2.2 RELAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO DO INCÊNDIO E AS MEDIDAS DE SCIE
O
incêndio como um fenômeno físico-químico de combustão contínua, possui fatores
que são necessários para sua existência, a fonte de ignição (energia de
ativação), o combustível e o oxigênio (comburente) disponível para a queima. É um
fenômeno que interage fortemente com a natureza, é extremamente não-linear com
processos complexos envolvidos de fluxos de massa e de calor entre os
combustíveis e o ambiente (QUINTIERE; CARLSSON, 2000).
Ainda,
para Mitidieri (2008), o risco de ocorrência de um incêndio também é
determinado por fatores inerentes a cada edifício. E a segurança desejável para
cada um deles está diretamente relacionada ao risco de incêndio e sua condição
de desenvolvimento.
Dentro
de um compartimento, inserido em uma edificação qualquer, o incêndio tem sua
influência regida por fatores preponderantes para a existência do fogo, sua
dinâmica de propagação e a severidade dos danos que serão causados.
Ainda, Quintiere e
Carlsson (2000) apresentam passo-a-passo o desenvolvimento do incêndioem
edificações de acordo com os fenômenos que provocam a propagação do fogo, calor
dos gases e resíduos aquecidos, quais sejam:
-
ignição;
-
pluma ascendente dos gases aquecidos;
-
difusão pelo teto (ceilingjet);
-
aquecimento da camada superior do compartimento;
-
transferência de calor para adjacências;
-
propagação de fumaça pelas aberturas;
-
inflamação generalizada;
-
incêndio totalmente desenvolvido;
-
decaimento.
Mesmo que sua propagação
seja de forma não-linear, o incêndio apresenta fases de desenvolvimento comuns:
-
inicial (ignição);
-
crescente ou de aquecimento;
-
incêndio totalmente desenvolvido;
-
final ou decaimento.
A
Figura 5 ilustra a curva de incêndio natural, a qual apresenta a relação das
fases do incêndio com o tempo de desenvolvimento e as respectivas temperaturas
alcançadas.
Figura 5 –
Curva de incêndio real apresentando as fases dedesenvolvimento (CBMDF, 2012).
O
desenvolvimento destas fases depende de diversos fatores que definirão a sua
severidade e rapidez de propagação em uma edificação. Temos como principais
condicionantes o seu uso que determina o respectivo conteúdo, manifestado
comumente pela carga de incêndio (mobiliário, revestimentos e acabamentos, entre
outros), as características da ventilação disponível e o comportamento do vento
no seu exterior, a forma do edifício (características geométricas e
construtivas) e a presença de elementos de compartimentação (BRENTANO, 2007;
COELHO, 2010; SILVA, 2014).
No
transcorrer do incêndio, geralmente entre as fases de aquecimento e o incêndio
totalmente desenvolvido, podem acontecer comportamentos extremos do fogo que
modificam de forma rápida a condição de severidade das chamas e sua propagação.
Os comportamentos extremos do fogo são a ignição súbita generalizada ou
generalização do incêndio (flashover), explosão de fumaça (backdraft), e a
ignição da fumaça (CBMDF, 2012). A fase de incêndio totalmente desenvolvido e os
fenômenos de comportamento extremo do fogo modificam abruptamente
as necessidades de proteção da edificação sinistrada, sendo um marco para a
definição das medidas a serem adotadas.
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