Técnica de abastecimento
Abastecimento é o processo que visa suprir as viaturas de combate
a incêndio com o agente extintor (água) conduzindo-o da fonte disponível até o
local do sinistro.
O abastecimento de água antes e durante a extinção do incêndio
é fundamental para o sucesso das operações de combate. Se a quantidade de água
no local do evento for insuficiente ou acabar durante as atividades, a extinção
torna-se inviável.
As características da água estão presentes no Módulo 1 deste
manual, em agentes extintores.
O abastecimento pode ocorrer por três formas:
• Diferença de pressão – Quando o
hidrante urbano possui pressão suficiente para impelir a água para o interior
do tanque da viatura.
• Desnível ou gravidade – Ocorre quando a
fonte de abastecimento está situada em nível acima do nível do tanque da
viatura.
• Sucção – Ocorre quando a fonte de
abastecimento (manancial ou reservatório) está situada em um nível abaixo do
nível da viatura. Para que ocorra sucção, o desnível não poderá ultrapassar 7
(sete) metros de altura.
Fontes de abastecimento
O abastecimento pode ser feito utilizando as fontes de abastecimento:
• Hidrante urbano (ou de coluna) – É o
método mais utilizado pelo CBMDF para captação de água. Apresenta como vantagem
o fato de a viatura não ter que parar muito próximo a ele. Geralmente possui
pressão suficiente para impelir a água para o interior do tanque da viatura. A rede
de distribuição de água aos hidrantes é a mesma que abastece os domicílios da
cidade.
• Viaturas do tipo Auto Bomba Tanque
(ABT), Auto Tanque (AT) ou carro-pipa – São utilizadas em casos de deficiência
de hidrantes ou de ausência de mananciais
próximos ao sinistro. Também otimizam a utilização das viaturas de
combate, quando há várias disponíveis para o abastecimento.
• Mananciais – Rio, poço, lago, represa,
córrego, etc;
• Reservatórios – Caixa da água, espelho
d’água e piscina.
O abastecimento em mananciais e em reservatórios é realizado
por meio de sucção, com o emprego do corpo de bombas da viatura.
Abastecimento por meio de hidrante urbano
Figura 140 - Hidrante urbano (ou de coluna)
Abastecimento de hidrante urbano utilizando o mangote
Figura 141 - Abastecimento de hidrante urbano utilizando o
mangote
O abastecimento com mangote é sempre recomendado, pois possibilita
ligar-se diretamente o hidrante ao corpo de bomba, utilizando toda a pressão e
vazão do hidrante.
O controle da bomba mantendo a sucção dentro dos limites de capacidade
do hidrante depende do motorista. Caso esse limite seja excedido, pode haver
entrada de ar na bomba, danificando-a.
Caso a pressão do hidrante seja muito alta, deve-se ter cuidado
quando da interrupção do fluxo de água pois poderá ocorrer ruptura do mangote.
Os problemas para o abastecimento com mangote são a falta de
adaptações e mangotes no socorro e a pouca flexibilidade dos mangotes, que
exigem que a viatura estacione à distância e em posição específicas em relação
ao hidrante.
Material utilizado:
• Mangotes - 1½",
2½", 4”ou 6”.
• Conectores - Adaptadores, reduções de
mangotes.
• Chaves - De biela, de mangote,
sobreposta, de hidrante (tipo S ou J), do tipo T.
• Outros materiais - Volante de hidrante,
luvas de registro de hidrante.
Procedimentos a serem adotados:
• Retire o tampão do hidrante.
• Abra o registro do hidrante – Para
realizar uma limpeza, deixe a água fluir por alguns instantes (situação
conhecida como descarga).
• Feche o registro.
• Conecte uma extremidade do mangote no
hidrante.
• Conecte a outra extremidade do mangote
na boca de admissão da viatura.
Abastecimento de hidrante urbano
utilizando mangueira
Figura 142 - Abastecimento de hidrante utilizando mangueira
Nesse caso, a água recebida do hidrante vai para o tanque, de onde a bomba a pressuriza para utilização no combate. É mais utilizado por ser mais rápido e fácil.
A flexibilidade e o comprimento da mangueira permitem posicionar a viatura de diferentes modos. Não se faz sucção, pois se a bomba solicitasse mais água que a capacidade do hidrante a mangueira se fecharia.
O abastecimento com mangueiras produz maior perda de carga (de pressão e de vazão) por terem comprimento maior que os mangotes. Em geral, as mangueiras possuem diâmetro menor que os mangotes, e, portanto, fornecem menor vazão.
Deve-se utilizar apenas uma mangueira para ligar o hidrante à viatura, aproveitando melhor a carga do hidrante.
Se o hidrante estiver distante do incêndio é aconselhável fazer o abastecimento por outra viatura. Se não houver outra, pode-se ligar o hidrante à boca de admissão da viatura com uma mangueira, e estender várias mangueiras da boca de expulsão até o divisor.
Desse modo, a bomba da viatura pressuriza a água e compensa a perda de carga nas mangueiras da ligação até o divisor. No entanto, o tempo necessário para fazer a ligação da viatura ao divisor atrasa o início do ataque ao fogo.
Deve-se abastecer a viatura pela boca de admissão, pois ao utilizar o tampão do tanque a dobra da mangueira aumenta a perda de carga.
Material necessário:
• Mangueiras de 1½" ou de 2½".
• Conectores (adaptadores, reduções de mangueiras).
• Chaves - De mangueira (simples ou conjugada), de hidrante (tipo S ou J), do tipo T.
• Outros materiais - Volante de hidrante e luvas de registro de hidrante.
Procedimentos a serem adotados:
• Retire o tampão do hidrante.
• Abra o registro do hidrante – para realizar uma limpeza – e deixe a água fluir por alguns instantes (situação conhecida como descarga).
• Feche o registro.
• Conecte a mangueira ao hidrante.
• Conecte a mangueira na boca de admissão da viatura (ver Figura 143a) ou na parte superior do tanque (ver Figura 143b).
Figura 143 - Abastecimento de hidrante urbano utilizando a mangueira
Abastecimento em mananciais e reservatórios
Figura 144 - Abastecimento em mananciais e reservatórios
(a) (b)
O abastecimento em mananciais e em reservatórios é realizado por meio de sucção, com o emprego do corpo de bombas da viatura.
Para que ocorra sucção, a profundidade não pode ser superior a 7 metros, ao nível do mar. No Distrito Federal, essa profundidade não pode ser superior a 4 metros.
Material utilizado:
• Mangotes de 1½", 2½", 4”ou 6”.
• Conectores (adaptadores, reduções de mangotes).
• Ralo com válvula de retenção.
• Chaves de biela, de mangote, sobreposta.
Procedimentos a serem adotados:
• Conecte uma extremidade do mangote na boca de admissão da viatura.
• Se houver, pode-se conectar a outra extremidade do mangote no ralo, que evita a entrada de sujeira no mangote. Alguns ralos possuem válvula de retenção, que mantém a coluna d’água quando se desliga a bomba.
• Mergulhe o ralo no meio líquido.
O condutor da viatura faz a escorva, que é a retirada do ar da bomba. Em algumas viaturas esse mecanismo é automático.
Abastecimento realizado por outra viatura
As viaturas do tipo Auto Bomba Tanque (ABT), Auto Tanque (AT) e carro-pipa servem como intermediárias quando o hidrante ou manancial não está perto do incêndio.
A viatura permanece ligada ao manancial ou ao hidrante, e com a pressão de sua bomba, abastece a viatura de combate, por meio de mangueiras.
Se o hidrante for muito longe, uma ou mais viaturas podem ser utilizadas para transportar água. As viaturas abastecem-se, deslocam-se até o local do incêndio e transferem a água para a viatura que está combatendo.
Material necessário, conforme o caso:
• Mangueiras - 1½" ou 2½".
• Conectores (adaptadores e reduções de mangueiras).
• Chaves de mangueira (simples ou conjugada).
Figura 145 - Abastecimento realizado por outra viatura utilizando mangueira
Procedimentos a serem adotados:
• Conecte uma extremidade na boca de
expulsão de uma viatura.
• Conecte a outra extremidade na boca de
admissão ou na parte superior do tanque da viatura que será abastecida.
Observações:
O comandante de socorro e os chefes de guarnições das viaturas
de combate a incêndio devem conhecer as fontes disponíveis em suas respectivas
áreas de atuação, por meio dos seguintes
procedimentos:
• Visitas de reconhecimento do terreno
(verificação das condições de acesso, da necessidade de bombeamento por sucção
ou gravidade e a quantidade de água disponível).
• Treinamentos constantes de
abastecimento, envolvendo as viaturas existentes na área, verificando as
melhores formas de utilização dos materiais existentes na viatura.
• Contato com órgãos públicos que possuam
carros-pipa, de forma que os telefones de contato estejam acessíveis nas
unidades operacionais.
• Visitas de inspeção de hidrantes
urbanos, bem com a verificação da vazão e pressão e eventual necessidade de reparos,
que podem ser feitos pela Seção de Hidrante do CBMDF.
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