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11 junho 2022

AtendimentoPré-Hospitalar - História - Ambulância Voadora - APH no Brasil - Sistema Resgate - Logotipo do Sistema Resgate - Brevê Resgate - Gráfico da evolução das ocorrências do Sistema Resgate - Grupo de Resgate e Atenção às Urgências - GRAU

 

AtendimentoPré-Hospitalar

 


História e contexto

 

História

 

Antes de entrarmos no projeto de fato, é necessário compreender o que é o Atendimento Pré-Hospitalar ou APH. Este capítulo trará os conceitos e definições que englobam o universo dos serviços de emergência, desde seu surgimento na antiguidade, até atingir os padrões atuais.

 

O APH nasceu da necessidade de prestar um atendimento imediato, provendo uma resposta adequada às situações que ocorrem fora do ambiente hospitalar. O APH se origina ao mesmo tempo que a medicina surge na história: seus conceitos já faziam parte cotidiano da prática exercida há séculos.

 

Entrando um pouco na história do Atendimento Pré-Hospitalar, percebe-se que as guerras, exerceram um papel fundamental no desenvolvimento de técnicas e conceitos do que é hoje conhecido como APH. Na Roma antiga foram introduzidos os primeiros projetos de hospitais de campanha e, séculos depois, as pragas que assolaram a Europa e devastaram econômica e socialmente o continente, resultaram em melhorias sanitárias e no cuidado médico, já que se criou uma estrutura de transporte dos pacientes até o hospital.

 

Esses feitos são importantes, mas foi somente durante o reinado de Napoleão que a medicina de emergência passou por grandes transformações. A maior causa de óbitos em combate eram de soldados que morriam sem receber qualquer tipo de tratamento médico. Além disso, as ambulâncias demoravam muito para socorrer e transportar os feridos. Para resolver esse problema, a Ambulância Voadora foi criada. Elas eram carroças leves puxadas por cavalos, o que permitia um atendimento e deslocamento muito mais rápido e eficiente do que era feito até então, além de levar colchões e medicamentos para o atendimento. Com estas ambulâncias era possível realizar o atendimento médico no local, com rápida estabilização e transporte.

 

Como foi escrito anteriormente, as guerras foram responsáveis por grandes avanços no campo do atendimento médico. Na primeira e na segunda guerra mundial, mais especificamente, houveram avanços expressivos nas técnicas de atendimento, estabilização e suporte ao trauma, o que reduziu drasticamente a mortalidade no campo de batalha. Mesmo assim, foi só a partir dos anos de 1950 que as técnicas de atendimento pré-hospitalar passaram a ser utilizadas em âmbito civil. Os avanços tecnológicos e a industrialização trouxeram consigo um movimento migratório para áreas urbanas. Com esse aumento da população nas grandes cidades, o número de acidentes cresceu proporcionalmente.

 

Isso fez com que vários países como Irlanda, Estados Unidos e França começassem a adotar sistemas de atendimento de urgência.

 

Na cidade de Paris, também em 1950, foram introduzidas equipes de reanimação provendo socorro médico em acidentes, realizando transferência hospitalar e transporte de pacientes graves. Este sistema obteve grande êxito e foi expandido para várias cidades francesas. Dez anos depois foi oficializado e recebeu o nome de SMUR (Service Mobile d’Urgenceet de Réanimation). Em 1968 foi criado o SAMU (Service d’AideMédicale Urgente) para coordenar as atividades do SMUR, embora com o mesmo nome do serviço existente no Brasil, não existem vínculos quaisquer entre ambos. Em 1986 o SAMU foi regulamentado como um sistema responsável pela atividade de atendimento às urgências e pelo transporte inter-hospitalar.

 

No mesmo período, nos Estados Unidos, surgia o PHTLS ou Prehospital Trauma Life Support, o primeiro curso de atendimento pré-hospitalar. Criado pelo Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões (ACS/COT). Desde seu surgimento o programa se expandiu para mais de trinta e sete países, incluindo o Brasil. Este programa representa o mais alto padrão de atendimento ao trauma em todo o mundo.

 

Fig. 1 - Ambulância Voadora

 

 

APH no Brasil

 

Agora será feita uma pequena contextualização do atendimento médico no brasil e do serviço de urgência. No início da República no Brasil, as ambulâncias foram importadas da Europa para dar início ao sistema de atendimento de emergência, Rio de Janeiro, a capital do país então. O Brasil também sofreu com os mesmos problemas trazidos pela industrialização em outros países.

 

Com aumento populacional em centros urbanos, houve um agravo no número de acidentes, tanto em fábricas quanto nas ruas, porém os recursos para o atendimento encontravam-se prejudicados e defasados.

 

Não havia organização no transporte de pacientes e os hospitais, em sua maioria, não dispunham de equipamentos e materiais especializados para o atendimento. Além disso,a ambulâncias demoravam muito a chegar nos hospitais e os tripulantes eram totalmente despreparados para atender as vítimas. Os veículos utilizados, da Prefeitura, Polícia ou Bombeiro não tinham estrutura para transportar pacientes adequadamente e com segurança. O que em muitos casos resultava em sequelas provocadas pelo deslocamento.

 

A primeira tentativa para criar um sistema de APH foi implementado em 1979 pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Foram implantados as UTE Unidade de Transporte de Emergência, veículo do tipo ambulância que acompanhava a viatura de comando de área. O serviço não obteve sucesso, pois contava com um número reduzido de viaturas, que eram insuficientes para atender a demanda de ocorrências, além de serem datadas e deterioradas.

 

Dois anos após a tentativa de implementação das UTE´s, 1981 foi organizado a CRAPS Comissão de Coordenação de Recursos Assistenciais de Pronto-Socorro. Esta comissão era originalmente composta por médicos do pronto-socorro do Hospital das Clínicas e bombeiros que buscavam estudar e reduzir os problemas comuns nos serviços de emergência.

 

O CRAPS foi de fato o primeiro passo na instauração de um sistema de atendimento pré-hospitalar funcional e estruturado. trouxeram dos Estados Unidos o que existia de mais recente em metodologias, técnicas e estratégias em atendimento de emergência, além de receberem um curso de ATLS (Advanced Trauma Life Support) curso criado pelo Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões (ACS/COT), que posteriormente deu origem ao curso de PHTLS Prehospital Trauma Life Support.

 

Uma segunda comissão foi montada pelo Secretário de Estado da Saúde em 1987, sob a designação de CAMEESP (Comissão de Atendimento Médico às Emergências do Estado de São Paulo), tinha como proposta apresentar um programa de enfrentamento às emergências, que compreendiam a implantação de ações de prevenção, de ações no APH e reorganização do sistema hospitalar. Este programa recebeu o nome de GEPRO/Emergência (Grupo de Especial de Programas de Emergências), que tinha como objetivos: desenvolver, implementar e fiscalizar o programa de emergências, regionalizar o atendimento de pacientes politraumatizados na Grande São Paulo. Elaborar princípios fundamentais para um plano de atenção médica de urgência na área da região metropolitana de São Paulo, estudar e propor um padrão mínimo de pronto-socorros e de ambulâncias e um padrão mínimo de pronto-socorros e de ambulâncias.

 

 

Sistema Resgate

 

Em 1989, o GEPRO/Emergência elaborou o Projeto Resgate, uma parceria entre Secretaria de Estado da Saúde e Secretaria de Segurança Pública. Neste projeto, as viaturas iriam operar a partir de quartéis do Corpo de Bombeiros e, a princípio, as viaturas foram projetadas para atender à grandes eventos e situações com múltiplas vítimas. Eram basicamente um hospital de campanha. Com o tempo as viaturas foram se adaptando, se tornando menores e mais ágeis. Entraremos nesse assunto no capítulo dedicado à Unidade de Suporte Avançado.

 

O sistema Resgate foi concluído no final de 1989, mas foi somente quando um grave acidente ocorreu no aeroporto de Cumbica com o vôo Transbrasil 801, que o poder público se sensibilizou e agilizou o início do

serviço. A aeronave colidiu com o solo três minutos antes do fechamento da pista, batendo nas casas e explodindo nas imediações da Avenida Otávio Braga de Mesquita, arrastando-se na área de um terreno ocupado por favelas do Jardim Ipanema, Vila Barros, em Guarulhos. Antes que uma segunda explosão, cinco minutos depois, consumisse o 707, uma equipe de voluntários da Brigada de Incêndio ainda teve tempo de se aproximar do Boeing caído. A tripulação e outras dezenove pessoas morreram. Mais de cem ficaram feridas.

 

No Começo de 1990, o Projeto Resgate foi oficialmente inaugurado, com a primeira implantação na zona oeste de São Paulo como projeto piloto. Foi composto por dezoito Unidades de Resgate, duas Unidades de Suporte Avançado e um helicóptero. Em seu primeiro ano de implementação, poucas ocorrências foram atendidas, pois não havia divulgação do número 193. Após uma campanha de conscientização os números de chamadas foram elevados.

 

Em menos de cinco anos, provou-se a extrema importância do Sistema Resgate para a cidade de São Paulo, de 1.896 ocorrências atendidas em 1990 para mais de 24.000 em 1993 (fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo).

 

Fig. 2 - Logotipo do Sistema Resgate

 

Evolução das Ocorrênciasdo Sistema Resgate de 1990 a 2004(fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo)

 

Fig. 3 - Gráfico da evolução das ocorrências do Sistema Resgate




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