I
- INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DOS DESASTRES E ACIDENTES NA INFÂNCIA
GENERALIDADES
Sem nenhuma dúvida, o
grupo infantil constituído por menores de quinze anos é o estrato populacional
mais vulnerável aos desastres e acidentes.
A experiência demonstra
que, quanto mais jovem e imatura for a criança, menor sua percepção de risco e
maior sua vulnerabilidade e dependência de terceiros, em termos de segurança
contra acidentes e desastres.
Essa
maior vulnerabilidade e dependência ocorrem:
- nos desastres súbitos de
evolução aguda, como deslizamentos de encostas com soterramento de residências,
enxurradas, incêndios e vendavais;
- nos desastres de
intensificação gradual, como a seca que é normalmente acompanhada de fome e
desnutrição;
- nos desastres por
somação de efeitos parciais, como acidentes domésticos, acidentes de trânsito e
desastres rodoviários.
Pelos motivos apontados,
uma maior prioridade deve ser dada à infância nas ações de resposta aos
desastres, como salvamento e assistência, nas ações preventivas e nos programas
de preparação para o enfrentamento de desastres e acidentes.
A vulnerabilidade da
criança aos acidentes é variável, em função do nível de coordenação de seu
sistema nervoso, aptidão motora, senso de percepção de risco e da instintiva
proteção a ela dispensada pela mãe e demais familiares.
Por isso, para aprofundar os estudos epidemiológicos de acidentes de
maior repercussão sobre a criança, é recomendável subdividir o grupo infantil
em cinco subgrupos:
1. Subgrupo de 0 a 3
meses;
2. Subgrupo de 3 a 8
meses;
3. Subgrupo de 8 meses a 4
anos;
4. Subgrupo de 4 a 8 anos;
5. Subgrupo de 8 a 15
anos;
1. Subgrupo de 0 a 3 Meses
Até os três meses de
idade, a coordenação nervosa e a habilidade motora são mínimas, e a criança
depende dos adultos para a satisfação de suas necessidades, inclusive das
relacionadas com sua própria segurança.
Como a motilidade é
extremamente reduzida, os riscos de que se exponha ao perigo de moto-próprio
são desprezíveis e há uma natural predisposição da mãe e dos demais adultos
para prover sua segurança. A criança, nessa faixa etária, tende a permanecer
quase que exclusivamente em seu habitat natural.
Embora muito raramente, há
registros de agressões por pais e familiares neuróticos a crianças dessa faixa
etária.
Em casos de grandes
desastres, como incêndios, enxurradas e soterramentos, a segurança do subgrupo
depende totalmente de terceiros e, caso essas crianças não recebam absoluta
prioridade de salvamento, fatalmente perecerão.
Nessa
faixa etária, os riscos mais freqüentes de acidentes são:
- queda do colo de
adultos;
- ferimento com objetos
contundentes, cortantes ou perfurantes que caiam acidentalmente sobre a
criança;
- compressão provocada,
durante o sono, por adulto que durma no mesmo leito que a criança;
- queimadura na água do
banho;
- mordidas de rato e
picadas de aranhas, escorpiões ou abelhas;
- queimadura na cozinha,
quando o adulto trabalha no fogão com o bebê no colo.
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