BOTULISMO
(CID 005.1)
1. Caracterização
Intoxicação
extremamente severa produzida pela toxina do Clostridium botulinum de sorotipos
A, B, E ou F, que se exterioriza por manifestações clínicas relacionadas com o
sistema nervoso, como ptose (queda) palpebral, dificuldades visuais (visão
dupla ou bonada), boca seca e garganta dolorida e, em seguida:
- paralisia flácida,
simétrica e descendente;
- vômitos, diarréia e
ocasionalmente prisão de ventre.
Aproximadamente um terço
dos pacientes pode morrer de 3 a 7 dias, após o início dos sintomas, em
conseqüência de parada respiratória ou de superinfecção.
Pacientes tratados em
Unidades de Terapia Intensiva – UTI podem apresentar índices de sobrevivência
superiores a 90%.
O diagnóstico é confirmado
pela presença da toxina específica no soro ou nas fezes.
2.
Agente Tóxico
Toxinas produzidas pelo
Clostridium botulinum dos tipos A, B, E, ou F. Os surtos relacionados com o
tipo E relacionam-se geralmente com consumo de produtos marinhos.
A toxina é produzida em
condições da anaerobiose em alimentos de baixo teor ácido e mal preparados. É
destruída pela fervura, mas a inativação dos esporos do Clostridium botulinum
exige temperaturas mais elevadas.
3.
Reservatórios
Os C. botulinuum ocorrem
no trato intestinal de animais, inclusive peixes, no gelo e na água.
4.
Mecanismos de Intoxicação
Ingestão de alimentos onde
a toxina foi formada. Normalmente de frascos e latas que não foram
suficientemente aquecidos, durante o envasilhamento e que não passaram por
processo de cocção antes de serem servidos.
Os casos de intoxicação podem ser
causados pelo consumo de:
· conservas de legumes e de frutas preparadas
em casa;
· salsichas e carnes defumadas;
· peixes.
Os primeiros sintomas
ocorrem entre 12 e 36 horas da ingestão do alimento contaminado.
Quanto mais
curto for o período de incubação, mais grave será o quadro clínico.
5.
Medidas Preventivas
A Vigilância Sanitária é a
mais importante atividade preventiva, no caso das indústrias de alimentos.
A Educação Sanitária das
pessoas que se ocupam do preparo doméstico dos alimentos conservados é
fundamental, especialmente os relativos ao tempo, pressão e temperatura
necessários à destruição dos esporos, utilizando panelas de pressão.
Da mesma
forma, qualquer alimento enlatado duvidoso deve ser fervido por, no mínimo, 3
minutos, antes de ser servido.
Recipientes abaulados, ou
garrafas com tampas abauladas e alimentos com “odor impróprio” devem ser
rejeitados e nem sequer devem ser provados.
6.
Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente
a)
Tratamento específico
O paciente deve ser
internado em uma UTI e receber administração intravenosa e intramuscular da
antitoxina botulínica trivalente. As condições respiratórias do paciente devem
ser vigiadas e controladas.
Pessoas que ingeriram
alimentos suspeitos devem receber laxativos, lavagem gástrica, enemas altos e
mantidos sob vigilância médica rigorosa e, se for o caso, protegidos com a
antitoxina, mesmo antes da instalação do quadro clínico.
Os alimentos contaminados
devem ser esterilizados por fervura, antes de serem descartados. Os utensílios
devem ser fervidos e clorados.
b)
Vigilância Epidemiológica
Em caso de surto
epidêmico, compete à Vigilância Epidemiológica determinar a fonte de
intoxicação e os mecanismos responsáveis pela eclosão do surto, com o objetivo
de facilitar o planejamento das medidas de controle.
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