a) Generalidades sobre a Sub-Região
Guiano-Brasiliana
1) Estudo da Classe dos Mamíferos
Da
classe mamíferos, ocorrem na sub-região Guiano-Brasiliana as seguintes
subclasses, cujas características distintivas são destacadas.
Marsupiais
Na
sub-região os marsupiais são representados pelos gambás (Didelphis marsupiahis,
Didelphis azarae), pelas cuícas (Marmosa murina e Philander opossum) e o jupati
(Chirometesminimus). Os gambás também são conhecidos por timbus, mucuras e
sareguês. Os marsupiaisem todas as províncias da Sub-Região.
Quirópteros
Representados
pelos morcegos que podem ser hematófagos, frugívoros, insetívoros ou até
ictiófagos e que se caracterizam por serem dotados de grandes e delgadas
membranas interdigitais, que lhes permite voar. Os únicos morcegos hematófagos
existentes no mundo ocorrem na Região Neotropical. No Brasil há que destacar as
espécies Desmodus rotundus, Diphylla ecandata e Diaemus yonzi, que podem atuar
como transmissores da raiva entre os animais silvestres e dos animais
silvestres para os animais domésticos.
Lagomorfos
Os
lagomorfos são representados pelo Tapiti (Sylvilagus brasiiensis), os quais
diferem das lebres européias, por não escavarem tocas e se esconderem na
vegetação. No Brasil ocorrem 4 subespécies de tapiti, as quais se caracterizam
por possuírem carne muito saborosa.
Os
tapitis ocorrem em quase todo o Brasil e são mais raros na Amazônia.
Desdentados
Os
tamanduás e os tatus são largamente representados na sub-região, da mesma forma
que a preguiça.
Dentre
as preguiças, a preguiça-de-bentinho {Bradypus tridactylus L.) distribui-se
amplamente em todas as províncias, enquanto que a preguiça-de-coleira (Bradypus
torquatus) ocorre apenas na província Tupi e corre grave risco de extinção. As
preguiças alimentam-se exclusivamente com a folha da imbaúba.
Dentre
os tamanduás, há que destacar o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla L)
com aproximadamente 1.10 m de comprimento e 1.05 m de cauda longa, densa e
embandeirada, caracterizado por seus hábitos terrícolas e por se alimentar
preferencialmente com cupins, o tamanduá-colete (Myrmecophaga tetradactyla) e o
tamanduaí (Cyclopes didactylus) ambos de hábitos arborícolas e muito menores
que o tamanduá-bandeira.
Dentre
os tatus, há que destacar o tatu-bola (Tolypeutes tricintus e Tolypeutes
matacos), o tatu-de-rabo-mole, nome genérico de 4 espécies do gênero Cobassous,
o tatugalinha (Dasypus novemcinctus) de carne deliciosa e amplamente difundido
no Continente, o Tatupeba, nome genérico de 3 espécies do gênero Euphractus
amplamente distribuídas no Brasil e o tatu-canastra (Priodontes giganteus), que
é o maior de todos os tatus e o que corre maior risco de extinção. Todos os
tatus podem ser facilmente criados em cativeiro, menos o tatu-canastra, cuja técnica
de criação ainda não foi pesquisada.
Carnívoros
Todos
os carnívoros primitivos, autóctones do continente sul-americano, extinguiramse
ao longo da evolução. Os atuais carnívoros sul-americanos imigraram do
hemisfério-norte, através do istmo do Panamá, há menos de 10 milhões de anos.
Dentre
os felídeos imigrantes, há que destacar: a onça pintada ou canguçu (Felis
onça), que é o maior carnívoro da América Meridional, o puma ou suçuarana
(Felis concolor), que abundava na região de savana; A jaguatirica (Felis
pardalis), que é muito difícil de criar em cativeiro; o gato-do-mato ou
jaguarundi (Felis yaguarondi) e o gato-maracajá (Felis tigrina). Os felinos são
intensamente caçados, pela beleza de suas pelagens e já correm riscos de serem
extintos, em várias províncias do Brasil.
Dentre
os canídios imigrantes, há que destacar: o guará (Crysocyon brachyurus); o
cachorro-do-mato (Dusicyon thours); o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos
venaticus) e a rapousa-do-campo (Dusicyon velatus).
Dentre
os mustelídeos imigrantes, há que destacar: a ariranha (Pteromira brasiiensis),
que se caracteriza por ser hábil nadador; os furões (Gahictus stllatus, Grisson
sp e Grammogale sp), que têm reputação de serem bons caçadores de cobras e o
irara ou papa-mel (Tayra bárbara).
Dentre
os procinidios, há que destacar: o quati (Nasua nasua) facilmente domesticável
e simples de criar em cativeiros, o japurá (potus flavus) e o mão-pelada ou
guaxinim (Procyon cancrivorous).
Roedores
Dentre os roedores há que destacar:
- a capivara (Hidrochoerus hidrochoeris),
descrito como o maior roedor do mundo, é muito prolífico e fácil de criar em
cativeiro.
- a paca (Cuniculus paca) que chega a pesar 10
quilos, tem carne deliciosa mas é muito pouco proíifica e difícil de criar em
cativeiros;
- a pacarana (Dinomys brancki) de distribuição
limitada à província Amazônica, ocorrendo com maior freqüência na Amazônia
ocidental.
- a cutia, compreendendo sete espécies do gênero
Dasyprocta, este gracioso animal é amplamente difundido nas matas do Brasil e é
muito fácil de ser criado em cativeiro;
- o mocó (Kerodon rupestris) endêmico nas áreas
pedregosas do Nordeste e do Brasil Central, tem carne deliciosa e é muito fácil
de criar;
- as preás pertencentes aos gêneros Galea e
Cavia, são muito prolíficas, rústicas, adaptadas inclusive ao semi-árido e
muito fáceis de serem criadas em cativeiro;
- os esquilos ou caxinguelês, com numerosas
espécies do gênero Sciurus, que são muito fáceis de serem criados, inclusive em
parques urbanos e jardins botânicos;
- os ratões-dos-banhados (Myocastor coypus
brasilensis) que ocorrem principalmente na província guarani.
Ungulados
O
Continente Sul-Americano é muito pobre em animais ungulados e a sub-região
Guiano-Brasllensis é ainda mais pobre.
A
ordem dos Perissodáctilos é representada por uma única espécie, que é a anta
(Tapirus terrestri), reconhecida como o maior mamífero terrestre da América
Meridional.
A
ordem dos Ruminantes é representada apenas por alguns cervídeos, como o
veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o veado-catingueiro (Mazama
simplicícornis), o veado-mateiro (Mazama americana) e o veado-roxo (Mazama
rufina e Mazama rondoni) que são os menores de todos. Estes animais
extremamente dóceis podem ser criados soltos no campo, misturado com o gado.
A ordem dos suídeos é representada por
apenas duas espécies do gênero Tayassu:
os
caititus (T. tajacu) e as queixadas (T. pecari). As duas espécies podem ser
criadas em cativeiro e os caititus são criados pelos caboclos, como animais de
estimação.
Primatas
Na
América Meridional só são encontrados macacos da superfamília dos Platirrinos,
que se caracterizam por apresentarem septo nasal alargado e caudas alongadas. A
grande maioria dos platirrinos da América do Sul são dotados de cauda pênsil e
de polegares atrofiados que não fazem oposição aos demais dedos da mão.
O macaco-da-noite,
que é um cebídeo caracterizado por possuir olhos muito grandes, com pupilas
permanentemente dilatadas e adaptadas para a visão noturna, é um platinorrino
de cauda longa, mas não prênsil, e com dedos polegares das mãos e dos pés bem
desenvolvidos e fazendo oposição aos demais dedos.
Os guaribas
(Alouata caraya e Alouata belzebul) são macacos de coloração ruiva, nos machos,
e quase negra nas fêmeas e que se caracterizam por apresentar uma “barba”
espessa no maxilar inferior. Estes animais possuem uma voz caracteristicamente
forte, rouca e estridente e se deslocam em bandos com, aproximadamente, 12
indivíduos, comandados pelo macho mais velho.
Macaco-prego é
uma designação genérica que se dá ao mico-amarelo (Cebus libidínosus), ao
mico-ruivo (Cebus robustos) e ao mico-preto (Cebus niger), todos caracterizados
por possuírem um libido muito exaltado. O termo “prego” é utilizado para
descrever o pênis destes animais.
O mico-leão-dourado
(Leutopithecus rosahia rosalia) e o mico-leão-de-cara-preta (Leutopithecus
rosalia chysomelas) são pequenos primatas frugívoros da família Callithricidae,
endêmicos da província Tupi e em grave risco de extinção, como conseqüência da
depredação de seus biótopos.
Os macaco-aranha ou cuatás
correspondem a diversas espécies do gênero Ateles, que se caracterizam por
serem magros, longilíneos e dotados de membros muito longos e extremamente
delgados. Estes macacos são dotados de longas caudas prênseis e possuem dedos
polegares atrofiados.
O sagüi-branco
(Marikina melanoleuca) e o sagüi-imperador (Marikina imperator) são macacos
endêmicos do Estado do Acre e se caracterizam por possuírem pelagem branca. O
sagüi-imperador se destaca por possuir uma crina espessa e comprida, com o
aspecto de um manto branco.
Cetáceos
Os
mares brasileiros, especialmente nas mediações do arquipélago de Abrolhos, são
muito visitados pelas baleias, que utilizam aquela região como área de
encontros, para fins de procriação. A legislação brasileira proíbe a caça da
baleia nos mares sob a jurisdição do Estado Brasileiro, mesmo por baleeiros com
bandeiras estrangeiras.
Os
delfins proliferam nos mares brasileiros, especialmente nas proximidades da
ilha de Fernando de Noronha, que funciona como santuário ecológico.
A
crescente poluição da baía de Guanabara e o tráfego intenso de embarcações
estão contribuindo para reduzir a população de botos da espécie Sotalia
brasiliensis, que já abundaram naquela área.
No
bacia do rio Amazonas proliferam numerosos botos, com especial destaque para os
das espécies Ima geoffroyeusis e Sotália parda. Sirênios Estes mamíferos
aquáticos da ordem sirenis são dotados de um nadadeira caudal terminal, em
forma de remo horizontal, e seus membros anteriores transformam-se em
nadadeiras. O focinho é grande, com alguns pelos, e a boca é pequena e dotada
de dentes incisivos e molares. Estes imensos herbívoros, dotados de mamas
peitorais, pesam várias centenas de quilos e atingem comprimentos que variam
entre 2 e 3 metros, caracterizando-se como os maiores mamíferos brasileiros.
Os
sirênios já abundaram nos mares do mundo, inclusive no Mediterrâneo, onde deram
origem à lenda das sereias. Nos dias atuais se encontram em extinção e restam
os manatins do Oceano Indico, os manatins (Trichechus mamatus) e peixes-bois da
Amazônia (Trichechus inunguis) são cada vez menos freqüentes, nos estuários de
rios brasileiros. Mesmo na Amazônia os peixes-bois correm riscos de extinção e
é urgente que se definam santuários ecológicos, para garantir a sobrevivência
desta espécie ameaçada.
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