25 maio 2021

O que as cobras comem? - Principais tipos de presas consumidas pelas cobras na região de Manaus - Guia de Cobras da Região de Manaus - Amazônia Central

O que as cobras comem?

 

Existe uma grande variedade de ambientes ocupados por cobras, e sua dieta reflete essa diversidade. As cobras se alimentam de uma grande variedade de presas, como lesmas e caracóis, centopeias, escorpiões, gafanhotos, besouros, larvas de libélulas, crustáceos (caranguejos), peixes, anfíbios, incluindo ovos e larvas (sapos, rãs, pererecas e cecílias), aves e seus ovos, uma grande diversidade de mamíferos (roedores, catitas, morcegos), jacarés, tartarugas e seus ovos, lagartos e seus ovos e até mesmo outras cobras e seus ovos.

 

Contudo, cada espécie geralmente se alimenta de uma pequena variedade de tipos de presas.

 

A Mussurana Clelia clelia pode caçar até mesmo cobras peçonhentas como Jararacas, pois é imune ao veneno.

 

A mandíbula das cobras não é fusionada na região do queixo como na maioria dos vertebrados, mas formada por duas hemimandíbulas livres e independentes.

 

Por serem independentes entre si, as hemimandíbulas se movimentam alternadamente entre os lados com ajuda dos dentes, para que o alimento alcance o esôfago.

 

Os dois grupos de cobras já mencionados, que diferem por sua capacidade de deslocar ossos da cabeça para ter maior abertura de boca, ocorrem na região de Manaus.

 

Scolecophidia é representado pelas famílias Typhlopidae, Leptotyphlophidae e Anomalopididae, cada uma com apenas uma espécie.

 

Por não conseguirem abrir a boca em ângulos maiores que 90°, consomem presas pequenas como formigas e cupins.

 

Alethinophidia é representado na região de Manaus pela maioria das cobras, com cerca de 60 espécies conhecidas.

 

A capacidade de deslocar o osso quadrado (conecta o maxilar às hemi-mandíbulas), a presença de costelas livres

(não se fundem na região ventral) e a pele elástica, possibilitam às cobras Alethinophidia o consumo de presas grandes, muitas vezes com diâmetro maior que o do seu próprio corpo.

 

Consumir presas grandes é uma ótima estratégia utilizada pelas cobras para a absorção de grandes quantidades de nutrientes com apenas uma investida de caça.

 

No entanto, essa estratégia pode ser arriscada.

 

As cobras engolem suas presas inteiras (Figura 9), o que aumenta drasticamente o volume do seu corpo e diminui a capacidade locomotora, fatores que as tornam demasiadamente lentas para fugir em uma situação de risco. Algumas espécies regurgitam presas recentemente ingeridas, se elas precisarem fugir rapidamente.

 

As Sucuris (Eunectes murinus), presentes na região de Manaus, são famosas por esse comportamento, por ingerirem regularmente presas grandes como capivaras.

 



As cobras desenvolveram diferentes estratégias para capturar suas presas.

 

Algumas espécies simplesmente as seguram com os dentes até que não ofereçam resistência à ingestão.

 

As constritoras, como o boídeos e alguns colubrídeos, enrolam seu corpo ao redor da presa, formando alças.

 

Esse comportamento tem o objetivo de reduzir o espaço disponível para a expansão da caixa torácica da presa para

a respiração, acarretando em morte por asfixia e parada cardíaca. Geralmente, as cobras iniciam o processo de ingestão somente após a morte da presa (Figura 10).

 

Viperídeos adultos, como Jararacas do gênero Bothrops e Surucucus Lachesis muta, caçam por espreita pequenos mamíferos, como roedores e marsupiais (mucuras).

 

A maioria das espécies permanece enrodilhada à espera de uma presa que cruze o seu caminho a uma distância adequada para o alcance do seu bote (movimento de ataque surpresa), que pode chegar a um terço do comprimento do seu próprio corpo, ou mais, no caso da Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta).

 

Durante o bote o corpo da cobra é projetado em direção à presa, para que os dentes inoculadores de veneno possam alcançá-la.

 

Após o envenenamento a presa é liberada, e geralmente consegue fugir por alguns metros, até que o veneno cause paralisia de seus membros locomotores e órgãos.

Figura 10 - Como seu próprio nome sugere, a Jiboia Boa constrictor é uma espécie constritora, que enrola seu corpo ao redor da presa, matando-a por parada respiratória e cardíaca.

 

Geralmente, durante a fuga a presa deixa um rastro químico, que as cobras utilizam para rastreá-la e posteriormente ingerí-la. Normalmente, as cobras iniciam a ingestão da presa pelo lado da cabeça, uma vez que as patas das presas podem dificultar o processo ou machucar as cobras.

 

Os filhotes de algumas espécies de Jararacas balançam a extremidade branca ou amarelo-creme da cauda para simular a movimentação de um verme ou larva, para atrair presas como anfíbios e lagartos (Figura 11).

 


Figura 11 - Filhotes de algumas espécies de Jararaca, como Bothrops atrox, utilizam a cauda branca ou amarelada para atrair sapos e lagartos para dentro do espaço de bote (engodo caudal).

 

Na Tabela 1 apresentamos os principais tipos de presas consumidas pelas cobras na região de Manaus. Algumas espécies possuem alimentação restrita a um tipo de alimento, como a Falsa-coral Drepanoides anomalus, especialista em comer ovos de répteis. Outras se alimentam de uma grande variedade de presas, como a Sucuri Eunectes murinus, que pode comer anfíbios, répteis,aves, peixes, e até jacarés e tartarugas.

 

Tabela 1. Principais tipos de presas consumidas pelas cobras na região de Manaus



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