...AVISO AOS SEGUIDORES E VISITANTES DO MEU BLOGGER, AQUI NÃO HÁ RESTRIÇÃO ALGUMA NO QUE DIZ SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS IMAGENS OU POSTAGENS, SENDO DE LIVRE USO PARA CONCLUSÃO DE TESES, TCC, SALA DE AULA, PALESTRAS E OUTROS. Abração do Bombeiroswaldo...

26 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES HUMANOS - VOLUME II - MIGRAÇÕES INTENSAS E DESCONTROLADAS - CODAR – HS.CMD/CODAR – 22.204 - Caracterização - CAUSAS - Ocorrência - Migrações Externas — Processo de Miscigenação - Processo de Miscigenação - Migrações Internas - Principais Efeitos Adversos - Monitorização, Alerta e Alarme - Medidas de Prevenção e de Controle


MIGRAÇÕES INTENSAS E DESCONTROLADAS

CODAR – HS.CMD/CODAR – 22.204


1. Caracterização

As migrações ocorrem quando grupos populacionais se transferem de suas regiões de origem para outras regiões que apresentem condições mais promissoras, relacionadas com a sobrevivência, com a qualidade de vida e com expectativas de progresso individual e coletivo.

Os movimentos migratórios não são prerrogativas exclusivas da espécie humana e ocorrem também entre as espécies animais. Dentre todos os animais, as aves são as que apresentam o instinto migratório mais desenvolvido.

O nomadismo é tão antigo quanto a humanidade e foi mais intenso entre os povos primitivos, que sobreviviam da coleta, da caça e da pesca e, em épocas mais recentes, da criação de animais. 

O sedentarismo, ao contrário, é uma conquista recente da humanidade e teve início com o desenvolvimento da agricultura, a partir do Neolítico Superior, há aproximadamente 12 mil anos.


Quando ocorrem movimentos migratórios importantes:

-  as regiões que dão origem ao movimento são denominadas de irradiadoras ou dispersoras de imigrantes;

-  as regiões de destino são denominadas de receptoras ou concentradoras de imigrantes.


As migrações podem ser classificadas como:

-  externas, quando ocorrem de um país para outro;

-  internas, quando ocorrem dentro de um mesmo país.

No Brasil, que é um imenso país de dimensões continentais, ocorreram e ainda ocorrem migrações internas e externas.


As migrações internas podem ser classificadas como:

-  migrações inter-regionais, quando ocorrem de uma macrorregião geográfica, para outra;

-  migrações intra-regionais, quando ocorrem no âmbito de uma mesma macrorregião geográfica.


É muito importante caracterizar que as migrações só assumem características de desastres sociais, quando são intensas e descontroladas, ou quando causam danos e prejuízos à:

- região irradiadora, que pode ficar despovoada;

- região receptora, que pode ficar superpovoada;

- população deslocada, que tem dificuldades para se adaptar à nova cultura e à nova região geográfica.


2. Causas

Na raiz dos movimentos migratórios existe um impulso de boa fé e de esperança num futuro melhor, para o migrante e para sua descendência. Ninguém migra com o objetivo de gerar focos de tensões, em áreas pouco seguras.

De um modo geral, os estratos populacionais menos favorecidos e com baixas expectativas de qualidade de vida, na área irradiadora de imigrantes, participam do movimento em busca de pleno emprego, melhores condições de trabalho e de um melhor atendimento às suas necessidades básicas de sobrevivência.

Normalmente, nas regiões dispersoras ou irradiadoras de imigrantes existe um desequilíbrio entre o crescimento vegetativo da população e, conseqüentemente, da população economicamente ativa e as possibilidades efetivas das economias locais, para gerar empregos remunerados.

Outra causa importante de movimento migratório é a ausência ou deficiência de uma estrutura básica de prestação de serviços essenciais, relacionados com educação, saneamento básico, saúde pública, condições de moradia, sistemas de transportes coletivos e outros, nas regiões de origem.

No Brasil, desastres de evolução tórpida e crônica, como a Seca que assola o Nordeste, atuam como fatores desencadeantes de movimentos migratórios.

Também atuam como fatores focais de atração de emigrantes as expectativas de enriquecimento rápido, relacionadas com as zonas de garimpo ou de empregos públicos ou na construção civil, como ocorreu durante a construção de Brasília e, mais recentemente, de Palmas, Capital do Estado de Tocantins.


3. Ocorrência

Correntes migratórias ocorrem em todos os Continentes do Mundo e muitas regiões e países que, no passado funcionaram como dispersores de imigrantes, atualmente estão funcionando como focos de atração de emigrantes.

Estes casos estão ocorrendo tipicamente nos países da Europa Ocidental.

Outros países, como a Austrália e os Estudos Unidos da América do Norte, vêm mantendo, há quase 4 séculos, suas características de focos de recepção de emigrantes.

No caso do Brasil, há que considerar as migrações externas e as migrações internas.



1. Migrações Externas — Processo de Miscigenação

A população que hoje vive no Brasil é o resultado de um intenso processo de migração e de miscigenação.

As próprias populações indígenas existentes no Brasil, na época do descobrimento, estavam se desenvolvendo na América do Sul, em conseqüência de movimentos migratórios, relativamente recentes. 

Dentre as chamadas nações indígenas que habitavam o Brasil, o tronco mais antigo era constituído pelos Gês, que resultaram da miscigenação de povos paleolíticos, com povos que migraram numa época mais recente para América do Sul.


Em épocas mais recentes, ocorreram três grandes movimentos migratórios relacionados com a expansão de “grandes nações indígenas”:

-  Os Nu-Aruaques, primitivos povos subandinos, possivelmente pressionados por povos pré-incas, migraram em direção oeste-leste, ao longo do vale do Amazonas, atingindo a ilha de Marajó;

-  Os Tupis-Guaranis, oriundos dos altiplanos bolivianos, após avolumarem suas populações no Vale do rio Paraguai;

- Dirigiram-se para leste, ao longo dos vales de rios das bacias do Paraguai e do Paraná, em direção à Costa Atlântica;

- Ascenderam pela Costa Atlântica até atingirem a foz do Rio Amazonas quando iniciaram um movimento para Montante;

- Ascenderam diretamente para o Norte ao longo dos vales dos afluentes do Amazonas, pela margem sul;

-  Os caribes, povos inicialmente insulares, mesclaram-se com os povos préchibchas, na Costa da Venezuela e migraram, em direção à Amazônia, através dos vales dos rios Orenoco e Negro, que é o mais importante afluente do amazonas pela margem Norte.


Como conseqüência destes movimentos migratórios, a primitiva nação Gê foi intensamente fragmentada e, de um modo geral, refluiu para o Sertão Semi-árido do Nordeste e para os Cerrados do Brasil Central. No entanto, os Aimorés, que pertenciam à nação Gê, permaneceram no litoral do Espírito Santo.

Evidentemente, os movimentos migratórios não ocorreram de uma forma tão simples, como a esboçada. Algumas destas “nações” migravam em levas distintas, algumas vezes com séculos de defasagem. 

Alguns destes povos se isolaram e desenvolveram novas culturas e, repentinamente, voltaram a se expandir, nas condições de novos grupos “nacionais” bastante diferenciados das nações primitivas.

Após o descobrimento e durante a época do Governo Geral do Brasil e do Vice- Reinado, o Brasil recebeu grandes contingentes de povos ibéricos, constituídos por portugueses e espanhóis, moçárabes e de povos de origem africana, que foram forçados a vir para o Brasil, na condição de escravos.

Na condição de escravos, o Brasil recebeu importantes contingentes de, praticamente, todas as nações negras africanas, com destaque para os povos Sudaneses, povos Bantos e povos da Costa Oriental da África.

Durante os mais de 80 anos em que os holandeses dominaram o Nordeste do Brasil, houve importante miscigenação entre os soldados profissionais do exército holandês, que eram, na sua grande maioria, irlandeses e a população local. Poucas famílias nordestinas tem ascendentes holandeses legítimos.

Após a Independência e, em especial, a partir do “Segundo Império”, o Brasil abriuse para a imigração de povos europeus de origem italiana, de germânicos e também de eslavos.

Em épocas mais recentes, migraram para o Brasil povos do Oriente Médio (levantinos) e povos do Extremo Oriente, como japoneses e, em menor volume, chineses e coreanos.

Nos dias atuais, o Brasil continua funcionando como um centro receptor de imigrantes bastante importante. É considerável o fluxo de imigrantes que chega ao Brasil a partir dos países limítrofes, como a Bolívia e o Paraguai, e de povos orientais, como os coreanos.


• Processo de Miscigenação

Dentre todos os países do mundo, o Brasil é o que apresenta o maior nível de imunidade contra a formação de quistos ou guetos raciais. Esta imunidade resulta do intenso processo de miscigenação, que caracteriza e individualiza a nação brasileira.

O apelo à miscigenação racial e cultural é tão intenso, que os estrangeiros que chegam ao Brasil se integram muito rapidamente ao imenso cadinho brasileiro. 

Como conseqüência direta do processo de heterose, o povo brasileiro, ao somar os caracteres positivos de todas as raças, está gestando a super-raça mais bonita, mais alegre e mais amistosa do mundo.

Como conseqüência deste processo, o Brasil esta emergindo como a primeira nação de mamelucos, mulatos, cafusos, caucasianos, negros, índios, levantinos e orientais mais bem sucedidos do mundo.

É interessante recordar que o processo de miscigenação foi imposto aos colonizadores e aos africanos, trazidos como escravos, pela nação Tupi-Guarani.

Todas as grandes e antigas famílias “brasileiras” se originaram em úteros tupiguaranis.

O processo de pacificação, que evoluiu para a fundação da grande maioria das localidades, que deram início ao processo de povoamento, iniciou-se com o casamento de colonizadores com índias tupi-guaranis.

A história do Brasil, sob certos aspectos, é bastante diferente da história de outros países colonizados por povos europeus. Uma das características mais marcantes é que são muito raros os registros de migração de mulheres européias, nos dois primeiros séculos da colonização. 

É importante registrar que os espanhóis e portugueses se miscigenaram intensamente com tupis-guaranis, tanto no Brasil, como no Paraguai.

A miscigenação, que ainda hoje persiste nas tribos remanescentes da grande nação Tupi-guarani, relaciona-se com um costume ancestral denominado de “aliança entre cunhados”.

De acordo com este costume, durante o processo de apaziguamento entre grupos rivais, os principais das tribos autenticavam suas intenções de fraternização, casando-se com as irmãs e com as filhas de seus antigos rivais.

Como conseqüência do costume de promover a “aliança entre os cunhados”, foi gerada esta nação de mestiços, a partir das três raças-tronco.


4. Migrações Internas

No início da colonização, os principais centros receptores e fixadores de migrantes portugueses foram as Capitanias de Pernambuco e de São Vicente (SP) e a Bahia, transformada em sede do Governo Geral do Brasil.

O chamado ciclo da cana permitiu a fixação dos primeiros núcleos populacionais nas proximidades do litoral, na chamada “Zona da Mata” do Nordeste, na qual, ainda nos dias de hoje, predominam os canaviais.

O chamado primeiro ciclo do gado ocorreu a partir da feitoria da Casa da Torre e se expandiu para o vale do rio São Francisco, chamado de “Rio dos Currais”, e daí pelos sertões nordestinos, atingindo o interior do Estado do Piauí e dos demais estados que compõem o chamado “Saliente Nordestino”.

No Nordeste, o movimento de interiorização se intensificou durante a breve fase em que o litoral nordestino permaneceu sob domínio holandês. 

Como conseqüência do ciclo do gado, intensificou-se a miscigenação com os índios do interior.

Durante o ciclo do ouro, que coincidiu com o declínio do ciclo da cana, o principal receptor de imigrações internas e externas foi o Estado de Minas Gerais e, numa segunda fase, os do Centro-Oeste do Brasil.

Somente nesta fase foi que o Brasil recebeu contingentes importantes de mulheres ibéricas.

O chamado segundo ciclo do gado, aliado ao esforço de fixação das fronteiras meridionais, provocou importantes migrações, em direção ao Sul do Brasil. 

Nesta ocasião ocorreu uma importante migração de homens e mulheres Açorianos, tanto que a capital do Rio Grande do Sul foi conhecida durante muito tempo como “Porto dos Casais”.

Durante o chamado ciclo do café, o movimento migratório fluiu em direção aos estados do Sudeste Brasileiro e, numa segunda fase, para o Noroeste do Paraná.

A partir do início do processo de industrialização, cresceram as migrações em direção às grandes áreas urbanas.

Durante o chamado ciclo da borracha e mais recentemente, como conseqüência da intensificação das atividades de garimpo, a Amazônia passou a funcionar como foco de atração de migrações internas.

Durante muito tempo, a região Nordeste vem funcionando como centro de irradiação de migrações internas, para as demais macrorregiões do Brasil.

Estes movimentos migratórios costumam intensificar-se, por ocasião das secas.

Mais recentemente, a região Sul também passou a funcionar como centro de irradiação e dispersão de imigrantes.


Nestas últimas três décadas, os principais centros receptores de migrações internas deslocaram-se para:

-  Algumas áreas da região Norte e do Norte do Centro-Oeste, provocando um crescimento populacional de Rondônia, do chamado “Nortão” de Mato Grosso, do Sul do Pará e do Amazonas, e do Novo Estado do Tocantins;

-  Algumas áreas do Centro-Oeste, com o intenso crescimento populacional de Brasília, do Sul de Goiás, do Triângulo Mineiro, do Oeste de São Paulo e do Sudeste do Mato Grasso do Sul;

-  Algumas fronteiras agrícolas do Nordeste, como as áreas de Cerrado do Oeste da Bahia e do Sul dos Estados do Piauí e do Maranhão, em função da cultura da soja.


Brasília e, mais recentemente, Palmas (TO), vêm atuando como focos de atração de populações, apesar da baixa capacidade destes centros para gerarem empregos permanentes.

Nas condições atuais, Brasília está tendendo para ser o centro urbano brasileiro com maior percentual de pessoas desempregadas.

Mais recentemente, as migrações intra-regionais passaram a ser dominantes, em função do êxodo rural, provocando o crescimento explosivo de numerosas cidades. Estes movimentos são muito significativos em direção às cidades litorâneas do Nordeste e em direção a Manaus.

O crescimento explosivo de Manaus, sob o influxo da Zona Franca, está gerando uma tendência para a rarefação da população, em algumas áreas do interior do Estado do Amazonas.

Como a maioria dos postos de emprego, gerados na Zona Franca, destina-se a pessoas do sexo feminino, o número de rapazes que permanece em Manaus tende a ser menor que o de moças. 

Esta situação, além de supervalorizar os poucos rapazes mais promissores, está promovendo um grande número de homens desocupados e ociosos, que são sustentados por suas mulheres.


5. Principais Efeitos Adversos

Quando descontrolados, as migrações internas e o êxodo rural contribuem para desenraizar grandes contingentes populacionais de seus habitats primitivos e tendem a provocar o crescimento de bolsões e de cinturões de pobreza, nas áreas periféricas de grandes cidades.

O crescimento desordenado das cidades, a crescente redução do estoque de terreno em áreas seguras e a conseqüente valorização dos mesmos, acabam provocando o adensamento dos estratos populacionais mais vulneráveis, nas áreas de riscos mais intensos e menos seguras.

O crescimento anárquico de aglomerados humanos em áreas inseguras e sem um mínimo de infra-estrutura de serviços essenciais, como educação pública, assistência à saúde, saneamento básico e transportes coletivos, incrementa o fenômeno de favelização e tende a aumentar a já imensa dívida social, que vem se acumulando ao longo do desenvolvimento histórico deste País.

O desenraizamento social e cultural, a ruptura das salutares relações de vizinhança e o clima de desesperança que se instala, quando as pessoas se percebem totalmente despreparadas para crescerem e se realizarem na nova realidade sociocultural concorrem para:

-  reduzir o sentimento de auto-estima;

-  incrementar o processo de regressão social;


-  enfraquecer o núcleo familiar, que é a principal célula do tecido social.

Os sentimentos de fracasso e frustração e a redução da auto-estima contribuem para incrementar o alcoolismo e, em muitos casos, a dependência de drogas, que atuam reduzindo os mecanismos de auto-censura.

A redução dos mecanismos de auto-censura, a ruptura das saudáveis relações de vizinhança, o desenraizamento e o processo de regressão social e o enfraquecimento do núcleo familiar, contribuem para intensificar:

- a permissividade;

- os níveis de violência, no ambiente familiar e no cenário urbano;

- a prostituição, inclusive infantil;

- o número de menores carentes e abandonados.

As migrações descontroladas, associadas ao desemprego, aos riscos aumentados de desabrigo, à fome e à desnutrição, e à redução do nível de bem-estar social, ao incrementarem o clima de incerteza e desesperança, geram revolta e acabam caracterizando um desastre humano relacionado com convulsões sociais.


6. Monitorização, Alerta e Alarme

A monitorização da população brasileira, em geral, é atribuição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - e é de importância fundamental para o planejamento e para a avaliação das políticas públicas.

Os estudos censitários, que eram realizados a cada dez anos, tendem a ser realizados a cada cinco anos.

Estudos de amostras populacionais podem ser realizados anualmente e sem grandes custos.

Normalmente, os sensos demográficos, resultado das Contagens da População apresentam seus resultados em números globais, por unidade da federação e por municípios.


Os estudos particularizam:

-  a situação urbana ou rural dos estratos populacionais;

-  dados sobre sexo, idade e relação do morador com o chefe do domicílio;

-  dados sobre a qualidade dos domicílios e sobre o número médio de moradores por domicílio;

-  informações sobre o nível de escolaridade e sobre a freqüência nas aulas;

-  dados sobre migrações.


7. Medidas de Prevenção e de Controle

É muito importante caracterizar que os movimentos migratórios intensos podem ser desestimulados, por intermédio de medidas que tendam a radicar a população em seus locais de origem, mas em nenhuma hipótese podem ser proibidos.

O artigo quinto da Constituição Federal afirma textualmente:
-  Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade ao direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...................................................
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou sair com seus bens;
...................................................
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

Na raiz dos movimentos migratórios, existe um impulso de boa fé e de esperança num futuro mais promissor.


Os estratos menos favorecidos migram em busca de:

-  melhores condições de trabalho;

-  um melhor atendimento de suas necessidades de sobrevivência;

-  melhores condições de bem-estar social para os migrantes e para seus familiares.

A partir da percepção de que reduzir a dívida social agravada pelos deslocamentos é muito mais caro do que gerar condições de pleno emprego, de segurança e de bem-estar social nas áreas de irradiação de imigrantes, cresce de importância a política de multipolarização da economia.

Nesta condição, a política de desenvolvimento regional é a forma mais válida de reduzir os danos relacionados com as migrações descontroladas.

Por estes motivos, é imperativo que se incremente o crescimento da malha de pólos de desenvolvimento terciários e secundários em interação com os pólos primários e que priorize o desenvolvimento da interface entre os espaços urbanos e rurais.


Sob muitos aspectos, o controle das migrações intensificadas e do êxodo rural se confunde com:

-  o combate ao desemprego na interface urbano-rural;

-  a interiorização da prestação dos serviços essenciais.

O desequilíbrio entre o crescimento acelerado da população e as possibilidades das economias locais, para gerarem empregos remunerados, pode ser reduzido por intermédio de programas educacionais relacionados com o planejamento familiar e com a paternidade responsável.

A interiorização dos programas de saúde individual e coletiva, de educação, de saneamento básico e de prestação de outros serviços essenciais, contribui para fixar as populações e para dinamizar as economias locais.

O paradoxo relacionado com o chamado desemprego estrutural das sociedades em rápido processo de desenvolvimento tecnológico, quando os desempregados dos setores obsoletos têm dificuldades para serem absorvidos pelos setores mais dinâmicos da economia, é solucionado por programas educacionais de valorização da força de trabalho e dos recursos humanos.

Os movimentos migratórios externos, originados em terceiros países devem ser subordinados aos superiores interesses nacionais. As migrações externas devem ser subordinadas a uma política nacional de migrações.

Os movimentos migratórios, quando exagerados, podem provocar “vazios demográficos” nas áreas de irradiação que acabem prejudicando o desenvolvimento local.

Dentre os prejuízos mais importantes provocados pelas migrações, há que ressaltar a chamada “exportação de cérebros”, relacionados com as baixas expectativas geradas pela redução das atividades de pesquisa.

A perda para os países mais desenvolvidos de importantes contingentes de pesquisadores promissores e de jovens executivos bem dotados acaba se refletindo no nível de desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

Um programa de valorização dos recursos humanos de alto nível e de incentivo à pesquisa tecnológica, em nível nacional, é de capital importância para o Brasil. Ao invés de exportar, há que importar cérebros privilegiados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário