Armações básicas dos cabos de sustentação
Os cabos de sustentação são importantes, pois são eles que darão segurança às atividades de resgate que utilizam os meios aéreos para
alcançarem as vítimas, por isso, durante a escolha dos pontos para se executar
a amarração, devem ser observados os seguintes aspectos:
1) se os pontos oferecem segurança e permitem a boa execução da
atividade;
2) se o local não oferece riscos às vítimas, aos bombeiros e as cordas
(chamas, calor, fumaça, rede elétrica, etc.);
3) nos pontos que possuem arestas ou partes cortantes (no caso de não
ser possível utilizar um ponto sem essas características), deve ser feita a
proteção da corda que estiver em contato com o ponto, por meio do uso de
pedaços de lonas ou outros materiais adequados para esse fim;
4) não existindo pontos para executar a amarração, o executante deverá
improvisá-los, fazendo uso de armários, mesas, alavancas, canos, estacas, etc.
os quais serão empregados como pontos para a execução da amarração.
Os sistemas usados para os trabalhos em altura devem, sempre que
possível, ficar num nível mais elevado que o do piso em que se vão trabalhar os
sistemas, para facilitar o acesso. Preferencialmente, devem se situar na altura
da cintura, podendo permanecer numa altura elevada, dependendo do caso.
As cordas utilizadas na armação devem ser adequadas e específicas para
a atividade, estando em perfeitas condições. Deve-se, ainda, usar nós
convenientes à operação, não podendo esquecer de seus arremates de segurança,
bem como de escolher sempre o melhor ponto de fixação para a atividade que irá
realizar.
Quando for realizado o emprego de cordas duplas ou dobradas, ambas devem
possuir o mesmo estado de conservação, para evitar a diferença de comprimento
entre elas, após a tração.
Armação no plano vertical
A armação do sistema pode ser realizada com duas cordas (duplas ou dobradas) ou com uma corda apenas, contudo o(s) chicote(s)
da(s) corda(s) armada(s) deve(m) ficar, no máximo, a 0,5 m do solo podendo
esta(s) ter(em) uma sobra de, no máximo, 2,0 m. figuras 42, 43 e 44).
Armação no plano horizontal
A armação desse sistema é realizada sempre com duas cordas (duplas ou dobradas), sendo necessário aplicar uma tração adequada para mantê-las sob tensão (esticadas na horizontal) em função da atividade que irá ser realizada (figuras 45 e 46).
Figuras 45 e 46, respectivamente: modelos de armações no plano
horizontal.
Armação no plano inclinado
O sistema empregado é, basicamente, o mesmo utilizado no plano
horizontal, contudo, os pontos de fixação estão em planos diferentes.
É interessante observar que a corda de sustentação no plano inclinado,
quando for armada com declive elevado (com ângulo superior a 35º), implicará,
obrigatoriamente, na realização do freio na parte superior da armação. As
inclinações mais favoráveis para esse sistema são as que apresentam angulações
entre 25º e 30º, sendo que, nessa última, poderá ser observado um aumento de
velocidade durante o percurso de descida.
Desenvolvimento das operações na armação de cabos de sustentação
nos diversos planos
Armação de um cabo de sustentação no plano horizontal
Uma guarnição composta de Chefe de guarnição, Auxiliar n.º 1, Auxiliar
n.º 2, Auxiliar n.º 3 e Auxiliar n.º 4 precisa ter definido as atribuições de
cada integrante, para que a operação ganhe rapidez e eficiência. Dessa forma, o
mínimo exigido para cada um dos componentes será especificado a seguir:
Chefe de guarnição:
- comanda e coordena a operação;
- transporta dois cabos solteiros de 4,5 metros, bem como os materiais
a serem empregados no sistema de auxílio à tensão a ser implementada, tais
como: rachis, grampos com manilhas, aparelho oito e mosquetões etc;
- coloca os grampos com manilhas e/ou mosquetões no sistema de tração;
- transporta os outros materiais exigidos para dar tensão de acordo
com a técnica a ser empregada.
Auxiliar nº. 1:
- transporta as cordas que serão utilizadas no içamento;
- fixa temporariamente essas cordas, devendo usar o nó oito, volta do
fiador ou a volta da ribeira;
- lança a corda de içamento para o solo, devendo observar o uso correto
da técnica de lançamento;
- recolhe a corda de içamento, sendo essa ação executada após o nº. 2
ter realizado a união das cordas de sustentação com a de içamento, por meio do
nó escolta simples ou dobrado;
- auxilia, também, na tração dos cabos de sustentação.
Auxiliar nº. 2:
- confecciona o nó para a união da corda de içamento com as de sustentação;
- confecciona o nó balso do calafate, o qual é feito no local determinado
pelo chefe de guarnição- auxilia, também, a tração dos cabos de sustentação.
Auxiliar n.º 3:
- transporta uma corda de 50 ou 100 metros até o local em que o cabo
de sustentação será fixado;
- fixa temporariamente essa corda, com o nó oito, volta do fiador ou
com o nó volta da ribeira;
- safa (método de desenrolar) e lança a corda citada acima, para o
solo;
- fixa definitivamente o cabo de sustentação, de acordo com o nó adequado
(normalmente o nó volta do fiel) no ponto destinado à ancoragem;
- confecciona o nó formador de alça, que servirá de base para o desvio
da força que dá tensão nas cordas (o nó deve ser o mais conveniente para o
local);
- auxilia a tração dada ao cabo de sustentação.
Auxiliar nº. 4:
- transporta uma corda de 50 ou de 100 metros até o local em que o
cabo de sustentação será fixado;
- fixa, temporariamente, essa corda, com o nó oito, volta do fiador ou
com o nó volta da ribeira;
- safa (desenrola) e lança a corda citada acima para o solo;
- fixam, em definitivo, os cabos de sustentação de acordo com o nó
adequado (normalmente é o nó volta do fiel), no ponto destinado à ancoragem;
- auxilia a tração dos cabos de sustentação;
- confecciona o nó para a fixação final das amarrações no ponto destinado
à ancoragem.
Armação de um cabo de sustentação no plano horizontal com emprego
de retinida
O uso de retina nas operações precisa de atenção redobrada, uma vez
que se é possível ferir a vítima que se encontra em cima da edificação. Uma maneira
de reduzir o perigo da atividade é estabelecer atribuições aos componentes da
guarnição, as quais serão especificadas abaixo:
Chefe de guarnição:
- comanda e coordena a operação;
- transporta dois cabos solteiros de 4,5 m, bem como os demais materiais
empregados no sistema de auxílio à tensão a ser implementada, tais como: rachi,
grampos com manilhas, aparelho oito, mosquetões etc.;
- coloca os grampos com manilhas e/ou os mosquetões;
- leva os outros materiais exigidos para dar tensão de acordo com a
técnica a ser empregada;
- confecciona o nó para a união da retinida com a corda principal;
- orienta a vítima quanto aos meios e métodos que deve proceder na
fixação da corda.
Auxiliar nº. 1:
- confecciona uma cadeira japonesa;
- realiza a transposição, pelo cabo de sustentação simples, até o local
onde será realizada a sua fixação, permitindo a sua armação, para isso ele irá
levar a extremidade de outra corda que comporá o cabo de sustentação duplo;
- fixa, temporariamente, as cordas com o nó oito, volta do fiador ou
volta da ribeira;
- recolhe as cordas, conforme a solicitação do chefe;
- fixa, em definitivo, o cabo de sustentação.
Auxiliar nº. 2:
- transporta a retinida;
- safa a retinida, preparando-a para o lançamento;
- lança a retinida até o local desejado (onde se encontra a vítima);
- confecciona o nó para o desvio da força que dá tensão nas cordas;
- auxilia na tração do cabo de sustentação.
Auxiliar nº. 3:
- transporta uma das cordas de 50 ou de 100 metros;
- safa a corda citada acima;
- fixa, temporariamente, a corda;
- confecciona o balso do calafate no ponto de ancoragem, de acordo com
a determinação do chefe; e - auxilia na tração do cabo de sustentação.
Auxiliar nº. 4:
- transporta uma corda de 50 ou de 100 metros;
- safa uma das cordas acima citadas;
- fixa, temporariamente, a corda;
- auxilia na tração do cabo de sustentação;
- no ponto de ancoragem, realiza o nó final para fixação das amarrações.
Armação de um cabo de sustentação no plano inclinado
Na armação de cordas para a montagem de um cabo de sustentação no
plano inclinado, o chefe de guarnição deve observar, primeiramente, as
condições do local e, em seguida, analisar a distância entre as edificações,
bem como a altura, o grau de inclinação e as técnicas de evacuação que deverão
ser empregadas.
Diante dessas informações, a operação desenvolver-se-á de acordo com as seguintes atribuições dos componentes da guarnição:
Chefe de guarnição:
- comanda e coordena toda a operação;
- transporta dois cabos solteiros, bem como os demais materiais que
serão empregados na técnica que será utilizada para dar tensão ao sistema;
- confecciona um nó formador de alça, que será empregado no processo
de tração;
- coloca os grampos com manilha e/ou mosquetões nas alças do sistema
de tração.
Auxiliar nº. 1:
- transporta uma corda que será usada no içamento dos cabos;
- fixa, temporariamente, a corda citada acima;
- lança essa corda para o solo;
- iça a corda após o nº. 2 ter realizado a união delas com as cordas
que precisam ser içadas;
- auxilia na tração das cordas do cabo de sustentação.
Auxiliar nº. 2:
- confecciona a união da corda de içamento com as cordas que vão ser
usadas como cabos de sustentação;
- realiza o nó balso do calafate no local da ancoragem principal;
- auxilia na tração do cabo de sustentação.
Auxiliar nº. 3:
- transporta uma corda de 50 ou de 100 metros até o seu local de fixação;
- fixa, temporariamente, a corda, utilizando o nó volta do fiador ou volta
da ribeira;
- safa e lança a corda citada anteriormente;
- recolhe a corda fixando-a de acordo com a orientação do chefe;
- auxilia a tração das cordas que servirão como cabo de sustentação.
Auxiliar nº. 4:
- transporta uma corda de 50 ou de 100 metros até o seu local de fixação;
- fixa, temporariamente, a corda por meio do nó volta do fiador ou volta
da ribeira;
- safa e lança a corda anteriormente citada;
- recolhe a corda fixando-a, de acordo com a orientação do chefe;
- auxilia na tração das cordas que servirão como cabo de sustentação.
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