Aspectos gerais
Ao serem chamadas para atender a
ocorrência de incêndio em edificação, normalmente, as guarnições encontram
sistemas de proteção do próprio prédio, tais como: saídas de emergência,
extintores, hidrantes e chuveiros automáticos (sprinklers).
Tais sistemas de proteção são
projetados e executados por profissionais da área de engenharia, após aprovação
do CBMDF e, portanto, não foram instalados aleatoriamente em uma edificação. Os
sistemas se destinam, principalmente, a facilitar as ações de combate a
incêndio e salvamento desenvolvidas pelas equipes de socorro.
Por esses motivos, saber utilizá-los
torna-se fundamental. Os bombeiros podem e devem usar, prioritariamente, os
meios que a edificação dispõe no combate e no salvamento de vítimas. A
utilização desses recursos na tática de combate a incêndios facilita as ações,
diminuindo os riscos associados ao uso de outras técnicas.
Portanto, conhecer os sistemas de
proteção contra incêndio e pânico das edificações é fator preponderante para o
bom desempenho nas ações de bombeiros,
uma vez que o socorro será mais eficiente na medida em que a guarnição souber
tirar proveito dos recursos instalados no
prédio.
O combate a incêndio se realiza por
meio de um ciclo operacional composto por três fases: prevenção, extinção (ou
combate propriamente dito) e perícia. A perícia refere-se à investigação das
causas de incêndio. A extinção refere-se às técnicas e táticas de combate
propriamente ditas, tratadas nos módulos 3 e 4 deste manual.
A prevenção antecede a ocorrência do
incêndio. Normalmente, é desenvolvida
por meio de palestras, instruções, e, principalmente, adoção de medidas de
proteção contra incêndio e pânico. Tais medidas são o tema deste módulo e
englobam os sistemas de proteção contra incêndio e pânico. Porém, antes de dar
início ao tema, faz-se necessário conhecer um pouco mais sobre a engenharia de
segurança contra incêndio e pânico.
No passado, os profissionais de
segurança exerciam suas funções empiricamente, utilizando apenas treinamentos
básicos adquiridos em suas ocupações. Pouco a pouco, a
segurança tem se convertido em uma ciência completa e multidisciplinar.
Atualmente, os diversos ramos da segurança (pessoal, patrimonial, do trabalho
ou contra incêndio) lançam mão, em larga escala, de recursos altamente
tecnológicos.
A engenharia de proteção contra
incêndios é o campo da engenharia que trabalha para a salvaguarda da vida e do
patrimônio, minimizando eventuais perdas devidas ao fogo e às explosões, bem
como por outros danos decorrentes do sinistro.
O engenheiro de proteção contra
incêndios se preocupa tanto com a proteção de instalações, quanto com a
segurança das vidas humanas. É por isso que muitos se referem à profissão como
a segurança contra incêndio e pânico, unindo assim a segurança da vida humana
com a proteção das instalações.
A segurança contra incêndio e pânico é
uma área bastante dinâmica, uma vez que está intimamente relacionada à evolução
dos conhecimentos técnico-científicos, mas seu dinamismo não está (nem pode
estar) restrito somente ao conhecimento tecnológico.
Ela deve levar em consideração a forte
inter-relação com os demais ramos do conhecimento. A segurança contra incêndio
e pânico, portanto, resulta da interação positiva entre os diversos ramos da
engenharia (civil, elétrica, mecânica etc.), com a área físico-química e com
áreas econômico-administrativas e comportamentais. Dessa forma, a consecução da
segurança contra incêndio e pânico deve ponderar tanto os aspectos
técnico-materiais como os aspectos sócio-econômicos presentes na dualidade
homem-meio.
A atividade de segurança contra
incêndio e pânico relaciona diversos atores sociais: usuários das edificações,
órgãos públicos de fiscalização, seguradoras, empresas prestadoras de serviço
de segurança contra incêndio e pânico, profissionais de projeto e construtoras,
além de entidades e laboratórios de pesquisa.
Cada um desses setores da sociedade
possui interesses específicos, que, por vezes, entram em conflito. Esses
interesses conflitantes, muitas vezes, são totalmente legítimos. Logo, é
preciso que os interesses de cada setor sejam equilibrados e respeitados.
O sistema global de segurança contra
incêndio e pânico é um conjunto de ações que se originam do perfeito
entendimento dos objetivos da segurança contra incêndio e dos requisitos
funcionais a serem atendidos pelos
edifícios.
Edifício seguro contra incêndio é
aquele que possui uma baixa probabilidade de início de incêndio e, caso ocorra,
há alta probabilidade de que todos os seus ocupantes sobrevivam sem sofrer
qualquer injúria e, no qual os danos às propriedades serão confinados às
vizinhanças imediatas do local em que se iniciou, sendo reduzidas as perdas
provocadas pelo incêndio.
Para tal, as edificações deverão
possuir os seguintes requisitos funcionais:
- dificultar a ocorrência do incêndio, bem como a sua generalização no ambiente onde se originou;
- facilitar a extinção do incêndio antes da ocorrência da generalização no ambiente onde eclodiu;
- dificultar a propagação do incêndio para outros ambientes do edifício, caso o incêndio tenha se generalizado no seu
ambiente de origem;
- facilitar a fuga dos usuários da edificação;
- dificultar a propagação do incêndio para outros edifícios;
- não sofrer ruína parcial ou total;
- facilitar as operações de combate
ao incêndio e de resgate de vítimas.
Com base nos requisitos funcionais que
os edifícios devem possuir, são adotadas as medidas de prevenção e de proteção
contra incêndio.
As medidas de prevenção visam controlar
o risco do início do incêndio e as medidas de proteção visam proteger a vida
humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio, sendo divididas em
duas categorias: uma relativa ao
processo produtivo e a outra relacionada ao uso do edifício, podendo ser ativas
ou passivas.
Os Bombeiros Militares por meio da
Diretoria de Serviços Técnicos, adota medidas que atuam nas duas categorias
acima referenciadas, na análise do projeto e na vistoria, consecutivamente,
como será abordado mais adiante.
Na análise de projetos, são verificadas
as medidas relacionadas com o processo de produção do edifício, como: o correto
dimensionamento das instalações de serviço, a provisão da sinalização de
emergência, o controle da quantidade de materiais combustíveis incorporados aos
elementos construtivos, a provisão de equipamentos de combate, a
compartimentação, a provisão de detectores de incêndio etc.
Na vistoria, são observadas as medidas
relacionadas com o uso da edificação, como: a manutenção das instalações, a
conscientização do usuário, a quantidade de materiais combustíveis incorporados
e estocados, a elaboração de planos de
abandono, a formação e treinamento de brigadas etc.
Portanto, os conceitos de edifício
seguro e de segurança global norteiam as ações de filosofia de trabalho na área
da segurança contra incêndio e pânico.
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