IDENTIFICAÇÃO DE SERPENTES PEÇONHENTAS
Existe
uma confusão entre os leigos e nos livros no Brasil em relação ao
reconhecimento das serpentes peçonhentas, devido o fato das informações sobre a
distinção destas das não peçonhentas terem sido baseadas na fauna de serpentes
da Europa.
A
aplicação de certas regras como pupila do olho (vertical ou redonda), escamas
dorsais (carenadas ou lisas), forma da cabeça (triangular ou arredondada) e
tamanho da cauda (se afila bruscamente ou se é longa), não são aplicáveis a
ofiofauna brasileira devido a inúmeras exceções.
Para
o reconhecimento de serpentes peçonhentas, observa-se se a mesma apresenta a
fosseta loreal (Figura 1), no caso dos viperídeos.
A
fosseta loreal é um pequeno orifício localizado lateralmente na cabeça entre o
olho e a narina, com função de orientação térmica.
Este órgão sensorial termorreceptor, permite que os viperídeos localizem suas presas pela detecção da temperatura das mesmas.
Bothropsatrox - Crotalusdurissus
Figura 1: Localização da fosseta loreal. Fotos por Paulo S. Bernarde
Sendo
um viperídeo, se a serpente possuir um guizo ou chocalho na porção terminal da
cauda, trata-se de uma cascavel (Crotalusdurissus) (Figura 2).
Figura 2: Cascavel (Crotalusdurissus). Foto por Paulo S. Bernarde.
Se
a serpente apresentar a ponta da cauda com as escamas eriçadas e o formato das
escamas dorsais parcialmente salientes, parecendo a "casca de uma
jaca", trata-se de uma surucucu-bico-de-jaca (Lachesismuta) (Figura 3).
Figura 3: Surucucu-Bico-de-Jaca (Lachesismuta) Foto por Paulo S. Bernarde.
Se
a serpente apresentar a ponta da cauda normal, trata-se de uma espécie de
jararaca (Figuras 4, 6, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16).
Figura 4: Caiçaca ou jararaca (Bothropsmoojeni). Foto por Paulo S. Bernarde.
Os viperídeos ainda apresentam escamas dorsais
carenadas, (parecendo "casca de arroz"), (Figura 5) e a pupila do
olho elíptica ou vertical (Figura 6).
Entretanto, espécies não peçonhentas como a jibóia (Boa constrictor), salamanta (Epicratescenchria) e a dormideira (Dipsas indica) apresentam a pupila do olho também vertical por serem de hábitos noturnos.
Alguns colubrídeos também apresentam escamas carenadas e não são peçonhentos.
Figura 5: Escamas carenadas de Bothropsatrox. Foto por Paulo S. Bernarde.
Figura 6: Pupila do olho elíptica ou vertical de Bothropsbilineatus. Notar também a fosseta loreal. Foto por Paulo S. Bernarde.
As
cobras corais (Micrurus spp. e Leptomicrurus) (Figuras 7, 8), pertencentes a
família dos elapídeos, não apresentam a fosseta loreal, a pupila do olho é
redonda e as escamas dorsais são lisas (não carenadas) (Figura 7).
Quando uma serpente apresentar o padrão de colorido tipo "coralino" (Figura 8), com anéis pretos, amarelos (ou brancos) e vermelhos, a mesma deve ser tratada como uma possível coral-verdadeira.
Algumas corais amazônicas não apresentam anéis coloridos (vermelho, laranja ou amarelo) pelo corpo.
Figura 7: Coral-verdadeira (Micrurushemprichii). Note a cabeça arredondada, pupila do olho redonda e as escamas lisas. Foto por Paulo S. Bernarde.
Figura 8: Padrão coralino de Micrurusspixii. Foto por Paulo S. Bernarde.
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