X - Insuficiência Renal Aguda (IRA)
Secundária a acidentes por animais peçonhentos
A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma complicação
grave dos envenenamentos produzidos por ofídios (gêneros Bothrops e
Crotalus), abelhas (múltiplas picadas), aranhas (gênero Loxosceles)
e lagartas urticantes (gênero Lonomia).
A lesão anatomopatológica mais comumente descrita é a
Necrose Tubular Aguda (NTA). Nos acidentes ofídicos são também relatados
nefrite intersticial e necrose cortical renal, esta última observada apenas nos
acidentes botrópicos.
A patogênese da IRA não está ainda completamente
elucidada. As lesões renais podem ser produzidas pela atuação isolada ou
combinada de diferentes mecanismos isquêmicos e/ou nefrotóxicos, desencadeados
pelas atividades biológicas dos venenos no organismo. (tabela 8)
Em todas as situações acima, pode haver ação direta do
veneno sobre o rim.
O diagnóstico da insuficiência renal aguda do tipo NTA
deve ser suspeitado naquele paciente que, apesar de adequadamente hidratado,
normotenso e sem obstrução de vias urinárias, apresente:
Oligúria:
- no adulto:
volume urinário inferior a 400 ml/dia;
- na criança: volume urinário inferior 0,5 ml/kg/hora).
Anúria:
- adultos:
volume urinário inferior a 100 ml/dia;
- crianças: volume urinário inferior a 0,1 ml/kg/hora).
Excepcionalmente, a IRA pode se manifestar sem a
ocorrência de oligúria ou anúria.
A confirmação é feita pela elevação dos níveis séricos
de uréia (maior que 40mg/dl), de creatinina (maior que 1,5 mg/dl) e do ácido
úrico. Outros índices que podem auxiliar o diagnóstico da IRA são a diminuição
da densidade, o aumento do sódio urinário (maior que 40 mEq/l) e o índice
creatinina urinária/creatinina plasmática inferior a 20.
A prevenção da IRA deve ser tentada em todo paciente
acidentado por animal peçonhento. É realizada pela administração precoce do
antiveneno específico, tratamento da hipotensão arterial, do choque e
manutenção de um estado de hidratação adequada.
Considera-se que este último
objetivo é alcançado quando o fluxo urinário é de 1 ml a 2 ml/kg/hora nas
crianças e 30 a 40 ml/h nos adultos. Os pacientes que, apesar da administração
de líquidos em quantidade satisfatória, permaneçam em oligúria ou anúria, devem
ser medicados com furosemida por via venosa (1 mg/kg/dose na criança; 40 mg/dose no
adulto).
A diurese osmótica pode ser tentada com a administração
venosa de solução de manitol a 20% (5 ml/kg de peso na criança e 100 ml no adulto).
Feito o diagnóstico de IRA secundária a acidentes por
animais peçonhentos, o paciente deve ser encaminhado para tratamento
especializado.
O tratamento não difere daquele realizado na IRA de
outras etiologias. Os envenenamentos que levam a mionecrose com possível NTA de
tipo hipercatabólico deverão ser encaminhados para tratamento dialítico o mais
precocemente possível.
O prognóstico da IRA geralmente é bom, com recuperação
funcional em prazo de aproximadamente quatro semanas.
Fonte: FUNASA.
Bombeiroswaldo...
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