2) Estudo da Classe das Aves
A
fauna brasileira é, sem nenhuma dúvida, a mais rica em aves de todo o mundo.
Este imenso patrimônio ecológico precisa ser preservado e enriquecido, a
qualquer custo.
Colimbídeos da Família Podicipedidae
Esta
família é representada pelo mergulhão-pequeno (Pohiocephalus dominicus
speciosa), que ocorre ao longo do litoral atlântico da América Meridional, da
Colômbia à Patagônia e o mergulhão (Colymbus chilensis) e são endêmicos da
província Guarani.
Pelicaniformes
Estas
aves aquáticas da família Pelecanidae caracterizam-se por apresentarem o bico
largo, o corpo forte, o pescoço longo e dotado de uma bolsa membranácea. No
Brasil ocorrem as seguintes aves desta família: os biguás-tingas (Anhuga
anhuga) e os atobâs (Sula leucogaster).
Ciconiformes
As
aves desta superfamília normalmente são de grande porte, possuem pescoços e
pernas longas, que são estendidas horizontalmente durante o vôo, e asas
medianas. Vivem em locais de águas rasas e alimentam-se de peixes, moluscos,
crustáceos e vermes aquáticos.
No Brasil proliferam numerosas
espécies de aves desta família, com destaque para:
as
garças-brancas-grandes (Casmerodius albus egretta); as garças-brancas-pequenas
(Leucophyx thula), que são mais abundantes nos países do litoral do Pacífico;
os flamingos (Phoenicapterus ruber L.), que ocorrem no estuário do Amazonas; a
bela cauanã (Enxenura galeata) de cor branca, ramagens pretas e pernas
vermelhas; o Tuiuíú (Jabiru mycteria) que ocorre do México ao Norte da Argentina
e abunda no Pantanal Mato-grossense e o Maguari ou socó-grande (Ardea cocoi),
muito abundante no Pantanal Mato-grossense.
Anseriformes
Pertencem
a esta ordem os patos, gansos, cisnes e marrecos, o chamado patobravo ou
pato-crioulo (Cairina moschata), que ocorre como animal silvestre nas águas
interiores da região neotrópica do México até a Argentina, deu origem à criação
dos chamados patos domésticos. Das sete espécies de cisnes, somente o
cisne-de-pescoço-preto (Cygnus melanochoriphus) ocorre na América Meridional,
entre São Paulo e a Patagônia. O irerê (Dendrocygna viduata L.), também chamado
de marreca-viúva ou marreca-assobiadeira, é amplamente difundido na América
Meridional e na África. A anhuma (Anhuma comuta L.) ocorre principalmente nos banhados
da província Guarani.
Falconiformes
Estas aves predadoras e carniceiras
são representadas no Brasil pelo:
- Carcará ou carancho (Polyborus plancus
brasiliensis) ocorre em toda a região cisandina da América do Sul e, em
especial, na província Cariri-bororó.
- Gavião-Pomba, designação comum dada a várias
espécies de gaviões do gênero Leucopternis que, durante o vôo, se assemelha às
pombas.
- Gavião-Tesoura, também chamado de
gavião-das-taperas ou tesourão, em função de sua cauda bifurcada, (Elanoides
forficatus yetapa).
- Gavião-Vaqueiro (Leucoptemnis kuhli) que são
abundantes no noroeste do Brasil.
- Urubu (Coragyps atatus foetus), e
urubu-da-cabeça-vermelha (Cathartes aura ruficolhis spix) são aves carniceiras
autóctones da América do Sul e que desempenham um importante papel na
reciclagem do lixo orgânico das cidades.
Galiformes
As
aves desta ordem, caracterizadas por apresentarem bicos curtos, corpos
desenvolvidos, patas fortes e asas arredondadas são de grande importância
econômica, em virtude de algumas das espécies deste grupo, como as galinhas, os
perus, os pavões e os faisões, terem sido domesticadas. Embora nenhuma das aves
citadas sejam autóctones do Brasil, a avicultura brasileira é vitoriosa e o
Brasil é o segundo maior produtor de frangos de corte do mundo e o quinto maior
produtor de ovos.
Dentre as espécies silvestres
autóctones no Brasil, há que destacar:
- Os mutum do gênero crax, como o mutum-açu
(Crax globulosa spix) e o mutumporonga (Crax nigra L.), e do gênero mitu, como
o mutum-cavalo (mitu-mitu), todos de carne deliciosa e que podem ser criados em
cativeiro;
- Os jacamins, compreendendo várias espécies do
gênero Psophias;
- Os jacus (Penélope Jacguaçu jacguaçu), a
jacutinga (Pipile gray) e a cigana (Opisthocomus hoazin).
Gruiformes
As
aves deste grupo podem ser aquáticas ou terrestres e se caracterizam por
apresentar bicos longos, normalmente encurvados e delgados, asas curtas e
pernas longas e finas, com dedos longos, finos e espalhados.
Os
gruiformes são abundantes no Brasil, especialmente na província Guarani, onde
ocorrem: a saracura-três-potes ou saracura-do-banhado (ramis cajanea cajanea);
o frangod’água-azul (Porphyrula martinica) e a galinhola ou frango d’água
(Gaíhínula chloropus galeata).
Caradriiformes
Estas
aves marinhas ou de água-doce buscam sua alimentação nas areias das praias, nos
mangues e nas margens rasas de rios e lagos.
Na
grande maioria dos casos, estas aves são migratórias. No Brasil, este grupo é
representado pelas: gaivotas comuns (Larux rnaculipennis); narcejas (Capella
paraguaiae); jaçanã (Jacana spinosa jacana) e os maçaricos que é uma designação
genérica que se aplica a aves de bicos recurvos dos gêneros Capella, Arenária e
Charadus e que são frequentemente encontradas nas praias, mangues e lagoas de
águas rasas da América do Sul. O quero-quero (Chilensis cayennensis) também pertence
a este grupo.
Columbiforme
Os
pombos domésticos foram levados pelo homem, para todos os continentes.
No
Brasil, além dos numerosos pombos domésticos, que acabaram se naturalizando no
País, ocorrem as seguintes espécies silvestres, todas facilmente domesticáveis
e fáceis de criarem regime de semi-cativeiro: pomba legítima (Columba rufina)
de plumagem multicor e amplamente distribuída no Brasil; a asa-branca, ou
pomba-pedrês (Columba pícazura); a pequena pomba-rola, rolinha ou pirau
(Columba speciosa); a rola-vermelha (Leptotila rufaxilla); a rola-azul ou
juriti (Claravis pretiosa); a parai (Zenaida auriculata); a pomba-amargosa
(Columba plumbea) e a pomba-fogo-apagou (Scardafula squamata squamata).
Reiformes
A
única ave deste grupo que é autóctone da América do Sul a ema (Rhea americana americana) que ocorre
principalmente nas províncias Cariri-bororó, Guarani, nos Pampas Argentinos e
na Patagônia. Já se iniciaram as criações de Avestruzes em cativeiro e, mais
recentemente, iniciou-se a criação de emas em regime de cativeiro e de
semi-cativeiro. Cuculiformes.
Tanto
o anum-preto (Crothophaga ani L.) como o alma-de-gato, rabo-de-palha ou
anum-branco (Gaura gaura) pertencem a este grupo e estão difundidos
principalmente pelas províncias Guarani e Cariri-bororó.
Passeriformes
Esta
ordem, com quatro subordens, 69 famílias e mais de 5.000 espécies, inclui a
grande maioria das aves conhecidas e é fortemente representada no Brasil.
Embora,
na grande maioria das cidades brasileiras abundem os pardais, que são aves
naturalizadas que só foram introduzidas no País a partir de 1903, nenhum país
do mundo é tão rico em passarinhos como o Brasil. O pardal, oriundo da região
paleártica, no Brasil assumiu características de ave doméstica, nidifica nas
habitações humanas e não ocorre em áreas que não sejam habitadas pelo homem.
Dentre as espécies silvestres uma
atenção especial deve ser dada aos fringilídeos com destaque para:
- o curió, avinhado, bico-de-ferro ou papa-arroz
(Oryzoborus angolensis), amplamente distribuídos no Brasil e com justa
reputação de ave canora. Numerosos padrões destas aves vêm sendo criados em
cativeiro e selecionados como aves canoras, há várias gerações;
- o canário-da-terra (Sicalis flaveola), o
canário-do-campo (Emberizoides herbicola) e o canário-do-mato (Caryothraustes
canadenis brasilensis) são aves silvestres canoras amplamente difundidas no
Brasil, enquanto que o canário-doreino (Serinus canarius) é uma ave originária
das ilhas Canárias, Madeira e Açores que foi domesticada, a partir do século
XVI. No Brasil existem renomados criadores de canários-do-reino;
- o bicudo (Oryzoborus crassirostris), cujos
machos são de cor preta com espelhos brancos nas asas, enquanto que as fêmeas
são de tonalidade parda, amplamente difundidas no Brasil e muito apreciadas
como aves canoras.
- os azulões, tiatã ou guarundi-azul designam
vários passarinhos com penas de tonalidade azul, que ocorrem em todo o Brasil e
que pertencem aos gêneros Cyanocompsa Cab. e Cyanoloxia Bon. Os azulões têm
reputação de serem boas aves canoras.
- o coleirinha (Sporophila caerulescens) e a
patativa (Sporophlla plumbea) amplamente difundidas no Brasil, são aves canoras
de pequeno porte muito apreciadas pelos conhecedores.
- o tico-tico (Zonotrichia capensis) é um belo
passarinho de tonalidade parda, lavado em vermelho, pintado de preto no dorso e
com asas e cauda marginadas de vermelho. Esta ave alegre e saltitante,
amplamente difundida no Brasil, é também muito apreciada pelos conhecedores.
- os cardeais, acapitá, galo-de-campina são
belas aves do gênero Paroaria Bon, como as espécies P. coronata, P. dominicada
e P. gularis e que são normalmente brancas, porém com a cabeça e o mento
encarnados. Existem espécies com o corpo preto e cabeça encarnada. Estes
passarinhos, de porte médio, são amplamente difundidos no pais.
Outra
família importante no Brasil é a dos Turdídeos, conhecidos genericamente como
sabiás, que são aves frugívoras e insetívoras, de porte mediano e colorido
simples, normalmente cinzento-violáceo e reconhecidos em todo o país como bons
cantores.
Pertencem
à família dos turdídeos o: sabiá-branco (Turdus leocomelos); sabiácoleira
(Turdus albicollis), sabiá-da-lapa (Turdus crotopezus); sabiá-da-mata (Turdus
fumigatus); sabiá-ferreiro (Turdus subalaris); sabiá-laranjeira (Turdus
rufiventris); sabiá-pardo (Turdus amaurochalinus); sabiaúna (Platycichla
flavipes) do sul do Pais e que se destaca por sua bela coloração negra e é tido
com um dos melhores cantores da família dos turdídeos.
Nem
todos os sabiás são da família dos turdídeos, o sabiá-da-praia (Mimus gilvus
antelius) e o sabiá-do-campo (Mimus satumninus) pertencem à família dos
mimídeos.
Dentre as demais famílias dos passeriformes
cabe destacar as seguintes espécies, muito típicas do Brasil:
- O corrupião, concriz ou sofrê (Icterus
jamacali), amplamente difundido no Nordeste e no Meio-Norte do País, onde este
pássaro negro, de porte médio, com dorso e barriga pintados de vermelho e tons
alaranjados nas asas, é reputado como ave canora de elevada qualidade.
- O tangará, fandangueiro, dançarino ou uirapuru
se distingue por suas habilidades de bailarino, que exerce durante a corte à
fêmea. Esta denominação se aplica a várias espécies da família dos piprídeos.
- O joão-de-barro (Fumnarius rufus, F. leucopus,
E. minor) designa várias espécies do gênero fumnarius, que ocorrem no Brasil
Meridional e que se caracterizam pelas casas de barro que constroem.
Micropodiformes ou Apodiformes
Designação
comum às andorinhas e beija-flores, que se caracterizam por apresentarem bicos
delgados, muitas vezes longos e dotados de línguas tubulosas, pernas curtas e
asas pontudas.
As
andorinhas, da família dos hirundinideos alimentam-se exclusivamente de insetos
e apresentam 14 espécies no Brasil. Muitas destas espécies são migratórias e
voam desde o hemisfério norte para nidificarem no Brasil.
Os
beija-flores são da fam[lia dos troquilídeos e se caracterizam por seus vôos
muito velozes e por se alimentarem do néctar das flores e de insetos
minúsculos.
O
Brasil é sem sombra de dúvidas, o país que tem o maior número de espécies desta
família em todo o mundo.
Psitaciformes
O
Brasil também é o país do mundo mais rico em psitacídeos, que se caracterizam
por possuírem dois dedos voltados para a frente e dois dedos voltados para traz,
bicos fortes e serrilhados, permitindo que se alimentem de toda sorte de
frutas, sementes, coquilhos.
Pertencem
a esta família: as araras, os papagaios, as jandaias e os periquitos.
As
araras são as de maior porte e no Brasil existem numerosas espécies desta ave
distribuídas pelos gêneros Ara e Anadohynchus. Estas aves de grande porte se
caracterizam pela cauda longa e pelos bicos serrilhados extremamente fortes.
Os
papagaios compreendem 11 (onze) espécies brasileiras, todas do gênero Amazona,
são aves de porte médio, de coloração dominantemente verde e têm grande
facilidade para imitar o som da voz humana.
Também
são numerosas e diversificadas as espécies de jandaias, de maracanãs e de
periquitos dos gêneros Tíríca, Forpus, Broto geris e Aratinga.
Outras Famílias
São
importantes na fauna brasileira: os coraciformes, como matim-pescadorgrande
(Megaceryle torquata torquata) e o martim-pescador-pequeno (Chloroceryle
amazona); os piciformes, como o tucano (Ramphastos vitehinus) e o
pica-pau-branco (Leuconerpes candilus) e os tinamiformes, como o macuco
(Tinamus solitarius) e a perdiz (Rhynchotus
rufescens).
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