4
Além das próprias fruitas, as estranhas.
E tratando das próprias, os coqueiros,
Galhardos, e frondosos
Criam cocos gostosos;
E andou tão liberal a natureza
Que lhes deu por grandeza,
Não só para bebida, mas sustento,
O néctar doce, o cândido alimento.
De várias cores são os cajus belos,
Uns são vermelhos, outros amarelos,
E como vários são nas várias cores,
Também se mostram vários nos sabores;
E criam a castanha,
Que é melhor, que a de França, Itália, Espanha.
As pitangas fecundas
São na cor rubicundas,
E no gosto picante comparadas
São de América ginjas disfarçadas:
As pitombas douradas, se as desejas,
São no gosto melhor do que as cerejas,
E para terem o primor inteiro
A ventagem lhes levam pelo cheiro.
Os araçazes grandes, ou pequenos,
Que na terra se criam mais ou menos,
Como as pêras de Europa engrandecidas,
Com elas variamente parecidas,
Também se fazem delas
De várias castas marmeladas belas.
As bananas no Mundo conhecidas
Por fruto, e mantimento apetecidas,
Que o céu para regalo, e passatempo
Liberal as concede em todo o tempo,
Competem com maçãs, ou baonesas,
Com pêros verdeais ou camoesas,
Também servem de pão aos moradores,
Se da farinha faltam os favores;
É conduto também que dá sustento,
Como se fosse próprio mantimento;
De sorte que por graça, ou por tributo
É fruto, é como pão, serve em conduto.
A pimenta elegante
É tanta, tão diversa, e tão picante,
Para todo o tempero acomodada,
Que é muito avantajada
Por fresca, e por sadia
À que na Ásia se gera, Europa cria:
O mamão por freqüente
Se cria vulgarmente,
E não o preza o Mundo,
Porque é muito vulgar em ser fecundo.
O maracujá também gostoso, e frio
Manuel Botelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário