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– Erosão Fluvial
CODAR: NI.GTC/CODAR:
13.308
Caracterização
Erosão fluvial corresponde
ao processo erosivo que ocorre na calha dos rios.
O processo erosivo que se
inicia com a erosão laminar e em sulcos ou ravinas prossegue através da erosão
fluvial.
O
trabalho de erosão fluvial depende da interação de quatro diferentes mecanismos
gerais:
- ação hidráulica da água;
- ação corrosiva
(corrosão) das partículas em suspensão na água;
- ação abrasiva (abrasão)
sobre as partículas em suspensão na água;
- ação corrosiva
(corrosão) da água ou diluição química.
1
- Ação Hidráulica da Água
Quando a corrente hídrica
é suficientemente forte, mobiliza e carreia para jusante areias e detritos de
rochas, depositados no leito do rio. O transporte se desenvolve, até que a
predominância da força de gravidade sobre a força de tração hídrica provoque
nova sedimentação.
Dessa forma, através de
lances sucessivos, a cada nova intensificação da corrente hídrica, novas
quantidades de material voltam a ser carreadas rio abaixo, em direção ao mar,
2
- Corrasão ou Erosão Mecânica
O termo significa erosão
mecânica, em oposição a corrosão ou erosão química. A corrasão ocorre quando
fragmentos de rochas ou areias, em suspensão no caudal, em regime turbilhonar,
atritam sobre camadas rochosas das margens e dos fundos dos rios, provocando a
escavação das mesmas.
3
- Abrasão
Processo através do qual o
material em trânsito nos rios é erodido, formando partículas progressivamente
menores, ao atritar com as superfícies rochosas. A abrasão facilita a suspensão
e o transporte das partículas, através da água, formando pedras roladas,
cascalhos, areias grossas e areais finas.
4
- Corrosão ou Diluição Ou/mica
Processo segundo o qual a
água, na condição de solvente universal, dilui os sais solúveis, liberados das
rochas, em conseqüência da ação mecânica, e os transporta sob a forma de
soluções.
Os processos erosivos
atuam tanto verticalmente, contribuindo para o gradual aprofundamento do leito
do rio, como lateralmente, contribuindo para o gradual alargamento dos vales.
O
processo erosivo evolui em três estágios.
No estágio jovem, a área
recentemente elevada sofre intensa erosão laminar e fluvial, os vales
aprofundam-se consideravelmente, com a forma de “V”, e os divisores de água
apresentam-se altos, amplos e bem definidos.
Normalmente, os vales
jovens crescem em direção montante, por erosão ascendente ou regressiva.
No estágio maduro, os
divisores tendem a se estreitar, o relevo suaviza-se, os vales alargam-se e os
divisores arredondam-se. Nessas condições, a rede de drenagem assume sua
plenitude.
No estágio senil, o relevo
reduz-se consideravelmente e a região adquire uma topografia suave,
característica das planícies desgastadas ou peneplanos: os vales dos rios
tendam a aproximar-se do nível de base, a erosão é reduzida e a sedimentação é
intensificada.
Em seu desenvolvimento, os
rios tendem a formar um perfil longitudinal de equilíbrio, através dos
mecanismos de erosão e sedimentação. Graficamente, o perfil de equilíbrio é
traduzido por unia curva hiperbólica, de concavidade intensificada a montante.
A intensificação da
inclinação próxima ás cabeceiras é provocada pelo menor caudal do rio, o que
reduz a imensidade dos processos erosivos.
Quando o perfil de
equilíbrio é atingido, cessa o aprofundamento do leito de erosão. Uma vez
atingido o perfil de equilíbrio, o rio altera-se muito pouco, a menos que
ocorra um aumento do volume da água circulante, ou uma crise de
rejuvenescimento em sua bacia.
Desbarrancamento
dos Rios
O
desbarrancamento dos rios pode ocorrer de duas formas genéricas:
- pelo alargamento do vale
do rio, em sentido lateral;
- pela erosão ascendente e
regressiva de torrentes que desembocam no leito do rio principal.
1
- Alargamento em Sentido Lateral
Os cursos dos rios tendem
a tornar-se tortuosos, em função da variação da textura das estruturas que
encontram em sua passagem e do modelado do terreno.
Quando um rio descreve uma
curva, a força centrifuga atuando sobre a corrente tende a concentrá-la e a
intensificá-la na margem externa ou côncava, provocando correntes de retorno ou
de fundo, em direção à margem interna ou convexa.
O turbilhonamento da água,
em forma de hélice, provoca o máximo de erosão, no lado externo da curva, e
sedimentação e depósito, no lado interno da mesma.
As
mudanças resultantes no leito fluvial podem ser resumidas da seguinte forma:
- o talvegue do rio tende
a aprofundar-se no lado externo da curva;
- a margem externa tende a
ser socavada pela erosão lateral, que provoca desbarrancamentos, de forma que a
margem tende a ser mais escarpada na face externa das curvas;
- na face interna da
curva, a inclinação tende a suavizar-se e o vate assume um perfil assimétrico;
- a progressiva ampliação
dos bancos de aluvião forma amplas bacias entre curvas sucessivas, dando início
á planície de inundação ou leito maior do rio.
2
- Erosão Regressiva das Torrentes que Desembocam no Vale do Rio Principal
Como já especificado, os
vales jovens tendem a alongar-se e crescer, através da erosão ascendente e
regressiva, provocando o progressivo aprofundamento das cabeceiras dos vales
secundários.
Quando o leito da torrente
secundária se aprofunda rapidamente, não há tempo para um alargamento
compensador das margens, e o resultado é a formação de uma garganta profunda,
com paredes verticais que tendem a se aprofundar em direção montante.
Esse padrão de erosão
tende a agravar-se em função de atividades antrópicas, relacionadas com a
ineficiência dos sistemas de drenagem de águas pluviais, águas servidas e redes
de esgoto, incrementando os processos erosivos, de forma bastante semelhante ao
das boçorocas, principalmente quando as margens erodidas pelo processo são de
consistência arenosa.
Esse processo erosivo é
muito freqüente nas áreas urbanas da Amazônia, especialmente na Grande Manaus,
que ampliou muito o seu perímetro urbano em áreas de risco de erosão, sem que
crescesse de forma compatível á infra-estrutura de saneamento básico.
O crescimento explosivo da
cidade de Manaus foi provocado pelas migrações atraídas pelo crescimento da
Zona Franca.
Fenômeno
das Terras Caídas
O fenômeno das terras
caídas ocorre quando a água, atuando sobre uma das margens, normalmente de
terreno sedimentar, de natureza arenosa, provoca uma trabalho subterrâneo de
erosão e minagem, abrindo extensas cavernas subterrâneas.
Esse trabalho prossegue,
até que uma súbita ruptura provoca uma queda do terreno, que é tragado pelas
águas.
Medidas
Preventivas
Os desastres provocados
por desbarrancamentos e terras caídas são reduzidos, principalmente, por
medidas não-estruturais, relacionadas com a definição das áreas de risco
intensificado desses fenômenos, evitando-se a construção de estruturas de
engenharia e de habitações nessas áreas.
Algumas vezes,
justifica-se a construção de obras estruturais, como enrocamentos, espigões e
cais de proteção, em áreas urbanas. Essas medidas estruturais podem apresentar
resultados de longo prazo, quando complementadas por obras de dragagem,
objetivando a redução da ação hidráulica da água sobre as margens vulneráveis.
As
erosões de causas antrópicas, como as que atualmente flagelam a cidade de
Manaus, exigem:
- mapeamento das áreas de
risco;
- zoneamento urbano, com
definição de áreas non aedificandi e aedificandi com restrição;
- rápido desenvolvimento
das redes do saneamento básico, principalmente.
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