Táticas de Salvamento
Antes de se fazer a descrição das táticas
que devem ser empregadas nas operações de salvamento, após a ocorrência de um
acidente aeronáutico, é necessário, primeiramente, identificar as tarefas que
deverão ser executadas.
Em primeiro lugar, o termo salvamento
compreende, também, a proteção das rotas de fuga que serão utilizadas pelos
ocupantes da aeronave no intuito de abandoná-la.
As atividades desenvolvidas na área
externa do avião podem compreender os esforços no combate às chamas, a
aplicação de espuma sobre um eventual derramamento de combustível, a
assistência para facilitar a utilização eficiente dos equipamentos de evacuação
e de emergência existentes a bordo, a iluminação, quando ela permitir acelerar
o abandono da aeronave, e a reunião dos seus ocupantes em uma zona segura.
É evidente que durante essa fase não se
deve entrar na aeronave pelas mesmas vias que estão sendo usadas pelos
ocupantes em fuga. É igualmente óbvio que toda a operação de salvamento não
poderá ser executada, eficientemente, quando houver uma situação de incêndio
que esteja pondo em risco todo o pessoal, incluindo os ocupantes da aeronave e
os bombeiros encarregados das operações de salvamento. Por essa razão,
torna-se, às vezes, essencial iniciar o combate ao fogo antes mesmo de se
tentar efetuar o salvamento.
Em segundo lugar, o salvamento dos
ocupantes da aeronave que estejam impossibilitados de abandoná-la por seus
próprios meios torna-se uma tarefa árdua para aqueles que estão encarregados do
socorro, pois implica esforço físico redobrado e o uso de equipamentos e de
pessoal distintos daqueles previstos, inicialmente, para as operações de
salvamento e extinção de incêndios. Assim, podem prestar grande ajuda os
médicos que se dirigirem ao local do sinistro, o pessoal do CVE e os técnicos
das linhas aéreas.
Durante essa fase, será absolutamente
indispensável assegurar a proteção contra o incêndio, tanto dentro como fora da
aeronave, o que poderá exigir uma nova aplicação de espuma sobre o combustível
derramado, caso isso tenha ocorrido.
Pode também ser necessário iniciar os
processos de ventilação, para assegurar uma atmosfera respirável no interior da
fuselagem, assegurando uma proteção localizada contra o incêndio, para a
execução das operações de salvamento que requeiram o emprego de ferramentas
manuais ou mecânicas.
As atividades na área do incêndio devem
ser coordenadas por meio de um sistema de comunicações seguro e eficaz, a fim
de garantir que todos os participantes da operação sejam empregados
eficientemente, que estes estejam contando com todos os recursos disponíveis e
os ocupantes da aeronave sejam conduzidos de forma rápida e segura para um
local protegido.
Do acima exposto, deduz-se que as
operações de salvamento e combate a incêndios devem ser conduzidas
simultaneamente, pois, nos acidentes aeronáuticos em que inicialmente não se
apresentava qualquer indício de um incêndio, este pode ocorrer de forma
repentina e de conseqüências desastrosas. Os primeiros CCI a chegarem ao local
do acidente deverão se dedicar a aplicar, de forma preventiva, uma camada de
espuma sobre a área em que haja ocorrido um derramamento de combustível, mesmo
que esta operação tenha de ser feita de forma simultânea com a liberação de
outras áreas destinadas a facilitar a evacuação dos ocupantes.
Uma proteção
adicional deve ser prevista no momento em que são abertas as portas ou as
janelas da aeronave, para a entrada dos bombeiros ou para a evacuação dos
ocupantes, a fim de evitar-se a propagação das chamas para o interior do avião
e ainda proteger as vias de fuga, no caso de surgir um incêndio.
A guarnição do primeiro CCI deve ser
composta de um número suficiente de bombeiros, para que seja possível um
eficiente combate ao fogo, bem como um pronto início nos trabalhos de
evacuação.
A experiência operacional tem indicado
que existem três tarefas básicas a serem consideradas quando o incêndio, na
área crítica, estiver dominado. Estas tarefas são:
- Entrada da equipe de salvamento na
aeronave, normalmente composta por dois profissionais, para auxiliar os
ocupantes do avião. Esses bombeiros deverão dispor de recursos para o resgate
de pessoas feridas, ter pleno conhecimento de “primeiros socorros” e serem
treinados para atuarem em equipe ou individualmente;
- Devem-se conduzir para o interior da
aeronave os equipamentos de combate a incêndio, para que se possa dar início ao
combate dos pequenos focos;
- Proporcionar iluminação e ventilação no
interior da aeronave.
Essas três tarefas não foram relacionadas
em ordem de prioridade, pois, se ocorrer um incêndio no interior da aeronave,
será necessário, primeiramente, dominá-lo, antes de se começar qualquer outra
operação. Se não houver mais incêndio, mas os materiais de acabamento do
interior da aeronave começar a se decompor por ação do calor residual, esse processo
poderá ser interrompido, mediante o emprego de água na forma de neblina, além
de ser necessário ventilar-se a cabina, pelos métodos naturais ou artificiais,
a fim de tornar o ar mais respirável.
Recomendações
para evacuação e salvamento
Durante um acidente ou incidente aeronáutico,
todos os esforços dos membros da tripulação visam a propiciar a maior segurança
possível a todos os ocupantes da aeronave. Quando esse incidente ocorre em vôo,
o comandante da aeronave revelará, provavelmente, a natureza da emergência,
assim como um plano para enfrentar o problema.
Em virtude de disposições legais sobre a
aviação internacional, os pilotos são obrigados a conhecer os regulamentos e
procedimentos a serem adotados nos casos de emergência. Além disso, todos os
membros da tripulação estão preparados para executarem os procedimentos de
evacuação, pois conhecem a aeronave e recebem treinamentos intensivos e
periódicos nesse sentido.
Esses procedimentos devem ser atribuídos
à equipe de bombeiros, caso a tripulação esteja incapacitada para executá-los.
Sempre que possível, a assistência à evacuação e ao salvamento devem ser
executadas através das portas regulares e pelas janelas. Quando isso não for
possível, deve-se tentar o arrombamento.
Os membros das tripulações devem confiar
em seus próprios meios, empregando as escorregadeiras, cabos existentes na
aeronave, etc. No entanto, as equipes de emergência do aeroporto devem contar
com escadas, pois estas poderão ser necessárias quando os equipamentos da
aeronave tiverem sofrido quaisquer avarias ou não puderem funcionar ou quando
for necessário fazer a evacuação a partir do bordo de ataque da asa.
As tripulações são instruídas na
utilização das escorregadeiras para a evacuação de emergência. Essas
escorregadeiras são colocadas nas portas de saída normal e de emergência, com o
fim de facilitar uma rápida retirada dos passageiros. Nos casos em que se
dispõem desses acessórios para a evacuação dos ocupantes da aeronave, e se eles
estão sendo utilizados quando chegam os bombeiros, não se deve desprezá-los, a
menos que tenham sofrido algum dano, devido ao uso ou ao incêndio. Ocorrendo
esta última hipótese, deve-se por em serviço as escadas de emergência, que são
levadas pelos próprios bombeiros.
Com as escorregadeiras de emergência,
conseguir-se-á uma evacuação muito mais rápida do que com os tipos clássicos de
escadas; por isso, elas devem ser priorizadas na hora do atendimento de uma
ocorrência que envolva uma aeronave. Nesse caso, os bombeiros devem permanecer
na extremidade inferior das escorregadeiras, para ajudar os passageiros a se
levantarem e acompanhá-los a um lugar seguro.
Os passageiros que utilizarem as saídas
de emergência localizadas sobre as asas normalmente buscarão chegar ao solo
escorregando-se pelo bordo de fuga da asa ou pelos flaps. Nesse ínterim, é
importante prestar-lhes ajuda, para evitar que lesionem as pernas; em seguida,
conduzi-los a um local seguro.
As responsabilidades dos membros da
tripulação e dos bombeiros devem estar claramente definidas em todas as
circunstâncias. A preocupação principal está centrada na segurança das pessoas
a bordo da aeronave. Em muitos casos, isso requererá procedimentos de evacuação
de emergência. As obrigações e responsabilidades podem ser assim definidas:
• Membros
da tripulação - Como as condições e os meios diferem
muito na maioria dos aeroportos, os membros da tripulação devem ser os
principais responsáveis pela aeronave e pelos seus ocupantes. A decisão final
sobre o abandono da aeronave e a maneira como ele será feito cabe aos membros
da tripulação, quando estes estejam exercendo normalmente as suas funções.
• Equipe
de bombeiros - A sua obrigação e responsabilidade será a
de ajudar, no que for possível, os membros da tripulação. Como a visibilidade
dos membros da tripulação é limitada, os bombeiros devem fazer uma avaliação
imediata da parte externa da aeronave e informar os tripulantes sobre as
condições observadas. Aos bombeiros cabe a proteção de toda a operação. No caso
de a tripulação estar impedida, por qualquer motivo, de desempenhar as suas
funções normais, os bombeiros serão os responsáveis pelo início das medidas que
sejam necessárias.
Evacuação
Conforme acima mencionado, a decisão
definitiva sobre o abandono da aeronave, pelos seus ocupantes, cabe à sua
tripulação, e os bombeiros atuam de acordo com as instruções dela emanadas.
Como é muito difícil para os bombeiros conhecerem completamente todos os tipos
de aeronaves, e os membros da tripulação passam por períodos intensivos de instrução
em matéria de procedimentos de emergência, estes estão em condições mais
favoráveis para tomar decisões quanto à evacuação de uma aeronave.
A maioria das aeronaves está dotada de
equipamentos de evacuação de emergência, e a tripulação deve estar preparada
para empregá-los adequadamente. Alguns serviços de salvamento e contra-incêndio
de aeroportos dispõem de escadas para uma evacuação de emergência. Em tais
casos, deve-se informar os membros da tripulação de que estas escadas estão
disponíveis. No caso de utilizarem-se as escorregadeiras, estas não devem ser
desprezadas como meio de fuga, a menos que estejam avariadas. Quando as
escorregadeiras não tenham sido colocadas em sua posição para utilização ou tenham
sofrido qualquer avaria, devem-se então utilizar as escadas de emergência.
Estas poderão ser empregadas nos casos em que os passageiros tenham saído pelas
escotilhas localizadas sobre as asas, onde a altura até o solo é normalmente
grande.
EVACUAÇÃO
A localização das janelas de emergência
varia. Podem ser identificadas pelo contorno da junta entre a abertura e a
fuselagem e pelas marcas dos dispositivos de abertura similares aos que estão
ilustrados.
Devem
ser verificadas as características específicas da aeronave ( Algumas janelas de emergência tem cordas
para facilitar a evacuação):
Manete
de abertura externa das portas principais
1- Puxar a manete
2- Girar a manete no sentido dos
ponteiros do relógio
3- Puxar a porta para fora
Manete
de abertura externa dos porões
1- Empurrar o FLAPE
2- Puxar a manete para fora
3- Girar no sentido inverso dos ponteiros
do relógio
4- Empurrar a porta para dentro
Saída
de Emergência
1- Empurras o retângulo para dentro
2- Empurrar a janela para dentro e
levantar
Manete
de abertura externa das portas de serviço
1- Puxar a manete para fora
2- Girar no sentido inverso aos ponteiros
do relógio
3- Puxar a manete para fora
Abertura
externa da janela direita dos pilotos
1- Empurrar o painel de acesso para
dentro
2- Puxar a manete com firmeza para fora
Ao abrir as portas por fora CUIDADO com o acionamento das escorregadeiras.
Os pontos normais de evacuação de uma
aeronave são as suas janelas sobre as asas e as portas disponíveis. No entanto,
a utilização das saídas sobre as asas apresenta certos riscos, caso a aeronave
esteja em sua posição normal, com o trem de pouso abaixado.
A distância desde a superfície das asas
até o solo pode ser excessiva e causar lesões graves nas pessoas que pretendam
saltar. A evacuação pelo bordo de ataque de uma asa apenas deve ser considerada
quando o fogo impedir a descida pelo bordo de fuga. Não sendo um fator decisivo
para a proteção da vida humana, recomenda-se que as pessoas utilizem as portas
da aeronave que estejam equipadas com escadas ou escorregadeiras de emergência.
Estando uma aeronave em emergência, os
membros da tripulação devem transmitir todas as informações relacionadas com as
operações de salvamento e combate a incêndios ao controle de tráfego aéreo, e
este aos bombeiros. Essas informações devem incluir detalhes acerca das
quantidades de combustível a bordo, número de pessoas, configuração da cabina,
distribuição dos passageiros, passageiros inválidos ou qualquer outro pormenor
que seja de interesse das equipes de socorro.
A comunicação direta deve ser efetuada
por meio de um sistema que assegure confiabilidade e clareza, mediante a
utilização de um ou mais dos seguintes meios:
- Equipamentos de rádio que operem em um
número razoável de freqüências apropriadas;
- Sistema “intercom”, existente na
maioria das aeronaves, que consiste em uma instalação dotada de tomadas,
geralmente localizada na parte dianteira da aeronave, ao lado da porta de
entrada, onde devem ser conectados os fones de ouvido e microfones da equipe de
salvamento. Nos casos em que os motores da aeronave estejam em funcionamento e
impossibilitem, pelo barulho, a comunicação via rádio, o sistema “intercom”
constitui-se em uma alternativa adequada;
- Amplificadores portáteis, que devem ser
utilizados por um bombeiro posicionado ao lado esquerdo do nariz da aeronave,
quando não for possível a utilização de outros meios.
As
equipes de Salvamento devem assegurar-se de que a aeronave foi devidamente
aterrada, portanto descarregada de eletricidade estática excessiva, antes de
entrar em contato com ela.
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