4.2 A EDUCAÇÃO FORMAL E
PROFISSIONAL EM SCIE
A
dificuldade em aplicar no Brasil a engenharia de segurança contra incêndio nas
edificações é imensa devido às peculiaridades cada vez mais complexas dos
métodos construtivos e a velocidade de produção do conhecimento em SCIE ainda
baixa. Porém, o mais preocupante é a rotina instalada de alta exigência
prescritiva dos agentes fiscalizadores e dos projetistas, muitas vezes advindo
de uma lacuna curricular durante a educação formal quanto aos objetivos de
implantação dos sistemas de proteção.
Complementa
Luz Neto (1995 apud STEFFENS, 2009) que existem alguns pontos críticos a serem
considerados na realidade atual brasileira, quais sejam: o simplório
entendimento do projetista em considerar a SCI apenas uma questão de atendimento
das normas; imposição legal de atendimento a requisitos internacionais sem o
domínio científico dos preceitos que os definiram; e a crença comum dos
proprietários e construtores de que SCIE é investimento sem retorno cujo risco
poderia ser coberto por um seguro.
Como
disseram Corrêa et al. (2002), as obrigações da atividade de bombeiro, para
o atendimento de sua responsabilidade social, impelem seus administradores a
manterem adequados programas de ensino e instrução com currículos dinâmicos em
todos os níveis da organização. Também, segundo os autores, "[...] nenhuma
doutrina se transmite e se consolida sem um adequado processo de ensino e
instrução nos campos de formação, aperfeiçoamento e especialização".
À
medida que a complexidade da edificação aumenta, potencializa os riscos de
incêndio, que por sua vez exigem do projetista um sólido conhecimento sobre
segurança contra o fogo.
(BRENTANO,
2007). Também em raciocínio sistêmico, Geyger (2010) comenta que investir nos
profissionais também é a peça-chave para a produção de melhores normas, ofertando
uma formação específica nessa área do conhecimento para que eles também possam
desenvolver a SCIE.
Outro
viés prático que marca a importância do conhecimento em segurança contra
incêndio para os profissionais, é a possibilidade de permitir celeridade aos
processos de expedição das licenças para habitação e para o devido funcionamento
dos estabelecimentos, por meio do dimensionamento, apresentação e execução do
projeto corretos, o que evitaria os retrabalhos por erros contínuos durante o
processo de análise pela autoridade, como também permitiria aos regulamentadores
a simplificação dos procedimentos administrativos, impondo
maior responsabilidade e confiança aos projetistas, com redução considerável de
parâmetros a serem verificados pelo agente público fiscalizador. Iniciando com
essas constatações preliminares, buscaremos a fundamentação teórica que elucide
a grande relevância das ações de ensino para o desenvolvimento da segurança
contra incêndio em edificações.
A
evolução da percepção do risco de incêndio, as atualizações das
regulamentações, e o desenvolvimento dos projetos aos métodos baseados em
desempenho, estão completamente vinculados com a educação formal dos cidadãos
através de programas sociais preventivos, e dos profissionais que labutarão
nesta área específica por meio das formações e qualificações universitárias e
técnicas.
Países
que estão em bom nível de desenvolvimento em segurança contra incêndio,
como vimos, abordam o tema como uma ciência e uma especialidade da engenharia e
da arquitetura, inseridas na educação técnica e científica, certos de que a
produção do conhecimento é que aprimora a sua aplicação nas edificações. O
incentivo à SCIE é dado com a criação de graduações e especializações para a
competência técnica dos projetistas, e a implantação de mestrados e doutorados
para a evolução científica da matéria.
Como
exemplos da valorização do conhecimento em segurança contra incêndio,
pode moscitar os mestrados e doutorados exclusivos em SCIE desenvolvidos pela
Universidade de Coimbra (Portugal), pelo Worcester Polytechnic Institute (WPI
-Estados Unidos da América), a graduação e o mestrado ofertados pela
Universidade de Maryland (Estados Unidos da América), disciplinas específicas na
graduação e especialização pela Carleton University (Canadá), assim como
disciplinas na graduação e mestrado na Universidade de Edinburgh (Reino Unido),
mestrado e cursos de extensão na Universidade de Leeds (ReinoUnido),
especialização, mestrado e doutorado oferecido pela Universidade de
Canterbury (Nova Zelândia), curso de graduação em redução de desastres e linhas
de pesquisa em segurança contra incêndio na Tongji University (China) e pesquisas
realizadas no State Key Laboratoryof Fire Science da Universidade de Ciência e
Tecnologia da China, entre outros.
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