Uso
indiscriminado de álcool 70% aumenta casos de queimaduras durante pandemia
Sociedade Brasileira de
Queimaduras (SBQ) registra aumento em casos de queimaduras por álcool 70% após
publicação de portaria da Anvisa que libera comercialização do produto.
Desde o dia 19 de março,
quando a RDC 350/2020 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) flexibilizou a comercialização do álcool 70%
e outros produtos sanitizantes, o número de queimaduras vem aumentando.
A medida da Anvisa é
extraordinária e temporária, devido à situação de emergência de saúde pública
provocada pelo novo coronavírus.
Com a pandemia, a Anvisa
decidiu aumentar a oferta desses produtos no mercado para que a sociedade
tivesse mais acesso a itens de proteção.
De acordo com a Sociedade
Brasileira de Queimaduras (SBQ), os números de
queimaduras provocadas por álcool já contabilizaram mais de 100 casos no
país após a publicação da Resolução da Anvisa. A SBQ tem acompanhado mais de 35
serviços de queimados em todo o Brasil e, em alguns desses serviços, foram
registrados um aumento de 2 A 2,5% nos Casos. Segundo a entidade, cerca de 360
pessoas foram internadas em razão de acidentes graves com queimaduras.
Segundo a terapeuta
ocupacional Dra. Iara Montefusco Floriano, que há sete anos atua com a questão
da prevenção de acidentes com dispositivos que possam causar incêndios e
queimaduras, a manipulação indevida do álcool faz com que as pessoas corram riscos e coloquem outras pessoas em
situação perigosa.
De acordo com Dra. Iara,
as queimaduras são a quarta maior causa de mortes em crianças e, a fim de reduzir
os acidentes com queimaduras é importante entender que o álcool foi feito para
esterilização e deve ser usado de maneira controlada.
A terapeuta ocupacional
alertou que a prevenção é fundamental para evitar esses acidentes,
especialmente dentro de casa, onde o indicado para higienizar as mãos é a
lavagem com água e sabão apenas.
Álcool
gel
A terapeuta ocupacional
também fez um alerta sobre o álcool gel, que pode pegar fogo.
Embora a chama seja
imperceptível, o produto é inflamável e pode causar queimaduras.
Ela explicou que apesar de
não ser um álcool explosivo e estar em forma de gel com outros excipientes, o
produto continua a apresentar potência de fogo.
O fisioterapeuta Dr. Fábio
Jakaitis explicou que o uso do álcool gel em excesso forma resíduos na mão,
podendo contaminar e irritar a pele, especialmente, se a pessoa for alérgica.
Dr. Fábio alertou ainda
que o uso inadequado pode causar dermatites e lesões abertas em peles
ressecadas ou em pessoas alérgicas.
Segundo o fisioterapeuta,
a forma correta de usar o álcool gel é aplicar uma pequena quantidade no palma
da mão, para o efeito de desinfecção, com movimentos de passagem por toda a
superfície.
Além disso, deve-se evitar
o uso próximo de locais inflamáveis, aguardar a evaporação do produto antes de
se aproximar destes locais e evitar o uso em excesso.
Atuação
Conforme explicou Dra.
Iara, a Terapia Ocupacional é uma das áreas que atuam no tratamento e cuidado
do paciente vítima de queimadura.
A terapeuta ocupacional
disse que o olhar do profissional não vê a queimadura como um acometimento
físico, apenas, pois a queimadura tem um caráter muito mais amplo.
Ela explicou também que o
paciente queimado é uma pessoa que sente muita dor e, dependendo do grau de
queimadura, tem perda funcional muito grande. Por isso, o profissional deve
ampliar o olhar para as questões das atividades de vida diária do paciente para
readequá-lo.
A Fisioterapia também tem
um importante papel no tratamento e reabilitação de pacientes vítimas de
queimaduras.
Em conjunto com uma equipe
multidisciplinar na recuperação de queimados, a Fisioterapia tem atuação ímpar,
podendo diminuir sequelas e trazer benefícios imediatos e a longo prazo.
Após avaliação inicial, o
fisioterapeuta dará início à avaliação da capacidade do paciente em se movimentar, e medirá a amplitude de
movimentos da qual dispõe o paciente.
Dr. Fábio disse que na
fase aguda, o profissional irá realizar com o paciente um trabalho respiratório
na UTI ou no leito hospitalar, seguido da manutenção da amplitude de movimento
e deformidades e ou retrações, ganho funcional e retorno às atividades
funcionais.
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