22 maio 2020

TÍTULO V - SALMONELOSES CID – 003 - CODAR – HB. ASL/CODAR 23.205 - Caracterização - Dados Epidemiológicos - Agentes infecciosos - Reservatórios - Distribuição Geográfica - Mecanismos de Transmissão - Períodos de Incubação e de Transmissibilidade - Medidas Preventivas - Controle dos Pacientes, dos Contactos e do Meio Ambiente - Problemas Relacionados com a Defesa Civil


TÍTULO V

SALMONELOSES CID – 003

CODAR – HB. ASL/CODAR 23.205


1. Caracterização

As salmoneloses são doenças infecciosas de contaminação fecal causadas por numerosas espécies de bactérias do gênero Salmonella e que normalmente se manifestam sob a forma de gastroenterite, seguida de enterocolite e que se iniciam de forma brusca com dor abdominal, diarréia, náuseas e vômitos.

Os quadros de desidratação que surgem em conseqüência das diarréias podem agravar-se rapidamente, especialmente em crianças de pouca idade, exigindo a instituição de tratamento hidratante.

Normalmente, o quadro completa-se com febre alta, sensação de mal–estar, prostração, adinamia e anorexia (perda do apetite) e a eliminação de fezes pastosas, típicas das enterocolites, pode se manter por vários dias.

Em alguns poucos casos, pode ocorrer septicemia, que corresponde à invasão e à multiplicação de bactérias na corrente sangüínea e, nesta condição, podem aparecer focos de infecção local e abcessos em diversos órgãos do organismo, como nas articulações (artrites), vesícula biliar (colecistites), rins (pielonefrites), coração (endocardites e pericardites), pulmões (pneumonias) meninges (meningite) e pele (piodermites).

Os casos fatais são bastante raros, exceto em crianças de tenra idade, pacientes idosos e pessoas debilitadas.



2. Dados Epidemiológicos


a) Agentes infecciosos

Dos quase 2000 sorotipos e espécies de bactérias do gênero Salmonella ,aproximadamente 200 já foram identificadas em quadros patológicos humanos, sendo a Salmonella typhimurium a mais correntemente identificada.

As Salmonellas typhi e paratyphi causadoras das febres tifóide e paratifóide serão estudadas nos títulos específicos e não serão consideradas no presente estudo.


b) Reservatórios

As Salmoneloses ocorrem preferencialmente em animais silvestres e domésticos, como aves, suínos, bovinos e roedores, em animais de estimação, como cães, gatos e tartarugas e em seres humanos.


c) Distribuição Geográfica

As Salmoneloses ocorrem em todos os quadrantes da Terra mas são notificadas, com maior freqüência, nos países frios e temperados do Hemisfério Norte.

É possível que esta maior incidência esteja relacionada com as particularidades do forrageamento dos animais domésticos naqueles países. Nos Estados Unidos, ocorrem mais de 2.000.000 de casos anuais desta patologia.



3. Mecanismos de Transmissão


Doenças de contaminação fecal, as salmoneloses são transmitidas pela ingestão destes microorganismos patogênicos presentes:

·  em alimentos contaminados por fezes humanas, de animais, durante a preparação, ou durante o armazenamento e distribuição;

·  em leite que não foi fervido, nem pasteurizado e em laticínios preparados sem normas rígidas de controle de qualidade;

·  em ovos crus e seus derivados, especialmente quando a casca dos mesmos está rachada ou visivelmente suja;

·  em forragens preparadas com resíduos de produtos animais contaminados, como as farinhas de osso, de carne e de peixe e as camas de frango ou fezes de porco utilizadas na alimentação de animais domésticos;

·  alguns surtos de grandes proporções foram provocados pelo abastecimento público com água não clorada, especialmente em circunstâncias de desastres naturais, como secas e inundações;

·  surtos epidêmicos de salmonelose ocorrem em conseqüência da ingestão de alimentos de origem animal, industrializados em condições não condizentes com normas rígidas de controle de qualidade. As indústrias mais vulneráveis são as de embutidos, de laticínios e de produtos preparados com ovos;

·  surtos epidêmicos, nitidamente localizados, podem ocorrer em asilos de idosos, orfanatos, hospitais, pensionatos, albergues e em abrigos provisórios, em conseqüência do uso de alimentos de origem duvidosa ou da contaminação dos alimentos preparados, por resíduos de fezes animais, como roedores.


4. Períodos de Incubação e de Transmissibilidade

O período de incubação varia entre um mínimo de 6 e um máximo de 72 horas, com médias de 12 a 36 horas. A transmissibilidade varia entre dias e semanas, sendo raros os portadores crônicos que continuam transmitindo a patologia, após um ano.


5. Medidas Preventivas

a) A cocção adequada de todos os alimentos de origem animal e o controle dos alimentos prontos, para evitar que os mesmos se contaminem, é de importância fundamental. Há que evitar o consumo de ovos crus e de leite não fervido ou pasteurizado.

b) Os alimentos prontos devem ser conservados em geladeiras, abaixo de 4 (quatro) graus centígrados, ou em estufas térmicas, com temperaturas acima de 64 (sessenta e quatro) graus centígrados, para se evitar a multiplicação de bactérias.

c) A educação sanitária dos manipuladores de alimentos é indispensável. Há que ressaltar a importância do asseio corporal, do corte das unhas, da lavagem escrupulosa das mãos, da limpeza das instalações e dos equipamentos e utensílios de copa e cozinha, do controle de insetos e roedores e das medidas de conservação de alimentos.

d) O controle dos roedores é de capital importância para reduzir a ocorrência de surtos provocados pelas Salmonellas typhimurium.

e) A vigilância sanitária dos matadouros, açougues, usinas de pasteurização do leite e das demais indústrias de alimentos é fundamental para evitar a ocorrência de surtos epidêmicos. Há que ressaltar a importância do controle das indústrias que manipulam ovos e produtos derivados.

f) A vigilância animal deve se preocupar, prioritariamente, com o controle das rações de animais estabulados, como farinhas de osso, farinhas de carne e farinhas de peixe, que devem ser autoclavadas (esterilizadas) acima de 120 graus centígrados, para que se tenha certeza da total destruição dos microorganismos. No Brasil, é proibido alimentar herbívoros com produtos de origem animal.

g) Os portadores crônicos, quando identificados, devem ser convenientemente tratados antes de voltarem a trabalhar como manipuladores de alimentos ou em creches, asilos e hospitais.


6. Controle dos Pacientes, dos Contactos e do Meio Ambiente

A notificação da autoridade sanitária local é obrigatória nos surtos epidêmicos. Nos casos isolados, basta o relato, a intervalos de tempo regulares, do número de casos.

No caso de pacientes internados, o isolamento rigoroso é obrigatório, da mesma foram que as atividades de desinfecção concorrente e terminal, com o objetivo de se evitar a disseminação da doença no ambiente hospitalar.

A cultura de fezes de todos os contatos, inclusive do pessoal de enfermagem, facilita o controle dos surtos.

O tratamento indicado e indispensável é a reidratação. A decisão de tratar com antibióticos os pacientes debilitados deve ser precedida de antibiograma e deve ser continuada pelo menos por 5 dias, após o desaparecimento de todos os sinais e sintomas da infecção.


7. Problemas Relacionados com a Defesa Civil

Em numerosos desastres naturais, ocorre colapso no suprimento de água e surge a necessidade de abastecer a população com carros-pipas. 

Nestas condições, as preocupações com o suprimento de água clorada e isenta de contaminantes devem se redobradas.

Nos períodos de seca do Nordeste, a incidência de quadros de gastroenterites tende a triplicar.

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