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28 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES NATURAIS - VOL I - Formigas Saúvas CODAR: NB.AFS/CODAR: 14.105


5 – Formigas Saúvas

CODAR: NB.AFS/CODAR: 14.105


Caracterização

As formigas são insetos de ordem dos Himenópteros, sub-ordem Apócrifa, superfamília Formicoidea e família Formicidae.


São insetos sociais, cujas colônias são constituídas por:

- imensa população de fêmeas operárias, sem asas e reprodutivamente não funcionais;

- uma fêmea fértil ou rainha, única que põe ovos;

- fêmeas virgens, ocasionalmente destinadas a formar novas colônias;

- machos alados, que ocasionalmente morrem poucas horas após fecundarem as fêmeas.


Num formigueiro de saúvas, existem várias castas de formigas operárias:

- operárias mínimas, que se ocupam da cultura do fungo e da alimentação das larvas e pupas;

- operárias médias, que se ocupam dos trabalhos de escavação e do corte e transporte de folhas;

- operárias máximas ou soldados, especializadas na defesa da comunidade e, para tanto, providas de mandíbulas poderosas e afiadas.

As saúvas são formigas agricultoras, que cultivam um fungo microscópico, do qual se alimentam.


A associação entre a saúva e o fungo é uma simbiose obrigatória:

- a espécie de fungo utilizada como alimento das saúvas só existe nos sauveiros e só se perpetua  porque é cultivada pelas mesmas;

- a saúva só consegue sobreviver e alimentar os imensos contingentes populacionais dos sauveiros, cultivando o fungo.


A organização do sauveiro e a reserva de alimentos mantida no subsolo permitem a sobrevivência da colônia às adversidades ambientais, inclusive quando a região é completamente devastada pelo fogo.

A primeira revoada nupcial ocorre após três anos de evolução do sauveiro, normalmente na estação das chuvas (setembro-dezembro), correspondente á primavera.

Nessa oportunidade, o sauveiro adulto tem várias centenas de panelas e abriga de 3 a 4 milhões de operárias, todas nascidas de uma única fêmea.

Nessas condições, distinguem-se os elementos sexuados, numa proporção de 3.000 fêmeas ou içás e 20.000 machos ou bitus. A proporção de 7 machos para uma fêmea garante a fecundação de todas, que normalmente cruzam com mais de um macho.

A içá ou tanajura é mais volumosa que as operárias e, antes de iniciar seu vôo, retira uma pelotinha de fungo, com filamentos de micélio vivo, do ninho onde se criou, e guarda na sua boca.

Os machos morrem logo após o vôo nupcial e as fêmeas, uma vez fertilizadas, voltam ao solo, libertam-se das asas e dão inicio ao novo sauveiro.


Durante seis a dez horas, a içá:

- perfura um canal com aproximadamente 10 cm de profundidade por 1 cm de diâmetro, em local livre de vegetação, retirando e transportando os grãos de terra para a superfície;

- alarga a extremidade do canal, cavando uma câmara ou panela, com aproximadamente 2,5 cm de raio;

- entope o canal de cima para baixo, de forma que, concluído o trabalho, permanece isolada do mundo exterior, na câmara recém-construída.


A içá nunca mais retornará à superfície do solo, em condições naturais.

A colônia permanecerá isolada por três a quatro meses e somente quando a população de operárias ultrapassar cinqüenta, a comunicação com a superfície será restabelecida.

Estudos experimentais demonstraram que, para cada 6.000 içás fecundadas, apenas três sobrevivem e conseguem fundar novas colônias. Apesar disso, após cada revoada, o número de sauveiros de uma área determinada tende a crescer 250%.


Os principias fatores naturais de limitação da proliferação de novas colônias são:

- ataque das aves, que devoram as içás no ar, durante a revoada;

- ataque de inúmeros predadores, inclusive aves de hábitos terrestres, enquanto as içás escavam o canal inicial;

- ataque de formigas carnívoras e de animais subterrâneos à câmara inicial;

- ataque de tatus, que pressentem as câmaras isoladas e escavam túneis para devorá-las;

- morte do micélio do fungo, ao ser regurgitado, que inviabiliza o desenvolvimento da colônia.


Somente quinze meses após o vôo inicial é que se pode considerar uma colônia como devidamente estabelecida.

Os tamanduás, embora alimentem-se de formigas e de térmitas, raramente destroem a colônia ou atacam a rainha-mãe.

Conclui-se, dessa forma, que o combate à saúva é mais eficiente quando desenvolvido contra os sauveiros em fase de desenvolvimento, antes que se iniciem as revoadas núpcias.

Os vegetais que as saúvas cortam e levam para o interior dos sauveiros não lhes servem diretamente de alimento. São cortados, mascados e transformados numa massa esponjosa, utilizada como canteiro para plantar o fungo que serve de alimento á colônia.

Da mesma forma que o homem, as saúvas cultivam seus alimentos transplantando micélios de canteiros antigos para a massa esponjoso, preparada a partir de folhas frescas.

As esponjas de vegetais são constantemente renovadas e os vegetais recém-cortados são colocados nas camadas superiores, enquanto a matéria vegetal, já esgotada, é retirada da parte basal e depositada em panelas de lixo, para onde são levados todos os cadáveres da colônia.


Nas panelas de lixo, desenvolve-se uma fauna muito rica, constituída por insetos e outros artrópodes, como moscas, ácaros e besouros, dos quais:

- alguns se alimentam dos detritos;

- outros são carnívoros e alimentam-se dos primeiros.

Compete à rainha iniciar a cultura do fundo, regurgitando a pelotinha que transportou durante o vôo inicial, utilizando-a como semente da nova cultura, após adubá-la com uma gotícula do líquido fecal. Na medida em que a cultura vai se expandindo, a rainha transplanta parte da mesma e utiliza seu liquido fecal para intensificar sua proliferação.

Enquanto o fungo se desenvolve, a rainha vai depositando ovos e, em aproximadamente trinta dias, eclodem as primeiras larvas que, por não se locomoverem, têm que ser alimentadas individualmente pela rainha.

O fungo não se desenvolve plenamente, enquanto a colônia permanece enclausurada. Nessas condições, a rainha alimenta a colônia com uma reserva nutritiva, semelhante ao leite dos mamíferos, contido num envoltório resistente e denominado ovo de alimentação. A rainha tem condições de alimentar a colônia durante 120 dias e, para cada ovo verdadeiro, deposita dez ovos de alimentação, oferecendo-os ás suas larvas e transportando-os nas mandíbulas.

Quando a câmara é reaberta e inicia-se o corte dos vegetais, o fungo desenvolve-se rapidamente e o alimento, abundante, passa a ser servido às larvas pelas operárias que, antes, transformam os fungos numa papa, regurgitada para as mesmas.

Com o crescimento da colônia, aumenta o número de câmaras ou panelas, cresce a circulação vertical e desenvolve-se um verdadeiro labirinto de túneis horizontais, unindo a circulação vertical à base das panelas. A terra retirada é acumulada na superfície, formando amontoados de terra solta, denominados murundus.


Com trinta e seis meses, o sauveiro tem, aproximadamente:

- 1.000 aberturas externas ou olheiros;

- várias centenas de panelas;

- um verdadeiro labirinto de túneis, por onde circulam as formigas cortadeiras, transportando pedaços de vegetais.

A população de formigas operárias oscila entre 3 e 4 milhões e o tamanho dessas varia entre 2 mm e 15 mm. A variação do tamanho não depende do crescimento na fase adulta, e sim na fase larvária, antes mesmo da transformação em pupas.

A fêmea fundadora da colônia é relativamente longeva, vivendo entre 15 e 20 anos. Com a morte da rainha, o sauveiro está fadado à destruição, uma vez que as operárias, em nenhuma hipótese, permitem a sua substituição, mesmo em condições de laboratório.


Como já informado, alguns meses antes da revoada, surgem dois tipos povos de formigas, caracteristicamente alados:

- os machos ou bitus;

- as fêmeas ou içás

Compete a essas formas aladas fundar as novas colônias. Os machos perdem sua utilidade e morrem após a fecundação. Das fêmeas fecundadas, 99,5% morrem sem fundar novas colônias.


Ocorrência

No mundo, existem de 10.000 a 15.000 espécies de formigas, das quais aproximadamente 3.000 vivem em áreas neotropicais.

As formigas formam a maior população de animais macroscópicos do globo terrestre.

No Brasil, as formigas de maior importância são as saúvas, pertencentes á subfamília Myrmcinae, gênero Atta. Das quatorze espécies desse gênero, a mais nociva para as culturas é a Atta sexdens rubropilosa.

Não há saúvas nas regiões de floresta fechada, ao passo que, nos campos, nos terrenos de cultura e -nas regiões onde a mata foi destruída, elas aparecem em grande quantidade.


Medidas Preventivas e de Controle

O combate ás saúvas e às demais formigas cortadeiras depende de.medidas, relacionadas com:

- proteção ambiental e incremento da biodiversidade;

- proteção dos predadores, como aves insetívoras, tatus, galináceos e tamanduás;

- utilização de iscas impregnadas de defensivos.

As iscas granulosas são colocadas à margem dos carreiros das saúvas, sempre que possível, protegidas por pequenas arapucas, que permitem apenas o trânsito de formigas. Essas arapucas evitam que outros animais entrem em contato com as iscas.

Um dos inseticidas mais eficazes para ser utilizado em iscas de saúvas é o dodecacloro-pentaciclodecano, conhecido comercialmente como Dodecacloro.

As formigas cortadeiras transportam as iscas para o sauveiro e as distribuem nas plantações de fungos. A droga envenena o fungo, e a população do sauveiro se extingue.

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