Covid-19: Fiocruz lança manual sobre biossegurança para escolas
Covid-19: Fiocruz lança manual sobre biossegurança para reabertura das escolas
• Julia Neves (EPSJV/Fiocruz)
A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
(EPSJV/Fiocruz) lançou o Manual sobre biossegurança para reabertura de escolas
no contexto da Covid-19, que reúne normas e diretrizes para retomada das aulas
em segurança.
Manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da Covid-19
O manual traz informações
facilmente acessíveis, destacando as questões sanitárias, aspectos sobre a
transmissão da Covid-19 e a implementação de boas práticas de biossegurança que
possam contribuir para a promoção da saúde e a prevenção dessa doença nas
escolas.
Segundo a coordenadora
geral de Ensino Técnico da EPSJV/Fiocruz, Ingrid D’avilla, que fez parte da
equipe que elaborou o documento, o manual poderá contribuir para a tomada de
decisão pelos gestores, trabalhadores e a comunidade das instituições de
ensino.
Para ela, o manual se
compromete com a explicitação de fundamentos técnico-científicos da
biossegurança, que necessariamente precisam ser discutidos a partir de uma
perspectiva pedagógica e de ênfase na proteção à vida. “Sua importância reside
tanto na possibilidade de incentivar mudanças nas estruturas das escolas,
sobretudo, naquelas em que historicamente houve naturalização de péssimas
condições; como também na decisão de que, além do contexto epidemiológico
local, ter ou não ter capacidade de implementar determinadas ações deve ser um
impeditivo ético para a reabertura de escolas”, ressalta.
No manual, a EPSJV/Fiocruz
reconhece a realidade das escolas brasileiras, que possuem condições distintas
de infraestrutura, recursos financeiros, adequação de força de trabalho,
interlocução com o sistema de saúde, entre outros, para conseguirem uma
perfeita adaptação às orientações. “Assim, consideramos de fundamental
importância que tais normas e diretrizes façam parte do horizonte de
modificações possíveis que a gestão pública deve implementar para garantir o
retorno às atividades de ensino presencial com segurança para professores,
estudantes e todos os trabalhadores da área da educação”, diz o texto.
“É muito importante que os
protocolos de biossegurança considerem o contexto epidemiológico da Covid-19,
ou seja, não existem protocolos dissociados do contexto. Em qualquer plano de
retorno ou reabertura das escolas deve se considerar três perguntas sobre a
situação epidemiológica local: a Covid-19 está controlada no território? O
sistema de saúde tem condições de responder ao aumento de casos? O sistema de
vigilância em saúde pode identificar a maioria dos casos e os seus contatos?
Todos esses aspectos precisam ser pensandos antes de se decidir pela reabertura
das escolas. E como são aspectos muito complexos, devemos pensá-los sempre em
sinergia com a produção científica das outras unidades da Fiocruz e das
universidades públicas”, diz Ingrid.
A coordenadora destaca que
alguns protocolos que já existem são restritos e apresentam apenas listas de
ações para boas práticas nas escolas.
“Nem sempre as
recomendações contemplam fundamentação científica, muitas vezes, são apenas
repetições de determinadas palavras que já foram incorporadas ao senso comum”,
observa, e explica: “Quando os protocolos recomendam a adoção de rodízios nas
escolas, por exemplo: o que essa expressão significa?
Como ela pode ser parte de
um conjunto de ações e medidas que protejam vidas?”, diz ela acrescentando que
deve ser pensado o significado da palavra rodízio: “Estamos falando de
alternância dos estudantes? De rodízio como mecanismo para redução da
frequência das atividades presenciais? Como possibilidade de redução de fluxo
de pessoas no ambiente interno das instituições, sobretudo, na primeira fase
dos planos de retomada? Ou seja, é uma expressão que por si só não dimensiona o
caráter de um retorno gradual”.
O manual está organizado
em quatro partes: Sobre a Covid-19; Sobre a organização geral da escola para
atividades de ensino presenciais; Recomendações gerais para o deslocamento; e
Sugestões para a saúde do trabalhador. “Embora esse manual se refira às escolas
de modo geral, é importante reconhecer que as discussões não contemplam
aspectos específicos dos diferentes níveis e modalidades educacionais. Sendo
assim, optou-se, portanto, por um recorte mais transversal”, explica Ingrid.
Parcerias institucionais
Além de produzir o manual
para orientar outras escolas sobre o retorno às atividades presenciais no
contexto da Covid-19, a Escola Politécnica tem recebido diversas solicitações
para a participação em debates com outras instituições de ensino e sindicatos
sobre o tema. Nesse sentido, a EPSJV está promovendo, em parceria com o
Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II, uma série de lives para discutir
as propostas de reabertura das escolas federais do Rio de Janeiro. Além disso,
a Escola Politécnica está realizando reuniões com o Grupo de Trabalho sobre
Protocolos Sanitários, Pedagógicos e de Acolhimento para retorno às atividades
presenciais do Colégio Pedro II (campus Engenho Novo II), e formulando um
projeto intersetorial para discussão sobre o retorno seguro com as escolas e as
creches públicas de Manguinhos.
A diretora da
EPSJV/Fiocruz, AnakeilaStauffer, destaca que a Escola recebe, atualmente,
muitos questionamentos de outras instituições públicas de ensino do Rio de
Janeiro sobre quais seriam as soluções mais coerentes para as atividades
escolares no contexto da pandemia. Para respondê-los, a Escola Politécnica tem
fomentado a criação de um fórum permanente das escolas públicas do Rio de
Janeiro e está contribuindo na organização e nas ações do ‘Fórum de Articulação
Educação Básica e Universidade na Baixada Fluminense do RJ: pelo direito à vida
e defesa da ciência, lançado no dia 3 de julho em parceria com a Faculdade de
Educação da Baixada Fluminense (FEBF/Uerj).
Para Anakeila, a
importância da parceria com outras instituições está no fortalecimento do papel
da Fiocruz e da Escola Politécnica como instituições de Estado comprometidas
com a defesa da vida, e na constituição de redes com outras escolas públicas,
pois a cooperação nacional e internacional sempre foram marcos da Fundação.
“Todos os esforços que construirmos serão importantes, mas insuficientes já que
os desafios já existentes na educação brasileira antes da pandemia serão
intensificados. Para responder esses desafios, as escolas precisarão de uma
ação intersetorial, além de financiamento compatível com o novo momento”,
aponta.
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