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– Erupções Vulcânicas
CODAR:
NI.VEV/ CODAR: 13.201
Caracterização
Ascensão e extravasamento
do material magmático (lavas, bombas, cinzas e lápili), constituindo-se num dos
riscos geológicos de natureza endógena, especialmente quando a emissão de
material se dá de forma violenta e com grande derramamento de lava.
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- Erupções Vulcânicas
A erupção vulcânica
caracteriza-se pela emissão de matérias sólidas, como lavas endurecidas e
rochas do substrato; líquidas, como lavas em fusão, e gasosas, como os gases
meteoríticos e rejuvenescidos.
As
características das erupções vulcânicas são variáveis, tanto no espaço como no
tempo, de forma que o fenômeno pode ser:
- rápido ou prolongado;
- violento ou pouco
intenso;
- súbito ou de evolução
gradual.
O caráter de uma erupção
depende essencialmente das características físicas do magma, como temperatura e
viscosidade, além de sua composição química, e das tensões internas provocadas
pelo acúmulo dos gases, bem como do estado de obstrução ou de permeabilidade
das chaminés.
As lavas básicas, por
terem menos silício, são mais fluidas e, normalmente, provocam erupções
efusivas. As ácidas, com fortes concentrações de silício, são menos fluidas,
melhores condutoras de calor e tendem a provocar erupções explosivas.
Erupções com deferentes
características podem ocorrer em um mesmo aparelho vulcânico e, até mesmo, no
curso de um episódio eruptivo.
As
erupções lineares ou fissurais, como as do vulcão Laki,
na Islândia, são caracterizadas por enormes emissões de basalto incandescente,
a partir de grandes fissuras abertas no solo, e estão relacionadas ao
tectonismo da cadeia meso-atlântica.
As
erupções havaianas, típicas dos vulcões Mauna-Loa e Kilauea,
nas ilhas do Havaí, são caracterizadas pela formação de grandes lagos de lava
fluida e incandescente, cuja temperatura medida na superfície é de 1.0500C.
As
erupções estrombolianas, típicas do vulcão Strombolí, na
Itália, caracterizam-se pela emissão de lavas ácidas, menos fluídas, são
acompanhadas de numerosas explosões menores, as quais arremessam pedras, jorros
de lavas e cinzas, que tornam a cair no interior da cratera. Essas erupções
rítmicas iniciam-se com a emanação de vapores, seguida de pequenas explosões
com projeção de fragmentos de lava semi-solidificada, que retornam ao interior
da cratera. O episódio dura aproximadamente 10 minutos e após quinze minutos de
calmaria, o cicio se reinada.
Erupções
volcânicas, características do monte Volcano, na Itália, cujas
lavas são mais silicosas e viscosas, caracterizando-se pelas explosões mais
fortes, as quais arremessam cinzas e fragmentos de lavas consolidadas, para
fora da cratera.
Erupções
peleanas, características do monte Pelée, na Martinica, são
semelhantes às vulcânicas, porém, como as lavas são ainda mais viscosas e a
temperatura mais baixa - 600 a-8000C – as obstruções da chaminé são mais
intensas, de forma que a maior quantidade de gás sob pressão provoca explosões
de grande intensidade, com emissão de perigosas nuvens ardentes, acompanhadas
por uma agulha de lava, que é projetada acima da cratera.
Erupções
plineanas, características da erupção que ocorreu no Vesúvio, em
79 a.C., descrita por Plínio, historiador romano, que se caracterizou pela
abundantissima projeção de cinzas e de nuvens ardentes, precedendo a emissão de
lavas. Erupções ingnibríticas, caracterizam-se pela emissão de grande
quantidade de vidro vulcânico.
Erupções
submarinas, são muito mais freqüentes do que se imaginava, a
principio, e se caracterizam por ocorrerem nas cadeias dorsais oceânicas,
provocando maremotos e tsunâmis. Essas erupções, algumas vezes, provocar~ o
surgimento de ilhas oceânicas.
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- Vulcões
Nos
vulcões ativos, distinguem-se quatro estágios característicos:
- fase de repouso;
- fase sulfatariana;
- fase de atividade
eruptiva moderada e contínua;
- fase eruptiva intensa e
abrupta.
As erupções violentas
ocorrem a intervalos irregulares, e é bastante difícil caracterizar
periodicidades. Da mesma forma, a amplitude e a duração das erupções variam
extremamente, até mesmo num único aparelho vulcânico. O volume das lavas pode
variar entre milhares e bilhões de metros cúbicos.
Algumas vezes, a emissão
ocorre através de uma única cratera, mas também por fissuras abertas nos
flancos do cone vulcânico. Excepcionalmente, a lava pode transbordar através
dos lábios da cratera, de uma forma gradual. As lavas podem escorrer por dezenas
de quilômetros ou escorrer algumas centenas de metros, antes de se
consolidarem.
O
aparelho vulcânico clássico é constituído por:
- uma abertura em forma de
cone, denominada de cratera, através da qual é emitido o material magmático;
- uma chaminé, que
comunica a cratera com os depósitos de magma subjacentes;
- uma câmara magmática,
onde é coletado o magma incandescente, que, a intervalos irregulares, é emitido
pelo vulcão.
Normalmente, a própria
erupção vulcânica vai construindo o relevo do aparelho vulcânico.
A erupção inicial do
vulcão Paricutin, em 1945, no México, foi muito bem estudada e permitiu a
descrição de história natural de uma erupção inicial amplamente documentada.
Essa erupção evoluiu de acordo com a
seguinte seqüência de eventos:
- fortes abalos sísmicos;
- surgimento de uma fenda,
com aproximadamente 0,5 m de largura, no interior de uma plantação de milho;
- efusão de gases e cinzas
silicosas;
- após alguns dias,
iniciou-se a efusão de lavas, que submergiu totalmente a localidade, deixando
fora apenas a torre da igreja local.
Nas
erupções explosivas, a expansão dos gases, no interior do edifício vulcânico,
provoca grandes explosões que projetam:
- nuvens ardentes;
- cinzas silicosas;
- fragmentos consolidados de
lavas, sob a forma de bombas e lapilli
Os lapilli são fragmentos
de rochas de pequena granulométrica. As bombas são constituídas de tufos de
material sólido ou semipastoso, com aspecto de fusos retorcidos.
As cinzas silicosas,
projetadas a grandes alturas, podem ser transportadas a milhares de quilômetros
pelas correntes aéreas. Erupções de vulcões nos Andes chilenos provocaram
deposições da cinzas silicosas na Patagônia e no Rio Grande do Sul. Na
Patagônia, os depósitos de cinzas foram de tal monta, que chegaram a dobrar o
peso das ovelhas.
As nuvens ardentes,
formadas por gases superaquecidos, misturados com cinzas silicosas e fragmentos
de lavas incandescentes, expandem-se bruscamente, em contato com a atmosfera, e
descem pelas encostas dos vulcões, carbonizando árvores, animais e, até mesmo,
pessoas. Os gases sulfídricos podem matar por sufocação, como aconteceu em
Pompéia, cidade romana que existiu nas mediações do Vesúvio, soterrada em 79
a.C.
Causas
Os enrugamentos ocorridos
no Terciário, que geraram as grandes cadeias atualmente existentes, provocaram
a elevação de bolsões de magma em numerosos picos dessas cordilheiras.
Esses
bolsões, em comunicação com o manto, sofrem a influência:
- de correntes convectivas
ascendentes de magma;
- da pressão dos blocos
montanhosos sobre o manto e favorecem a fluidificação do magma e sua elevação
através das chaminés.
Quando o volume de magma,
no interior do bolsão, ultrapassa os limites de coesão das rochas
sobrejacentes, ocorrem soluções de continuidade, permitindo as erupções
vulcânicas.
Ocorrência
O
vulcanismo, na atual era geológica, está concentrado em quatro grandes faixas,
que se distribuem ao redor do globo terrestre. Essas faixas são conhecidas
como:
- cinturão de fogo do
Pacífico;
- cinturão de fogo no
sentido dos paralelos.
- cinturão de fogo da
Dorsal meso-atlântica;
- região vulcânica da
África oriental e Oriente Médio.
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- Cinturão de Fogo do Pacifico
Esse cinturão compreende
um grande conjunto de vulcões que circunda o Pacífico, iniciando-se no extremo
sul dos Andes, continuando-se por essa imensa cadeia, ascendendo pela América
Central e pelas Sierras mexicanas, pelas Rochosas, pela cadeia das Cascatas e
pelo Alaska, descendo pelas Aleutas, em direção á península de Kamchatka e,
daí, pelas Curilas e pelo Japão, até a Nova Zelândia.
2
- Cinturão de Fogo no Sentido dos Paralelos
Essa faixa desenvolve-se
através das regiões mediterrâneas e transasiáticas, englobando os vulcões
tirrenos, como o Vesúvio e o Etna; os vulcões alpinos e os da cadeia do médio
Atlas, atingindo a Ásia Menor (monte Ararat, na Turquia) e o Cáucaso (monte
Elbrig) e, daí, bordejando o planalto do rã e pelas cadeias do Himalaia,
alcançam o oceano Pacífico, através de vulcões na ilha de Sonda e no Havaí.
Cruzam-se com o cinturão do Pacifico, na Venezuela, e, através das Antilhas,
com o cinturão da Dorsal meso-atlântica.
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- Centurião de Fogo da Dorsal Meso-Atlântica
Essa faixa desenvolve-se
da Islândia, no Ártico, e, através da Irlanda e da Escócia, desce por numerosos
vulcões emersos e imersos, passando por Açores e Ascensão. As ilhas de Fernando
de Noronha, Trindade e Martim Vaz, os rochedos de São Pedro e São Paulo e o
atol das Rocas são ilhas oceânicas brasileiras, desse complexo, desenvolvidas
por vulcões, hoje extintos
4
- Região Vulcânica da África Oriental e Oriente Médio
Nessa área de fratura em
bloco, que se inicia no lago zambese e prolonga-se até a península Arábica,
ocorrem numerosos vulcões, com especial destaque para o Kilimandjaro.
Principais
Efeitos adversos
Dependendo da intensidade
da erupção e do grau de surpresa da mesma, os danos humanos e materiais podem
ser muito intensos.
São particularmente
perigosas as nuvens ardentes.
O aquecimento dos vulcões
pode fundir nevados e provocar avalanches catastróficas, como a que ocorreu no
Nevado Del Ruiz, na Colômbia.
Monitorização,
Alerta e Alarme
Os países que têm
territórios em áreas de vulcanismo são obrigados a monitorizar os vulcões que
apresentem maior grau de risco. Com a evolução da tecnologia, numerosos
sensores permitiram estudos das atividades vulcânicas, com alto nível de
precisão.
Dentre
os sensores utilizados, destacam-se:
- os térmicos,
principalmente os que captam radiações do espectro infravermelho,
através de fotografias
aéreas ou imagens transmitidas por satélites artificiais;
- os sismógrafos, capazes
de captar os abalos sísmicos que normalmente prenunciam cicios eruptivos;
- aparelhos geodésicos de
última geração, como telêmetros a laser, que permitem detectar variações
milimétricas na superfície do aparelho vulcânico;
- químicos, que permitem
detectar pequenas amostras de gases meteoríticos do vulcão.
Medidas
Preventivas
O alerta antecipado
permite a evacuação das pessoas e dos animais das áreas de risco iminente.
A partir de mapas de
risco, é fácil definir áreas non aedificandi, normalmente desenvolvidas ao
longo das prováveis vias de acesso das lavas e áreas aedificandi com
restrições, as quais são protegidas de impactos e dos caudais de magma.
As populações das áreas
devem ser alvo de programas educativos que permitam a compreensão do fenômeno e
informem sobre as medidas preventivas e de resposta ao desastre, que devem ser
desencadeadas na iminência de erupções.
Brigadas locais de defesa
civil devem ser adestradas para atuarem em circunstâncias de desastre.
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