16 maio 2020

HEPATITE A VÍRUS B CID – 070.3 - Caracterização - Enfermidade provocada por vírus, de início insidioso, com sinais e sintomas pouco definidos - Dados Epidemiológicos - Medidas Preventivas - Controle do Paciente, dos Contatos e do Meio Ambiente


TÍTULO I

HEPATITE A VÍRUS B CID – 070.3
CODAR – HB.SH/CODAR 23.401


1. Caracterização


Enfermidade provocada por vírus, de início insidioso, com sinais e sintomas pouco definidos como:

- debilidade física (adinamia) e cansaço fácil;

- dor de cabeça (cefaléia) e dores articulares (astralgia);

- sintomas digestivos vagos, como perda de apetite (anorexia), digestão gástrica difícil (dispepsia), sensação de plenitude gástrica, estado nauseoso com repulsa instintiva aos alimentos gordurosos e frituras, acúmulo de gases intestinais (flatulência), distensão abdominal com ruídos hidroaéreos (meteorismo), náuseas e vômitos;

- a febre, quando presente, costuma ser de pequena intensidade;

- escurecimento da urina provocado pelo aumento da excreção do urobilinogênio.


Em seguida, a fase preliminar evolui e o quadro clínico é acompanhado de:

- um rush eruptivo, que pode ser de pequena intensidade e, em alguns casos, inaparente;

- um quadro de icterícia, de padrão hepatocelular, de intensidade variável.


A síndrome icterícia é provocada pelo aumento da concentração da bilirrubina no sangue e pelo depósito deste pigmento, de cor amarela, na pele. A bilirrubina é um pigmento derivado do metabolismo da hemoglobina.


As icterícias, em função de suas fisiopatologias, são classificadas como:

- Pré-hepáticas, quando provocadas pelo aumento da destruição dos glóbulos vermelhos (hemácias), como acontece na malária e nas anemias hemolíticas.

- Hepáticas, quando provocadas por lesões nas células hepáticas (hepatócitos), como acontece nas hepatites tóxicas ou infecciosas, como as hepatites a vírus.

- Pós-hepáticas, quando provocadas por processos obstrutivos no interior da árvore biliar (cálculos biliares) ou por compressões extrínsecas dos condutos biliares, como acontece no câncer de cabeça e de pâncreas.

Nas hepatites a vírus, a icterícia é de padrão hepatocelular (intra-hepática) e de causa infecciosa. Nestas condições, a agressão às células hepáticas é caracterizada por alterações das provas de função hepática, por elevação das transaminases, especialmente da transaminase glicopirúvica, enquanto a fosfotase alcalina se mantém em níveis normais ou ligeiramente elevados.

A gravidade do quadro clínico varia desde formas inaparentes e não manifestas e que só são detectadas por intermédio de exames de laboratórios, até casos fulminantes e mortais com necrose hepática aguda.

No que diz respeito à evolução, aproximadamente 30% dos pacientes que apresentam hepatite persistente, hepatite ativa crônica ou cirrose criptogênica apresentam antecedentes de hepatite a vírus B.

Acima de 60% dos cânceres de células hepáticas, podem estar associados com hepatites a vírus B ou C.

O diagnóstico laboratorial que caracteriza a hepatite a vírus B é confirmado por intermédio de provas de rádioimunoensaio, com marcadores que demonstram a existência de antígeno e de anticorpos plasmáticos, relacionados com o vírus da Hepatite B – VHB – no soro dos pacientes suspeitos.

Os antígenos de superfície – Ag HBS – indicam a presença do vírus no organismo.

Os anticorpos plasmáticos de superfície – Anti HBS – surgem no plasma dos pacientes, desde a fase inicial da doença e permanecem até semanas ou meses após a ocorrência da cura clínica.

Os anticorpos plasmáticos centrais – Anti HBC – surgem no plasma sangüíneo mais tardiamente e permanecem indefinidamente.


3. Dados Epidemiológicos

O agente infeccioso é o vírus B da Hepatite – VHB – conhecido anteriormente como antígeno Austrália e se caracteriza como um vírus de dupla hélice (hélix) de ADN, composto por um núcleo central de nucleocapsídeo – Ag HBC – envolvido por uma camada externa, constituída pelo antígeno de superfície – Ag HBS.

O homem é o único reservatório do vírus de importância epidemiológica. No que diz respeito ao mecanismo de transmissão, há que registrar que o VHB tem sido encontrado em todas as excreções e secreções do corpo. No entanto, apenas o sangue, o sêmen e a saliva são comprovadamente infectantes.

A transmissão ocorre usualmente por inoculação percutânea (intravenosa, muscular, subcutânea ou intradérmica) de sangue humano, plasma, soro, concentrados de hemácias, crioprecipitados, trombina, fibrinogênio e outros derivados de sangue, oriundos de pessoas infectadas pelo pelo HVB. Agulhas, seringas e equipos de transfusão contaminados também são veículos de disseminação. 

A transmissão perinatal é comum, no caso de mães infectadas. 

A infecção também pode ser transmitida por contato pessoal íntimo com parceiros sexuais infectados.

O período de incubação varia entre 45 e 160 dias, com médias de 60 a 90 dias. O Ag HBS pode ser detectado no sangue a partir da segunda semana.

O período de transmissibilidade inicia-se com o aparecimento do Ag HBS no plasma e se mantém, enquanto a reação permanece positiva.

A suscetibilidade é geral e a imunização confere resistência duradoura.


4. Medidas Preventivas

a. Manter critérios absolutamente rígidos na seleção de doadores de sangue, rejeitando todos os candidatos que tenham tido hepatite a vírus A, B, C ou D e que apresentem seus antígenos nos testes de radioimunoensaio, da mesma forma devem ser rejeitados os dependentes de drogas injetáveis, os portadores de HIV (Vírus da Imunodeficiência Adquirida), os sifilíticos e os maláricos e portadores de Doença de Chagas;

b. A transfusão de sangue total e de hemoderivados deve ser limitada ao máximo;

c. Todos os casos de hepatite que surjam após transfusão devem ser investigados, com o objetivo de identificar o doador suspeito e notificar todos os bancos de sangue sobre os riscos decorrentes;

d. O uso de agulhas e seringas descartáveis contribui para reduzir a transmissão entre os dependentes de drogas;

e. A vacinação de crianças e dos grupos de riscos contra o HVB é um método seguro de prevenção que vem sendo implantado no Brasil, com muito bons resultados.


5. Controle do Paciente, dos Contatos e do Meio Ambiente

A notificação de casos à autoridade sanitária local é obrigatória.

O sangue de pacientes com hepatite a vírus B não deve ser utilizado em nenhuma hipótese e todo o material que entrar em contato com o mesmo deve ser descontaminado.

Os contatos suspeitos de terem sido contaminados devem ser submetidos às provas sorológicas e, se as mesmas forem negativas, devem ser imunizadas, cabendo a aplicação em duas doses, com 30 dias de intervalo.

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