FICHA INICIAL SOBRE AS LER
As Lesões por Esforços
Repetitivos (LER) foram rebatizadas pela Previdência Social com o nome Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Vamos a partir daqui chamá-las
de LER/DORT.
As LER ou DORT são ocupacionais, isto é,
têm relação com o trabalho.
O SEU TRABALHO FAZ DE VOCÊ UM CANDIDATO A TER LER/DORT?
Se as LER/DORT têm relação com o
trabalho, vamos buscar as possíveis causas, pensando em sua situação de
trabalho.
Você identifica:
• repetitividade de movimentos?
• ritmo de trabalho intenso?
• falta de tempo até para ir ao banheiro?
• necessidade de ficar parado ou sentado
durante muito tempo seguido?
• móveis e equipamentos incômodos?
• cobrança contínua para manter a
produtividade?
• cobrança contínua da chefia para produzir cada vez mais e errar cada vez menos?
• incentivo à produção cada vez
maior?
• exigência de horas extras?
• dificuldade de interromper o trabalho até para dar uma respiradinha?
• inexistência de canal para conversar sobre problemas no trabalho?
• falta de flexibilidade de tempo?
• ambiente frio?
Qual foi o resultado da sua investigação?
As situações acima são as que favorecem
o aparecimento de LER/DORT.
Se você se vê em pelo menos uma
delas, fique alerta. Talvez o seu trabalho coloque você numa posição de risco para ter LER/DORT.
Mesmo que você não tenha se
identificado nessas situações, continue lendo para alertar outras pessoas.
Vamos
ver como essas situações acima podem alterar sua saúde
Não parece lógico que trabalhar
como mostramos anteriormente faz adoecer?
Vamos
ver como acontece isso.
Para ter uma ideia do nosso
corpo, vamos olhar um membro superior, popularmente conhecido como braço.
Imagine se houvesse somente esses
ossos. Como eles estariam ligados um ao outro para não despencar?
Há ligamentos, tendões, membrana
sinovial, cápsula, que são algumas das chamadas partes moles e fazem as
ligações entre os ossos.
Esses músculos completam as
partes moles. Todas as partes moles são alimentadas e se mantêm sadias graças
aos vasos (veias, artérias) e nervos.
Porém, todas essas estruturas
permaneceriam paradas se não houvesse o cérebro para comandá-las.
Você viu quantas estruturas são
envolvidas nesse simples movimento?
Se todas essas estruturas não
estiverem sadias, mesmo esse simples movimento pode causar incômodos à pessoa.
Os músculos, tendões, cápsulas e
ligamentos foram concebidos para se esticar e se encolher. Porém, há um limite.
Eles precisam de descanso também, pois do contrário entram em fadiga e acabam
perdendo sua função.
Não é assim que acontece com as
molas e elásticos?
Focalize agora a figura abaixo:
Se a pessoa trabalha fazendo movimentos repetitivos durante várias
horas, tendo que se manter sentada, pressionada para aumentar a produtividade,
com a musculatura tensa durante horas, preocupada em acertar sempre, todo o
sistema entra em colapso, podendo resultar daí:
- Fadiga muscular;
- Alteração da sensibilidade;
- Sensação de peso;
- Perda de controle de
movimentos;
- Dificuldade para encostar a
ponta de um dedo em outra ponta;
- Formigamento;
- Dor.
Esses sintomas podem significar, isolada ou associadamente, a
existência de:
- TENDINITE - inflamação de tendão;
- TENOSSINOVITE - inflamação de tendão e bainha sinovial;
- SINOVITE - inflamação de bainha sinovial;
- NEURITE - inflamação do nervo;
- SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO - estreitamento do túnel do carpo,
localizado no punho, o que causa a compressão de várias estruturas existentes ao
longo do túnel, inclusive do nervo mediano;
- SÍNDROME MIOFASCIAL - dor da musculatura e de outras partes moles
em determinada região do corpo, sem que haja necessariamente uma tendinite ou
tenossinovite.
Mas veja, tudo isso não aparece
de repente. Não se parece com a situação na qual você quebra um braço, por exemplo.
Nesse caso, tudo começa a doer de repente, tudo incha rapidamente.
No aparecimento das LER/DORT tudo
é insidioso, isto é, lento e gradativo.
O que acontece é que a pessoa
normalmente não vai percebendo que começa a ter sensações diferentes, até que
um dia a dor é tão insuportável que ela não consegue continuar mais
trabalhando.
Assim, é importante você prestar
atenção em si mesmo. Veja se o seu organismo não está dando alguns sinais de alerta,
que talvez não sejam percebidos em nosso corre-corre diário.
FAÇA O TESTE. ÀS VEZES VOCÊ JÁ SE FLAGROU:
- Evitando usar uma das mãos ou
um dos braços?
- Trocando de mão para realizar
alguma atividade?
- Substituindo o uso da mão pelo braço,
por exemplo?
- Agitando as mãos porque estavam
adormecidas ou formigando?
- Tendo dificuldade de se vestir,
abotoar roupas?
- Tendo dificuldade para escovar os
dentes e pentear os cabelos?
- Sentido os braços mais cansados
quando tem que mantê-los elevados por algum tempo?
- Deixando cair copos, pratos?
- Tendo dificuldade para abrir portas?
Para completar suas informações, vamos ver
como se prevenir
Poderíamos começar dizendo:
- Não trabalhe rápido, faça pausas
no seu trabalho quando se sentir sobrecarregado, dê tempo para o seu organismo
descansar...
Você provavelmente se lembraria
do seu trabalho e nos responderia:
Sim, é impossível dançar valsa
quando a música que se toca é um samba. E ainda mais, se há pessoas que não deixam
ninguém dançar diferente.
As pessoas trabalham de
determinada maneira, em determinada organização de trabalho, porque alguém, um dia,
pensou como fazer os trabalhadores produzirem mais em menos tempo, isto é, como
aumentar a produtividade.
Não é por acaso então, que o trabalho
existe como ele é hoje atualmente. Pensou-se no produto e no lucro. Mas, esqueceu-se
do trabalhador.
Concluindo, para prevenir as LER/DORT
devemos mudar tudo o que as provoca.
Mudar tudo?
Eles não vão deixar!
Calma!
Em princípio concordamos com você
que é muito difícil, mas não é impossível.
Tudo vai depender de os
trabalhadores se organizarem, discutirem suas condições de trabalho, e junto
com as CIPAs e os sindicatos, entrarem em acordo com a empresa sobre quais outras
formas alternativas de trabalho existem.
Há profissionais habilitados para
ajudar.
Entre eles, existem aqueles que
devem, obrigatoriamente, ser contratados pela empresa, dependendo do seu tamanho
e do grau de risco. São os profissionais do Serviço Especializado em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).
Os ergonomistas podem ter um
papel importante nas mudanças.
Você reconhecerá os bons profissionais:
Se levarem em conta o que os
trabalhadores disserem e se trabalharem com todos, como se fossem comissões de
trabalho, as mudanças poderão produzir efeito positivo. O melhor critério para
avaliar se uma coisa deu certo é ouvir a opinião de quem trabalha.
O SESMT deve traçar programas de
prevenção, sempre com a participação da CIPA, dos trabalhadores e da empresa.
Não acredite que a simples
mudança do tipo e posição de cadeiras, mesas e equipamentos de trabalho
resolverá o problema! É preciso mexer muito mais. É preciso mexer na
organização do trabalho!
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