Impacto
de Meteoritos
CODAR:
NS.QMT/CODAR: 11.101
Caracterização
Qualquer corpo sideral que
impacte contra a Terra é denominado de meteorito, independentemente de sua
origem. Ao penetrar na atmosfera terrestre, sua velocidade inicial aproxima-se
de 75 km/s, sendo freada pelo atrito com os fluidos gasosos da atmosfera, atingindo
uma velocidade terminal superior a 25 km/s. O atrito torna os meteoritos
incandescentes e luminosos.
Os
meteoritos podem ser subdivididos em:
- carbonáticos, que são
extremamente friáveis e queimam com tal intensidade na fase incandescente, que
dificilmente atingem a superfície da Terra;
- assideritos ou
aerólitos, os quais podem ser constituídos principalmente por silicato de
alumínio, de composição semelhante à do SIAL, camada mais externa da crosta
terrestre, ou por silicato de magnésio, de composição semelhante à do SIMA,
camada intermediária do globo terrestre;
- sideritos, constituídos
por uma liga de ferro (92%) e níquel (8%), de composição semelhante à do NIFE,
que constitui o núcleo externo do globo terrestre;
- litossideritos, quando
constituídos por porções rochosas e metálicas;
- fragmentos gelados dos
cometas, que podem provocar grandes explosões ao atingirem as camadas mais
adensadas da atmosfera. Dependendo do tamanho do fragmento, essa explosão pode
provocar um impacto superior ao de numerosas bombas de hidrogênio.
Meteoritos são corpos
siderais cujas massas variam entre centigramas e várias toneladas. Originados
no espaço interplanetário, ao entrarem na atmosfera, tornam-se incandescentes
em função do atrito e acabam por impactar sobre a superfície da Terra.
Esses
corpos siderais têm duas origens principais:
- asteróides;
- fragmentos de cometas.
Asteróides
Os asteróides foram
identificados a partir de 1801 e, ao longo dos anos, registrou-se mais de 1.560
deles, gravitando em torno do Sol, numa órbita intermediá
ria entre Marte e
Júpiter.
Para alguns cientistas,
esses asteróides, também chamados de objetos Apollo, são restos de um planeta
que primitivamente orbitava entre Marte e Júpiter. Esse planeta, que tinha
aproximadamente um terço da massa da Terra, por algum motivo fragmentou-se,
dando origem ao atual cinturão de asteróides, que continua ocupando sua órbita
primitiva.
Para outros cientistas, o
processo de consolidação desse planeta hipotético foi interrompido pela ação
interativa das forças de gravidade do planeta Júpiter e do Sol, e os asteróides
seriam os corpos resultantes da interrupção do processo. Dentre os asteróides
mais volumosos, destacam-se o Hephaistos, com 8 km de diâmetro e o Nereus, com
4 km.
Cometas
Os cometas são corpos
siderais que desenvolvem longas órbitas excêntricas entre Plutão e o Sol. São
constituídos por aglomerados de gelo e de outras partículas cósmicas e,
morfologicamente, formados por um núcleo condensado, uma aura mais luminosa
denominada cabeleira ou coma e uma cauda que sempre se distribui em sentido
oposto ao do Sol. O astrônomo holandês Jan Oort, falecido em 1992, descobriu,
além de Plutão, nos confins do sistema solar, uma nuvem repleta de partículas
de gases congelados e de detritos do espaço cósmico. Essa nuvem é conhecida
como Nuvem de Oort, em homenagem ao seu descobridor.
Segundo os cientistas
atuais, os cometas são gerados na Nuvem de Oort e, ao receberem um “chute
gravitacional” provocados pela passagem de um conglomerado de poeira e gás,
iniciam sua derrota em direção ao Sol.
Na medida em que os
cometas aproximam-se do Sol, ganham velocidade, e o calor solar transforma os
gases congelados em vapor que, juntamente com partículas ionizadas do espaço
sideral, formam a coma e a cauda do cometa.
As órbitas dos cometas em
princípio são elípticas, mas, algumas vezes, a excentricidade pode aproximar-se
da unidade, caracterizando órbitas parabólicas, tendentes a hiperbólicas.
Aproximadamente 514
cometas, com órbitas conhecidas, já foram catalogados. Desses, aproximadamente
216 possuem órbitas nitidamente elípticas e 67 têm períodos inferiores a 10
anos, dos quais 31 retornam às proximidades da Terra a intervalos regulares.
Os
cometas mais citados, inclusive pela imprensa, são os de:
- HalIey;
- Encke;
- Biella;
- Brooks;
- Swift-Tuttle;
- Shoemaker-Levy 9.
O cometa Halley tem uma
órbita periódica de 76 anos. Sua última aproximação ocorreu em 1986 e
provavelmente retornará em 2.062.
O cometa Swift-Tuttle,
detectado em 1862, retornou no dia 07 de novembro de 1992, passando a 177
milhões de quilometro da Terra. Esse cometa é responsável pelas tempestades de
meteoritos Posseidon, que ocorrem anualmente em agosto, quando a Terra cruza
com sua cauda. O Swift-Tuttle, após circundar Plutão, numa órbita de 134 anos,
retornará em agosto de 2.126, quando sua distância da Terra corresponderá a 23
milhões de quilômetros ou 60 distâncias lunares.
O cometa Shoemaker-Levy 9
impactou entre 18 e 22 de julho de 1994 contra a superfície de Júpiter.
Segundo os cientistas, há
65 milhões de anos, um fragmento de cometa, com 9.600 metros de diâmetro,
impactou sobre a superfície da Terra, provocando a destruição de dois terços da
vida existente, inclusive a extinção dos dinossauros que, até então, dominavam
as formas de vida animal presentes.
Em 30 de julho de 1908, os
restos de um cometa explodiram a 2.000 metros de altura, sobre Tunguska, na
Sibéria, liberando uma quantidade de energia superior a 20 milhões de toneladas
de TNT (20 megatons), com poder destruidor duas mil vezes superior ao da bomba
de Hiroshima. A explosão destruiu 2.000 km2 de florestas, calcinando árvores e
animais. O estrondo provocado foi ouvido a 800 km de distância.
Ocorrência
Os astrônomos concluíram
que numerosas crateras observadas na Lua, nos planetas e em seus satélites
foram provocadas pelo impacto de meteoritos, desviados de seus campos orbitais
e atraídos pela força de gravidade desses astros.
Estima-se que
aproximadamente 20 toneladas de partículas cósmicas da dimensão aproximada de
um grão de areia precipitam-se diariamente sobre a superfície da Terra.
Anualmente, milhares de
meteoritos do tamanho de pedras de carvão atingem a superfície da Terra, após
desenharem na atmosfera suas trajetórias incandescentes.
Segundo o Departamento de
Avaliação Geológica do Canadá, foram detectadas 139 grandes crateras na
superfície terrestre, as quais foram provocadas pelo impacto de meteoritos de
porte. Anualmente, são descobertas mais 5 a 6 novas crateras. No Brasil, foram
identificadas 8 crateras, até o momento.
Como numerosas crateras
foram desfeitas pelo intemperismo e pela erosão e como dos 659.082.000 km2 da
superfície da Terra, aproximadamente 148.148.000 correspondem às terras
emersas, é muito provável que o planeta tenha sofrido mais de 3.000 grandes
impactos, a partir de sua consolidação.
Conseqüentemente, pode-se
estimar que a cada 1,5 milhões de anos a Terra é impactada por um meteorito de
tal magnitude que, se o fenômeno ocorresse nos dias atuais, muito provavelmente
provocaria um desastre de grandes proporções.
Há aproximadamente 100 mil
anos, um meteorito de ferro-níquel, com um diâmetro de 150m e uma massa
aproximada de 10 milhões de toneladas, impactou, numa velocidade aproximada de
25 km/s à superfície da Terra, nas imediações da atual Winslow, no Arizona. Do
impacto, resultou uma cratera com 1.590m de diâmetro e 170m de profundidade.
Em junho de 1178, um
meteorito explodiu sobre Canterbury, na Inglaterra, e os monges da época
registraram o fenômeno, caracterizado pelo aparecimento de uma grande bola de
fogo acompanhada de um estrondo muito intenso e de imensos incêndios
florestais.
O mais famoso meteorito
que atingiu o solo brasileiro é o de Bendegó, com 5.300 kg de ferro-níquel, o
qual caiu no Estado da Bahia e está em exposição no Museu Nacional de História
Natural, localizado na Quinta da Boa Vista, cidade do Rio de Janeiro.
Principais
Efeitos Adversos
Caso um meteorito
semelhante ao que impactou contra a Terra no período Cretáceo, há 65 milhões de
anos, atingisse o planeta nos dias de hoje, provocaria um desastre de tal
intensidade, que poderia inviabilizar a própria existência da espécie humana.
Dentre
os principais efeitos adversos, relacionados com essa ameaça, compete destacar:
- o efeito térmico;
- o efeito químico;
- o efeito mecânico;
- a formação da nuvem de
poeira.
1
- Efeito Térmico
O meteorito, ao penetrar
na atmosfera terrestre, com velocidade aproximada de 75 Km/s, em função do
atrito crescente e da intensa compressão dos gases, durante sua trajetória,
reduziria sua velocidade terminal para aproximadamente 25 Km/s, entraria em
incandescência e formaria um túnel de gases superaquecidos, onde a temperatura
seria superior a 1.000°C
2
- Efeito Químico
Nessas elevadíssimas
temperaturas, os gases que compõem a atmosfera terrestre se combinariam,
produzindo ácido nítrico, provocando um dilúvio de chuva ácida, de alto poder
destrutivo que, no exemplo citado, atingiria uma superfície superior à do atual
Estado de Minas Gerais.
3
- Efeito Mecânico
Ao impactar contra a
superfície da Terra, com uma força cujo momento corresponde ao produto da massa
pela velocidade terminal (3,1416 X 9.000 m3 X Densidade Fe X 25.000 m/s), o
bólide provocaria uma onda de pressão proporcional ao quadrado da velocidade e
liberaria uma quantidade de energia, também proporcional ao quadrado da
velocidade, a qual superaria, em muitas vezes, a totalidade do arsenal atômico
atualmente existente.
Esse impacto, além de
formar uma imensa cratera capaz de engolfar toda a cidade de Nova lorque,
provocaria uma onda de choque que causaria um terremoto de grande magnitude,
com maremotos e, possivelmente, reativaria grande quantidade de vulcões.
4
- Formação da Nuvem de Poeira
Como
toda a ação produz uma reação igual e contrária, o violentíssimo impacto
liberaria uma quantidade de energia tão grande, que:
- provocaria a elevação da
temperatura em níveis somente existentes na superfície solar (6.000°C);
- provocaria a evaporação
instantânea de toda a água e a calcinação de todas as formas de vida existentes
nas imediações;
- elevaria uma grande
quantidade de projéteis secundários até as camadas mais elevadas da atmosfera,
os quais, ao reimpactarem contra a Terra, provocariam novos incêndios, ondas de
choque e perdas de vida;
- elevaria uma imensa
nuvem de poeira, que necessitaria de muitas centenas de anos para dissipar-se.
Essa nuvem de poeira, ao
bloquear a passagem dos raios solares, inviabilizaria a fotossíntese,
provocando o desaparecimento de todos os vegetais superiores e dos animais,
cujas cadeias nutritivas dependem dos mesmos.
Monitorização,
Alerta e Alarme
Cogita-se a criação de uma
agência internacional que, sob os auspícios da Organização das Nações Unidas -
ONU, coordene as atividades das agências espaciais, como a NASA, e de
observatórios astronômicos, objetivando o cadastramento de informações
relacionadas com asteróides e cometas, que possam apresentar riscos de impacto
para o planeta.
O custo inicial de
implantação do sistema seria de aproximadamente US$ 100 milhões, e sua
operacionalização custaria US$ 10 milhões anuais.
A comunidade de astrônomos
amadores, responsável por mais de 70% das descobertas de cometas, poderia
participar do sistema, cabendo a cada um dos astrônomos cadastrados a
responsabilidade de vigiar, permanentemente, um setor determinado do espaço
sideral.
Medidas
Preventivas
No atual estágio de
desenvolvimento tecnológico, o homem ainda não tem condições de alterar o curso
de um meteorito de sua rota de impacto.
Teoricamente, mísseis
extremamente potentes e precisos poderiam utilizar ogivas atômicas para
interferir e modificar essas rotas.
É evidente que muito
esforço de pesquisa deverá ser desenvolvido para permitir um aceitável grau de
precisão, para um sistema antimeteorito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário