TÍTULO
VIII
SHYGELOSE
(Disenteria Amebiana) CID – 004
CODAR
– HB. ASH/ CODAR 23.208
1.
Caracterização
A shygelose é uma doença
infecciosa aguda, que compromete preferencialmente o intestino grosso e se
caracteriza por apresentar diarréia, acompanhada de febre, cólicas abdominais,
náuseas, vômitos e tenesmo, ou seja, uma sensação de dor na região anorretal, acompanhada
de urgência em defecar, com eliminação de poucas fezes.
As fezes costumam ser
aquosas ou pastosas e acompanhadas de muito muco ou catarro, sangue e pus.
Podem ocorrer infecções assintomáticas.
A gravidade da doença
depende da idade do paciente e de seu estado nutricional, da dose infectante e
da espécie e sorotipo do microorganismo que atua como agente infectante.
Os quadros mais graves
ocorrem em crianças, em idosos e em hiponutridos. Normalmente os surtos mais
graves são provocados pela Shygella dysenteriae 1, com taxas de mortalidade
superiores a 20%, em pacientes não tratados, enquanto que os mais brandos são
os provocados pela Shygella sonnei.
2.
Dados Epidemiológicos
a)
Agentes Infecciosos
Os agentes infecciosos são
bactérias do gênero Shygella (bacilo de Shiga), com 4 espécies e
aproximadamente 30 sorotipos diferentes. As quatro espécies infectantes são as
seguintes: Shygella dysenteriae, S. flesnei, S. boydii e S. Sonnei.
b)
Reservatório
Embora tenham sido
relatados surtos epidêmicos em colônias de primatas, o homem se comporta como o
único reservatório de importância epidemiológica.
c)
Mecanismos de Transmissão
As shigeloses são doenças
de contaminação fecal veiculadas por alimentos e águas impuras contaminados,
direta ou indiretamente, por estes microorganismos infectantes.
Os principais responsáveis
pela transmissão são os pacientes agudos e, principalmente, os portadores de
germes, que não lavam as mãos após defecar e antes de manipular alimentos e de
cuidar de crianças, quando têm unhas grandes, sujas e contaminadas.
3.
Períodos de Incubação e de Transmissibilidade
A incubação varia entre 1
e 7 dias. A transmissibilidade, nos pacientes tratados, se mantém por
aproximadamente 4 semanas, podendo persistir por anos nos pacientes crônicos.
4.
Distribuição
As infecções por Shigelas
ocorrem em todos os países do mundo e, embora todas as pessoas sejam
susceptíveis, os casos graves ocorrem em criança, idosos e pacientes
hiponutridos.
Os estratos populacionais
menos favorecidos e as comunidades que não são apoiadas por serviços de
saneamento básico são mais vulneráveis às shigeloses e às demais doenças de
contaminação fecal.
5.
Medidas Preventivas
A
redução das disenterias bacterianas depende, em última análise, de medidas de
saneamento básico, educação sanitária, vigilância epidemiológica e vigilância
sanitária.
1) No que diz respeito ao
saneamento básico, há que ressaltar o esgoto sanitário de fezes e das águas
negras, o tratamento e a distribuição de água potável, a limpeza urbana, o
recolhimento e a destinação sanitária do lixo e o saneamento das unidades
residenciais.
2) No que diz respeito à
educação sanitária, há que ressaltar a importância do controle das doenças de
contaminação fecal, para garantir a redução da mortalidade infantil, o asseio
corporal, a higiene das habitações, a higiene da alimentação, especialmente a
relacionada com o preparo e a conservação dos alimentos.
3) A Vigilância Sanitária
poderá controlar a qualidade dos alimentos produzidos nas indústrias
alimentícias e em estabelecimentos, como restaurantes, bares, confeitarias,
padarias, hotéis, creches e asilos de idosos.
4) A Vigilância
Epidemiológica poderá identificar surtos epidêmicos e esclarecer as fontes de
infecção, os mecanismos de transmissão e os cuidados especiais que devem ser
tomados para dominar estes surtos.
6.
Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente Imediato
1) A notificação e a
identificação e estudo minucioso do surto endêmico são de extrema importância,
especialmente quando envolve creches, asilos, escolas, albergues e abrigos
temporários de pessoas desabrigadas por desastres.
2) Nos hospitais e nas
creches, a lavagem cuidadosa das mãos deve ser considerada como um ritual de
extrema importância, para evitar a propagação mecânica das infecções.
3) O isolamento de
pacientes com disenteria bacilar na fase aguda é de capital importância para
evitar a disseminação da doença no ambiente hospitalar. Uma especial atenção
deve ser dada à desinfecção concorrente e terminal das fezes e objetos
contaminados (fômites), para bloquear a propagação do surto.
4) A reidratação oral ou
endovenosa dos pacientes com diarréia intensa é de capital importância para
reduzir a mortalidade. É aconselhável que o tratamento específico seja
precedido de antibiograma, ministrado em doses adequadas e mantido até que se
tenha certeza da cura completa.
5) Pacientes com
disenteria crônica ou portadores de germes não devem cuidar de criança nem
manipular alimentos, até que se comprove a cura total, mediante dois exames de
fezes negativos coletados com 24 a 48 horas de intervalo, após o tratamento
completo da enfermidade com antibióticos adequados.
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