bilhão de metros cúbicos.


A perda de solo agricultável representa:

- a redução da fertilidade natural;

- a redução da produtividade agrícola;

- o incremento do consumo de fertilizantes químicos;

- o encarecimento da produção agropecuária

- o assoreamento e a poluição de rios, lagos e açudes.

Para melhor entender esses desastres, é importante o conhecimento de alguns conceitos relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, a erosão e a acomodação do solo.


1 - Solo

A crosta terrestre é constituída por rochas e solos. Em regiões tropicais, o cima quente e úmido, ao favorecer o intemperismo, intensifica os processos de decomposição das rochas, dando origem a um manto de alterações, cujo produto final é o solo.

Como resultado do processo de formação, o manto de alterações apresenta uma série de camadas superpostas ou horizontes, distribuídas em sentido aproximadamente paralelo ao da superfície do terreno. Essas camadas apresentam distintos comportamentos geotécnicos, relacionados com resistência, plasticidade, erodibilidade e outras características.

A passagem de um horizonte para outro pode ser de forma brusca ou gradual. Nem sempre todas as camadas estão presentes na totalidade do substrato de uma encosta.

As diversas camadas que caracterizam o perfil do solo são designadas, a partir da superfície, como horizontes A, B, C e D


2 - Horizonte “A”

Denominado horizonte eluvial, está sujeito à ação direta do intemperismo, constituindo-se na camada mais intensamente alterada. Normalmente apresenta consistência fofa e porosa e, no caso dos solos ácidos, as cores variam entre o amarelo e o vermelho, em função da maior concentração de óxidos de alumínio ou de ferro.

Formada a partir de alterações das rochas locais, pode receber material carreado de montante em função da ação da força da gravidade.


3 - Horizonte “B”

Camada subjacente à superfície, denomina-se, também, horizonte eluvial.

Caracteriza-se pela concentração de argilas, sesquióxidos e/ou carbonatos. ~ a área de concentração e precipitação dos sesquióxidos de ferro e de alumínio, nos dumas úmidos, e dos carbonatos, nos dumas áridos.

Concentra, também, sais resultantes das atividades de lixiviação, normalmente descendentes nos dumas úmidos e ascendentes, nos dumas áridos, o que facilita a salinização.

Suas propriedades texturais e estruturais relacionam-se com as rochas-matrizes, que lhe dão origem.


4 - Horizonte “C”

Camada de transição entre a rocha-matriz e os horizontes sobrejacentes. Tem características de rochas alteradas e fraturadas, apresentando um comportamento geotécnico intermediário entre a rocha e o solo. Os fragmentos de rochas são denominados saprófitos.


5 - Horizonte “D”

Camada mais profunda do manto de alterações; corresponde ao substrato rochoso inalterado. Apresenta uma consistência superior á das unidades sobrejacentes.

Como pode apresentar planos de divagam e áreas de fratura, é necessário caracterizar sua continuidade e solidez, antes de utilizar as rochas para fixar alicerces ou cabos de cortinas atirantadas.


6 - Encosta

É toda a superfície natural inclinada em declive, que une duas superfícies caracterizadas por diferentes potenciais de energia gravitacional. Nessas condições, se estabelece um gradiente de gravidade entre o plano mais elevado e o mais baixo.

O comportamento de uma encosta, além de depender de sua forma geométrica, é regulado pelos tipos de terreno que a constituem e pelo ambiente fisiográfico global, como clima e cobertura vegetal.


7 - Perfil da Encosta

Caracteriza a variação da declividade ao longo do desenvolvimento da encosta.

Existem perfis retilíneos, côncavos e convexos.

Nas encostas de perfil retilíneo, a declividade se mantém constante; nas encostas de perfis convexos, a declividade, que inicialmente é forte, tende a abrandar-se e, nas encostas de perfis côncavos, ocorre o contrário.


8 - Tipificação dos Relevos

Os relevos com encostas são classificados em:

- morros, quando apresentam amplitude variável entre 100 e 300m, com declividades superiores a 15%;

- relevo montanhoso, quando apresenta amplitude superior a 300m, com declividade superior a 15%,

- escarpas, quando apresentam amplitude superior a 100m e declividades superiores a 30%.


9 - Taludes Naturais

São encostas de maciços terrosos, rochosos ou mistos, geradas por agentes naturais, mesmo que tenham sofrido alterações antrópicas, como cortes, desmatamentos e introdução de novas cargas. O termo encosta á do vocabulário corrente dos geógrafos e utilizado em caracterizações regionais. O termo talude é do vocabulário corrente dos geotécnicos e utilizado nas descrições locais.


10 - Talude de Corte

É definido como um talude natural ou encosta, agravado por trabalhos de escavação, realizados pelo homem.


11 - Talude de Aterro

É definido como o talude ou encosta resultante de trabalhos de aterro realizados pelo homem, utilizando materiais como argila, silte, areia, cascalho e rejeitos industriais ou de mineração.


12 - Inclinação

É o ângulo formado pela interseção do plano médio da encosta com o plano horizontal; medido a partir da base.


13 - Declividade

Caracteriza o ângulo de inclinação, definido em uma relação percentual entre o desnível vertical “H” e o componente horizontal “L” da encosta, de acordo com a fórmula:
D = H/L X 100


14 - Tálus

São depósitos de solos e de fragmentos de rochas de dimensões variadas, formadas pelo acúmulo de material escorregado de porções mais elevadas das encostas. Apresentam grande heterogeneidade textural e podem ocupar a parte basal das encostas e as porções das mesmas, onde a declividade é suavizada.

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