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30 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Incêndios Florestais - CODAR: NE.SQU/ CODAR:12.404


 4- Incêndios Florestais

CODAR: NE.SQU/ CODAR:12.404


Caracterização

A propagação do fogo, em áreas florestais e de savanas (cerrados e caatingas), normalmente ocorre com maior freqüência e intensidade nos períodos de estiagem e está intrinsecamente relacionada com a redução da umidade ambiental.


Para que um incêndio se inicie e se propague, é necessária a conjunção dos seguintes elementos condicionantes:

1 - Combustíveis

Os combustíveis são compostos sólidos, líquidos e gasosos, que alimentam o processo de combustão e queimam em presença do oxigênio. Nas florestas e savanas, as principais cargas combustíveis são constituídas por material celulósico, rico em carbono, e resinas presentes em certas árvores que, além de ricas em cadeias de carbono, são facilmente volatilizáveis.


2 - Comburente

Constituído pelo oxigênio que, ao combinar-se quimicamente com os combustíveis, provoca uma reação de oxidação, com intensa liberação de energia calórica. Quanto mais ventilado e rico em oxigênio for o ambiente, mais ativa será a combustão e mais intensa a produção de calor e de chama.


3 - Calor

A liberação de grandes quantidades de energia calórica permite a prévia gaseificação- dos combustíveis sólidos e líquidos e facilita a combinação dos mesmos com o oxigênio, bem como a alimentação da combustão.


4 - Reação Exotérmica em Cadeia

A alimentação da combustão é mantida a partir da conjunção de condições que permitam e facilitem o desenvolvimento da reação exotérmica em cadeia.


Os incêndios florestais são classificados quanto:

- ao estrato florestal, que contribuí dominantemente para a manutenção da combustão - ao regime de combustão
- ao substrato combustível


1 – Quanto ao Estrato Florestal

Em função do estrato florestal, que contribui para a manutenção e progressão da combustão, os incêndios são classificados em:

- incêndios subterrâneos e/ou residuais - quando se mantêm através da queima de húmus, turfa, raízes e troncos mais grossos, os quais são a carga combustível remanescente dos incêndios florestais. Perduram por longo tempo, para queimar as camadas de húmus e turfa, que são compactadas e completamente isoladas da atmosfera, devido á falta de oxigênio. Por isso, o fogo desenvolve-se de forma lenta, sem chamas, mas persistentemente. Os incêndios subterrâneos causam a morte das raízes, dos microorganismos e da fertilidade do solo;

- incêndios superficiais - quando se propagam principalmente através de gramíneas, vegetação arbustiva e folhas e galhos secos depositados sobre o solo. Desenvolvem-se na superfície do solo, queimando folhas, galhos secos e gramíneas. É o mais comum dos tipos de incêndio, podendo ocorrer em todas as formações florestais. É também a forma pela qual começam quase todos os tipos de incêndio, isto é, praticamente todos eles iniciam-se com fogo superficial.

- incêndios de copa - quando se propagam nos andares mais elevados das florestas, e caracterizam-se pela queima das copas das árvores. A folhagem é totalmente destruída e as árvores geralmente morrem, devido ao superaquecimento dos troncos. Esse tipo de incêndio propaga-se rapidamente, encontrando condições favoráveis, como tipos de folhagem das árvores, umidade relativa do ar, temperatura e, principalmente, o vento.


2 - Quanto ao Regime de Combustão

Em função do regime de combustão, os incêndios florestais são classificados em - incêndios turbilhonares - quando intensos, com grande produção de calor e grande velocidade de propagação. Caracterizam-se pela formação de fortes correntes convectivas, provocadas pela ascensão do ar aquecido e aspiração do ar periférico, rico em oxigênio, o que contribui para intensificar a combustão, com o crescimento das chamas, aumentando a liberação de energia calórica e intensificando o processo de gaseificação da carga combustível;

- incêndios esparsos - quando fagulhas transportadas pelo vento dão início a numerosos focos de incêndio.



3 - Quanto ao Substrato Combustível


Em função do substrato combustível, os incêndios florestais são classificados em:

- incêndios de florestas homogêneas - quando ocorrem em florestas homogêneas, normalmente plantadas pelo homem, os quais podem causar graves prejuízos econômicos. Os incêndios de coníferas, em função da grande quantidade de resinas voláteis, produzidas por essas árvores, adquirem rapidamente as características de incêndios turbilhonares de copas. Os incêndios de florestas de eucaliptos, em. função da carga celulósica, constituída por gramíneas, folhas secas e arbustos do sub-bosque, tendem a se propagar como incêndios de superfície;

- incêndios de florestas heterogêneas - quando ocorrem em matas heterogêneas, normalmente nativas, os incêndios são muito danosos, por reduzirem a biodiversidade e degradarem os biótipos responsáveis pela sustentação da fauna silvestre: Também provocam prejuízos econômicos, ao destruírem essências florestais que levaram muitos anos para se desenvolver;

- os incêndios podem, também, ocorrer em áreas pantanosas, ricas em musgos, detritos secos e turfa, em jazidas carboníferas e em turfeiras. Nesses casos, os incêndios se mantém por muito tempo nas camadas profundas que, embora pouco aeradas, são ricas em material combustível.


Normalmente os incêndios florestais evoluem de acordo com os seguintes estágios:

- iniciam-se na vegetação rasteira, constituída pelas gramíneas, arbustos ressequidos e folhas mortas, que constituem a carga combustível mais acessível e em melhores condições de dar início á combustão;

- crescem de intensidade e propagam-se de forma mais rápida e violenta, nos andares mais elevados, especialmente quando existem árvores ricas em resinas, em função da maior disponibilidade de oxigênio (comburente) nesses andares;

- perduram por mais tempo com a redução das chamas e da produção de energia calórica, nas raízes subterrâneas e em troncos grossos semicarbonizados, remanescentes do sinistro.


Causas

Os incêndios podem iniciar-se de forma espontânea ou ser conseqüência de ações e/ou omissões humanas mas, mesmo nesse último caso, os fatores climatológicos e ambientais são decisivos para incrementá-los, facilitando sua propagação e dificultando seu controle.


Os incêndios florestais podem ser provocados por:

- causas naturais, como raios, reações fermentativas exotérmicas, concentração de raios solares por pedaços de quartzo ou cacos de vidro em forma de lente e outras causas;

- imprudência e descuido de caçadores, mateiros ou pescadores, através da propagação de pequenas fogueiras, feitas em seus acampamentos;

- fagulhas provenientes de locomotivas ou de outras máquinas automotoras, consumidoras de carvão ou lenha;

- perda de controle de queimadas, realizadas para limpeza de campos ou de sub-bosques;

- incendiários e/ou piromanícos.


A propagação do fogo é influenciada:

- pela quantidade e qualidade do material combustível;

- pelas condições climáticas, como umidade relativa do ar, temperatura e regime dos ventos;

- pelo tipo de vegetação e maior ou menor umidade da carga combustível;
- pela topografia.

De uma maneira geral, queimam mais facilmente: as cascas de árvores mortas; as folhas secas; os ramos pequenos e secos; as gramíneas, os liquens e os pequenos arbustos ressecados. A combustão de galhos grossos, troncos caídos, húmus e de raízes é mais lenta.


Ocorrência

Os incêndios das estações estivais ocorrem nas épocas em que a queda da umidade relativa do ar facilita a geração e propagação desses sinistros. Esses incêndios ocorrem em savanas e florestas naturais abu artificiais de todos os continentes.


Principais Efeitos Adversos

Os incêndios florestais causam danos materiais ao:

- destruírem as árvores em fase de crescimento ou em fase de utilização comercial, reduzindo a produção de madeira, celulose, essências florestais e outros insumos;

- reduzirem a fertilidade do solo, como conseqüência da destruição da matéria orgânica reciclável, obrigando a um maior consumo de fertilizantes;

- reduzirem a resistência das árvores ao ataque de pragas, obrigando a um maior consumo de praguicidas.


Os incêndios florestais causam danos ambientais:

- reduzindo a biodiversidade;

- alterando drasticamente os biótipos, reduzindo as possibilidades de desenvolvimento equilibrado da fauna silvestre;

- facilitando os processos erosivos;

- reduzindo a proteção dos olhos d’água e nascentes.


Os desastres florestais são causa de:

- perdas humanas e traumatismos provocados pelo fogo ou por confusões;

- desabrigados e desalmados;

- redução das oportunidades de trabalho relacionadas com o manejo florestal.


Monitorização, Alerta e Alarme

A monitorização e as ações de alerta e alarme relacionadas com incêndios florestais dependem de medidas:

- institucionais de vigilância, que podem ser: fixa, através de torres de observação;

ou móvel, através de patrulhamento terrestre ou aéreo. Os aviões ultraleves são bastante utilizado na vigilância;

- não-institucionais, relacionadas com informações de voluntários, radioamadores, pilotos comerciais e outros.

Modernamente, os focos de incêndio de grande porte podem ser detectados e fotografados por satélites artificiais.



Medidas de Prevenção


1 - Medidas de Longo Prazo

De um modo geral, a prevenção de incêndios depende fundamentalmente de medidas preventivas de longo prazo, como:

- construção de aceiros, que devem ser mantidos limpos e sem materiais combustíveis;

- construção de faixas limpas e sem materiais combustíveis, nas divisórias e contornos dos talhões;

- plantação de cortinas de segurança com vegetação menos inflamável, no interior dos talhões;

- construção de barragens de água que atuem como obstáculos à propagação do fogo e como reserva de água para o combate de possíveis sinistros.



2 - Medidas de Médio Prazo


A prevenção depende, também, de medidas de médio prazo, como:

- a eliminação de material combustível, através da capina, e revolvimento do solo, objetivando a cobertura dos resíduos combustíveis com terra;

- combustão controlada de folhas secas e de arbustos ressequidos. Essa medida, embora economize mão-de-obra, não é recomendada, por motivos óbvios.

A construção de estradas vicinais, no interior das florestas, facilita a fiscalização, delimita os talhões e favorece o carreamento dos meios para controlar os incêndios.



3 - Medidas de Combate ao Fogo


Um incêndio florestal, do ponto de vista morfológico, é constituído por:

- uma cabeça ou frente de incêndio, que se define em função do sentido do vento;

- uma região posterior ou colo do incêndio, localizada em sentido oposto ao da cabeça;

- flancos ou laterais do incêndio.


O combate ao incêndio no terreno é desenvolvido por:

- meios diretos, objetivando o combate das chamas e o retardamento da propagação do sinistro, através de resfriamento da área com água, do abafamento das chamas com terra ou abafadores manuais. Nos -incêndios turbilhonares, os meios diretos são pouco eficientes e envolvem grandes riscos, quando dirigidos contra a cabeça do incêndio;

- métodos indiretos, através da construção de aceiros e/ou através de incêndios controlados (fogo de encontro), objetivando reduzir a carga de material combustível na direção de avanço do incêndio;

- recursos aéreos, utilizando aviões e helicópteros, para despejarem água com mistura química, no foco do incêndio. Esses aviões exigem pilotos especialmente adestrados para voarem a baixa altura e tirarem proveito da direção dos ventos, para dirigirem a carga líquida aos pontos mais sensíveis do sinistro.



4 - Medidas de Rescaldo ou Pós-Incêndio


Após o controle do incêndio principal, iniciam-se as medidas de rescaldo, objetivando impedir a reativação do incêndio. Essas medidas compreendem:

- eliminação dos focos residuais;

- descoberta e combate imediato de focos de reativação;

- ampliação do aceiro;

- derrubada de árvores e arbustos semicarbonizados, os quais devem ser resfriados abu recobertos com terra.

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