O comando da
operação
Toda ocorrência de incêndio possui características particulares.
Entretanto, existe nelas um fator em comum, que é a necessidade de coordenar as
ações de combate ao fogo.
O papel do
comandante de socorro
Na área do incêndio, o comandante de socorro é o líder sobre
o qual recai toda a responsabilidade pelo comando e controle da operação, com a
coordenação de todas as ações no local da ocorrência.
Espera-se que ele adote uma postura muito mais gerencial do
que operativa, pois o seu trabalho situa-se no escalão do comando (níveis
tático e estratégico).
O comando de uma operação de combate ao incêndio é um
processo dinâmico e interativo que exige do comandante de socorro um perfil
profissional, no qual se destacam a dedicação, a integridade, a serenidade, a
disciplina e o preparo físico e técnico compatível.
Uma
operação de combate a incêndio é sempre um processo dinâmico e interativo.
Assim como na teoria da administração, o papel do comandante
de socorro, do início ao fim da operação, deve ser de:
• planejar;
• organizar;
• dirigir;
• controlar.
Durante o planejamento, o comandante de socorro deve:
• fixar objetivos (saber onde pretende
chegar);
• determinar a estratégia de combate ao
incêndio;
• definir um plano de ação para alcançar
os objetivos pré-estabelecidos.
Em seguida, durante a organização, o comandante de socorro
deve:
• dividir o trabalho, separando as
tarefas que precisam ser cumpridas;
• designar as guarnições para execução
dessas tarefas;
• alocar os recursos e coordenar os
esforços para a correta execução das tarefas determinadas.
Durante a direção, o comandante de socorro precisa:
• envidar esforços para que os bombeiros
executem o plano e atinjam os objetivos pré-estabelecidos;
• guiar os bombeiros para a ação, dando
instruções claras e precisas sobre como executar o plano;
• manter a motivação, incentivando o
trabalho em equipe, de forma coordenada e segura.
Durante todo o tempo, o comandante de socorro exerce o
controle:
• avaliando o desempenho das equipes
envolvidas na atividade;
• corrigindo, se necessário, as ações
efetuadas;
• tornando a avaliar a estratégia
adotada, de forma a assegurar que os resultados do que foi planejado,
organizado e dirigido realmente atinjam os objetivos previamente estabelecidos;
• mantendo a organização e a comunicação,
independente-mente do tamanho da tropa a ser comandada.
O
comandante de socorro deve manter, continuamente, a análise das ações,
verificando os pontos fortes e fracos, no sentindo de reformular as estratégias
e táticas empregadas para obter o êxito da missão.
Ações adequadas e seguras requerem do comandante de socorro
uma avaliação constante do que está sendo realizado na área do incêndio
(monitoramento) e, caso necessário, a correção dessas ações (mudança do que
está sendo feito). Essa constante reavaliação e correção devem ser consideradas
como partes naturais do esquema do comando de uma operação.
Todas essas ações constituem a coordenação da operação, a
qual deve ser feita de maneira clara e objetiva.
Diante do exposto, o comando e controle incluem,
principalmente, as seguintes atividades:
• coleta e análise de informações;
• tomada de decisões;
• organização de recursos;
• planejamento;
• repasse de instruções e informações;
• direção;
• monitoramento de resultados;
• ações de controle e correção das
atividades desenvolvidas.
Tendo em vista que o bombeiro precisa possuir flexibilidade
e capacidade adaptativa, o emprego da decisão intuitiva por parte do
profissional, bem como a aceitação da diversidade de fatores encontrados em
cada socorro e da relevância das perspectivas individuais dos envolvidos na
atividade, permitem que o comandante de socorro questione as suas próprias
idéias e conceitos, no intuito de descobrir o novo, o diferente, e utilizar
todas as possibilidades disponíveis.
O emprego dessas características facilita a procura por
respostas para os possíveis paradoxos encontrados nas atividades profissionais,
pois contribuem para reduzir ou anular os conflitos e ainda proporcionar a
geração de soluções criativas e inovadoras.
Cabe à Corporação buscar o equilíbrio entre a pró-ação e a
reação, haja vista que tanto o excesso de impulsividade pode prejudicar as
ações de comando quanto o excesso de cautela por parte dos combatentes pode
acarretar a estagnação. Pode-se alcançar esse equilíbrio por meio de planos de
ação previamente estabelecidos, os chamados
Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e de treinamentos e
capacitações constantes.
O POP é a organização das ações que devem ser adotadas no
evento, de uma forma geral, como um “caderno de lembretes”. Também representa a
doutrina da Corporação em relação ao tipo de ocorrência, o que padroniza a
conduta das guarnições. É necessário haver um POP para cada tipo de ocorrência,
como por exemplo:
• incêndio em residência;
• incêndio em edifícios altos;
• incêndio em veículos;
• incêndio envolvendo GLP — gás
liquefeito de petróleo;
• incêndio envolvendo acetileno;
• incêndio em estabelecimentos
prisionais;
• incêndio em hospitais;
• incêndio em subsolo;
• incêndio envolvendo caldeiras;
• etc.
Os comandantes de socorro devem segui-lo fielmente,
respeitando as particularidades do caso. Ao perceberem alguma incoerência ou
inadequação de procedimento, devem documentá-la e apresentar proposta de
modificação ao órgão do CBMDF responsável pela doutrina operacional da
Corporação.
Sempre será necessário questionar o óbvio, desafiar o comum
e procurar novas alternativas. Somente assim é possível desenvolver uma nova
visão, voltada para as ações futuras e para as novas formas de resolver
problemas, apoiando-se em novas bases para decidir e agir.
A autoridade do
comandante de socorro
Não se pode esquecer que a base para todo e qualquer comando
e controle está na autoridade investida ao comandante de socorro sobre seus
subordinados.
Essa autoridade
deriva de duas fontes:
1. do poder
legal estabelecido pela Corporação - determinado
por critérios objetivos e estabelecidos em lei.
2. do poder da
autoridade pessoal - estabelecido pela influência pessoal
e apoiado em fatores diversos, dentre os quais se destacam a experiência
profissional, as habilidades técnicas, o carisma e o exemplo pessoal.
A autoridade legal fornece o poder e a legitimidade para
agir. Entretanto, isso nem sempre é o bastante. É possível observar que a
maioria dos comandantes eficientes possui também um elevado grau de autoridade
pessoal.
Onde há
uma autoridade, deve existir também uma responsabilidade compatível, ou seja,
da mesma forma que os subordinados têm a responsabilidade de buscar resultados
e acatar as determinações emitidas, a autoridade deve indicar as melhores
estratégias ou caminhos para se chegar aos resultados.
O comandante de socorro deve incentivar a motivação e o
entusiasmo da tropa, ou seja, a confiança pessoal de cada bombeiro no objetivo
buscado. O objetivo, bem como a relação causa e efeito, é um importante fator
que reanima o espírito de luta de cada bombeiro envolvido.
A ciência da responsabilidade do comandante de socorro no
sucesso da operação gera, em si próprio e na guarnição que atua, uma força que
revigora a crença no alcance da meta.
É importante que o comandante de socorro e os chefes de
guarnição sejam bem formados e continuamente capacitados na missão-fim, uma vez
que aqueles que não entendem os perigos ou os riscos existentes em um incêndio
não sabem como fazer uso vantajoso dos recursos disponíveis. Da mesma forma,
unidades e autoridades que não estão ligadas diretamente com a atividade
desenvolvida na operação não devem interferir nas ações, em virtude da falta de
informações sobre o que está acontecendo. Atitudes ou sugestões inerentes ao
combate devem ser feitas somente ao comandante de socorro, independente do seu
posto ou graduação.
Aqueles
que não estão no cenário da ação e não sabem o que está acontecendo não podem
dar ordens.
Como responsabilidade do comandante de socorro, encontra-se
a necessidade de que as ordens sejam emitidas com qualidade de comunicação e
autoridade investida.
Ao dar ordens, o comandante de socorro deve ter o cuidado
de:
• evitar transmitir mais de uma ordem ao
mesmo tempo;
• só emanar ordens para o momento
presente;
• empregar os mesmos comandos que são
utilizados nos exercícios de treinamento.
Na elaboração e emissão de ordens, seja pelo comandante de
socorro, seja pelos chefes de guarnição e linhas, é recomendada a observação de
quatro perguntas fundamentais (quem, o que, onde e como).
Tabela 2 - Exemplo de elaboração e emissão de ordens
Um bom comandante de socorro deve preocupar-se com a saúde
de seu pessoal e tratá-lo com humanidade sem, entretanto, desconsiderar a
necessidade de instalar um senso de disciplina. Da mesma forma, não deve expor
o bombeiro a riscos desnecessários.
A capacidade de liderança do comandante de socorro deve ser
desenvolvida por meio de ações que lhe garantam a confiança da tropa:
• envidar esforços para se proteger,
quando não for possível avançar nem recuar em um combate a incêndio,
incentivando os bombeiros a lutarem corajosamente quando estiverem em situações
desesperadoras, pois a luta pela sobrevivência garante a unidade da equipe e
ajuda a desenvolver a sua própria força.
• encorajar e recompensar o espírito de
iniciativa, lembrando-se de que todos devem entender as expectativas relativas
ao desempenho, em termos de metas e recompensas específicas e identificáveis.
Normalmente, os liderados respondem na mesma proporção em que são avaliados e
recompensados.
• fazer planos com cuidados, no sentido
de entrar em ação rapidamente, com prudência e sem ações temerárias.
• fomentar ações que encorajem a
cooperação interna e mantenham as pessoas unidas.
• manter a ordem e usar de justiça em
todo o tempo.
• ter cautela com as informações
repassadas à tropa.
É importante ressaltar que, para encontrar caminhos e
alternativas apropriadas ao sucesso do combate a incêndio, o comandante da
operação precisa experimentar, ensaiar e, sobretudo, agir em um processo de
aprendizado profissional constante, desenvolvendo flexibilidade e capacidade
adaptativa e aceitando, conforme o caso, as diversas situações trazidas por
pessoas de profissões e unidades organizacionais diferentes.
É por meio do uso de todos os sentidos humanos, atuando em
conjunto com os conhecimentos adquiridos ao longo da vivência, que torna
aceitável ao homem o uso da solução que lhe possibilite alcançar o sucesso
esperado.
A unidade de
comando
O comando de uma operação de extinção de incêndio é um
processo de difícil manejo, pois, de forma geral, todos estão nervosos, a comunicação
torna-se problemática e muitos dos profissionais envolvidos tendem a querer pôr
em prática seus próprios planos. Um dos maiores problemas do comandante da
operação é a necessidade constante de coordenar uma quantidade ilimitada de
fatores, o que acaba transformando-o em um centralizador e processador de
informações.
Para o desenvolvimento de um combate a incêndio eficiente, é
necessário que as ações de comando estejam centralizadas no comandante de
socorro. Logo, este precisa utilizar um sistema de comando, o qual deverá estar
organizado de acordo com suas necessidades administrativas e operacionais,
imperativas para que possa controlar a situação. Contudo, é a magnitude da
ocorrência que irá determinar o tamanho e a complexidade desse sistema.
As principais vantagens conseguidas a partir da adoção de um
sistema de comando único são:
• a organização do combate pela fixação
da responsabilidade de comando em uma única pessoa;
• o estabelecimento de um esquema de
trabalho que delimite, claramente, os objetivos e as funções de cada bombeiro
no local da ocorrência;
• a clareza e confiabilidade das
informações — cada guarnição que chegar ao local sinistrado saberá que todas as
informações encontram-se no posto de comando e, por meio do sistema de comando
único, tomará conhecimento do plano tático utilizado na operação e quando e
como será utilizado;
• o controle dos recursos materiais e
humanos — quantas viaturas estão atuando e quais bombeiros adentraram ao local;
se todos estão com EPI completo; o tempo de permanência no local do incêndio, a
previsão da capacidade dos EPR (inclusive para providenciar possíveis trocas de
bombeiros, diminuindo tempo de exposição e a fadiga destes); entre outros.
Verifica-se também que a falta do comandante de socorro,
também conhecido como comandante de operação, geralmente produz uma carência
total de comando, na qual todos acabam por atuar sem uma coordenação central e
transformam a operação em uma anarquia. Isso também ocorre quando há uma
situação denominada de múltiplos comandos, na qual vários profissionais de
elevada graduação ou patente atuam no evento, com planos individuais e
diferentes. Nesse caso, tais profissionais ficam rondando pelo local do
incêndio, emitindo ordens conflitivas e gerando confusão e competição entre os
bombeiros presentes na ação.
As estruturas de comando podem ser instituídas a partir de
duas formas básicas:
• unidade de comando — modelo em que há
um único comandante na operação, o qual é responsável por todo o gerenciamento
do evento.
• comando unificado — modelo estruturado
a partir de vários profissionais, designados por diferentes organismos, os
quais determinam, conjuntamente, o gerenciamento da operação.
A unidade de comando ocorre
quando só existe uma instituição no comando do incidente. O comando unificado ocorre
quando várias instituições com competência técnica ou responsabilidade legal
fazem acordos conjuntos para manejar o incidente.
A primeira guarnição (com capacidade operacional) que chegar
ao local do evento deve desenvolver a unidade de comando, na qual o chefe da
guarnição, independente de posto ou graduação, adote os seguintes
procedimentos:
1. informar à CIADE a sua chegada à zona sinistrada;
2. assumir e estabelecer um posto de comando, informando sua
localização a todos os bombeiros envolvidos e à CIADE (o posto de comando pode
ser a própria viatura, desde que esta não tenha necessidade de se deslocar do
evento);
Ao
estabelecer o posto de comando, o comandante da operação deve assegurar-se que
este tenha condições de:
• segurança;
• visibilidade;
• facilidade
de acesso e circulação;
• disponibilidade
de comunicação;
• ser
afastado da cena e do ruído;
• caso
necessário, capacidade de expansão física.
3. avaliar a situação;
4. estabelecer o perímetro de segurança;
5. estabelecer seus objetivos;
6. determinar as estratégias e repassá-las aos seus
comandados, com o cuidado de:
• garantir a segurança dos bombeiros
empregados na operação;
• coordenar o salvamento das pessoas que
estão em perigo, no local da ocorrência;
• coordenar o combate ao incêndio;
• preservar as propriedades e bens,
durante e após as ações de combate ao fogo.
As
prioridades táticas do combate a incêndio são:
1° necessidade
de resgate de pessoas;
2º
necessidade de controle do fogo.
7. determinar as necessidades de recursos e de possíveis
instalações (banheiros, pontos de água potável, pontos de banho, alojamentos);
8. preparar as informações a serem repassadas, em caso de
necessidade de transferir o comando.
Em virtude disso, é fundamental que o primeiro comandante de
socorro que chegar ao local da ocorrência, assuma, formalmente, o comando da
operação, ficando nessa função até que seja substituído por outro de hierarquia
ou qualificação profissional superior.
A transferência
de comando
Em se tratando da substituição de comando de uma operação,
ressalta-se que a chegada de um outro profissional de graduação ou qualificação
superior não significa, por si só, que o comando foi transferido. O comando de
uma operação só pode ser transmitido após:
• a realização de um procedimento
padronizado de transferência;
• o comandante substituído informar ao
seu substituto qual é a situação atual no local do incêndio (objetivos,
prioridades, riscos, necessidades de recursos, entre outros);
• o repasse das informações relativas ao
que já foi feito e o que ainda é necessário fazer, de acordo com o planejamento
já efetivado;
• a confirmação sobre as considerações relativas
à segurança do local;
• a informação às equipes que estavam sob
sua responsabilidade sobre a substituição do comando.
Cabe ao novo comandante confirmar a transferência de comando
da operação com as equipes que estão atuando no local do evento e com a CIADE.
Também deve ser levado em consideração que, nas situações
relacionadas à transferência de comando de uma operação, a seguinte orientação
é muito pertinente: “Se você não puder melhorar a qualidade do comando no local
do incidente, não solicite que lhe transfiram o comando da operação”.
O
repasse do comando da operação deve ser realizado formalmente, sendo necessário
comunicar o fato à CIADE, com o nome do responsável pelas operações a partir
daquele momento e o local ou viatura onde funcionará o posto de comando.
Deve-se evitar, ao máximo, uma mudança radical nas decisões
táticas assumidas pelo comandante de socorro substituído. Isso somente deve
ocorrer se as decisões anteriores estiverem comprometendo a qualidade do
socorro prestado. Toda mudança de tática ensejará tempo e esforço para ser
repassado à tropa.
Ao assumir o comando da operação, o comandante de socorro,
por maiores que sejam as dificuldades, deve sempre buscar a atuação de maneira
tranqüila e segura:
• mantendo e controlando todo o processo
de comunicação na área do incêndio;
• avaliando, dimensionando a situação e
os riscos potenciais existentes no local da ocorrência;
• escolhendo a melhor estratégia para o
enfrentamento do incêndio e concretizando o plano de ação;
• organizando os recursos disponíveis
para enfrentar, da melhor maneira possível, a situação encontrada;
• reavaliando constantemente as suas
ações;
• informando, regularmente, à CIADE a
situação do evento.
A tomada de
decisão
Toda tomada de decisão deve estar relacionada ao plano de
ação para o combate. Para sua elaboração, o comandante de socorro deve avaliar
o incêndio, com o real dimensionamento da situação. A seqüência a seguir define
a ordem do plano de ação de combate ao incêndio.
1. A
identificação do problema
Para realizar uma adequada avaliação da situação, o
comandante da operação deverá basear suas ações em um processo sistemático
(passo a passo), no qual seja realizada uma rápida, porém detalhada, consideração
sobre todos os fatores críticos existentes no local do incidente.
Deve-se levar em conta na avaliação que, para decisões
acertadas, é necessário:
• aliar tanto a intuição quanto a
racionalidade;
• adotar um modelo ordenado de
planejamento, evitando que as decisões sejam tomadas apenas com o auxílio da
sorte;
• desenvolver um pensamento sistemático;
• acompanhar a ocorrência sem se perder
na inevitável confusão que surge no local do incidente.
A adoção de um plano de ação eficiente demanda um espaço de
tempo para a identificação real da situação. É possível exemplificar casos em
que as atitudes tomadas com urgência não foram as mais produtivas. Entretanto,
há necessidade de que o levantamento do problema seja feito o mais rápido
possível sem, contudo, comprometer a eficiência da ação.
Todo
evento necessita de uma avaliação bem feita. Caso contrário, a adoção da
tática, muito provavelmente, será errônea.
São aspectos essenciais para a identificação do evento:
• tipo do incêndio
• localização do foco;
• intensidade das chamas;
• extensão do incêndio;
• tipo e quantidade dos materiais em
combustão (classe do incêndio);
• necessidade de realizar ações de
salvamento;
• condições de entrada e de permanência
no local sinistrado;
• existência de riscos (de explosão,
colapso estrutural ou outros);
• condições de ventilação do local;
• avaliação se os recursos disponíveis
são suficientes para o combate ao sinistro.
O levantamento de informações com as pessoas envolvidas no
incêndio é fundamental. Entretanto, é necessário considerar que:
• informações confiáveis e úteis só podem
ser obtidas com aqueles que conhecem a situação;
• indivíduos que só conseguem emitir
opiniões sem nenhuma base de informações devem ser desconsiderados;
• pode ser formada uma rede de
informações no próprio local, envolvendo as pessoas relacionadas ao evento e os
bombeiros presentes, desde que haja confirmação dos dados; uma informação, por
si só, não pode substituir o reconhecimento do local.
Todo
evento necessita de uma avaliação bem feita. Caso contrário, a adoção de uma
determinada tática, muito provavelmente, será errônea.
2. A análise da
situação e das possíveis soluções, baseando-se na situação encontrada e nos
recursos disponíveis:
• considerando as influências externas
(ambiente em que se desenvolve a atividade), avaliadas durante a identificação
do problema;
• verificando as condições do terreno
(local da atuação);
• julgando a capacidade de liderança de
cada comandante da guarnição e observando os profissionais com maior capacidade
para atuar na operação. Os bombeiros devem ser selecionados para a tarefa com
base na sua capacidade e experiência. Conhecer a forma de atuação profissional
daquele com quem o comandante de socorro irá trabalhar (ainda que em missões de reforço, apoio, etc.), permite o
máximo aproveitamento das potencialidades dos envolvidos.
O
comandante de socorro deve conhecer tanto a sua própria capacidade quanto a dos
seus subordinados. A força necessária ao sucesso da operação é aplicada por
bons profissionais, que trabalham dentro de bons sistemas, os quais lhes dão
poder para usar suas capacidades.
As seguintes questões como abaixo devem ser consideradas:
• a quantidade de profissionais
disponíveis é adequada para o evento?
• os profissionais disponíveis possuem a
qualificação técnico-profissional adequada ou há necessidade de apoio
especializado?
• a quantidade, bem como o tipo dos
equipamentos e das viaturas disponíveis são adequados?
• a quantidade, bem como o tipo e a
localização dos agentes extintores disponíveis são adequados para o incêndio
encontrado?
3. A tomada de
decisão propriamente dita:
• considerando, atenciosamente, a
doutrina empregada pela corporação;
• verificando se o socorro envolvido
possui poder de combate adequado ou superior ao exigido para a operação (quando
a operação leva muito tempo, os recursos podem se esgotar, os equipamentos
podem ser danificados e o moral dos combatentes diminui);
Se os
recursos se esgotarem e não puderem ser renovados, a operação não obterá êxito.
• sendo criativo na escolha da tática:
indo além das regras (utilização de meios de fortuna, por exemplo), buscando
vantagens sobre o fogo, admitindo o “inesperado” com condições favoráveis à
mudança de ações, estabelecendo adequadamente suas forças;
• planejando sempre de forma que o
impacto da força principal (maior parte do efetivo envolvido) na parte mais
frágil da situação (onde a resistência é menor), para então resolver de forma
confinada.
4. A elaboração
de um plano para enfrentar o incêndio, contendo necessariamente:
a. os objetivos;
b. as ações necessárias para alcançar os objetivos;
c. as tarefas relativas a cada ação;
d. os profissionais que deverão executar as tarefas.
É importante lembrar que:
• as orientações estabelecidas na unidade
não são, necessariamente, aplicáveis a toda e qualquer operação (existem
peculiaridades que precisam ser consideradas, variáveis caso a caso);
• ao tentar reunir todos os recursos para
atuar, poderá ser tarde demais e se for avançar sem ter os recursos
suficientes, pode não haver êxito o combate;
• quanto maior for o poder operacional em
comparação com a situação encontrada, maiores são as chances de sucesso do
combate, por isso, o dimensionamento dos recursos deve ser superior à
necessidade real;
• como o incêndio está constantemente
mudando, pode haver necessidade de mudar as táticas de forma contínua, a fim de
evitar atacar a parte mais forte e se dedicar a atacar a parte mais fraca do
evento primeiramente.
Em diversos momentos do combate, o comandante de socorro
necessita avaliar o trabalho desempenhado, com questões como:
• é possível alcançar vantagens nas
atuais condições?
• a comunicação está eficiente ou há
dúvidas quanto às ordens emanadas?
• o treinamento dado às equipes
envolvidas na operação foi o mais adequado?
• os componentes das equipes envolvidas
na atividade estão motivados?
• existe alguém que possa fornecer
informações úteis no evento, baseado na experiência profissional?
• está havendo um efetivo comando das
atividades?
• está ciente de tudo o que está sendo
desenvolvido nas áreas críticas do local de incêndio?
É
recomendado que o comandante da operação, sempre que possível, aproxime-se do
local do incidente, utilizando uma rota que lhe permita visualizar a situação
como um todo, a fim de lhe permitir uma melhor impressão das reais condições do
cenário e a localização do melhor ponto para o posicionamento do seu socorro.
Essas questões, ainda que não seja possível dirimi-las na
cena do combate, servirão de embasamento ao relatório de ocorrência e à
correção da postura dos envolvidos em ocorrências posteriores, uma vez que
fazem parte do conhecimento necessário para a tomada de futuras decisões, em
condições parecidas com as já vivenciadas.
É importante lembrar que, preferencialmente, a operação deve
ser gerenciada por aqueles que possuem maior experiência naquele determinado
tipo de atividade e que, em muitas situações, serão necessárias adaptações por
parte dos bombeiros, face às mudanças de comportamento do incêndio.
Lembre-se
que, não é suficiente apenas possuir bons profissionais. O líder deve ser capaz
de treinar a sua equipe para que ela alcance o melhor nível possível, haja
vista que um treinamento extensivo e constante é a marca de qualidade das
organizações de primeira linha.
O comandante de socorro deve garantir a conservação do local
e do meio ambiente, por meio da coordenação de todas as atividades, no intuito
de certificar-se de que os bombeiros empregados no combate ao incêndio estão
utilizando as técnicas mais adequadas e de forma correta, de acordo com os
procedimentos definidos previamente.
Considerações:
• não se demore em um lugar onde uma
vantagem não possa ser obtida, uma vez que existem situações em que, em curto
prazo, parecem ser vantajosas, mas que podem se tornar prejudiciais no
desenvolvimento dos trabalhos;
• peça apoio sempre que necessário, com o
cuidado de considerar a existência de apoios limitados, inicialmente, pela
incapacidade na ação ou pelo espaço de tempo necessário ao deslocamento e à
operação. A solicitação de apoio deve considerar esses aspectos;
• não subestime um princípio de incêndio
e seja contundente ao calcular os perigos e dificuldades;
• instruções que são claras inspiram
confiança e organização.
A estratégia do plano de ataque deve estar equiparada com a
etapa em que se encontra o incêndio e com as ordens emitidas pelo comandante da
operação. Para operacionalizar o combate ao incêndio, elas devem seguir um
ordenamento tático, que priorize o salvamento de pessoas, animais e bens,
proteção e salvaguarda de bens e objetos e o controle e a extinção do sinistro.
Nesse ponto, pode ser destacado que o comandante da operação
só deve emitir suas ordens quando souber exatamente o que quer, considerando
que as ordens devem ser claras e completas, a fim de garantir que todo
subordinado saiba o que se espera dele, bem como o que deve ser feito.
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