05 agosto 2022

2º SONETO À MORTE DE AFONSO BARBOSA DA FRANCA

 

2º SONETO À MORTE DE AFONSO BARBOSA DA FRANCA

 

Alma gentil, esprito generoso,

Que do corpo as prisões desamparaste,

E qual cândida flor em flor cortaste

De teus anos o pâmpano viçoso.

Hoje, que o sólio habitas luminoso,

Hoje, que ao trono eterno te exaltaste,

Lembra-te daquele amigo a quem deixaste

Triste, absorto, confuso, e saudoso.

Tanto tua virtude ao céu subiste,

Que teve o céu cobiça de gozar-te,

Que teve a morte inveja de vencer-te.

Venceste o foro humano em que caíste,

Goza-te o céu não só por premiar-te,

Senão por dar-me a mágoa de perder-te.

 

Gregório de Matos

Nenhum comentário:

Postar um comentário