Combate a incêndio utilizando água
A aplicação de agente extintor para extinguir o fogo é
chamada de ataque. Serão abordados aqui, especificamente, os ataques usando jatos
de água, e também do rescaldo e da salvatagem.
São tipos de ataque:
• Ataque direto.
• Ataque indireto.
• Ataque tridimensional.
Posicionamento
O ataque deve ser feito, preferencialmente, da área não atingida
em direção à área atingida e em direção ao exterior da edificação.
É preciso evitar trabalharem duas linhas opostas entre si,
pois podem lançar vapor e fumaça em direção uma da outra.
Ataque direto
É a aplicação de água diretamente sobre o foco onde se desenvolve
o fogo, resfriando o material abaixo de sua temperatura de ignição.
Aplicando-se vazão suficiente, a extinção das chamas é imediata.
Aplicar água por mais de 3 segundos na mesma área não aumenta a possibilidade
de extinguir o fogo e produz vapor excessivo. O
vapor produzido pode queimar os bombeiros e também empurra a fumaça e os
gases combustíveis, podendo alastrar o fogo.
A extinção por ataque direto funciona como apagar uma lâmpada
acionando o interruptor ou ainda como apagar uma vela: basta soprar fortemente
para apagá-la. Soprá-la fracamente durante horas não apaga.
Se a extinção não acontece de imediato, duas razões são possíveis:
ou a vazão é insuficiente para a área visada ou algum anteparo está protegendo
a área visada do foco.
O ataque direto é a única opção para incêndios ao ar livre.
Nos incêndios estruturais, o ataque direto pode ser usado isoladamente
logo no início ou quando há aberturas perto do foco por onde o vapor formado
possa sair. Porém, quando não há saída para fumaça e vapor adiante dos
bombeiros, o ataque direto deve ser combinado com uso do jato atomizado para
controlar a inflamabilidade da fumaça.
Figura 153 - Ataque direto em um princípio de incêndio
Ataque indireto
A água é aplicada nas paredes e no teto aquecidos pelo incêndio,
para formar uma grande quantidade de vapor quente e úmido que reduz as chamas
e, em alguns casos, chega a extinguir a base do fogo.
Pela grande quantidade de vapor produzida, oferece risco de queimar
os bombeiros. O vapor formado também pode sair por pequenas aberturas com
pressão, bem como "empurrar" a fumaça para os demais ambientes da
edificação.
Como não visa o foco, objetos não atingidos pelo fogo podem ser
danificados pela água utilizada neste tipo de ataque.
Ataque tridimensional
É o uso do jato atomizado.
Controla as chamas e resfria a fumaça e os gases do incêndio.
Diminui a temperatura do ambiente, aumentando o conforto e diminuindo
o risco de ocorrência de comportamento extremo do fogo.
É usado durante a progressão da entrada até o local onde é possível atacar o fogo, durante o ataque direto ao foco e
após a extinção.
A área máxima envolvida pelo fogo, em cada cômodo, não deve ultrapassar 70 m2. Acima disso, o ataque tridimensional
não proporciona estabilização suficiente para a presença dos bombeiros com segurança.
A área de controle pelo ataque tridimensional é limitada
pelo alcance do jato e pelo tempo durante o qual a fumaça pode ser mantida resfriada,
que depende da intensidade do incêndio.
Utilizando os diferentes tipos de ataque ao fogo
Um primeiro ataque deve ser feito considerando a ventilação
do ambiente. Apos a extinção superficial do fogo, faz-se o rescaldo.
Ambiente sem ventilação adequada
Sem ventilação adequada para o ataque, ou seja, saída adiante
da linha de mangueira, é preciso evitar a formação de vapor.
Evitar formação de vapor para manter a visibilidade próxima
ao foco e também para evitar queimar os bombeiros.
Faz-se ataque direto com jato compacto em baixa vazão (30GPM)
– técnica de ataque utilizando ‘pacote d’água’ – alternado com ataque
tridimensional.
Este ataque é próprio para focos de até 40 m2, aproximadamente.
Pode ser usado também quando há ventilação adequada, desde
que seja possível aproximar-se o suficiente do foco.
Abre-se e fecha-se o esguicho de forma intermitente. Desta forma a água cai como um “pacote de água” sobre uma área
pequena.
Começa-se da borda do foco, apagam-se pequenas áreas de cada
vez, gradativamente, revirando, com cuidado, os materiais incandescentes, a fim
de completar a extinção com o mínimo de danos, mantendo a visibilidade e
evitando a formação de vapor úmido.
Figura 174: ataque tridimensional
figura 175: “pacote de
água”
Ambiente com ventilação adequada
Havendo ventilação adequada, ou seja, abertura adiante da linha de mangueira, a fumaça e o vapor formado durante o
ataque saem e assim evitam-se queimaduras por vapor e mantém-se a visibilidade.
Neste caso, há, no mínimo, três opções:
a) Varredura
Faz-se o ataque direto aplicando o jato como uma varredura, lentamente,
por 1 a 3 segundos sobre cada área, começando da periferia do foco.
Um grande foco pode ser atacado desde modo. Trabalha-se com a maior vazão disponível começando de uma área
periférica.
Ataca-se a área que pode ser coberta pelo jato, em seguida a
próxima, até controlar todo o foco. Como se fosse uma fila.
Um ataque utilizando alta vazão deve ser seguido imediatamente
por outro de menor vazão, que irá extinguir os focos menores restantes, antes
que o material seja reaquecido e volte a queimar.
Se o foco estiver oculto e for necessário atingir um
obstáculo para que a água ricocheteie e atinja-o, a aplicação deve durar
somente de 1 a 3 segundos sobre cada local, variando-se a posição do jato para conseguir
atingir o foco.
A grandes distâncias, usa-se o jato compacto, que quebra-se pelo
atrito com o ar e torna-se neblinado até chegar ao objetivo. A pequenas
distâncias, usa-se o jato neblinado aberto até 30 graus, aproximadamente.
b) Ataque ZOTI ou ataque combinado
É um tipo de ataque indireto, pois atua pela grande formação
de vapor.
Aplica-se o jato na vazão de 125 LPM aberto cerca de 30 graus, formando uma letra conforme o tamanho
do ambiente. Para um ambiente de aproximadamente 30 m2, faz-se um grande Z,
começando do alto e indo até próximo do piso.
Para um ambiente de aproximadamente 20 m2, faz-se um O.
E para, aproximadamente, 10 m2, um T.
Em corredores, faz-se um I.
Figura 154 - Ataque indireto em cômodo grande
Forma-se a letra adequada ao tamanho do ambiente e fechas e o
jato. Observa-se e repete-se, mais uma vez, se necessário.
Formar uma letra é um artifício para cobrir todas as
superfícies do ambiente e ao mesmo tempo limitar a quantidade de água
aplicada.
Cada letra dura no máximo 2 segundos: começa no alto, molha
o teto do ambiente, continua atingindo as paredes e termina pouco antes de alcançar
o chão.
Em caso de formação excessiva de vapor, como medida de emergência, os bombeiros podem lançar-se ao solo para
evitarem sofrer queimaduras. Em seguida, deve ser reavaliada a ventilação do ambiente.
c) Dispersão
Separando-se o elemento combustível, os elementos que continuam
a queimar distantes uns dos outros com menor eficiência. O princípio é fácil de
entender: 2 m2 de combustível queimando junto não são a mesma coisa que 2 x 1
m2 separados vários metros um do outro.
Especialmente para controlar grandes focos de incêndio, é importante
dividir o foco em duas partes, para em seguida atacá-las separadamente.
Ataca-se com a maior vazão disponível, por um tempo muito curto,
na área de maior potência do foco, onde as chamas são mais altas, que
representa o maior perigo de propagação. Podem-se posicionar vários esguichos
canhões no mesmo ponto, por exemplo.
Não esquecer que é a vazão instantânea que apaga o fogo, não
a aplicação de baixa vazão por muito tempo.
Um ataque
eficiente dará resultado em poucos segundos. Se em 15 ou 20 segundos não se
constata nenhum resultado, não adianta continuar. É preciso parar, refletir e
mudar de método.
Foco em cômodo fechado
Quando o cômodo do foco está fechado, ou pode ser fechado, é
possível fazer um ataque indireto por meio de uma pequena abertura da porta ou
uma abertura na parede suficiente apenas para passar o esguicho. Isto é
especialmente indicado em caso de risco de backdraft, pois elimina a
necessidade de os bombeiros entrarem no ambiente.
A abertura deve ser a menor possível, para evitar a entrada
de ar fresco para alimentar o fogo.
Em um cômodo pequeno, pode-se utilizar um único movimento rápido
e circular com o esguicho, posicionado mais ou menos ao comprimento de um braço
para dentro da abertura.
Ou pode-se fazer os mesmos movimentos do ataque ZOTI, considerando a área do cômodo.
Após a aplicação de água nas superfícies quentes, o compartimento
deve ser fechado por alguns instantes para reter o vapor.
Atenção, pois o vapor formado pode sair sob pressão pela
abertura.
Pode-se repetir este procedimento até três vezes, observando-se
o resfriamento.
Em seguida, abre-se o ambiente e faz-se o rescaldo.
Lembre-se que a extinção é
imediata! Não se deve permanecer muito tempo lançando água no mesmo lugar.
Rescaldo
Após a extinção superficial do foco, faz-se o rescaldo. O
foco deve ser revirado enquanto se faz a extinção dos pontos quentes restantes.
Usa-se o jato compacto e a vazão mínima (30 GPM) e a alavanca aberta apenas
parcialmente, produzindo um fluxo de água sem pressão, que escorre. Isto
aumenta um pouco o tempo de contato e, portanto, a absorção de calor do jato compacto. Neste caso,
o esguicho pode ser segurado pela mangueira.
Deve-se jogar água somente nos pontos quentes, ou seja, que ainda
estão acesos. E fechar o esguicho enquanto se revira o material procurando
outros pontos quentes.
A técnica descrita para ambiente sem
ventilação, também serve para fazer o rescaldo.
excelente explicação!
ResponderExcluirBoa noite amigo Bombeiro gostaria se tu pode-se me mandar para o meu e-mail esta tua postagem já te agradecendo oteu tempo alsonsantos77@hotmail.com
ResponderExcluirENVIADO...
ExcluirOlá bom dia.
ExcluirPoderia me mandar esse conteúdo por e-mail e outro para estudos sobre o assunto..... Se puder desde já agradeço.
Evertonferreiratst@yahoo.com.br
MICRO E NOT ESTÃO QUEBRADOS, DESCULPEM-ME...01/03/19.
ExcluirBoa tarde Bombeiro Oswaldo! Têm como enviar pêlo meu Email? Muito bom seu conteúdo! Alexsandro.dejesus@hotmail.com
ResponderExcluirBom dia Bravo...
ExcluirDesculpe-me a ausência, pois meus equipamentos entraram em pânico, pois todos necessitam de atualizações e manutenções, mas vou deixar isso para 2017.
Mas vamos lá, todo conteúdo desse blogguer é de livre uso e utilização, no entanto imprima o conteúdo ou selecione tudo e copie para o word.
De coração, abração e Boas Festas à Você e a todos seus Familiares...
Há... Obrigado pela visita...
Otima matéria tirei bastante dúvidas e vou passar isso adiante. Um abraço BO Oswaldo
ResponderExcluirBom dia Aminadabe...
ExcluirEsse é o intuito desse Blogger...
Abração à Você e aos seus Familiares. Obrigado pela visita...
Cara...sou teu fã .obrigado por existir e ter acreditado em voce !
ResponderExcluirNão dá pra salvar o mundo . Mas pra mim fez a diferença . Forte abraço
Bom dia amigo Bombeiro.
ResponderExcluirGostariade saber o significado de Jato Atomizado. Já pesquisei e não consigo encontrar.
Carlos Alberto
Técnico em Segurança
http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/tipos-de-jatos-compacto-neblinado.html
ExcluirBom dia Carlos Alberto. Jato atomizado vem da palavra átomo, a menor partícula até hoje encontrada em uma materia. Ou seja seria deixar o jato em pequenas partículas,goticalas de agua. Espero ter ajudado
ResponderExcluirhttp://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/tipos-de-jatos-compacto-neblinado.html
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