ETAPA 6
5.6. Minimizar a pressão
A redistribuição da pressão, especialmente sobre as proeminências
ósseas, é a preocupação principal. Pacientes com mobilidade limitada apresentam
risco maior de desenvolvimento de UPP. Todos os esforços devem ser feitos para
redistribuir a pressão sobre a pele, seja pelo reposicionamento a cada 02
(duas) horas ou pela utilização de superfícies de redistribuição de pressão.
O objetivo do reposicionamento a cada 2 horas é redistribuir a
pressão e, consequentemente, manter a circulação nas áreas do corpo com risco
de desenvolvimento de UPP. A literatura não sugere a frequência com que se deve
reposicionar o paciente, mas duas horas em uma única posição é o máximo de
tempo recomendado para pacientes com capacidade circulatória normal.
O reposicionamento de pacientes de risco alterna ou alivia a
pressão sobre áreas suscetíveis, reduzindo o risco de desenvolvimento de úlcera
por pressão. Travesseiros e coxins são materiais facilmente disponíveis e que
podem ser utilizados para auxiliar a redistribuição da pressão. Quando
utilizados de forma apropriada, podem expandir a superfície que suporta o peso.
Geralmente a pele de pacientes com risco para UPP rompe-se facilmente durante o
reposicionamento, portanto, deve-se tomar cuidado com a fricção durante este
procedimento.
Superfícies de apoio específicas (como colchões, camas e
almofadas) redistribuem a pressão que o corpo do paciente exerce sobre a pele e
os tecidos subcutâneos. Se a mobilidade do paciente está comprometida e a
pressão nesta interface não é redistribuída, a pressão pode prejudicar a
circulação, levando ao surgimento da úlcera.
Pacientes cirúrgicos submetidos à anestesia por período prolongado
geralmente apresentam risco aumentado de desenvolvimento de UPP, portanto,
todos estes pacientes (no momento pré, intra e pós-operatório) devem receber
avaliação de risco da pele.
Os profissionais de saúde devem implantar estratégias de
prevenção, como garantir o reposicionamento do paciente e sua colocação em
superfícies de redistribuição de pressão, para todos aqueles com risco
identificado.
5.6.1. Procedimento Operacional para Minimizar a Pressão
a) Mudança de decúbito ou reposicionamento:
i. A mudança de decúbito deve ser executada para reduzir a duração e
a magnitude da pressão exercida sobre áreas vulneráveis do corpo (nível de evidência
A) 6;
ii. A frequência da mudança de decúbito será influenciada por
variáveis relacionadas ao indivíduo (tolerância tecidual, nível de atividade e mobilidade,
condição clínica global, objetivo do tratamento, condição individual da pele,
dor (nível de evidência C) e pelas superfícies de redistribuição de pressão em
uso (nível de evidência A)6;
iii. Avaliar a pele e o conforto individuais. Se o indivíduo não
responde ao regime de posicionamentos conforme o esperado, reconsiderar a frequência
e método dos posicionamentos (nível de evidência C)6;
iv. A mudança de decúbito mantém o conforto, a dignidade e a
capacitação funcional do indivíduo (nível de evidência C)6;
v. Reposicionar o paciente de tal forma que a pressão seja aliviada
ou redistribuída. Evitar sujeitar a pele à pressão ou forças de torção (cisalhamento).
Evitar posicionar o paciente diretamente sobre sondas, drenos e sobre
proeminências ósseas com hiperemia não reativa. O rubor indica que o organismo
ainda não se recuperou da carga anterior e exige um intervalo maior entre
cargas repetidas (nível de evidência C)6;
vi. O reposicionamento deve ser feito usando 30º na posição de
semi-Fowler e uma inclinação de 30º para posições laterais (alternadamente lado
direito, dorsal e lado esquerdo), se o paciente tolerar estas posições e a sua condição
clínica permitir. Evitar posturas que aumentem a pressão, tais como o Fowler
acima dos 30º, a posição de deitado de lado a 90º, ou a posição de semi-deitado
(nível de evidência C)6,11;
vii. Se o paciente estiver sentado na cama, evitar elevar a cabeceira
em ângulo superior a 30º, evitando a centralização e o aumento da pressão no
sacro e no cóccix (nível de evidência C)6;
viii. Quando sentado, se os pés do paciente não chegam ao chão,
coloque-os sobre um banquinho ou apoio para os pés, o que impede que o paciente
deslize para fora da cadeira (nível de evidência C). A altura do apoio para os
pés deve ser escolhida de forma a fletir ligeiramente a bacia para frente,
posicionando as coxas numa inclinação ligeiramente inferior à posição
horizontal 6;
ix. Deve-se restringir o tempo que o indivíduo passa sentado na
cadeira sem alívio de pressão (nível de evidência B). Quando um indivíduo está sentado
numa cadeira, o peso do corpo faz com que as tuberosidades isquiáticas fiquem
sujeitas a um aumento de pressão. Quanto menor a área, maior a pressão que ela
recebe. Consequentemente, sem alívio da pressão, a UPP surgirá muito
rapidamente.
b) Medidas preventivas para fricção e cisalhamento:
i. Elevar a cabeceira da cama até no máximo 30º e evitar pressão
direta nos trocanteres quando em posição lateral, limitando o tempo de
cabeceira elevada, pois o corpo do paciente tende a escorregar, ocasionando
fricção e cisalhamento (nível de evidência C)6,11;
ii. A equipe de enfermagem deve usar forro móvel ou dispositivo
mecânico de elevação para mover pacientes acamados durante transferência e mudança
de decúbito. Sua utilização deve ser adequada para evitar o risco de fricção ou
forças de cisalhamento. Deve-se verificar se nada foi esquecido sob o corpo do
paciente, para evitar dano tecidual (nível de evidência C)6,11;
iii. Utilizar quadro de avisos próximo ao leito para estimular o
paciente a movimentar-se na cama, quando necessário11;
iv. Avaliar a necessidade do uso de materiais de curativos para
proteger proeminências ósseas, a fim de evitar o desenvolvimento de úlcera por pressão
por fricção11.
Observação: Apesar da evidência
de redução de cisalhamento no posicionamento da cabeceira até 30º, para os
pacientes em ventilação mecânica e traqueostomizados com ventilação não invasiva,
é recomendado decúbito acima de 30º para a prevenção de Pneumonia Associada à Ventilação
– PAV.
c) Materiais e equipamentos para redistribuição de pressão:
i. Uso de colchões e camas na prevenção de UPP:
Utilizar colchões de espuma altamente
específica em vez de colchões; hospitalares padrão, em todos os indivíduos de
risco para desenvolver UPP (nível de evidência A)6;
A seleção de uma superfície de apoio adequada
deve levar em consideração fatores como o nível individual de mobilidade na
cama, o conforto, a necessidade de controle do microclima, bem como o local e
as circunstâncias da prestação de cuidados6,8. Todos os pacientes classificados
como “em risco” deverão estar sob uma superfície de redistribuição de pressão
(nível de evidência C);
Não utilizar colchões ou sobreposições de
colchões de células pequenas de alternância de pressão com o diâmetro inferior
a 10 cm
(nível de evidência C)6;
Use uma superfície de apoio ativo
(sobreposição ou colchão) para os pacientes com maior risco de desenvolvimento
de úlceras por pressão, quando o reposicionamento manual frequente não é
possível (nível de evidência B)6;
Sobreposições ativas de alternância de pressão
e colchões de redistribuição de pressão têm uma eficácia semelhante em termos
de incidência de úlceras por pressão (nível de evidência A)6.
ii. Uso de superfícies de apoio para a prevenção de úlcera por pressão
nos calcâneos:
Os calcâneos devem ser mantidos afastados da
superfície da cama (livres de pressão) (nível de evidência C)6;
Os dispositivos de prevenção de UPP nos
calcâneos devem elevá-los de tal forma que o peso da perna seja distribuído ao
longo da sua parte posterior, sem colocar pressão sobre o tendão de Aquiles. O
joelho deve ter ligeira flexão (nível de evidência C)6;
Utilizar uma almofada ou travesseiro abaixo
das pernas (região dos gêmeos) para elevar os calcâneos e mantê-los flutuantes
(nível de evidência B)6.
Observação: A hiperextensão do
joelho pode causar obstrução da veia poplítea, que pode predispor a uma
Trombose Venosa Profunda – TVP6.
iii. Uso de superfície de apoio para prevenir úlceras por pressão na
posição sentada:
Utilizar um assento de redistribuição de
pressão para os pacientes com mobilidade reduzida e que apresentam risco de
desenvolvimento de úlceras por pressão quando estes estiverem sentados em uma
cadeira (nível de evidência B). Almofadas de ar e espuma redistribuem melhor a pressão,
já as almofadas de gel e de pele de carneiro causam maior pressão6.
5.7. Medidas preventivas para úlcera por pressão conforme
classificação de risco
Os fatores de risco identificados na fase de avaliação fornecem
informações para o desenvolvimento do plano de cuidados. Segue as recomendações
das medidas preventivas conforme a classificação do risco: 11,12
5.7.1. Risco baixo (15 a
18 pontos na escala de Braden):
Cronograma de mudança de decúbito;
Otimização da mobilização;
Proteção do calcanhar;
Manejo da umidade, nutrição, fricção e
cisalhamento, bem como uso de superfícies de redistribuição de pressão.
5.7.2. Risco moderado (13
a 14 pontos na escala de Braden):
Continuar as intervenções do risco
baixo;
Mudança de decúbito com posicionamento
a 30°.
5.7.3. Risco alto (10 a
12 pontos na escala de Braden):
Continuar as intervenções do risco moderado;
Mudança de decúbito frequente;
Utilização de coxins de espuma para facilitar
a lateralização a 30º.
5.7.4. Risco muito alto (≤ 9 pontos na escala de Braden):
Continuar as intervenções do risco alto;
Utilização de superfícies de apoio dinâmico
com pequena perda de ar, se possível;
Manejo da dor.
6. Estratégias de monitoramento e indicadores
Sugerem-se 3 indicadores de processo (6.1 a 6.3) e um indicador de
resultado (6.4) para a prevenção da UPP.
6.1. Percentual (%) de pacientes submetidos a avaliação de risco para
UPP na admissão 5.
6.2. Percentual (%) de pacientes de risco recebendo cuidado preventivo
apropriado para UPP5.
6.3. Percentual (%) de pacientes recebendo avaliação diária para risco
de UPP5.
6.4. Incidência de UPP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário