22 maio 2020

TÍTULO IV - LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR CID 085.05 - CODAR – HB.VLV/CODAR 23.104 - Caracterização - Dados Epidemiológicos - Elos da Cadeia de Transmissão - Períodos de Incubação e de Transmissibilidade - Suscetibilidade e Resistência - Medidas de Prevenção e de Controle - Diagnóstico e Tratamento


TÍTULO IV

LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR CID 085.05

CODAR – HB.VLV/CODAR 23.104


1. Caracterização


O Calazar é uma doença infecciosa sistêmica ou generalizada, produzida por um protozoário, de evolução crônica e que se caracteriza por apresentar:

·  Febre de início gradual ou repentino, de curso prolongado e irregular, com períodos de remissão, alternando com períodos de febre moderada, muitas vezes com dois picos diários de elevação da temperatura.

·  Crescimento do fígado (hepatomegalia), do baço (esplenomegalia) e dos gânglios linfáticos que, além de crescidos, ficam doloridos e inflamados (linfoadenopatia).

·  Queda progressiva do estado geral, com emagrecimento que tende a se acentuar com a passagem do tempo, debilidade e adinamia.

·  Queda da contagem dos glóbulos vermelhos (anemia), dos glóbulos brancos (leucopenia) e das plaquetas, caracterizando um estado de pancitopenia.


As crianças são mais sensíveis à doença, a qual, se não for tratada corretamente, apresenta elevados índices de letalidade.

Em alguns casos, pode ocorrer cura aparente seguida do aparecimento de lesões cutâneo-mucosas semelhantes as da leishmaniose cutânea.


2. Dados Epidemiológicos

a. Agente Infeccioso

O agente infeccioso do calazar é um protozoário da classe Mastigophora (flagelados) da espécie Leishmania donovani. Estes protozoários apresentam-se com flagelos (sob a forma de leptomonas), no tubo digestivo dos flebótomos e nas culturas dos parasitas, e desprovidos de flagelos (sob a forma de leishmânias), nos tecidos dos hospedeiros vertebrados.


b. Elos da Cadeia de Transmissão

Os principais elos da cadeia de transmissão desta doença são o(s):

·  insetos do gênero Phlebotomus, representado no Brasil pela espécie Phlebotomus longipalpis ;

·  canídeos e roedores silvestres;

·  cães domésticos;

·  homem.


No Brasil, o Calazar é uma doença enzoótica (endêmica de animais), transmitida acidentalmente ao homem, por intermédio da picada de uma fêmea de flebótomo, que se tornou infectante ao picar um cão doméstico ou um roedor ou canídeo silvestre, portador da doença.

Na Índia, o homem é o único reservatório conhecido da doença.


c. Períodos de Incubação e de Transmissibilidade

No homem, o período médio de incubação varia entre 2 e 4 meses, mas em casos extremos, pode variar entre 10 dias e dois anos. 

A transmissibilidade ocorre enquanto os parasitas se encontrarem na pele ou no sangue dos hospedeiros vertebrados. 

Pode ocorrer transmissão inter-humana, por transfusão de sangue ou por contágio sexual. Há descrição de casos de transmissão por mordedura de animais infectados, em laboratórios de patologia.


d. Suscetibilidade e Resistência

A suscetibilidade é geral. A imunidade nos casos curados é permanente.

Não existe imunidade cruzada entre a leishmaniose cutânea e o calazar.


e. Ocorrência

O calazar é uma doença rural, que ocorre em focos isolados na Índia, na Turquia, no Oriente Médio, em países mediterrâneos, no Quênia, no Sudão, na América Central, no México e na América do Sul.

No Brasil, ocorre de forma endêmica, em focos isolados nos seguintes Estados do Nordeste: PI, CE, RN, PB e PE; e sob a forma de casos esporádicos, nos seguintes Estados: AL, SE, BA, MG, ES, TO, PA.


3. Medidas de Prevenção e de Controle

A prevenção depende do rociamento com inseticidas eficientes e de ação residual, das paredes internas e externas das casas, dos galpões, dos canis e das áreas de criação de roedores domésticos.

Os monturos com detritos de matéria orgânica, num raio de 200 metros das casas e das áreas de criação de roedores e de cães, devem ser enterrados ou protegidos com telas finas.

Os cães domésticos e os demais reservatórios animais, suspeitos de estarem infectados com Calazar devem ser eliminados.

As casas devem ser teladas, com telas de malha fina, da mesma forma, os mosquiteiros também deverão ser de malha fina.

O combate sistemático à malária e à doença de Chagas contribui para reduzir a ocorrência de flebótomos e a transmissão do Calazar, que também é beneficiado pela eliminação de cães vadios provocada pelas campanhas de erradicação da Raiva.

Em casos de desastres, deve ser vetada a presença de cães domésticos e de outros animais, nas áreas de alojamento dos desabrigados, especialmente nas áreas de ocorrência da doença.


4. Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é confirmado pela identificação dos protozoários da espécie Leishmania donovani sob a forma de corpúsculos intracelulares – Corpúsculos de Donovani – em esfregaços de material corado, obtido por biópsia de medula óssea, de baço, de fígado ou de gânglio ingurgitado. 

Normalmente, estes corpúsculos são encontrados no interior de células do Sistema Retículo Endotelial (histócitos), responsáveis pela defesa do organismo e em células dos órgãos hematopoiéticos, responsáveis pela produção dos glóbulos vermelhos e dos glóbulos brancos do sangue.

O tratamento com antimonato de meglumina (glucantime) e com anfotericina B deve ser conduzido em regime de semi-internamento e por equipe experimentada. 

As expectativas de cura crescem, em função da precocidade do tratamento.

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