Grandes incêndios podem ser causados por fenômenos termoelétricos,
como, por exemplo, curto-circuito (conexão de resistência muita baixa, entre
dois pontos de um circuito com potenciais elétricos diferentes), sobretensão
(diferença entre potencias elétricos acima do nível normal) e sobrecorrente
(fluxo de carga elétrica acima das especificações previstas).
Essa situação é também agravada pelo fato de o
Brasil ser um dos países com maior índice de ocorrência de descargas
atmosféricas no mundo. Em virtude desses fatos, para serem evitadas as
ocorrências de fenômenos termoelétricos, são exigidos dispositivos capazes de
proteger as edificações, e, conseqüentemente, seus ocupantes e conteúdo contra
essas implicações, visando à proteção contra incêndio. Para alcançar tal objetivo,
torna-se necessário o correto dimensionamento das instalações elétricas
(utilização adequada de disjuntores, fusíveis, condutores, esquemas de
aterramento) e a adoção de sistema de proteção contra descargas atmosféricas
(SPDA), também conhecido como pára-raios, para proteger estruturas, aparelhos e
circuitos. Dessa forma, consegue-se não só a proteção patrimonial, mas também a
salvaguarda das pessoas contra choques elétricos.
As regras de segurança apresentadas neste módulo são
baseadas na NBR no 5.410 (instalações elétricas de baixa tensão) e na NBR no 5.419
(proteção de estruturas contra descargas atmosféricas).
A regra fundamental da proteção contra choques é que
as pessoas e os animais devem ser protegidos, seja do risco associado a contato
acidental com parte energizada perigosa, seja de falhas que possam colocar uma
massa acidentalmente sob tensão.
A instalação elétrica deve ser concebida e
construída de maneira a excluir qualquer risco de incêndio de materiais
inflamáveis, devido a temperaturas elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em
situações normais, não deve haver riscos de queimaduras para as pessoas e/ou animais.
Além desses aspectos, as pessoas, os animais e os
bens devem ser protegidos contra os efeitos negativos de temperaturas ou
solicitações eletromecânicas excessivas, resultantes de sobre correntes a que
os condutores vivos possam ser submetidos.
Também devem ser protegidos contra as conseqüências prejudiciais
provenientes das ocorrências resultantes de sobretensões, como falhas de
isolamento entre partes vivas de circuitos sob diferentes tensões, fenômenos
atmosféricos e manobras.
Tendo em vista o que a NBR no 5.419 da ABNT
prescreve, torna-se evidente que um SPDA não impede a
ocorrência de descargas atmosféricas (queda de raios) nem assegura uma proteção
100% eficiente.
A função
do SPDA é conduzir as correntes elétricas das descargas atmosféricas ao solo e dissipá-las
com segurança, reduzindo a probabilidade de danos.
O SPDA é definido como um sistema completo,
destinado a proteger uma estrutura contra os efeitos das
descargas atmosféricas. É composto de um sistema externo e de um sistema
interno de proteção.
O sistema externo consiste em captores, condutores
de descida e subsistema de aterramento, enquanto que o sistema interno é
composto por um conjunto de dispositivos que reduzem os efeitos elétricos e magnéticos
da corrente de descarga atmosférica, dentro do volume a proteger (equipotencialização
— equalização do potencial elétrico de todas as partes que compõe o volume).
A captação da descarga atmosférica tem a finalidade
de minimizar a probabilidade de a estrutura ser atingida diretamente por um
raio e deve ter capacidade térmica e mecânica suficiente para suportar o calor
gerado no ponto de impacto, bem como os esforços eletromecânicos resultantes.
Podem ser adotados três métodos: Franklin, Faraday e Eletrogeométrico. A
captação pode ainda ser feita por meio de elementos naturais da prórpria
edificação.
O subsistema de descidas visa conduzir
convenientemente para a terra a corrente recebida pelo subsistema de captação.
Podem ser usados condutores de descida naturais (ferros dos pilares) ou
não-naturais (cordoalhas de cobre, por exemplo).
Para assegurar a dispersão da corrente de descarga
atmosférica na terra sem causar sobre tensões perigosas deve ser executado um subsistema
de aterramento integrado à estrutura e demais aterramentos por meio de uma
ligação equipotencial.
A equalização de potencial constitui a medida mais
eficaz para reduzir os riscos de incêndio, explosão e choques elétricos dentro
do volume a proteger. Ela é obtida mediante condutores de ligação equipotencial,
eventualmente incluindo DPS (dispositivo de proteção contra surtos — são
dispositivos que protegem o ambiente contra descargas elétricas atmosféricas),
interligando o SPDA, a armadura metálica da estrutura, as instalações
metálicas, as massas e os condutores dos sistemas elétricos de potência e de sinal,
dentro do volume a proteger.
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