20 maio 2020

OUTRAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS AGUDAS - CODAR – HB.IRA/CODAR 23.399 - Quadro Clínico - sinais e sintomas, que ocorrem com maior freqüência nos quadros de IRA - Estudo Genérico dos Sinais e Sintomas de Localização - A criança com bronquiolite


2. Quadro Clínico

As viroses respiratórias agudas apresentam sinais e sintomas gerais ou sistêmicos e outros que caracterizam a localização da infecção.

Os sinais e os sintomas sistêmicos que podem ocorrer nas mais diferentes combinações, caracterizando quadros clínicos diferenciados, tanto nas características, como na intensidade relativa dos mesmos.


Os sinais e sintomas, que ocorrem com maior freqüência nos quadros de IRA, são os seguintes:

- febre , acompanhada ou não de sensação de frio, ou mesmo de calafrio, quando a elevação da temperatura ocorre de forma rápida e intensa;

- sintomas dolorosos, como dor de cabeça (cefaléia ou cefalalgia), dores musculares (mialgias), dores articulares (artralgias), dores nas regiões dorsal (dorsalgias) e lombar (lombalgias);

- mal-estar geral, debilidade geral (adinamia) e perda do apetite (anorexia);

- transtornos intestinais, como náuseas, vômitos e diarréias.


Muito raramente, todos os sinais mencionados apresentam -se em conjunto. É normal a ocorrência de febre, acompanhada por dois ou mais sintomas.

Os sinais e sintomas de localização, nos diferentes níveis da árvore respiratória, caracterizam quadros de: rinite, rinofaringite, faringite, amigdalite, laringite, laringotraqueíte, traqueobronquite, bronquite, bronquiolite, broncopneumonia e pneumonia franca. 

Embora estes quadros possam ocorrer isoladamente, é normal a associação de quadros e que a infecção evolua em sentido descendente.

Os quadros benignos, que são os mais freqüentes, curam-se espontaneamente em 2 a 5 dias, normalmente sem complicações ou seqüelas Os quadros graves têm evolução mais demorada e podem ser seguidos de superinfecções bacterianas, causadoras de pneumonias, broncopneumonias, otites médias e sinusites.

As crianças de tenra idade e os pacientes idosos, especialmente quando desnutridos, são mais vulneráveis às IRA graves.

As infecções respiratórias agudas são importantes causas de morbilidade infantil e de idosos, exigindo bem estruturadas programações de saúde pública, para controlá-las.



Estudo Genérico dos Sinais e Sintomas de Localização

1. As rinites caracterizam-se pela produção de catarros nasais, espirros e entupimento nasal.

2. As reações inflamatórias da faringe e das amígdalas caracterizam-se por intumescimento das amígdalas, reação hiperêmica (vermelhidão causada pelo incremento da circulação local), algumas vezes observam-se pontos purulentos com halitose (mau hálito), queixas de dor de garganta e inflamação dos gânglios linfáticos (adenite) do pescoço.

3. As laringotraqueítes caracterizam-se por rouquidão, tosse molesta, áspera e rouca, ruído de cornagem e até mesmo tiragem (abaixamento dos espaços intercostais durante a inspiração) causados pela reação inflamatória com inchaço (edema), produção de catarro e contratura da musculatura da traquéia, que reduza a luz das vias aéreas superiores, dificultando a inspiração.

4. As bronquites caracterizam -se pelo aparecimento de ruídos adventícios muito característicos, como roncos, sibilos e estertores bolhosos, que são percebidos quando se auscultam os pulmões. A redução da renovação do ar provoca uma diminuição da intensidade do murmúrio vesicular na área afetada. O murmúrio vesicular é um ruído normal provocado pelo enchimento dos alvéolos pulmonares, durante a respiração.

5. A bronquiolite (afecção dos bronquíolos) ocorre principalmente em crianças com menos de 4 (quatro) anos e se caracteriza por um quadro de insuficiência respiratória de instalação brusca. A reação inflamatória dos bronquíolos dificulta a expiração do ar e provoca enfisema alveolar de padrão obstrutivo.


A criança com bronquiolite apresenta-se:

- agitada, com freqüência respiratória elevada (60 a 80 RPM) e movimentos respiratórios de pequena amplitude, caracterizando um quadro de dificuldade respiratória (dispnéia);

- com acessos freqüentes de tosse seca e sem expectoração de catarro (nãoprodutiva);

- com um tom azulado da pele das extremidades e dos lábios (cianose), denunciando uma redução na oxigenação dos tecidos;

- com expiração mais prolongada (dispnéia expiratória), acompanhada de ruídos advertidos como sibilos e ruídos bolhosos, percebidos na ausculta pulmonar;

- com pouca renovação do ar alveolar, que provoca a redução do murmúrio vesicular;

- com o ar retido pelo enfisema, que produz hipersonoridade (quase timpanismo) quando se percute a área pulmonar;

- com a febre normalmente pouco elevada, e a queda brusca da temperatura com intensificação da cianose é de muito mau prognóstico, indicando risco de morte.


6. O comprometimento do parênquima pulmonar, caracterizando os quadros de pneumonias e de broncopneumonia, é suspeitado pelo agravamento da insuficiência respiratória e por sinais de comprometimento alveolar, como:

- submacicez e macicez à percussão, de forma que o pulmão percutido produz um som semelhante ao do fígado;

- caracterização de ruídos crepitantes e subcrepitantes (semelhante ao atrito provocado pelo cabelo entre os dedos), durante a ausculta pulmonar;

- redução do murmúrio vesicular nas partes afetadas;

- sinais radiológicos característicos como opassificação da área afetada.


Mesmo com sofisticados recursos de laboratório, o diagnóstico etiológico específico só é conclusivo em 50% dos casos. Os exames sorológicos por imunofluorescência são os métodos mais expeditos.

Para fins clínicos, é muito importante caracterizar o momento em que a virose respiratória se complica com uma infecção bacteriana. 

O brusco aumento dos leucócitos nos exames de sangue é um muito bom indício. Neste momento, é importante fazer cultura de escarro e do material coletado por bronco-aspiração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário