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02 outubro 2012

Módulo 1 - Processos de extinção do fogo - Retirada de material – Resfriamento - Abafamento- Quebra da reação em cadeia - Principais agentes extintores - Água - Pó para extinção de incêndio – Espuma - Gás carbônico - Classes de incêndio A B C D ( materiais pirofóricos que inflamam espontaneamente: magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, urânio, zircônio, tório, plutônio e cálcio


Processos de extinção do fogo

Como visto anteriormente, a combustão se processa por meio do triângulo ou tetraedro do fogo. Conseqüentemente, os métodos ou  processos de extinção de incêndio são baseados na retirada de um ou mais elementos que o compõe. Se um dos lados da figura for quebrado, a combustão será interrompida e o incêndio poderá ser extinto.

Retirando-se um ou mais elementos do fogo, o incêndio extinguir-se-á.

Baseado nesses princípios, processos ou métodos foram desenvolvidos, ao longo dos anos, para a extinção de incêndios, sendo eles:

a retirada ou controle de material;

o resfriamento;

o abafamento;

a quebra da reação em cadeia.


Retirada de material
A retirada ou controle de material é o processo conhecido como isolamento das chamas ou como proteção dos bens (também conhecido como salvatagem).

O método consiste em promover ações de retirada ou de controle do material combustível ainda não atingido pela combustão.

Esse método pode envolver desde ações simples e rápidas por parte dos bombeiros, como a retirada de botijão de gás liquefeito de petróleo (GLP) de dentro de um ambiente sinistrado, até medidas mais complexas, como a drenagem do líquido combustível de um reservatório em chamas, que necessita de equipamentos e cuidados especiais.

Em todos os casos, a retirada de material é um método que exige bastante cuidado, pois implica na atuação próxima ao combustível ainda preservado pelo incêndio, que pode vir a ignir se houver aproximação de uma fonte de calor apropriada. Se isso ocorrer enquanto o bombeiro estiver próximo ou em contato direto com o material combustível, ficará exposto a um risco considerável. Por isso, toda ação de retirada de material, por mais simples que pareça ser, deve ser feita com o equipamento de proteção individual (EPI) completo.


Exemplos de retirada de material:

remover a mobília ainda não atingida do ambiente em chamas;

afastar a mobília da parede aquecida para que não venha a ignir os materiais próximos – isso é válido, principalmente, em edificações geminadas (que compartilham uma mesma parede);

fazer um aceiro (área de segurança feita para evitar a  propagação de um incêndio) em redor da área atingida  pelas chamas;

retirar o botijão de GLP de dentro do ambiente sinistrado.


Exemplos de controle de material:

fechar portas de cômodos ainda não atingidos pelas chamas;

deixar fechadas as janelas do pavimento superior ao incêndio – isso impedirá ou dificultará o contato entre o material combustível destes pavimentos com a fonte de calor proveniente da fumaça;

fechar o registro da central de GLP da edificação.

Com o processo de retirada de material, o incêndio será controlado pela falta de combustível disponível para a queima.

Existem casos em que não é possível realizar a retirada de material, geralmente, em virtude do peso ou dimensões elevadas do bem, do risco de agravamento das condições do incêndio com a retirada do material ou da insuficiência de pessoal para cumprir a missão com rapidez e eficiência.

Para se resolver tal problema, existe o método denominado salvatagem, assunto que será abordado no Módulo 3.

A guarnição de combate a incêndio deve atentar que é importantíssimo não confundir a retirada de material com o rescaldo.

Enquanto a retirada de material é um processo de extinção do incêndio que preserva os combustíveis ainda não atingidos pelas chamas, o rescaldo é uma fase do combate ao incêndio (assunto a ser abordado no Módulo 4 deste manual) que ocorre quando as chamas já foram debeladas, a fim de assegurar que não haverá reignição dos materiais.

Nessa fase, deve ser dispensado um grande cuidado por parte de todas as guarnições de bombeiros com a preservação da cena do sinistro, movendo o mínimo possível de materiais, comburidos ou não, do ambiente incendiado para auxiliar nos trabalhos de perícia de incêndio.


Resfriamento
Consiste no combate ao incêndio por meio da retirada do calor envolvido no processo de combustão. É o método mais utilizado pelos bombeiros, que usam agentes extintores para reduzir a temperatura do incêndio a limites abaixo do ponto de ignição dos materiais combustíveis existentes.

 Figura 46 - Resfriamento utilizando água


Apesar de ser feita, na maioria das vezes, com uso de água, uma ação de ventilação tática também constitui uma ação de resfriamento. Isso porque, ao escoar a fumaça do local sinistrado, se remove também calor do ambiente.


Figura 47 - Resfriamento utilizando ventilação

Em todos os casos, ao retirar calor do ambiente sinistrado,
evita-se que os outros materiais combustíveis atinjam seu ponto de ignição, restringindo as chamas somente ao combustível já afetado.

O resfriamento extingue o fogo ao retirar calor do ambiente sinistrado, interrompendo a combustão.


Abafamento
É o método que atua na diminuição do oxigênio na reação até uma concentração que não permita mais combustão.

Esse processo também inclui ações que isolam o combustível do comburente, evitando que o oxigênio presente no ar reaja com os gases produzidos pelo material combustível.

Em regra geral, quanto menor o tamanho do foco do incêndio, mais fácil será utilizar o abafamento.


Exemplo de ações de abafamento:

tampar uma panela em chamas;

lançar cobertor sobre um material incendiado;

cobrir com espuma determinado líquido em chamas, formando uma espécie de manta;

“bater” nas chamas com um abafador.

O abafamento diminui ou isola o oxigênio na reação.


Quebra da reação em cadeia
É o processo que se vale da introdução de substâncias inibidoras da capacidade reativa do comburente com o combustível, impedindo a formação de novos íons (radicais livres produzidos pela combustão).

Nesse método, substâncias químicas (como o Halon), especialmente projetadas para tal, irão reagir com os íons liberados pela reação em cadeia, impedindo-os de continuar a quebra das moléculas do combustível.


Principais agentes extintores
Os agentes extintores são substâncias encontradas na natureza ou criadas pelo homem, com a finalidade de extinguir um incêndio conforme o aproveitamento de propriedades físicas ou químicas, visando sempre a retirada de um dos elementos que compõem o fogo.

Os agentes extintores são produtos que, para serem comercializados no Brasil, precisam de aprovação do Sistema Brasileiro de Certificação, cujo órgão principal é o Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (INMETRO).

Os requisitos técnicos mínimos exigidos para os agentes extintores, bem como para os aparelhos extintores, encontram-se nas Normas Brasileiras (NBR) aprovadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).


Os agentes extintores certificados no Brasil e que serão abordados neste manual são:

água - NBR 11.715;

espuma mecânica - NBR 11.751;

pós para extinção de incêndio - NBR 10.721;

gás carbônico - NBR 11.716.


As normas citadas acima referem-se apenas ao emprego desses agentes em aparelhos extintores de incêndio.


Água
A água, na sua forma líquida, é o agente extintor mais utilizado nos combates a incêndios e, durante muito tempo, foi o único recurso utilizado na extinção dos incêndios. Sua grande utilização se deve à sua disponibilidade na natureza e às suas propriedades físicas e químicas.


A grande eficiência da água no combate ao fogo é decorrente basicamente de duas propriedades:

a mudança de estado físico de líquido para vapor a 100°C – a passagem da água para estado de vapor reduz a concentração do comburente (oxigênio) no fogo;

A passagem da água para o estado de vapor reduz a concentração de oxigênio no ambiente e remove o calor da combustão, atuando eficientemente por abafamento e resfriamento.

o alto calor latente de vaporização – a constante física que define a mudança de estado (de líquido para vapor) é capaz de absorver o calor da combustão a uma taxa de aproximadamente 40 kJ/mol, cujo valor é bastante alto se
comparado com os demais líquidos. Isso quer dizer que, para cada mol de molécula de água, consegue-se absorver 40 kJ de calor da combustão.


Apesar de a capacidade da água tornar insustentável a combustão pela retirada de calor da reação, é importante lembrar que, ao sofrer esse processo, ela se transforma em vapor, no qual cada litro de água se transforma em 1.700 (mil e setecentos) litros de vapor.

Cada litro de água, no estado líquido, transforma-se em 1.700 litros de vapor!

Se for adotado o método de ataque indireto (técnica de combate a ser abordada no Módulo 3 deste manual), o vapor d’água será essencial para a extinção do incêndio por abafamento. Se, entretanto, houver presença humana no ambiente, seja de bombeiros ou de vítimas, as condições de sobrevida serão agravadas, aumentando o risco de queimaduras e desconforto extremo. Exceto nesse método, é necessário que as ações de combate evitem uma grande produção de vapor no ambiente.

Tão importante quanto conhecer as propriedades da água é saber utilizá-la de forma racional no combate aos incêndios.

O seu excesso causa tanta ou maior destruição que as chamas, a fumaça e o calor.

A água utilizada em um combate a incêndio que não se transforma em vapor é desperdiçada, acumulando-se no ambiente e causando mais danos que benefícios.


A água desperdiçada em um combate a incêndio costuma:

danificar mobília, equipamentos e outros ambientes que não tinham sido afetados pelo calor ou pelas chamas, aumentando o dano patrimonial;


necessitar de ações de esgotamento posteriores ou durante o combate a incêndio;

acumular-se em um ambiente de forma que possa causar uma sobrecarga estrutural da edificação (por causa da pressão da coluna d’água sobre o piso e as paredes) ou acidentes (encobrindo buracos e outros riscos para os bombeiros ao adentrarem no ambiente).


A água apresenta algumas desvantagens no combate a incêndio decorrentes de suas propriedades físicas. São elas:

alta tensão superficial - dificulta o recobrimento da superfície em chamas e prejudica a penetração no  material em combustão;

baixa viscosidade – provoca o escoamento rápido (a água permanece pouco tempo sobre a superfície do material);

densidade relativamente alta - prejudica o combate em líquidos inflamáveis de densidade menor que a da água, fazendo com que ela não permaneça sobre a superfície do líquido em chamas.


A água utilizada em incêndios conduz eletricidade por possuir sais minerais em sua composição, o que a torna inadequada para incêndios envolvendo equipamentos energizados por causa do risco de choque elétrico. A água também não é indicada para debelar incêndios classe D, uma vez que o oxigênio presente em sua composição promove violenta reação exotérmica (liberação de calor) ao entrar em contato com metais pirofóricos.

Saber qual a quantidade de água necessária para realizar a extinção de um determinado incêndio é um dado de interesse de todo comandante de socorro. Diante disso, vários estudos e ensaios são realizados com o objetivo de se obter um valor que possa ser aplicado às infinitas possibilidades de incêndio.

Primeiramente, os estudos tentam descobrir a quantidade de calor liberado de um incêndio em determinado experimento, seja em pequena ou grande escala, por meio de um equipamento chamado calorímetro. A Tabela 3 mostra o calor liberado por diferentes objetos e valores obtidos por meio de ensaios com essa metodologia.

Nessa estimativa, não está se tratando da capacidade extintora da água. O exemplo é baseado em uma estimativa teórica, ao relacionar a quantidade de calor que pode ser absorvida com a utilização de 1000 litros de água em um determinado ambiente. Isso porque a eficiência da utilização da água dependerá de diversos fatores, tais como: tipo de jato, tamanho da gota, compartimentação do ambiente, ventilação, dentre outros. A capacidade extintora dos agentes será abordada mais adiante.

Sabe-se que a massa molar de uma substância é a grandeza que relaciona a massa de uma molécula com a quantidade de matéria (dada em mols). No caso da água, cada mol vale 18 gramas. Como dito anteriormente, o calor latente de vaporização da água vale 40 kJ para cada mol, o que significa que são necessários 18 gramas de água para absorver 40 kJ de calor liberado na combustão (40 kJ/18 gramas), considerando que toda água utilizada no combate será convertida em vapor.

O cálculo será feito para cada 1.000 litros de água. Esse valor equivale a 1.000 kg, já que a densidade da água a 25 oC é praticamente 1,0 g/ml. Sabe-se que a quantidade de calor latente de vaporização da água (QL) é obtida pela seguinte fórmula:

QL = m.L

Sendo o calor latente de vaporização da água (L) de 40kJ/mol, ou seja, 40.000 J por 18 gramas de água, e que a referida massa de água (m) é 1000 kg, tem-se que:

QL = 1.000 . (40.000/0,018)

QL =2 222,2 x 103 kJ ou QL = 2 222MJ

Entretanto, é necessário considerar a quantidade de energia (ou calor) necessária para transformar essa água em vapor. Como a temperatura antes do incêndio era de 25°C, e como a água se transforma em vapor a uma temperatura de 100 °C:

q = m.c. (T final – T inicial),

Na qual q é a quantidade de calor, m a massa, c é o calor específico e T a temperatura.


Para o caso da água c vale 4,18 kJ/kg°C.

q = 1.000 . 4,218 . (100 – 25)

q = 316,3x103 kJ ou q = 316 MJ

Portanto, a quantidade de calor absorvida (QT) nesse processo será:

QT = 2222 – 316 = 1906 MJ

Assim, nas condições acima, 1.000 litros de água conseguem absorver 1906 MJ.

Para estabelecer uma relação desse valor com o calor liberado em um ambiente, será adotado como padrão o calor liberado por 1 kg de madeira, que é de 18,6 MJ. Logo, 1906 MJ correspondem ao calor liberado por 102 kg de madeira.

Enfim, se fosse possível utilizar 1.000 litros de água com 100% de sua eficiência (condição ideal), o combate seria capaz de absorver  uma quantidade de calor liberada por uma queima total de aproximadamente 100 kg de madeira.


4.2.2 Pó para extinção de incêndio
Durante muito tempo, o pó utilizado no combate a incêndio era  conhecido como pó químico seco, porém, desde o início da década de 90, passou a ser chamado de pó para extinção de incêndio.

De acordo com a NFPA, esse material é definido como um pó composto de partículas muito pequenas, normalmente de bicarbonato de sódio ou potássio, para aparelhos extintores destinados a combater incêndios em combustíveis sólidos e líquidos (ou gases) inflamáveis, e de fosfatomonoamônico para extintores ditos polivalentes, ou seja, para incêndios em sólidos, líquidos (ou gases) e equipamentos elétricos energizados.

Em todos os tipos, são utilizadas substâncias que evitam o “empedramento” e a absorção de umidade, proporcionando a fluidez adequada ao pó.


O pó, quando aplicado diretamente sobre a chama, promove a extinção quase de uma só vez pelas seguintes propriedades extintoras:

abafamento – a decomposição térmica do pó no fogo promove a liberação do dióxido de carbono e de vapor d’água, que isolam o comburente da reação;

resfriamento – o pó absorve calor liberado durante a combustão;

proteção contra a radiação das chamas – o pó produz uma nuvem sobre as chamas, protegendo o combustível do calor irradiado;

quebra da reação em cadeia – estudos sugerem que a quebra da reação em cadeia na chama é a principal propriedade extintora do pó, o qual interfere, por meio de  suas partículas, na concentração de radicais livres (íons provenientes da reação em cadeia) presentes na combustão, diminuindo seu poder de reação com o comburente e, conseqüentemente, extinguindo as chamas.


Espuma
A espuma surgiu da necessidade de encontrar um agente extintor que suprisse as desvantagens encontradas quando da utilização da água na extinção dos incêndios, principalmente naqueles envolvendo líquidos derivados de petróleo.

A solução encontrada foi o emprego de agentes tensoativos na água, a fim de melhorar sua propriedade extintora. Os agentes tensoativos são aditivos empregados para diminuir a tensão superficial da água, melhorando a propriedade de espalhamento sobre a superfície em chamas e a penetração no material.

As espumas líquidas se assemelham a bolhas. São sistemas constituídos por uma fase contínua líquida (na superfície) e uma dispersão gasosa (no interior), apresentando uma estrutura formada pelo agrupamento de várias células (bolhas) originadas a partir da introdução de agentes tensoativos e ar na água.

Entretanto, cabe ressaltar que uma bolha possui alta área superficial e conseqüentemente, alta energia de superfície, o que a torna termodinamicamente instável. Em outras palavras, quanto maior for uma bolha, menor será a sua estabilidade térmica e também mecânica.

As espumas apresentam densidade muito menor que da água.

Assim as espumas espalham-se sobre a superfície do material em combustão, isolando-o do contato com o oxigênio atmosférico. Essa é uma das razões que a torna mais eficiente do que a água no combate a incêndios que envolvem líquidos inflamáveis.

As espumas mecânicas utilizadas em combate a incêndio são formadas a partir da dosagem do agente surfactante (tensoativo), ou líquido gerador de espuma na água, no qual, por um processo mecânico, o ar é introduzido na mistura.

A espuma mais eficiente para a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis é à base de um concentrado conhecido como AFFF (aqueous film-forming foam – espuma formadora de filme aquoso), que forma uma película sobre a superfície em chamas. O processo de extinção da espuma gerada a partir de concentrados de AFFF consiste  em isolar o combustível líquido em chamas do oxigênio do ar, evitando, assim, a liberação de vapores inflamáveis.

 Figura 48 - Espuma AFFF

Cabe ressaltar, por fim, que o concentrado AFFF é eficiente no combate a incêndios de hidrocarbonetos derivados de petróleo, tais como gasolina e diesel. Porém, em combustíveis polares, como o álcool, o concentrado AFFF deve ter, em sua composição, a presença de uma substância denominada de polissacarídeo, a qual evitará o ataque do álcool à espuma.

Comercialmente, as espumas são geradas a partir de soluções aquosas de 1 a 6 por cento do concentrado (volume do concentrado em relação ao volume da solução desejada). O operador da viatura deverá seguir as orientações fornecidas pelo fabricante do líquido gerador de espuma.

Para exemplificar, ao preparar uma solução a partir de um concentrado 6% de AFFF, o operador deverá introduzir 60 ml do concentrado em um recipiente e acrescentar água até completar o volume de 1000 ml (1 litro).

Semelhantemente à água, a espuma também não é indicada para incêndios em equipamentos energizados e em metais combustíveis.


Gás carbônico
O dióxido de carbono (CO2), também conhecido como anidrido carbônico ou gás carbônico, é um gás inerte, sendo um agente extintor de grande utilização que atua principalmente por abafamento, por promover a retirada ou a diluição do oxigênio presente na combustão e por resfriamento.

É um gás sem cheiro, sem cor e não conduz eletricidade, sendo recomendado na extinção de incêndios em líquidos ou gases inflamáveis e equipamentos elétricos energizados.

Apesar de agir eficientemente por abafamento, não é recomendado para incêndios em combustíveis sólidos, por causa da dificuldade de penetração no combustível e pelo baixo poder de resfriamento, comparando-se com o da água.

Possui a grande vantagem de não deixar resíduo, o que o torna adequado para ambientes com equipamentos ou maquinários sensíveis à umidade, como centros de processamento de dados e computadores.

Por outro lado, a partir de uma concentração de 9% por volume, o gás carbônico causa inconsciência e até a morte por asfixia, o que restringe o seu uso em ambientes fechados ou com a presença humana.

O gás carbônico é uma vez e meio mais pesado que o ar.

Um quilo de gás carbônico liquefeito produz 500 litros de gás.

Incêndios envolvendo agentes oxidantes, como o nitrato de celulose ou o permanganato de potássio, que contêm oxigênio em sua  estrutura, não podem ser extintos por gás carbônico, tendo em vista possuírem seu próprio suprimento de comburente.

Metais de elementos químicos como sódio, potássio, magnésio, titânio, zircônio e os hidretos metálicos têm a característica de decompor o gás carbônico, sendo ineficaz a sua utilização nesses casos. Esses elementos são chamados de materiais combustíveis, tratados especificamente nos casos de incêndios classe D mais adiante.

O gás carbônico pode ser encontrado em aparelhos extintores portáteis ou em sistemas fixos (baterias).


Classes de incêndio
Apesar de ocorrerem as mesmas reações químicas (inclusive a reação em cadeia) na combustão dos diferentes materiais, os incêndios são classificados conforme o tipo de material combustível neles predominante. Conhecer as classes de incêndio auxilia tanto o trabalho dos bombeiros na adoção da melhor técnica de combate, combinada com o agente extintor mais adequado, quanto a primeira resposta por parte da população, quanto ao uso dos aparelhos extintores nos princípios de incêndio.


Os materiais combustíveis são classificados como:

sólidos comuns;

líquidos ou gases inflamáveis;

equipamentos elétricos energizados;

metais combustíveis.

Saber o quê está queimando sempre será essencial para a escolha da melhor técnica e do agente extintor mais adequado ao combate ao incêndio.



Classe A

Esta classe de incêndio representa a combustão de todos os combustíveis sólidos comuns, como madeira, papel, tecido, borracha, pneu, plástico, etc.

A queima desse tipo de combustível deixa resíduos de cinzas e carvão e se dá volumetricamente (em largura, comprimento e profundidade).

O método de extinção mais eficiente para essa classe é o resfriamento, com a utilização de água, apesar de alguns pós para extinção de incêndio de alta capacidade extintora e espumas também conseguirem o mesmo efeito.




Classe B

Esta classe de incêndio representa a queima de líquidos ou gases inflamáveis:

combustíveis líquidos: gasolina, álcool, diesel, querosene;

tintas e solventes;

óleos e gorduras de cozinha, utilizadas para confecção de alimentos;

resinas e óleos vegetais (provenientes do armazenamento de algodão, por exemplo).

Sua queima não deixa resíduo e se dá superficialmente (em largura e comprimento).

Os métodos mais utilizados para extinguir incêndios em  líquidos inflamáveis são o abafamento (pelo uso de espumas) e a quebra da reação em cadeia (com o uso de pós para extinção de incêndio).

Incêndios envolvendo a queima de gases inflamáveis  geralmente são extintos com a retirada (ou controle) do material combustível – como, por exemplo, fechar o registro do botijão ou da  canalização de GLP. Isso porque a combustão dos gases se dá de forma muito rápida, não havendo tempo hábil para a atuação do agente extintor sobre o combustível.
  


Classe C

Representa a queima de equipamentos que se encontram energizados, constituindo os materiais elétricos energizados, oferecendo especial risco ao bombeiro pela condutividade elétrica.

Nesse tipo de incêndio, a sua principal característica – presença de energia elétrica – será, na maioria das vezes, a grande responsável por iniciar ou propagar o incêndio para outros materiais, geralmente combustíveis sólidos, líquidos ou gases inflamáveis.

A primeira ação em um incêndio desta classe deve ser cortar o fornecimento da energia elétrica.

A ação de cortar a energia elétrica fará com que o incêndio passe a ser classificado como A ou B. Com isso, o incêndio poderá ser extinto utilizando as técnicas e os agentes extintores mais adequados a essas classes.

Não sendo possível cortar a energia elétrica para o combate ao incêndio, os cuidados devem ser voltados para que o agente extintor não seja condutor elétrico preferencialmente. Se isso também não for possível, deve-se calcular as distâncias, os cuidados e os riscos do combate e escolher um agente extintor com baixa condutividade elétrica.


Apesar de a água não ser adequada para o combate a incêndios da Classe C, pode ser que seja o único agente extintor disponível na cena do incêndio, obrigando os bombeiros a utilizá-la.

Devido à alta constante dielétrica, que oferece certa “resistência” à passagem da corrente elétrica conforme a distância e o potencial elétrico emitido, pode-se utilizar esse agente nesses tipos de incêndio, com as seguintes restrições:

desde que respeitadas as distâncias estabelecidas conforme a Tabela 14;

desde que em fontes de baixa tensão – até 600 volts.


Como é possível observar na tabela, o jato neblinado oferece mais segurança nas ações envolvendo eletricidade que o jato sólido ou compacto. O seu uso deve ser feito por meio de esguichos que garantam as distâncias de segurança acima relacionadas, excluindo-se os aplicadores de neblina.

A certificação de agentes extintores para classe C é feita apenas para os aparelhos extintores de incêndio. O extintor é montado em um dispositivo (vide Figura 49) em estrutura metálica e todo o conjunto é submetido a uma tensão de 100 kV.

Estabelecida a tensão, o extintor é descarregado com o auxílio de dispositivo automático contra um anteparo feito em chapa metálica colocado à distância de 250 mm. Enquanto o agente extintor é projetado contra o anteparo, não pode haver descarga elétrica.

Caso ocorra a descarga elétrica, fica caracterizado que a condutividade elétrica do agente extintor em teste não oferece segurança ao operador que o manuseie no combate a princípios de incêndio em equipamentos elétricos energizados.

Na Figura 49, é apresentada o diagrama do dispositivo de teste classe C, no qual se mede a existência de corrente elétrica passando pelo agente extintor ao atingir a placa alvo, à direita da figura.





Classe D

Esta classe de incêndio representa a queima de metais combustíveis, em sua maioria, alcalinos. A maior parte desses elementos queima de forma violenta, produzindo muito calor e luz brilhante.

Em geral, os materiais pirofóricos, aqueles que se inflamam espontaneamente, são associados aos incêndios classe D, uma vez que os agentes extintores dessa classe são adequados para ambos.

Sua queima atinge altas temperaturas e reage com agentes extintores que contenham água em seu interior, o que exige pós especiais para extinção de incêndio, que irão agir por abafamento e quebra da reação em cadeia.

Os elementos mais conhecidos são: magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, urânio, zircônio, tório, plutônio e cálcio.

Em alguns casos, a utilização de água nesses metais irá agravar o quadro do incêndio, podendo causar reações violentas. Em outros, a mera presença do oxigênio no ar causará a reação. Cada metal deve ser avaliado em suas características antes de qualquer combate.

Esses metais não são encontrados em abundância nas edificações, mas podem fazer parte de processos industriais ou edificações que servem como depósitos ou galpões. A sua existência deve ser do conhecimento dos bombeiros do quartel da área de atuação.

Tal processo é viável por meio dos serviços técnicos presentes nas organizações bombeiro militar, por ocasião das vistorias técnicas realizadas nas edificações. Ao ter ciência que determinada indústria manipula ou armazena esse tipo de material, a tropa deve ser alertada sobre os produtos e preparada, por meio de treinamentos e cuidados específicos, para uma ação emergencial.


Outros metais que não são classificados como combustíveis podem queimar se estiverem em forma de limalha ou pó.

Ao se depararem com produtos químicos, os bombeiros devem considerar o que prescreve o manual da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) antes de aplicar água sobre o incêndio.



Classe K
 
A norma NFPA, prevê incêndios Classe K, que representam a queima de óleos e gorduras de cozinha.

Apesar de envolver líquidos inflamáveis, incorrendo naturalmente na Classe B, essa classificação ocorre com o objetivo de enfatizar os riscos e a necessidade da prevenção de incêndios por meio de campanhas educativas específicas e desenvolvimento de agentes extintores adequados.

O combate se faz da mesma forma que os de Classe B e essa classificação não é adotada oficialmente no Brasil.



4 comentários:

  1. Muito bom o seus ensinamentos pra capacitação dos Bombeiros! Parabéns!!!

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  2. Boa noite Reynoso... Farte-se com as postagens e obrigadão pela visita.
    Abração à você e em seus Familiares...

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  3. material muito bem elaborado e explicativo

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    1. Bom dia Alessandro...
      Esse é o intuito do Blogguer...
      Abração e obrigado pela visita...

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