10 - IGNIÇÃO ESPONTÂNEA
Você já viu um pintor recolher
trapos ensopados com óleo de linhaça, tinta e terembentina ao término do
trabalho? Se já viu, você viu na verdade uma demonstração de prevenção de
incêndio no trabalho. Isto também vale para o mecânico que coloca os pedaços de
pano com óleo num recipiente de metal equipado com tampa automática. Latas para
trapos com óleo devem ser colocadas em todos os lugares onde eles precisam ser
usados. Estas medidas de precaução são geralmente tomadas no trabalho, mas não
em casa.
Por que esses pedaços de pano ou
trapos representam risco de incêndio? Representam porque um fósforo ou cigarro
aceso poderiam ser jogados sobre eles causando um incêndio. Esta é realmente
uma das razões. Um outro fator é a auto-ignição. Sob certas condições, estes
materiais podem pegar fogo sem a presença de uma chama. A ignição espontânea é
um fenômeno químico, no qual há uma lenta geração de calor, a partir da
oxidação de materiais combustíveis. Como “oxidação” significa a combinação com
o oxigênio, devemos nos lembrar de que o oxigênio é um dos três fatores
necessários para fazer fogo: combustível, calor e oxigênio.
Quando a oxidação é acelerada o
suficiente sob condições adequadas, o calor gerado atinge a temperatura de
ignição do material. Assim haverá fogo sem o auxílio de uma chama externa.
Alguns materiais entram em ignição mais rapidamente do que outros. Por exemplo:
sob mesma aplicação de calor, o papel incendeia mais rápido que a madeira; a
madeira mais rápido que o carvão; o carvão mais rápido que o aço e assim por
diante. Quanto mais fina for a partícula de um combustível mais rapidamente ele
queimará. Voltemos aos trapos com óleo. Os peritos em incêndio já provaram que
muitos dos incêndios industriais (e alguns domésticos sérios) foram causados
quando trapos oleosos empilhados juntos geraram calor suficientes para pegar
fogo. Estes especialistas nos ensinaram duas formas de evitarmos a auto-ignição
de trapos com óleo: manter o ar circulando através deles ou colocando-os num
local onde não teriam ar suficiente para pegar fogo. A designação de uma pessoa
especialmente para ficar revirando uma pilha de trapos para evitar a queima é
ridículo. Assim sendo, a segunda ideia parece ser melhor. O lugar ideal é uma
lata de metal com tampa automática, isto é, que feche por si mesma. A
finalidade é excluir todo o oxigênio. Naturalmente se enchermos o recipiente
até a boca, a ponto de a tampa não fechar totalmente, a finalidade do
recipiente estará comprometida. O oxigênio penetrará na lata e fornecerá o item
que lhe falta para causar o incêndio.
Para iniciar um incêndio alguns
itens são mais perigosos. O óleo de linhaça e os óleos secantes usados para
pintura são especialmente perigosos. Porém, mesmo óleo de motor tem capacidade
de incendiar trapos espontaneamente. A temperatura normal do ambiente, algumas
substâncias combustíveis oxidam lentamente até atingirem o ponto de ignição. Em
pilhas de carvão com temperaturas acima de 60 graus centígrados são
consideradas perigosas. Quando a temperatura aproximar deste valor e tende a
aumentar, é aconselhável a remoção da pilha de modo a ter uma melhor circulação
de ar para arrefecimento.
Os fazendeiros conhecem muito bem
os riscos de serragem, cereais, juta e sisal, especialmente quando estão
sujeitos a calor ou a alternação de umedecimento e secagem. A circulação de ar,
a remoção de fontes externas de calor e o armazenamento em quantidades menores
são os cuidados desejáveis.
Tenha em mente os perigos da
combustão espontânea e pratique jogando trapos com óleo e lixo em recipientes
adequados, tanto no trabalho quanto em casa. Faça da segurança o seu mais
importante projeto pessoal, aquele do tipo “FAÇA VOCÊ MESMO”.
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