05 agosto 2022

4 - À ILHA DE MARÉ TERMO DESTA CIDADE DA BAHIA SILVA

 

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Além das próprias fruitas, as estranhas.

E tratando das próprias, os coqueiros,

Galhardos, e frondosos

Criam cocos gostosos;

E andou tão liberal a natureza

Que lhes deu por grandeza,

Não só para bebida, mas sustento,

O néctar doce, o cândido alimento.

De várias cores são os cajus belos,

Uns são vermelhos, outros amarelos,

E como vários são nas várias cores,

Também se mostram vários nos sabores;

E criam a castanha,

Que é melhor, que a de França, Itália, Espanha.

As pitangas fecundas

São na cor rubicundas,

E no gosto picante comparadas

São de América ginjas disfarçadas:

As pitombas douradas, se as desejas,

São no gosto melhor do que as cerejas,

E para terem o primor inteiro

A ventagem lhes levam pelo cheiro.

Os araçazes grandes, ou pequenos,

Que na terra se criam mais ou menos,

Como as pêras de Europa engrandecidas,

Com elas variamente parecidas,

Também se fazem delas

De várias castas marmeladas belas.

As bananas no Mundo conhecidas

Por fruto, e mantimento apetecidas,

Que o céu para regalo, e passatempo

Liberal as concede em todo o tempo,

Competem com maçãs, ou baonesas,

Com pêros verdeais ou camoesas,

Também servem de pão aos moradores,

Se da farinha faltam os favores;

É conduto também que dá sustento,

Como se fosse próprio mantimento;

De sorte que por graça, ou por tributo

É fruto, é como pão, serve em conduto.

A pimenta elegante

É tanta, tão diversa, e tão picante,

Para todo o tempero acomodada,

Que é muito avantajada

Por fresca, e por sadia

À que na Ásia se gera, Europa cria:

O mamão por freqüente

Se cria vulgarmente,

E não o preza o Mundo,

Porque é muito vulgar em ser fecundo.

O maracujá também gostoso, e frio

 

Manuel Botelho

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